O MPF e a denúncia de Collor de Mello sobre a Lava Jato

Sugestão de José Muladeiro

Segue abaixo partes do discurso do Senador Fernando Collor de Mello.  Só espero que tendo esta lucidez, Collor proponha uma CPI para investigar os fatos relatados.   Já que Dilma se curvou a este grupelho, alguém tem que ser suficientemente independente para colocar um freio às pretensões despóticas deste MPF.

do Brasil 247

Collor diz que lista de denunciados já estaria na mesa de Janot

Em pronunciamento no Senado, Fernando Collor (PTB-AL) afirmou ter tomado conhecimento de que a lista de denunciados na Operação Lava Jato já estaria com o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, antes mesmo da conclusão das investigações determinadas pelo STF; “E isso é gravíssimo, sob todos os aspectos. O procurador-geral da República, em seus vespertinos devaneios, alardeia as condenações que fará antes de concluídas as investigações. Ora, se as diligências da Polícia Federal mal começaram, como pode ele já ter prontas em suas mãos todas as denúncias? Baseadas em que provas foram feitas?”, questionou Collor

Alagoas247 – Em pronunciamento na tribuna do Senado, na tarde desta segunda-feira (23), o senador Fernando Collor Mello (PTB/AL) diz ter tomado conhecimento de que a lista de denunciados da Operação da Lava Jato já estaria na mesa do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, antes mesmo da conclusão das investigações ordenadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Em recente discurso, o senador também chamou atenção para os vícios formais e contradições que cercam os depoimentos e relatos dos contraventores-delatores à Procuradoria-Geral.

“Nas conversas internas de frequentes e destiladas tardes, Rodrigo Janot vem pompeando que, antes mesmo das conclusões das diligências em curso e das investigações iniciais, já estão prontas, em seu poder, todas as denúncias que tentarão promover junto ao STF. E isso é gravíssimo, sob todos os aspectos. O procurador-geral da República, em seus vespertinos devaneios, alardeia as condenações que fará antes de concluídas as investigações. Ora, se as diligências da Polícia Federal mal começaram, como pode ele já ter prontas em suas mãos todas as denúncias? Baseadas em que provas foram feitas?”, questionou Collor.

Na tribuna, Collor leu e reforçou algumas reflexões do subprocurador-geral da República, Eugênio José Guilherme de Aragão, ex-corregedor-geral do Ministério Público Federal e hoje vice-procurador-geral Eleitoral. Eugênio reflete sobre o sentido da contínua disputa entre instituições relevantes do Estado por espaço de atuação com impacto midiático e, também, da ânsia de alguns membros do Ministério Público e de defensores públicos de mostrarem musculação capaz de interferir na governança, para, desta maneira, buscar prestígio.

Ameça à governança

Ainda citando o subprocurador-geral, o senador destacou que não é que o Ministério Público não deva exercer seu controle de legalidade sobre as ações da administração. Para Collor, o MP deve fazê-lo, porém, sem perder a disposição ao diálogo, à parceria, sem querer reivindicar justiceiramente um monopólio do espírito público que não lhe pertence. E o parlamentar destacou ainda que o órgão não deve, com seu controle, inviabilizar escolhas políticas e bloquear sua execução, mas garantir qualidade e eficiência no processo e no resultado, dentro do marco legal existente.

“A mais fiel caricatura desse eixo político e individualista do Ministério Público foi a atitude de Rodrigo Janot, ao compartilhar a foto daquele momento deprimente em que ele fez questão de empunhar um cartaz aludindo-o como o salvador da pátria. Vejam bem, o procurador Rodrigo Janot como salvador da pátria. Resta saber a que pátria se refere. A pátria do Ministério Público? A pátria dos procuradores? Ou pátria dele mesmo? Na verdade, sua tentativa naquele momento teve também o intuito de engabelar, de iludir, antecipando-se a eventuais incursões sobre ele e o órgão que desafortunadamente dirige”, frisou Collor.

Ao longo dos últimos anos, destacou o senador, os exemplos mostram que setores do Ministério Público tentam se autoconstituir como mais um poder da República. “Seu chefe se considera um arremedo de presidente da República e parte de seus subprocuradores, arremedos de ministros de Estado. O processo de empoderamento desse órgão – aliás, não só dele! – verificado nas duas últimas décadas tem se revelado um risco, uma ameaça à própria governança do País. É um perigo republicano real, que poucos percebem e que muitos ainda estimulam e exaltam. E eles, do grupelho instalado na Procuradoria-Geral da República, são os artífices, os estrategistas e mentores desse golpe institucional aos poderes da União, que somente à Constituição Federal cabe reconhecer e instituir”, observou Collor.

