Homenagem no Senado a líder da Telexfree é cancelada

Sugerido por Marcos RTI

Do iG

Homenagem a líder da Telexfree no Senado é cancelada

Por Vitor Sorano – iG São Paulo

Sanderley Rodrigues, investigado nos EUA, receberia medalha de personalidade do ano de associação particular

Uma homenagem em salão nobre do Senado Federal ao principal líder da Telexfree, empresa acusada no Brasil e nos Estados Unidos de ser uma pirâmide financeira bilionária, foi cancelada nesta quinta-feira (29), horas antes de ser realizada.

A honraria seria concedida a Sanderley Rodrigues de Vasconcelos, conhecido como Sann Rodrigues, que  teve recursos congelados quando a Justiça americana bloqueou os bens da Telexfree. Em 2006, o brasileiro já havia sido acusado de liderar uma outra pirâmide financeira nos EUA.

Nesta quinta-feira (29), Rodrigues iria receber o prêmio de personalidade do ano em marketing multinível durante o evento Tributo ao Imigrante, organizado pelo Centro de Integração Cultural e Empresarial de São Paulo (Cicesp), uma entidade privada presidida por Regino Barros.

O uso do salão foi reservado pelo senador Cícero Lucena (PSDB-PB), cujo gabinente informou desconhecer a presença de Rodrigues na lista de homenageados.
Marketing multinível seria disfarce

Durante o evento, no Auditório Petrônio Portella do Senado, Sanderley Rodrigues seria ainda nomeado conselheiro da Agência Reguladora de Marketing Multinível do Brasil (Aromm), comandada também por Barros. Apesar do nome, a Aromm não é um braço do governo.

Para as autoridades norte-americanas e brasileiras, a Telexfree usou o marketing multinível – um modelo de varejo legal baseado em redes de vendedores autônomos — como mera fachada para montar a pirâmide financeira. Os representantes da empresa sempre negaram irregularidades.

“[Rodrigues] foi o maior líder da maior empresa que incluiu gente no marketing multinível”, afirmou Regino Barros ao iG, antes do cancelamento o evento. “Estudei muito a postura dele junto a seus comandados, a condução dele de 1,6 milhão de pessoas espalhadas por 120 países.”

Questionado sobre o fato de Rodrigues ser investigado nos EUA, Ramos disse que “não deveríamos crucificar antes que tivéssemos sob a luz da lei.”

Rodrigues afirmou, também antes do cancelamento, que começou a divulgar por acreditar que se tratava de um negócio legítimo. O profissional ainda discorda da acusação de que a empresa é uma pirâmide.

“Eu devo ter acima de US$ 1 milhão [bloqueados] no meu escritório virtual”, diz ele. “Eu estou trabalhando para montar uma associação das vítimas.”

Gabinete de senador diz desconhecer lista de homenageados

O evento foi cancelado após o iG entrar em contato com o gabinete do senador Cícero Lucena (PSDB-PB), que havia feito a solicitação de reserva do auditório Petrônio Portella do Senado a pedido de Regino Barros.

Um assessor do gabinete informou que essas solicitações são comuns e que os senadores não participam da elaboração da lista.

Após o cancelamento, Barros disse lamentar a retirada de Rodrigues da lista de homenageados.

“Eu não quero criar constrangimento para os meus pares no Congresso”, afirmou sobre a decisão de não mais nomear Rodrigues como conselheiro da Aromm.

Rodrigues afirmou que não tinha conhecimento do cancelamento.

Redação

5 Comentários

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  1. ??????????????

    Nesta quinta-feira (29), Rodrigues iria receber o prêmio de personalidade do ano em marketing multinível durante o evento Tributo ao Imigrante, organizado pelo Centro de Integração Cultural e Empresarial de São Paulo (Cicesp), uma entidade privada presidida por Regino Barros.

    O uso do salão foi reservado pelo senador Cícero Lucena (PSDB-PB), cujo gabinente informou desconhecer a presença de Rodrigues na lista de homenageados.

  2. Qual o custo para alugar o

    Qual o custo para alugar o tal nobre salão do Senado? 

    Ou vão dizer que é “de grátis” para usar um espaço do Estado para a promoção de interesses privados?

  3. Por até R$ 7.000, institutos cobram para premiar empresas

    Da Folha UOL 25/04/2010
    Por até R$ 7.000, institutos cobram para premiar empresas

    RICARDO GALLO

    Como uma empresa de qualquer porte faz para receber um prêmio de melhor em seu setor? Em muitos casos, paga.

    Por até R$ 7.000, institutos e associações cobram para premiar empresas de todo o país, em categorias que vão de “Melhor Tratamento contra Estrias 2009” a “Destaque no Segmento Elétrico”, entre outras.

    Os critérios de escolha são vagos. Em geral, os organizadores dizem seguir indicações de clientes, fornecedores e conhecidos da eleita. Quem se diz baseado em pesquisas de opinião não se dispõe a mostrá-las.

