Cunha pode explodir o quarteirão com Temer dentro, a depender da eleição de hoje

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – Se o deputado Eduardo Cunha (PMDB) não emplacar na presidência da Câmara um sucessor que seja de seu agrado – leia-se: que não trabalhe pela sua cassação em plenário – o risco de ficar furioso e “explodir o quarteirão com todo mundo dentro”, inclusive o interino Michel Temer, é grande.

A análise é de Helena Chagas, no artigo que o GGN reproduz abaixo. Nele, a jornalista aponta que o risco Cunha pode surgir com força caso a polarização entre Rogério Rosso (candidato que defende Cunha) e Marcelo Castro (que não defende) resulte na derrota da articulação feita pelo governo Temer. Ou, em outro cenário, que Rodrigo Maia (DEM) vença com o apoio do PSDB, mas não seja aproveitável para Cunha.

Nas últimas semanas, o esforço de Temer para eleger na Câmara um presidente que seja apoiado por Cunha ficou evidente.

Por Helena Chagas

Temer: entre Rodrigo Maia e o walking dead Eduardo Cunha

Em Os Divergentes

Uma conversa entre o presidente interino Michel Temer e os presidentes do PSDB, Aécio Neves, e do DEM, José Agripino, ontem à noite, num jantar, mudou o rumo das articulações para a eleição do novo presidente da Câmara. A candidatura surpresa do ex-ministro Marcelo Castro pelo PMDB, com o apoio do PT, aglutinou forças que estavam dispersas na base governista, como a ex-oposição e o próprio Planalto, que agora têm um adversário comum a derrotar.

O resultado dessa conversa deve ser o fortalecimento da candidatura Rodrigo Maia (DEM), em detrimento da do centrista Rogério Rosso, que era o preferido do governo por ser o capaz de pacificar Eduardo Cunha e seus aliados. O cenário ideal para o Planalto ainda é um segundo turno disputado pelos dois. Mas a hipótese é improvável e, se tiverem que rifar alguém, deve ser Rosso.

O Planalto já percebeu que a polarização entre um defensor de Cunha (Rosso) e um não defensor (Castro) no segundo turno pode levar o governo à derrota no plenário. Já a disputa Maia x Castro terá um caráter de governo x oposição petista, pois o deputado do DEM, apoiado pelo PSDB, também defende a cassação de Cunha. Trata-se, portanto, de um terreno mais seguro para o governo.

Qual o risco dessa armação? Sim, ele mesmo. O walking dead Eduardo Cunha, sem apoio do novo presidente da Câmara, verá irem por água abaixo seus planos de adiar sua cassação e pode resolver explodir o quarteirão com todo mundo dentro, inclusive Temer.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

10 Comentários

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  1. Que exploda de uma vez

    No Brasil, o 1% dos mais ricos NUNCA paga o custo de suas cagadas. Nem o custo do desenvolvimento, nem o custo de nada. É o tipo de elite escrota, que vive pendurada em benesses do Estado, exige todos os direitos pra si e recusa sistematicamente cumprir seus deveres como cidadãos. Rico no Brasil é uma praga que se reproduz e tem filhos, que vivem ainda no regime das Capitanias Hereditárias, como os Marinho e os Frias.

    A grande mídia, os rentistas e o empresariado em peso trabalharam abertamente pela eleição de Cunha e pelo golpe que instituiu Temer presidente. Que pagem o custo de mais essa cagada, pq o povo já está acostumado a acordar cedo todo dia.

    É dever da elite brasileira cumprir o artigo 1º da Constituição, que determina que todo poder emana do povo e institui, como um dos fundamentos da República, os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa.

    É dever dos mais ricos, nos seus campos de atuação, lutar pela erradicação da pobreza e pela redução das desigualdades sociais, definida no artigo 3º como um dos objetivos fundamentais da República.

    Fora disso é a barbárie.

  2. Realpolitik ou…

    Estamos nesta merda política porque a esquerda, em sua maioria, prefiriu o jogo da “realpolitik”. Afastaram-se dos princípios e deu no que deu.

    Temos uma excelente oportunidade de realizar uma ruptura e mudar o Brasil para melhor. Ou aprofundar a crise moral, econômica, política, social… com consequências imprevisíveis…

    1. A esquerda lançou uma

      A esquerda lançou uma candidatura chapa pura em 2015 e deu em Eduardo Cunha. Chapa pura nesse momento será (outra) vitória do centrão.

      Mas qual é a oportunidade de ruptura que você fala?

        1. Chapa em termos de apoio,

          Chapa em termos de apoio, união – entre aspas mesmo.

          Mas as candidaturas do PSOL e do PCdoB vão colocar Maia x Rosso no segundo turno… Se esses partidos não fossem tão vaidosos poderiam colocar no segundo turno alguém que pelo menos foi fiel na votação pela cassação de mandato.

  3. Ultimamente…

    … d. Helena Chagas anda a mostrar-se muito bem informada sobre o que se passa na cabeça do sr. Eduardo Cunha… Estranho, não?

  4. Duvido !!! Esse aí só ameaça

    Duvido !!! Esse aí só ameaça e nunca faz. 

    Se chegar a fazer uma delação, vai delatar todo mundo do PT que ele souber alguma coisa e vai se calar sobre a direita… se duvidar, tudo isso faz parte do plano !!!

    Você vê que mesmo nas maiores pernadas que a direita dá nele, ele só acusa o PT… se não está claro para ninguém o que ele quer…

  5. Estão demonizando o apoio a

    Estão demonizando o apoio a Marcelo Castro por se tratar de um PMDBista, mas se esquecem de que ele foi leal ao gov Dilma até o último minuto. Além disso julgam o PMDB um corpo coeso, e por isso criticam o apoiso do PT a um deputado daquele partido.

    No PMDB tem de tudo: desafetos de Temer, aliados de Lula, defensores da democracia, etc, etc, etc… nesse sentido, vide a postura do Senador Roberto Requiáo e de tantos outros. Então o melhor é trabalhar com quem puder detonar a bomba Eduardo Cunha – acredito que só essa arma tira Temer do planalto e se Dilma volta, são outros 500.

    Obs.: eu quero e preciso de uma análise sobre a vitória de Marcelo Castro dentro do PMDB.

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