Nas reflexões citadas por Collor, o vice-procurador-geral eleitoral alerta ainda que por mais que se queira apartado do mundo dos políticos, o Ministério Público age politizadamente ao fazer oposição cerrada a determinadas opções governamentais. Só que esse agir politizado, lembra José Guilherme, carece de legitimidade, porque desconsidera as instâncias decisórias do governo democrático. Talvez padeça, segue o alerta, por vezes, de certa aporia com o mundo externo, que o vai sufocando aos poucos, confinando dentro de sua dinâmica interna peculiar, sem se perceber que sua imagem vem se desgastando ao longo do tempo em importantes setores do Estado e, até, da sociedade.

Diante do quadro que passa o MP, Collor diz que na prática, mais do que um poder, esse grupelho quer se tornar um poder acima dos poderes, cobrindo, assim, com os véus da presunção as próprias deficiências. Com isso, esclarece o senador, esse grupo quer transformar os poderes da União numa pirâmide cujo vértice superior caberia ao Ministério Público, e os vértices inferiores ao Executivo, Legislativo, Judiciário e, enquanto lhes convier, à imprensa. A ousadia é tanta, aponta o senador, que agora querem fazer política de Estado, política de governo, política de Justiça, política da política, a ponto de querer legislar e até propor reformas para o Estado com pacotes de ocasião em todas as áreas.

“Querem redescobrir o Brasil, salvar a pátria e refundar a Nação, como se o restante da sociedade vivesse na caverna, sendo eles os únicos capazes de criar uma utópica república de Platão, com sua linha a dividir o inteligível do sensível, a ciência da opinião e, no ápice de tudo, o Bem supremo, representado pelo Ministério Público”, expressou o senador, acrescentando que todo este ‘deprimente quadro foi exatamente o mote da campanha de Rodrigo Janot para conseguir se alçar ao cargo de procurador-geral’.

Para o senador, o tempo mostra que o comportamento de Janot foi o oposto do que prometera, pois ele se juntou a um grupelho do Ministério Público para dar continuidade à nefasta política do antecessor. Tanto é assim, observa Collor, que hoje o procurador-geral continua aplicando a reserva de domínio dos processos de autoridades com prerrogativa de foro; continua chantageando e sendo chantageado; continua promovendo mais e mais privilégios para a sua categoria; continua desviando condutas, descumprindo leis, normas, súmulas e ritos. Esse grupelho, critica o senador, esta parte disfuncional da Procuradoria-Geral da República é que, por excelência, desnatura o seu trabalho e desqualifica seus membros.

“Mais uma vez, o Ministério Público vem sendo sacudido por uma chefia que não tem estatura moral e, menos ainda, estrutura emocional para conduzir um órgão tão importante, com a isenção, a correção e a altivez que se espera. Pior ainda quando isso ocorre em momentos complexos e delicados, como o atual período que o Ministério Público atravessa. Pelo cenário aqui descrito, por toda a atual conjuntura e, principalmente, pelo momento político por que passamos, é sempre oportuno rememorar o ensinamento de Montesquieu, de que não existe tirania mais cruel do que a que se exerce à sombra das leis e com a coloração da justiça’”, concluiu o senador.

Assista ao discurso:  

Redação

23 Comentários

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  1. Dilma tem que reavaliar a

    Dilma tem que reavaliar a escolha do próximo Procurador Geral da República.

    Ela deve escolher alguem capacitado, que seja da confiança do Governo e que não imagine que este grupo esteja acima dos outros poderes.

    E tudo isso é facultado pela constituição, que lhe possibilita esolher qualquer um dentre os mais de mil procuradores de carreira do País.

     

    1. Dilma vai recomendar Ja-nó de
      Dilma vai recomendar Ja-nó de novo e vai deixar para o congresso decidir.
      Lógico que o congresso não vai querer porque Ja-nó foi seletivo e partidário com os nomes da Lava Jato. Se o PMDB não quer mais o Ja-nó, o PT pode não querer também por que não abriu investigação contra Aécio na corrupção de Furnas, mesmo tendo recebido provas contundentes vindas de MG para que investigue. Ou seja se Ja-nó prevaricar ele dança.

