Análise preliminar do discurso de José Serra

 

Nota do Brasil Debate

O sociólogo e colaborador do Brasil Debate Marcelo Zero fez uma breve análise do discurso recente do senador José Serra (PSDB), em que este traça um cenário bastante sombrio da realidade brasileira. Zero afirma ser a visão do senador tecnicamente bastante questionável e rebate a sua interpretação a respeito de desindustrialização, taxa de câmbio e juros.

Para o senador, estaríamos diante da maior crise econômica do Brasil. Marcelo Zero relembra que ao final do governo FHC, do qual José Serra fez parte, o Brasil tinha indicadores econômicos muito piores do que os atuais.

Porém, a fala do senador, segundo Zero, abre “uma possibilidade para que a bancada do PT apresente, em um nível elevado, a sua visão sobre o Brasil de hoje, dialogando com os setores mais qualificados da oposição sobre a construção de uma agenda estratégica ampla que direcione o ajuste e permita uma saída sólida pós-ajuste”.

De acordo com Serra, a origem das dificuldades atuais está no segundo governo Lula, quando se teria aberto espaço para diminuir juros, devido ao ciclo das commodities, mas Lula não o teria feito (ao contrário, os teria aumentado) e, com isso “desindustrializado o país”, via a apreciação do câmbio.

No entanto, Marcelo Zero lembra que as taxas de juros no governo FHC, do qual Serra fez parte, chegaram a 25% e a apreciação cambial desindustrializante encontrou seu auge, com a paridade dólar/real prolongada desnecessariamente até a reeleição do presidente. Zero mostra também que não é verdade que Lula aumentou as taxas de juros em seu segundo governo: na verdade, o segundo governo Lula encerrou-se com uma taxa de juros nominal de 10,66%, bem inferior à de 25% herdada do governo ao qual Serra serviu.

Apesar dos equívocos, para o autor, o pronunciamento de José Serra tem o mérito de voltar a introduzir no Senado Federal o tema da desindustrialização. No entanto, assinala que o grande ponto de inflexão do processo de desindustrialização foi a abertura comercial de 1990/91 e aprofundada no governo FHC, combinada com a forte apreciação da moeda, devido ao Plano Real, e com a alta das taxas de juros para sustentar essa apreciação.

Assim, a tendência – ou suposta tendência – à desindustrialização é antiga e precede o governo do PT, o que, no entanto, não significa dizer que o boom das commodities, ocorrido principalmente no primeiro governo Lula, não tenha acarretado efeitos negativos para a nossa indústria, em virtude da tendência à apreciação cambial gerada pela abundância de dólares.

Confira a seguir na íntegra o texto do autor: Falácias do Discurso de José Serra 1 (1)-Marcelo Zero.doc

Conheça a página do Brasil Debate, e siga-nos pelo Facebook e pelo Twitter.

Redação

11 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Acrescentaria: análise do

    Acrescentaria: análise do discurso de qualquer tucano é obrigatória a participação do José Simão, especialista em tucanês.

    1. 2038? Vade retro… Esse

      2038? Vade retro… Esse pessoal tem que morrer um  dia. Se eu vou morrer porque esses trastes vão ficar pra semente? E que semente?

  2. Não vi finalidade alguma

    Não vi finalidade alguma deste artigo.

    Trazer o Çerra a tona neste momento objetiva o que?

    Por que querem desenterra defunto?

    Ele vai acabar achando que ainda tem espaço.

    Fico por aqui.

  3. José Serra não respondeu a

    José Serra não respondeu a principal pergunta do povo brasileiro:

    Presídio Federal permite que o prisioneiro use seu Fardão da ABL?

  4.  
     
     
     XOCÉ ÇERRA É O PRÓPRIO

     

     

     

     XOCÉ ÇERRA É O PRÓPRIO ESPANTALHO. OU, SERIA UM ECTOPLÁSMA DA FALÁCIA ?

    O supracitado cidadão é uma insolvência mental. Ou, se preferir; uma bancarrota intelectual.  Fissurado em  cagar-regras.  Em especial,  sobre temas  relacionados à economia. Ao que parece, ele de fato, acredita ser economista.

    Eh… graças a tolerância excessiva da direita paulistana, o paciente conhecido popularmente como o “Coiso,” pois, carrega uma cara de alucinado. Enquanto, se mantém aporrinhado a vida alheia. Ninguém consegue saber direito, do que vive o gajo. Dizem, ter filha rica.

    Na real, o Zé parece ser portador de síndrome de Fausto. Um emaranhado e entranhado complexo de sintomas psicopatológico, definidos também, como “bulimia intelectual.”    O agora, senador, tá por conta e do jeito que o diabo gosta. Pois, empoleirado no Senado, nada mais precisa explicar. A não ser, pronunciar um lenga lenga vazio, uma vez por semanal.

    Assim. Só praguejando. Vá À PQP!  Lá ele!  Aproveito, pra ir tomar uma. Fui…

    Orlando

     

     

  5. O Brasil está preso nessa

    O Brasil está preso nessa armadilha que eles inventaram lá atrás de real um pra um com o dólar (até menos), torrando bilhões de reservas, e eles vêm dizer que foi o Lula que causou a desindustrialização…

    Mais uma da serie acusar os outros do que eles próprios fazem. É impressionante como é só isso que fazem.

    No segundo mandato do Lula o país atravessou a maior crise da história mundial com emprego lá em cima, com algum crescimento e inflação dentro do combinado, salvando, salvando (como diz o insuspeito Delfim Neto) o país desses maníacos por “austeridade” que estão levando ao desespero milhões e milhões no Atlântico Norte…

    E ainda se dizem “social democratas”…

    Primeiro se juntaram com os antissociais que se dizem “liberais”; agora estão lado a lado com golpistas, fascistas e sociopatas… Nem democratas parecem ser mais..

    E ainda tem trouxa que segue essa turma…

    Os traumas do gremio estudantil e do DCE devem ter sido muito dolorosos mesmo.

  6. Creio de dê pra incluir aí

    Creio de dê pra incluir aí que o índice de rentismo na economia aumentou, mudou pra maior, nos governos Lula e Dilma. A dúvida é: e isso não é também fator de desindustrialização? Se é, qual o peso desse fator? A quem competia desinflar tal índice? Ou, ainda, seria politicamente possível desinflá-lo? Como?

  7. Não entendeu nada

    Será que é economista?

    A abertura comercial não provocou desindustrialização, PRODUZIU o incremento tecnológico do País, um dos mais fechados do mundo ainda (em companhia de países pobres) via importação de bens de capital e fim da reserva de mercado das “carroças”. Basta ver como é um carro 1.0 hoje e como fabricamos software em relação ao passado.

    O autor tenta justificar erros de agora com eventuais erros do passado, como se uma coisa corrigisse a outra. Ô ladainha que não acaba.

    Só que não lê o Nassif, não sabe que na essência, concorda com quase tudo que seu arqui-inimigo Serra diz em economia, inclusive o ovo da serpente da desindustrialização.

    Nassif já postou várias opiniões sobre o erro na mão de Meirelles com os juros, matando um crescimento com medo de uma inflação que não veio.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador