Percival Maricato
Percival Maricato é sócio do Maricato Advogados e membro da Coordenação do PNBE – Pensamento Nacional das Bases Empresariais
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O PSB também, por que não?, por Percival Maricato

O PSB foi fundado há décadas, por um grupo de socialistas democráticos e libertários. Eram ridicularizados por membros dos partidos comunistas ortodoxos, que os achavam idealistas (não marxistas, materialistas), linha auxiliar da burguesia e etc. Sua votação era inexpressiva, mas o partido e militantes eram respeitados pela coerência.

Como todos os demais partidos, o PSB foi fechado pela ditadura militar e refundado após a redemocratização. Vinha tendo desde então uma conduta razoavelmente coerente, de centro esquerda, que lhe permitiu adquirir uma boa imagem , conquistar parlamentares como Luiz Erundina e outros de igual conceito.

Tudo indicava que iria ganhar corpo e disputar espaço com os principais partidos, PT  e PSDB, até que Eduardo Campos precipitou esse confronto, ao lançar-se candidato. Com o falecimento de Campos,  Marina tomou seu lugar e enfrentou o desafio. No entanto, a polarização tradicional foi mais uma vez vitoriosa. Na última hora, o voto anti-petista-útil migrou para Aécio.

Em vez de se manter neutro ou compor no campo da esquerda, o PSB se aliou aos liberais-conservadores, turvando totalmente a boa imagem conquistada com tanto sacrifício. Não se trata pela aliança em si com o PSDB, pois todo partido tem direito a formar alianças, mas pela frontal oposição entre o que propõe: socialismo e as propostas liberais conservadoras dos tucanos, ou seja, a aliança é totalmente oportunista, não tem como ser programática, foi um suicídio político. Inexiste doravante a terceira via, mas, para o PSB, apenas o caminho já tomado pelos demais partidos bondes que se multiplicam no panorama político brasileiro. Pode-se apostar um doce que se Dilma ganhar, no dia seguinte estará com pires na mão na porta do palácio da Alvorada. Se vencer Aécio, terá seus ministeriozinhos.

Esse tipo de adesão se tornou possível devido a gama de oportunistas das mais diversas matizes que tomaram o poder no partido, em alguns estados, justamente para aproveitar sua imagem. Era até há pouco, um dos que se mantinha mais ideológico do que fisiológico.

Não satisfeitos, novas lideranças do PSB proclamam agora uma aliança com o PPS, ex Partidão; nada mais incoerente, o oposto à proposta do socialismo democrático. O PPS atualmente sempre se alinha com a direita, se acha ótimo a lado do  DEM na fotografia, em praticamente todos os Estados e no Congresso. Não obstante, Roberto Freire, eterno presidente do partido e candidato derrotado nas últimas eleições, acha que essa união é uma “aliança natural  de forças de esquerda”.

Os ex socialistas, enfim, se enfiaram até o pescoço no ambiente prostituído dos demais partidos-bondes. Seus fundadores  felizmente, não viveram tanto para participar do vexame.

A decisão não foi lamentável apenas pelo conteúdo, mas também pela forma. Em uma decisão tão importante, adesão ao PSDB, tudo indica que nenhum dos presidentes estaduais do partido deve ter pensado na possibilidade de consultar seus militantes, mais um motivo pelo qual desce à vala comum para chafurdar e disputar migalhas.

Talvez a militância e políticos mais à esquerda que restaram ainda tenham forças para recuperar o poder, eis que os fisiológicos (pragmáticos?) abandonam o navio se não obtiverem as benesses esperadas. Para estes qualquer partido serve e a sigla socialista pode até atrapalhar. Mas será uma missão difícil e prolongada. Poderia haver uma saída com a formação da Rede, da Marina Silva, mas ela também cometeu o mesmo erro. Esse campo da esquerda continuará órfão.

Percival Maricato

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Percival Maricato é sócio do Maricato Advogados e membro da Coordenação do PNBE – Pensamento Nacional das Bases Empresariais

10 Comentários

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  1. Sem o TRE mudando esse

    Sem o TRE mudando esse sistema eleitoral, e sem uma refroma política profunda, ninguém seria capaz de ver mudanças no comportamento dos partidos. O jogo político é formado desse jeito, no toma lá, dá cá, e não há quem seja capaz de governar sem isso. 

    O RN está sendo uma mostra grosseira desse jeito de fazer política. Em 2010 Agripino (DEM) indicou Rosalba Ciarlini ao governo do estado. Foi, talvez, a pior administração já vista, tanto que a mulher tem uma rejeição incrível, e sequer pôde pensar em se reeleger. Nestas eleições, temos no segundo turno dois candidatos, sendo Henrique Alves um deles, que está dizendo que tem que haver mudanças, e esculhamaba com o que está feito, porém não cita seuqer o nome de Rosalba, talvez pra não desgradar Agripino Maia. Este é um dos cabos eleitorais de Henrique. Ou seja, no RN a política é suja mesmo, descarada. O povo está dizendo que os candidatos de agora estão numa disputa cerrada porque o memso povo manipulada há mais de 50 anos pelos Alves, não mudou muito. Acho que ele, o povo, fica meio anestesiado nestas horas. 

    Vale dizer que o primeiro turno já elegeu Alves para deputado estadual – Agnelo – um velho de bengala ou cadra de rodas, de acordo com as circunstâncias da locomoção; para deputado federal, e já temos no congresso dois senadores Alves: Henrique e Garibalde. 

  2. Aventureiros

    O PSB tornou-se um partido de aventureiros, aventureiros só visam os seus interesses, não possuem nenhuma ideologia, querem a fortuna e a fama, principalmente a última.

    E de aventureiros, infelizmente, todos os significativos partidos de esquerda estão infectados, alguns com uma infecção ainda moderada, caso do PT e outros com a infecção adiantada PSB.

    Eduardo Campos errou ao precipitar a sua candidatura para essas eleições, creio que se houvesse esperado, ele seria o príncipe coroado de Lula para alternar a esquerda no poder. Errou mais ainda acreditando que Marina poderia ser um sustentáculo à sua candidatura, que poderia dar tonus a sua musculatura eleitoral, errou. Marina mostrou-se mais uma aventureira.

    O Aventureiro Marcio França, vice eleito de Alckmin, é a prova da incoerência a que ficou exposto o PSB, da incoerência que até infectou por tabela lideranças como Luiza Erundida, em quem votei no passado e desta vez não mais.

    Agora juntar-se com o PPS é  a negação total da ideologia socialista e caso isso ocorra será a vitória dos aventureiros.

    Espero, torço e rezo pela vitória de Dilma e com a vitória, espero torço e rezo, para que o PT retome o seu caminho e afaste os aventureiros, nesse segundo governo de Dilma as esquerdas e o povo poderemos ter um salto de qualidade fundamental para os avanços pol[ítico sociais do país. Para mim essa Eleição é a pedra angular do que seremos como nação no futuro.

    1. Infelizmente, os desacertos

      Infelizmente, os desacertos são bem mais antigos. O governo Eduardo Campos teve suas “lambanças” investigadas a nível regional, com processo “em repouso” na justiça pernambucana. No âmbito federal, encontrou a muralha Dilma nos negócios com o Porto de Suape. Está citado na Lava Jato. Jamais seria o escolhido de Lula para 2018. Não tinha alternativas, portanto. Então,  rompeu a aliança histórica e rumou à direita. Buscou o porto seguro da impunidade. Os seus herdeiros, políticos e familiares, proseguem nessa trilha.

      Quem não percebeu todo o enrosco, por inocência e/ou oportunismo, e embarcou na aventura presidencial da dupla Eduardo/Marina, encara o constrangimento com o apoio ao Aécio e as novas alianças. Não há o que fazer. 

      Agora e a perder de vista, PSB (ou PV=Partido da Viúva, seg. Jânio de Freitas) e PPS, tudo a ver.

  3. Na verdade Eduardo Campos

    Na verdade Eduardo Campos governou igual a um corenel,desde 2007 tem processo abertode várias operções da polícia Federal sobre quadilha de corrupção.Operação “zelador” e operação “mar de lama “

    http://noeliabritoblog.blogspot.com.br/

    Vergonha alheia de morar nesse estado.

    E tudo jogado para dbaixo do tapete. Se por desgraça nossa o PSDb vencer enraremos no túnel do tempo de volta ao passado mais cruel e nojeto.

  4. Eh… o que é um “socialista

    Eh… o que é um “socialista democrático e libertário”?

    Qual o entendimento do autor sobre um “libertário”?

    Pois o que sei é que o libertário é um liberal radical. Estamos falando da mesma coisa (sei que não, apenas quero entender)?

    1. A inviabilidade da riqueza infinita

      Penso que o Percival fala da liberdade do ser humano para livremente escolher as suas opções. Com certeza não está se referindo ao liberalismo que autoriza um único humano a ficar bilionário escravizando ou vilipendiando outros bilhões de seres humanos (ainda que indiretamente). A acumulação excessiva de riqueza sempre é daninha, inclusive para o próprio capitalismo. A acumulação mais odiosa, hoje em dia, nem é propriamente “capitalista”, mas financista, realizada por pessoas que não fabricam um só parafuso. Foi o que entendi. Escrevi algo intuitivo (ensaio, sem valor científico) sobre a acumulação excessiva aqui: http://marciovalley.blogspot.com.br/2014/09/a-inviabilidade-da-riqueza-infinita.html

    2. Já parou pra pensar que a

      Já parou pra pensar que a palavra “liberal” não está automaticamente ligada à economia? A esquerda reinvidica o uso da palavra para se referir mais às liberdades individuais (como é usada nos EUA) e a direita (com coincidente normalmente é também conservadora) a reinvindica como desregulamentação econômica.

  5. voto impávido.
    espero que os


    voto impávido.

    espero que os membros resistentes do psb votem na dilma para

    manter o prrgrama partidário.

    senão será jogado no lixo, o pograma e o partido.

    bem fazem muitos do psol, que se flagraram e apóiam dilma agora.

    bravo!

  6. Alianças…

    Caro sr. Percival, seguindo a mesma lógica da (in)compatibilidade entre PSDB e PSB, favor discorrer o que acha, então, da aliança entre PT e PMDB (Sarney, ex-PFL, ex-PDS, ex-ARENA e Calheiros), Maluf e Collor. Seria essa aliança, compatível?

    Pq insistem em colocar o PSDB como partido de direita sendo que eles são uma dissidência do PMDB, à esquerda deste?

    São fatos que me intrigam, pois não entendo mesmo isso. Direita para mim era o PRONA, DEM, PL, PP, alas do PMDB.

    PSDB seria centro-esquerda, não? E PT, PTB e PSB um pouco mais à esquerda. PSU e similares ultra esquerda.

    PMDB centro.

    Poderia me ajudasr Percival?

     

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