    2. Então,  a presidente continua

      Então,  a presidente continua tendo que escolher entre os mais de mil procuradores concursados?  Se desistir da lista e escolher um outro do grupo, imagino que o problema continua. A quem ela recorreria para indicar alguém da sua confiança em uma instituição independente do governo, recheada de “estrelas”?

  2. Quem é elle?

    Fernando Collor questionar a “estatura moral” de alguém é o fim da picada.

    O procurador geral pode ter exagerado em algumas coisas, mas agradecerei muito se nos livrar desses cânceres como este Senador pedante e dos picaretas Cunha e Calheiros,  que já deviam estar na lata do lixo de nossa história,.

    1. Em termos de periculosidade

      Em termos de periculosidade HOJE quem tem maior potencial para prejudicar o país, a procuradoria ou Collor?

       

      Estou com Collor nessa! Ele não é diferente de ninguém. Aluás a única diferença é que diz coisas que concordo!

    1. M(milhar) C(centena)

      Extração do dia; anta.

      O defensor dos galináceos gordos emplumados tucanos não pode gozar de folga. Peça os direitos trabalhistas garantidos pelo PT.

      Tá na lista do hsbc? Acho que não, muito bagrinho por lá estar, mas bastante bobo por defender quem nela está.

  3. Lista tríplice serve para que?

    Vamos falar sobre listas tríplices? Porque existem?

    Se fosse pela democracia seria o mais votado da categoria, o eleito, mas não é assim. A lista existe para que controle POSSA ser exercido. Percebeu o ponto?

    Esquerdas atacam listas tríplices quando lhe convém mas o não exercício do controle leva a isso que estamos testemunhando, descontrole. Primeiro a esquerda TEM que admitir que qualquer escolhido de uma lista é legitimo e acabar com essa historia de democracia em tudo. Isso é sonho ideológico.

    A partir daí o controle poderá ser exercido da  forma como foi planejado para que o fosse. Sabe aquele reitor antidemocrático da USP? Ele é legítimo porque Alckmin venceu a eleição e o nomeou. Atacar a forma desqualifica o argumento.

    Não é necessário modificar qualquer lei para mudar a procuradoria. Basta exercer SEU poder. Mas esse governo parece ser campeão em omissão.

    1. O presidente não precisa se submeter a qualquer lista

      Além disso, o presidente da República não está obrigado a seguir qualquer lista para nomear o procurador geral. Esta é uma escolha discricionária do presidente, apenas tendo que ser escolhido alguém da carreira do ministério público, e tal escolha ser submetida ao Senado.

      Lula e Dilma que inventaram esse procedimento (não definido em lei) de se submeter à escolha de uma corporação. Por analogia, seria como se Dilma tivesse que se submeter a uma lista dos petroleiros para definir o presidente da Petrobrás.

      Se Dilma quiser – e, no meu modo de ver, é isto que deve fazer um presidente da República – simplesmente escolhe alguém de sua absoluta confiança e manda esse Janot voltar a ser um simples procurador entre os demais. O presidente é legitimado pelo voto para exercer o poder do seu cargo, não para ser chantageado por uma corporação que se pretende aristocrática. Mas Lula e Dilma são de fato ignorantes a respeito do despotismo e do projeto de poder dos procuradores e de vários juízes. É lamentável.

      1. Eu concordo com vc mas o PT e

        Eu concordo com vc mas o PT e o Governo Federal discordam.

        O respeito as listas tríplices é uma bandeira de esquerda! 

        È a velha retórica de analfabetos funcionais. Não interessa se vc venceu uma eleição, se não respeita o mais votado da lista tríplice, é um ditador!

        Esse blog AQUI não chamou Alckmin de autoritário? Esse blog aqui não defende o respeito aos mais votados das listas?

         

        Meu ponto é que a situação de descontrole é decorrente diretamente desta bandeira!

        O problema É CRIA NOSSA!

  4. Não tenho nenhuma simpatia

    Não tenho nenhuma simpatia por esse cidadão, quero mais que ele se lasque, pois me deixo mais pobre além do que já era, mas nisso concordo com ele.

    O MPF junto com o juiz Moro estão utilisando a lava jato politicamente.

     

  5. Com o decorrer do tempo, a

    Com o decorrer do tempo, a vida nos ensina a rever conceitos e reavaliar determinadas pessoas com as quais sentiamos simpatia ou antipatia. Creio que é o momento do Brsil repensar o papel, a importância e o caráter do homem público Fernando Collor de Mello. É hoje um dos parlamentares mais atuantes e íntegros do Brasil, alinhado em todos os momentos com as diretrizes do governo de Dilma Rousseff. Eventuais rancores que ainda resam deveriam sre esquecidos em prol do Brasil!

  6. Parabéns pelo corajoso discurso Collor

    Para a nudez do espírito, um manto diáfano de fantasia.

    Ontém coloquei uma lição do Bill Bonner onde ele escreve sobre a nova cara dos estados modernos, com base em uma moeda surgida do nada e as distorções que isto causa, mas só é percebido por poucos e entendido por menos pessoas ainda: 

    “Como vocês estão descobrindo, esta ultima transformação (do Estado) é a mais salaciosa de todas.

    Nem Republica, nem Democracia.

    “O Governo não pode ter mais de dois legítimos objetivos, escreveu o filósofo-político Inglês William Godwin, a supressão da injustiça contra os indivíduos dentro da comunidade e a defesa comum contra a invasão externa.””

    Quando um grupelho se arvora de “salvador da pátria” e começa a agir como um esquadrão da morte, fica claro que temos problemas a resolver. O discurso corajoso do ex-presidente coloca o dedo na ferida.

    É esta procuradoria que os brasileiros querem para eles?

  7. É o fim da picada. Esse

    É o fim da picada. Esse sujeito é citado na delação de ao menos 2 delacoes. Políticos foram preservados nos inquéritos para não transformar o processo em um monstro e somente os políticos foram enviados para a PGR.  Ela faz o que? avalia as denúncias e solicita na maioria dos casos abertura de inquérito para aprofundar as investigações. O stf autoriza e da publicidade a lista de políticos. 

    Se o PGR,  como deseja esse cidadão, tivesse a denúncia pronta ele teria solicitado a abertura do processo criminal.

    Qual o busilis? 

    Esta no papel dele de fato, jogar areia nos olhos dos outros, acusando os acusadores disso e daquilo. Isso não o torna herói da República. É apenas mais um com indícios de roubalheira. Se as provas forem robustas, pau nele.

    Aliás,  talvez seu reclamo seja justamente o fato do PGR ser cauteloso. Ele queria mesmo era o pgR que o denunciou e o stf foi obrigado a absolvelo por falta de provas e inclusive chamando de inepto o processo e a ação do prG. Como está no entanto, o PGR irá investigar com calma.

  8. É simplismente piada os

    É simplismente piada os comentários neste post. mostra como militantes de direita ou esquerda são muito parecidos, assim como os seus políticos

     

     

     

    1. Mostra, mais provavelmente,

      Mostra, mais provavelmente, que a grande maioria dos comentaristas aqui não são militantes, muito menos de esquerda.

      Para dar valor a alguma coisa feita ou dita por esse senador, que teve de ser defenestrado da PR para pôr um fim no seu gigantesco esquema de corrupção, é preciso ser de direita. Ou tapado. Ou ambas as coisas.

  9. nosso lamentável judiciário,…

    … com seus “auxílio moradia”, … “auxílio paletó”, ….  seus recessos, ….  suas decisões onde só vão presos,   pobres, negros, prostituas, …  e petistas….

     

    Judiciário, … o poder mais corrupto da República !

    1. Enquanto Fernando Collor de

      Enquanto Fernando Collor de Mello for Senador da República, o judiciário não será o mais corrupto dos poderes.

      (E, naturalmente, o MPF não é parte do judiciário, não sei de onde as pessoas tiram isso.)

  10. em observação

    em observação

    se o procurador-mor Janot à procura de sarna pra se coçar

    cutucou com vara curta ou não? os ancestrais “coronéis jagunços”

    repaginados restaurados reincidentes, graças ao lulopetismo no poder.

  11. Acorda Jose Muladeiro! Falas

    Acorda Jose Muladeiro! Falas como esta do Senador Collor o vento leva bem pra longe. Isso porque a democracia neste País acabou em outubro de 2014. Veja que nem uma eleição livre tem valor aqui no paisinho. O poder legislativo está completamente perdido, e agora, refem do poder judiciário, aí  é que a coisa ficou feia. Só há uma saída para ele: fazer um acordo urgente com o novo poder para juntos eleiminarem o poder Executivo. É triste, mas é verdade.

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