7 de setembro fúnebre, por Fábio de Oliveira Ribeiro

Foto: Agência Brasil

A submissão do Estado brasileiro ao mercado. Com a queda de Dilma Rousseff a soberania popular foi expulsa do espaço político e este foi deliberadamente reduzido (congelamento de investimentos em educação e saúde, fim dos programas habitacionais, científicos e humanitários, etc…) para que possa ocorrer uma expansão dos interesses privados. 

O regime financeiro imposto ao país pelo usurpador, que não foi aprovado pelos eleitores, atende apenas alguns brasileiros e estrangeiros. Desde o golpe de 2016 única finalidade do poder público é consolidar a armadilha do rentismo: quando mais impostos são transferidos aos credores através dos juros, mais impostos terão que ser transferidos aos credores no futuro, pois a arrecadação caiu e taxa de juros não pode ser reduzida.

Para que os interesses dos rentistas sejam independentes das urnas, a população será escravizada a um novo sistema político que impedirá mudanças pelo voto. O sentido da reforma política é reforçar o passado oligárquico e reconstruir o Estado sem povo da República velha. A ponte que garante o futuro de poucos e também a pinguela que leva o Brasil para um passado de pobreza, fome, exclusão e instabilidade política.

O sistema de Justiça, comprometido com o golpe da cúpula à base, transformou o Direito Penal numa roleta russa. Quando o réu é bem nascido, rico, senador ou filho de desembargadora, a arma da persecução penal sempre nega fogo. Quando o réu é pobre ou ousa representar pobres a bala está sempre na agulha. Portar pinho sol é crime, mas o fabricante e os distribuidores do produto criminalizado não foram incomodados. Não receber a posse e propriedade do Triplex acarreta o encarceramento de um ex-presidente considerado corrupto.

A polícia federal apreende 51 milhões de reais laváveis com Geddel Vieira, a imprensa insinua que o PT é dono do dinheiro sujo e o MPF acusa líderes petistas sem que um centavo tenha sido encontrado com eles. Não há exceção à nova regra, os inocentes são sempre culpados e os culpados silenciosamente esquecidos. Ninguém mais estranha a demora do MPF MP em denunciar o dono de 450 kg de cocaína apreendidos no helicóptero de um Senador. Mas a justiça proibiu rapidamente o uso do termo helicoca associado ao nome dele.

A dependência ao Norte como meta, a destruição do programa de modernização das Forças Armadas como meta. As PMs foram criadas como tropas auxiliares do Exército, mas agora o Exército é que vai às ruas como se fosse uma tropa auxiliar das PMs.

Mão para a cabeça maluco. Tá reclamando do que vagabunda. Abre logo esta mochila escolar moleque do caralho. Canhões que deveriam estar voltados para  o litoral são reposicionados. O alvo das bombas semióticas são os pobres favelados. As granadas de fragmentação, explosivas e incendiárias não podem ter outra direção, pois os jornalistas comandam tudo.

As empresas de comunicação construíram politicamente o golpe e destruíram a credibilidade do Judiciário (obrigando-o a homologar condenações proferidas nos jornais e telejornais. Agora eles comandam as tropas de assalto das Forças Armadas. Sob a mira dos fuzis e canhões, as favelas são diariamente assaltadas sempre que um direito social é revogado para que mais 0,25% de juros possa ser pago.

Independência neste contexto só a da família de João Goulart. Ela recusou a homenagem oferecida pelos golpistas. Não basta golpear uma vez mais a democracia é preciso demolir qualquer símbolo de resistência. Felizmente os descendentes do presidente deposto em 1964 se recusaram a se ligar ao usurpador de 2016.

A ponte-pinguela do golpe ruiu. Os investimentos externos não vieram, o desemprego segue crescendo. Em algum momento os super-mercados começarão a ser saqueados. A nova independência não será conquistada nas eleições.

Ninguém indenizou os prejuízos políticos, sociais e econômicos impostos aos brasileiros expulsos da arena política em 2016 para que seus recursos minerais, reservas florestais, direitos e dignidade fossem roubados pela quadrilha de Temer. Quem indenizará os supermercados saqueados? Ninguém.

Fábio de Oliveira Ribeiro

4 Comentários

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  1. Prezado Fabio
    Bom

    Prezado Fabio

    Bom dia 

    Lamentavelmente foi a  essa democracia que Lula e Dilma aderiram !!!

    Nem Maduro aceitou o golpe, por aqui é natural !!!

    Que inveja !!!

    1. Pois é… sempre lembro

      Pois é… sempre lembro daquele turco que disse que a Turquia não é o Brasil quando os partidários de Erdogan interromperam a tiros um golpe militar orquestrado pela CIA.

  2. Chegamos ao ponto em que é

    Chegamos ao ponto em que é arma, não urna, que pode mudar este estado de coisas. Quanto à esquerda cirandeira, que fique atenta: se “eles” fazem isso com um líder reconhecido internaiconalmente feito Lula e um partido grande como o PT, “eles” reduziriam o psol, boulos, luciana genro, etc a pó em questão de dias.

    1. Discordo em parte. A direita

      Discordo em parte. A direita não pode reduzir a pó aqueles que se comportaram como cheiradores de pó durante o período que precedeu o golpe de 2016. No caso destas lideranças da esquerda festiva e infantil se aplica o dito religioso: do pó eles vieram e ao pó voltarão.

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