Copom surpreende e eleva Selic para 11,25% ao ano

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
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Jornal GGN – O Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) contrariou as expectativas de mercado e anunciou na noite desta quarta-feira (29) o aumento da taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual, para 11,25% ao ano, sem viés, por cinco votos a favor e três votos pela manutenção da taxa em 11,00% – prerrogativa esta que foi precificada em um primeiro momento.

“Para o Comitê, desde sua última reunião, entre outros fatores, a intensificação dos ajustes de preços relativos na economia tornou o balanço de riscos para a inflação menos favorável. À vista disso, o Comitê considerou oportuno ajustar as condições monetárias de modo a garantir, a um custo menor, a prevalência de um cenário mais benigno para a inflação em 2015 e 2016”, diz a autoridade monetária, em comunicado divulgado após a reunião.

Votaram pela elevação da taxa Selic para 11,25% ao ano Alexandre Antonio Tombini (Presidente), Aldo Luiz Mendes, Anthero de Moraes Meirelles, Carlos Hamilton Vasconcelos Araújo e Sidnei Corrêa Marques. Votaram pela manutenção da taxa Selic em 11,00% os integrantes Altamir Lopes, Luiz Awazu Pereira da Silva e Luiz Edson Feltrim.

Em entrevista ao Jornal GGN, o economista-chefe do banco Santander, Mauricio Molan explica que ninguém esperava um aumento de 0,25 ponto percentual já esta reunião. “Ela vem em linha com uma visão que já tínhamos, de que o governo procuraria dar sinais mais positivos para o mercado em relação à austeridade da política econômica. Esse sinal veio antes do que se esperava para a política monetária, o que reforça que ela também pode vir para a política fiscal antes do que se espera”.

Molan ressalta que tal ajuste faz sentido quando se avalia a piora das perspectivas para a inflação, em especial por conta da recente depreciação cambial. “Quando o BC realizou a última reunião, o câmbio estava em R$ 2,25, e incorporou tal valor em suas projeções. Agora, a cotação chegou a bater R$ 2,50 – mais ou menos 10% da variação tem um impacto de 0,4 a 0,5 ponto em relação à expectativa inflacionária”. Entretanto, o BC não sinaliza que esse processo de ajuste foi iniciado, mas na visão do economista “esse é um fato, não tem como fugir”.

Além disso, o risco de a inflação oficial estar acima da meta é outro fator a ser considerado. “Projetamos uma inflação de 6,50%, o que mostra que existe uma chance razoável de fechar acima do teto da meta, qualquer escorregada pode-se passar dos 6,50%. Isso pode ser levado em consideração, o risco não é pequeno”. As recentes sinalizações de que os preços administrados podem subir não chegaram a afetar a decisão da autoridade monetária, o que dá a entender que o recente ciclo de alta da cotação do dólar exerceu um impacto mais efetivo. “A gente acredita que é mais um movimento de câmbio do que tema de preços represados, isso vai ficar mais claro na ata (que será publicada na próxima semana)”.

Para que a inflação caia de forma segura, Molan ressalta a necessidade de conexão entre a política fiscal e monetária e, em meio a um cenário de indefinição por parte do governo na composição da próxima equipe econômica, isso poderia levar um pouco mais tempo. O aumento dos juros pode ter sido um passo inicial em tal perspectiva. A expectativa do Santander é de que os juros voltem a subir na última reunião do ano, programada para dezembro, chegando a 12,5% no final do ciclo de ajuste, em meados de 2015. “Esperamos, no mínimo, 0,25 ponto percentual de alta de novo, com possibilidade de acelerar o movimento se tiver uma coordenação entre política monetária e fiscal, e uma estratégia definida para realinhar os preços represados e fazer ajuste fiscal”.

 

 

Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

20 Comentários

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  1. ortodoxia

    Não foi para isso que elegemos Dilma, Se colocar o TRabuco ou Meirelles na Fazenda então, seria melhor ter votado no Aécio.

    Acredito que nem Arminio seria tão ortodoxo.

    Isto sim é golpe eleitoral.

  2. O garrote do todo poderoso

    O garrote do todo poderoso mercado financeiro não perdeu tempo: aperta-se o governo, seja ele de que partido ou orientação, em prol de políticas que são pró mercado financeiro. Veja que consumidores, empresários, empresas, agricultores, pecuaristas, etc, são todos parte do mercado, mas este é o mercado real, o qual, no capitalistmo ultrafinanceiro e fundamentalista, pouco importa. O mercado que importa e que manda mesmo é o financeiro. Aliás, vale notar que não existe tal “mercado”, mas sim agentes financeiros (especuladores, fundos de todo o tipo, etc). Estes ganham na baixa ou na alta, às custas dos orçamentos públicos, aqui e alhures. É uma pena que a política perdeu para as finanças, que o público perdeu para a especulação e que a democracia há muito tornou-se fitura de linguagem.

    1. não é isso

      A culpa caro Ericson é do seu governo populista , gastador e corrupto, vc ericson  emprestaria dinheiro a uma pessoa que vc tem certeza que é desorganizado, que gasta mais do que ganha, que não gosta de quem trabalha? A culpa meu caro é do seu governo hipocrita, incompetente, populista e covarde, aguarde que vem muita coisa que vai te desagradar, ta so começando. rsrs 

  3. Preparação para o futuro

    Para mim a Dilma está preparando o futuro próximo, dando uma de Lula no seu primeiro mandato. Não havia necessidade desta medida, pois as agitações de cambio e bolsa devem-se a especulações do mercado, ávido por lucros rápidos e que agora serão mais rápidos ainda.

    Não votamos nela e no PT para fazerem este aumento. Justamente votamos no PT e na Dilma porque acreditávamos que apenas os nossos inimigos da direita iniciariam o governo já subindo a selic.

    Vou esperar um pouco, porem se esta ação for inicio de outras iguais, tais como Trabuco na Fazenda (e no nosso rabo), sem novos avanços sociais importantes, sem políticas públicas, sem aumento do padrão de vida dos menos favorecidos, enfim fazendo o que o Aócio faria, na próxima vez votaremos, em minha casa, com a extrema esquerda.

    Que o PT não traia seus eleitores, pois inimigos advindos de suas antigas parcerias costumam ser os piores! 

  4. Primeira decepção após

    Primeira decepção após reelição. Parece que a coisa vai ficar como estava. Ou a Dilma doma os especuladores ou eles tomam o país (para desgraça do povo). 

  5. Começou mal, assim como no

    Começou mal, assim como no primeiro mandato.

    Será que a Dilma não aprendeu que o desempenho econômico ruim do seu governo foi justamente por começar o primeirio mandato aumentando juros juntamente a outras medidas para frear o crescimento herdado de 7,5%.

    É preciso enfrentar os rentistas.

    Em outubro de 2012 a selic estava em 7,5% a.a e havia aquela operação para que os bancos públicos baixassem os juros, forçando o privados a fazer o mesmo. Dilma tinha mais de 70% de aprovação.

    A partir daquele momento, começou o terrorismo econômico patrocinado pelos rentistas e empresários e capitaneado pela globo que utilizou até colar de tomates em uma loura burra..

    Ao invés de resistir o BC começõu a aumentar a selic como queriam os rentistas. Como obtiveram sucesso, mantiveram o terrorismo econômico até hoje e quase levaram a eleição.

    A começar o segundo mandato assim, talvez tenhamos os mesmos resultados que quisemos evitar não votando no Aécio. 

     

  6. Nassif e demais
    Duas notícias

    Nassif e demais

    Duas notícias ruins, Governo perde no Congresso, via PMDB, projeto de participação popular e agora essa da Selic.

    Compreendo o momento pantanoso, mas Dilma tem que ser rearticualr em carater de emergência. 

    Alguém sabe alguma coisa da multa da veja?

    Saudações

    1. Desculpe, mas o que tem a ver

      Desculpe, mas o que tem a ver multa de revista com taxa selic ?

      O que houve foi mais do mesmo : combater inflação com alta dos juros. Espera-se agora que não resolvam sacanear o emprego, esse povo do banco central não é fácil…

      1. OI Nira
        Não, não, é que a

        OI Nira

        Não, não, é que a veja foi multada por ficar enrolando o direito de resposta do PT sobre o Youssef.

        E gostaria de saber se alguém sabe alguma coisa da multa.

        Saudações

         

  7. Banco Central e as riquezas do nosso Pre- Sal

    Prezado Nassif 

    Assistindo ao  documentarios americanos 

     -Inside Job ( ganhador do Oscar 2011 de melhor documentario sobre as causas da crise internacional de 2008 ) 

    http://vimeo.com/39018226

    –  Zeithgeist  Addendum  no youtube onde cabe ressaltar o depoimento  do Agente terceirizado da CIA John Perkins que lançou o Livro ” Confessions of an economic hitmam ”  

    https://www.youtube.com/watch?v=2LCE9wtsuyw

    E acompanhando a atuação ao longo de anos do Banco Central  , e lendo artigos de economistas indepententes que postam neste portal e de varios comentadores  , chego mais uma vez a triste conclusão de que esta entidade nunca se preocupou efetivamente com o desenvolvimento economico , garantia de emprego e industrialização do nosso pais , apenas em garantir  o lucro dos grandes bancos e rentistas e  submeter o nosso pais colonialismo financeiro moderno preconizado nos documentarios acima citados .  

    O Banco Central joga na contramão dos projetos desenvolvimentistas do Governo Dilma  para o nosso pais ,  vou citar apenas um exemplo  :

    O aumento de 1% da taxa Selic corresponde a proximadamente a  R$  25 bilhoes em um ano ,

    O Governo Dilma se viu obrigado a colocar o campo de LIBRA do Pre- Sal descoberto pela Petrobras para arrecadar no curto prazo R$ 15 bilhoes  para fechar a meta de superavit -primario .  O valor do bonus estipulado pela  ANP de R$ 15 bilhoes foi absurdo  para o sistema de PARTILHA  . A  Petrobras que descobriu o campo foi  obrigada a se consorciar com outras empresas cedendo 60% a empresas estrangeiras  e ficando apenas com 40%  para pagar este bonus . Assistam os seguintes depoimentos do Eng Fernando Siqueira ( Vice Presidente da AEPET – Associação de engenheiros da Petrobras ) 

    Depoimento na Comissão de Assuntos Economicos do Senado      https://www.youtube.com/watch?v=3–3YOWgjec

    DEBATE BRASIL – Pre-SAL   https://www.youtube.com/watch?v=XLYoYeceR6A

    O pior é que com essa taxa de juros SELIC de 11,5%  garantindo pelo menos 5% de ganhos reais e um absurdo quando comparada  aos outros paises do mundo com a mesma relação DIVIDA /PIB .  Ela não se justifica , voce Nassif corajosamente  assim como outros economistas  independentes ja apontam este absurdo a tempos . 

    Ate mesmo o Delfin Neto  ja batizou este absurdo como “O  ultimo peru para seia de Natal no mundo ” 

    Na ultima reaunião do Copon ja foi um absurdo manter a taxa de juros em 11 % ao inves de baixa-la  e reduzir o deposito compulsorio para injetar imediatamente 20 Bilhoes na economia quase estagnada  por conta dos NOVE AUMENTOS SUCESSIVOS DA TAXA SELIC de  7.5% ate 11% 

    Com base nos depoinmentos dados  no  Programa Debate Brasil  ,  gostaria de alertar  a todos que este aumento da divida interna atraves de taxas de juros absurdas,  tem como objetivo adicional carrear   continuamente  recursos advindos do lucro pela exporação do Pre-sal pela Petrobras para pagamentos de juros e amortizaçoes desta divida , divida esta  que não para de crescer , sabotando um projeto de desenviolvimento deste pais em todas as areas , utilizando as receitas do petroleo de forma adequada , nos moldes como fez a NURUEGA para citar um exemplo .

    Nassif  recomendo ainda que realize  um Programa Brasilianas .Org sobre este tema crucial para o nosso desenvolvimento  e convide o Eng Fernando Siqueira e o Doutor Economia J. Carlos Assis 

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