    As vencedoras são procuradas pelas entidades e informadas de que ganharam o prêmio. A entrega se dá em jantares. Ganha-se troféu e/ou certificado, mais selos de “qualidade”.

    A abrangência extrapola a fronteira brasileira: há prêmio que homenageia destaque do Mercosul e da América Latina.

    À Folha ao menos seis empresas admitiram cobrar dos premiados. Nenhuma, porém, trata o prêmio como pago –é “adesão” ou “contribuição”.

    Parlamentares

    Uma das mais conhecidas é a OPB (Ordem dos Parlamentares do Brasil). A entidade promove o “Top of Quality” e o “Top of Quality Ambiental”.

    O prêmio custa R$ 4.500. Oficialmente, são 1.500 cartilhas para projetos sociais, a R$ 3 cada. Mas pode chegar a R$ 7.000, conforme recibo obtido pela Folha. Apesar do nome, a entidade diz não ter relação político-partidária. O presidente, Dennys Serrano, é 38º suplente de deputado federal pelo PSB (1.296 votos em 2006).

    Outra a oferecer prêmio é a Abach (Academia Brasileira de Arte, Cultura e História), com sede no Morumbi (zona oeste). São R$ 5.000 pelo “Prêmio Qualidade São Paulo”, disse seu representante a uma escola.

    Aos potenciais premiados, a associação envia memorando com selo da Secretaria de Estado da Cultura –que disse estar surpresa e investigaria o caso.

    Recorrer a autoridade para dar autenticidade ao prêmio é expediente comum. O Cicesp (Centro de Integração Cultural e Empresarial de São Paulo) instituiu a “Cruz do Mérito do Empreendedor Juscelino Kubitschek” (R$ 5.980). “Nunca soube que a comenda era paga”, disse Maria Estela Kubitschek, filha adotiva do ex-presidente, que já recebeu a comenda.

    O valor do prêmio inclui joia banhada a ouro com rubis e esmeraldas, um certificado da “Soberana Ordem JK” e dois convites para um jantar em Brasília –a solenidade será na sexta (30). Segundo o presidente Regino Barros, a entidade é como um clube, que vende títulos de sócio. Ainda assim, há, segundo ele, rigor nas indicações.

    A Folha conversou com um empresário de 39 anos que tem 11 prêmios –pelos quais pagou até R$ 2.000. “90% dos prêmios são pagos. É utopia pensar que não tem custo”, disse, sobre jantares em hotéis de luxo, fora o “ambiente gostoso”.

    Ele usa as solenidades (“há gente boa e gente ruim nesse setor”) para fazer negócios. “Troco cartões com gente com quem eu nunca teria acesso.”

    O benefício chega a ser cem vezes superior ao custo. “Tanto é que cancelei anúncios da minha empresa em revistas.”

    Por ser habitué dos eventos, não param de chegar convites, diz. “Nos últimos três anos já recusei 20.” Ele foi convidado ou participou de solenidades de três entidades citadas.

    “Um prêmio você institui para quem tem qualificação, para quem merece”, diz Maria Inês Dolci, coordenadora institucional da Proteste, entidade de defesa do consumidor. “Além de ser antiético, induz a consumidor a escolher uma empresa porque ela ganhou um prêmio que, na verdade, só pode ser concretizado pelo pagamento.”

    Outro lado

    Dennys Serrano, presidente da OPB, diz que o valor cobrado corresponde à impressão de cartilhas de combate às drogas.

    O primeiro valor que ele disse à Folha foi de R$ 1.200; depois, falou em R$ 4.500. “Por tudo o que ele [empresário] vai receber em troca e o retorno de marca que ele tem é insignificante.” Sobre o recibo de R$ 7.000, disse que o valor era muito acima do estabelecido pela OPB –e que funcionário responsável havia sido afastado.

    O Cicesp informou que a cobrança se deve à entrada em uma ordem, como em um clube. O presidente Regino Barros afirmou que um conselho interno indica os premiados.

    Gilberto Siqueira, diretor da Abasch, disse que o pagamento é “espontâneo”. O presidente Roberto Oropallo afirmou que não sabia da cobrança e que mudaria os critérios. Sobre o selo da Secretaria da Cultura, afirmou ter recebido o título de “Parceiro da Cultura”. A secretaria não confirmou.

    O ICFU (Instituto Cultural da Fraternidade Universal), que pede R$ 3.600 pelo prêmio de mérito educacional, diz aos premiados que o valor corresponde à impressão de revista de combate às drogas.

    Na Abiqua, o Prêmio de Incentivo à Qualidade tem custo de R$ 1.000. O valor, disse o presidente, inclui negócios e palestrantes. “Tem jantar, tem custo”, diz Antonio Neto Ladeira.

    A Montreal, do Top of Business, cobra R$ 3.900 por adesão. Mas, se houver empresa que não tenha condições de pagar, ela recebe o certificado via correio, disse a entidade, que diz ter critério na seleção dos premiados.

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