A extensa rede de aliados de Cunha na Câmara dos Deputados

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Eduardo Cunha, no dia 16. / YASUYOSHI CHIBA (AFP)

Do El País

Um deputado com tropa de choque, pitbulls e ‘paus-mandados’

Por meio de ajuda para obter doações, Cunha montou grupo que o apoia no Legislativo

Por Afonso Benites

O poder do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ficou abalado depois das denúncias da Procuradoria, mas sua rede de aliados na Câmara dos Deputados é extensa. O peemedebista tem a sua tropa de choque, os pitbulls e os ‘paus-mandados’, segundo os congressistas que convivem com ele. ‘Pau mandado’ é como o delator Alberto Yousef se referiu, em depoimento à Justiça, aos parlamentares que seguem as orientações do polêmico deputado.

A linha de frente de defesa de Cunha está principalmente entre os integrantes da Comissão Parlamentar de Inquérito da Petrobras. É um grupo de parlamentares que atuam para desmentir delatores que incriminam os políticos na operação Lava Jato. Entre eles, estariam o presidente da comissão, o deputado Hugo Motta (PMDB-PB) e André Moura (PSC-SE). Os dois são os únicos que tiveram até agora acesso à investigação feita pela consultoria Kroll, contratada pela CPI por 1 milhão de reais, sobre 12 réus do esquema de desvio de recursos da Petrobras.

No grupo dos pitbulls estão alguns parlamentares espalhados por diversas comissões que agem para garantir os interesses de Cunha, como a celeridade no processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff (PT). Um deles é o deputado Hildo Rocha (PMDB-MA). Nesta semana, por exemplo, ele discutiu duramente com a senadora Rose de Freitas (PMDB-ES) durante uma reunião da Comissão Mista de Orçamento do Congresso Nacional. A razão, foi ela não ter acatado um pedido feito por ele sobre o julgamento das contas de Rousseff. A análise dessas finanças pelo Tribunal de Contas da União pode resultar no pedido de destituição.

    Já entre os chamados ‘paus-mandados’, estão os que agiram conforme a vontade do parlamentar até mesmo para obter o pagamento de propinas, diz o Ministério Público Federal e delatores da operação Lava Jato. Dois deles são a ex-deputada Solange Almeida e o deputado federal Celso Pansera. Almeida teria feito um requerimento a fim de pressionar o lobista da empresa Samsung Heavy Industries, Julio Camargo, a voltar a pagar propina para Cunha, conforme a denúncia da procuradoria. Ela nega.

    Pansera ganhou esse incômodo apelido porque, na CPI da Petrobras, solicitou a quebra de sigilo de familiares do doleiro Alberto Yousseff, um dos principais delatores da operação. Ele admite ser aliado de Cunha, mas diz que age de acordo com sua consciência.

    Em alguns momentos, Cunha também se apoia em movimentos que pedem a saída de Rousseff do cargo. Entre eles estão a Força Sindical, do deputado Paulo Pereira da Silva (SD), com quem se reuniu nesta sexta-feira, e militantes do Movimento Brasil Livre, que promovem protestos pelo país contra Rousseff, mas poupam Cunha.

    Ascensão, apogeu…

    Deputado federal desde 2003, o economista e radialista Cunha reforçou seu papel de protagonista na Câmara dez anos depois, quando se tornou líder do PMDB. Sua ascensão foi rápida e muito bem articulada. Seu apogeu foi em fevereiro deste ano quando obteve 267 dos 513 votos dos deputados e derrotou Arlindo Chinaglia (PT-SP) pela presidência da Casa.

    O apoio à Cunha foi obtido de uma maneira pouco comum entre parlamentares. Conforme aliados e adversários dele, nas últimas duas eleições aproveitou o trânsito que tinha com empresas privadas e pediu doações para campanhas eleitorais para mais de uma centena de deputados de diversos partidos e Estados.

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    Lourdes Nassif

    Redatora-chefe no GGN

    10 Comentários

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    1. Eu não caio só…

      Esse foi o recado que Cunha deu à midia, a Temer, Renan, ao congresso, ao judiciário etc… Por isso o golpe está mais cristalino do que nunca!!!!!!!!!!!!

    2. Pelo pouco que tenho visto em

      Pelo pouco que tenho visto em alguns deputados que ascendem rapidamente sem ser ao menos carismático, Cunha enveredou pela estratégia simples e fácil, que foi a de se colocar como evangélico. Isso aí não deixa de ser inteligência e oportunismo, porque, só uma besta-fera poderia crer que esse cara de pau é, de fato, um parlamentar responsável, um político que trata dos problemas como deveria. Assim fez Garotinho, e fazem tantos ditos pastores, que misturam política com uma ceita qualquer para angariar simpatia e voto. 

      E os que não estão na lista de fieis, mas não abrem mão da defesa do sujeito, como Paulinho da Força, por certo sabem porque é melhor defendê-lo. A ser verdade a denúncia da PGR contra Eduardo Cunha, o próprio nome envolve muitos milhões, e, pelo que sabemos, dinheiro também compra as consciências humanas. Nada garante que essa não seja uma gente vendida. 

      Pensando bem, após mais uma apresentação de Gilmar Mendes, que não admite sair de cena, engrossando as vozes do que desejam o impeachment de Dilma, pelo visto deve ser outro que não se revela a favor de Cunha porque seria o máximo da irresponsabilidade de um juiz; por outro lado, revela, sim, que sua meta continua sendo a de ser tucano de carteirinha, e anti-petista até a medula. 

    3. Esse é um político dos dos

      Esse é um político dos dos coxinhas: perfeito. Rouba muito, mas merece ficar no cargo porque é corrupto com provas. Claro, segundo  a “ética” da direita.

    4. Só quero ver se os 260 amigos

      Só quero ver se os 260 amigos do Cunha vão querer dividir o pescoço na corda que o Cunha será enforcado.

      Amigo é para essas coisas

    5. de aliados sacolinha…

      não enxergo preocupação alguma, apenas tristeza pela certeza de que muitos nunca votaram tão mal

      sem querer criaram uma sombra imensa na política brasileira

      bata o pé e todos correm

      investiguem os sóis pequenos a partir do único que temos, fiel comprado

    6. O que me preocupa mais é o

      O que me preocupa mais é o MPF ter pedido apenas 184 anos de prisão para Eduardo Cunha.

      Ele é invangélido, pastor, um homem de fé e crê na Bééééééééblia.

      Matusalém viveu 969 anos.

      Se Deus der ao Cunha a longevidade de Matusalém ele passará apenas 1/5 da vida preso.

      Isto é pouco. O MPF não deveria ser tão generoso com aquele corrupto.

    7. Também tem aliados no STF:

      Também tem aliados no STF: gilmar mendes (em letras minúsculas), que agora contra-ataca…

      É bom que se recorde o artigo “O Bom Jurista” do Professor de Direito Constitucional da Universidade de Brasília, Juliano Zaiden Benvindo, doutor em Direito Público pela Universidade Humboldt de Berlim e pesquisador em estágio pós-doutoral na Universidade de Bremen.:

      https://jornalggn.com.br/noticia/gilmar-mendes-o-compilador-de-jurisprudencia-uma-analise-sobre-sua-producao-academica#100

      Resumo, gilmar mendes:

      –      é um dogmático, compilador de jurisprudência e de alguma doutrina, mas não tem nada de especial.

      –      Como teórico, fica bem a desejar

      –      Seu raciocínio tende mais para uma perspectiva “manualesca” do que efetivamente acadêmica.

      –      O propósito também parece ser mais construir obras que dão lucro (aliás, muito lucro), do que aprofundar temáticas complexas do constitucionalismo.

      –      Vende seus livros como água, mas que pouco agregam a nossa cultura constitucional

      –      em várias passagens, há falácias históricas e teóricas

      –      Verdades construídas e bem longe de serem constatadas. Traduções fora de contexto.

      –      Autores fora de contexto

      –      Controle de Constitucionalidade: exame cuidadoso de seus textos (desenho de seus estudos). Eles partem de uma lógica que se repete: 1) uma abordagem histórica do controle de constitucionalidade; 2) uma análise comparada do controle de constitucionalidade; 3) algumas observações sobre como poderia ser nosso controle de constitucionalidade

      –      Não se tem aqui muito mais do que uma descrição histórica (com saltos argumentativos e anacronismos problemáticos, na minha opinião), uma descrição do sistema de controle que serve de paradigma comparativo (também com algumas verdades altamente contaminadas por uma vontade de dar grandes poderes à Suprema Corte), e conclusões que caminham para esse mesmo objeto: é importante que o STF assuma uma postura tão forte como a do paradigma



      –      Fora os atentados teóricos a várias metodologias de direito comparado, que ressaltam bem os riscos da transposição de conceitos e métodos entre realidades jurídicas bastante diversas, existe um problema de lógica em várias das conclusões

      –      As premissas adotadas são questionáveis, a forma de se interpretar o paradigma também e, naturalmente, a conclusão não poderia ser muito diferente

      –      seu grande trabalho é de compilação de jurisprudência e julgados

      –      institutos trazidos, do mesmo modo, são reproduzidos como verdades

      –      Vejam o caso do princípio da proporcionalidade, que tem várias abordagens e complexidades nem de perto por ele abordadas, e, do mesmo modo, o controle abstrato alemão, que nem de longe tem essa dimensão que seus textos aparentam dar, já que aqui o grosso dos julgados do Tribunal Constitucional – em torno de 97% dos casos – decorre do Verfassungsbeschwerde, que é uma reclamação constitucional que tem um caso concreto por trás (e mesmo que se diga que há uma abstração em algum momento, o caso está sempre lá de algum modo)

      –      Tampouco há aprofundamento temático, predominando o tipo de análise panorâmica em que de tudo se fala um pouco

      –      E suas conclusões caminham normalmente para dar esse ar colorido ao papel das cortes constitucionais

      –      Existe também uma evidente cronologia de seus textos que parece demonstrar que, depois de ter começado a trabalhar o tema do controle de constitucionalidade, nada muito novo apareceu

      –      Depois desse momento, praticamente o que se tem são repetições e atualizações

      –      Surge um novo instituto, ele vai lá e descreve

      –      Muda-se a jurisprudência, ele vai lá e descreve.



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