O rio da memória que passou em minha vida, por Homero Fonseca

Com 20 e poucos anos, apelei a Paulinho da Viola para assistir ao seu show no Recife.

O rio da memória que passou em minha vida

por Homero Fonseca

Era começo dos anos 70. Paulinho da Viola se apresentaria no Nosso Teatro (Teatro Valdemar de Oliveira), Recife. Eu liso. Mas trabalhava numa rádio e tinha carteirinha de redator. Pouco antes do show, cheguei na entrada lateral do teatro, mostrei a carteirinha e disse ao vigia que queria falar com Paulinho. Funcionou. Fui até o camarim: com sua turma, espalhada por ali, ele estava estirado no chão, numa espécie de relaxamento. Falei: “Paulinho, tô a fim de assistir ao show, mas tô sem dinheiro”. Ele disse que não era problema, então completei: “Eu e minha namorada. Ela mora aqui pertinho”. Ele chamou alguém: “Vai lá na portaria e avisa que esse garoto é meu”. Agradeci e saí correndo até a Rua das Ninfas, onde Marinês me esperava. Corremos de volta e me reapresentei ao porteiro: “Sou o garoto do Paulinho”. E assistimos a uma apresentação emocionante. Ficou no rio da memória que passou em minha vida.

Homero Fonseca é pernambucano, escritor e jornalista, formado pela Universidade Católica de Pernambuco. Foi editor da revista Continente Multicultural, diretor de redação da Folha de Pernambuco, editor chefe do Diario de Pernambuco e repórter do Jornal do Commercio. Foi também professor de Teoria da Comunicação e recebeu menção honrosa no Prêmio Vladimir Herzog de Direitos Humanos do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo. Atualmente, dedica-se à literatura e mantém um blog em que aborda assuntos culturais.

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Redação

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