CPI dos Atos Antidemocráticos: G. Dias esclarece atuação no 8 de janeiro

Ana Gabriela Sales
Repórter do GGN há 8 anos. Graduada em Jornalismo pela Universidade de Santo Amaro. Especializada em produção de conteúdo para as redes sociais.
[email protected]

Ex-ministro-chefe do GSI classificou as imagens dele dentro do Planalto como “imprecisas” e “desconexas”

O general Gonçalves Dias em fundo branco
Crédito: Agência Brasil/José Cruz

O general Gonçalves Dias, ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do governo Lula (PT), descreveu toda sua atuação durante os ataques às sedes dos Três Poderes, em Brasília, em 8 de janeiro, em depoimento a Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), na CPI dos Atos Antidemocráticos, nesta quinta-feira (22).

Gonçalves Dias, conhecido como G. Dias, pediu demissão do cargo de ministro-chefe do GSI após a divulgação de um vídeo onde aparece circulando no Palácio do Planalto, durante a invasão golpista, protagonizada por eleitores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Hoje, aos deputados distritais, G. Dias negou ter colaborado com os invasores, afirmou que seu principal objetivo era proteger o núcleo central do poder palaciano, além de preservar vidas, e também classificou as imagens dele dentro do Planalto como “imprecisas” e “desconexas”.

Sai [do GSI] por causa da divulgação imprecisa e desconexa de vídeos gravados no interior do Palácio do Planalto durante a invasão ao prédio, durante o dia 8 de janeiro“, disse.

Assisti [a invasão] no térreo do Palácio do Planalto. Claro que tive ímpeto de reagir. Contudo, e adquirindo o autocontrole, concentrei-me na minha missão: não deixar que defasassem o núcleo central do poder palaciano, o gabinete do Presidente, que fica no 3º andar. Eu estava desarmado e à paisana. Jamais esperei encontrar aquela situação“, explicou o ex-ministro.

Cuidei pessoalmente de manter indevassado o gabinete da Presidência da República. Preservamos todo o 4º andar, as salas do gabinete pessoal do Presidente da República e bloqueamos o acesso aos anexos do Palácio. E repito: sem nenhuma gota de sangue“, pontuou G. Dias.

“Democracia é coisa frágil. Defendê-la requer um jornalismo corajoso e contundente. Junte-se a nós: www.catarse.me/jornalggn”      

Entrega de água

Em um dos trechos das imagens vazadas do circuito interno do Planalto, o major José Eduardo Natale entrega água aos invasores. G. Dias destacou que não estava junto do major no momento da entrega.

Eu não servi água para ninguém. Aquela imagem do major servindo água e eu do lado. A imagem do major foi gravada 15h59. E a minha imagem foi gravada 16h30. A defasagem dele dando água com a minha são 30 minutos. Eu não estava junto dele, eu não servi água, eu não fui conivente com o que estava acontecendo“, declarou.

Contato com invasores

O ex-ministro ainda afirmou que, na ocasião, chegou a ter contato com invasores, mas a ordem era de prisão.

Quando subi do 2º para o 3º andar, numa sala de reuniões contígua ao gabinete presidencial, encontrei uma senhora, uma mulher mais jovem e um rapaz. A senhora estava assustada. A mulher, neutra. O rapaz estava profundamente alterado. Tivemos algumas altercações, evitei a violência e conduzi todos eles e mais alguns para o local de acesso à escada que os levaria ao 2º andar. Eu havia determinado que as prisões fossem feitas no 2º andar“, explicou

Quando a minha ordem para que efetuassem prisões já tinha sido dada, o ministro Flávio Dino, da Justiça, telefonou-me e pediu que eu fosse ao ministério encontrá-lo. Escoltado pelo coronel Rogério, desci as escadas, passei pelo 2º andar, pelo térreo, pela garagem e alcancei a minha viatura“, continuou o general.

Pela via N2, dirigi-me ao Ministério da Justiça. Fui comunicado que o secretário-executivo dele, Ricardo Capelli, seria nomeado interventor da Segurança Pública do Distrito Federal. Ressalto: enquanto estávamos no Ministério da Justiça, as prisões já estavam ocorrendo no Palácio do Planalto“, prosseguiu.

Restauramos o controle público e institucional da Ordem, sem nenhum confronto que tenha posto em risco vidas humanas – nem do nosso lado, nem do lado dos vândalos. Fiz tudo o que estava ao meu alcance“, afirmou G. Dias.

Relatório da Abin

Ainda, de acordo com G. Dias, o relatório da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) enviado ao Congresso Nacional com os alertas disparados às vésperas dos ataques às sedes dos Poderes “não condizia com a verdade”.

Não adulterei e não fraudei nenhum documento. Sempre falei no GSI que todo documento que passasse por lá tinha que ser a expressão da verdade. A Secai solicitou ao GSI o que a Abin tinha produzido de informação. Esse documento passou para a Abin, que respondeu com um compilado de mensagens de aplicativo. Esse documento tinha lá ‘ministro do GSI’. Eu não participei de nenhum grupo de WhatsApp. Então, o documento não condizia com a verdade“, disse.

Com informações do G1, Metrópoles e Correio Braziliense

Leia também:

Ana Gabriela Sales

Repórter do GGN há 8 anos. Graduada em Jornalismo pela Universidade de Santo Amaro. Especializada em produção de conteúdo para as redes sociais.

0 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador