Indígenas protestam contra transferência da Funai a Ministério da Agricultura

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Foto: ABr
 
Jornal GGN – Representantes indígenas foram à sede do governo de transição de Jair Bolsonaro, em Brasília, nesta quinta-feira (06), para pedir uma audiência com o futuro mandatário. A reivindicação é que a Fundação Nacional do Índio (Funai) permaneça vinculada ao Ministério da Justiça. 
 
Líderes indígenas estão em Brasília para participar do Fórum dos Conselhos de Saúde Indígena, nesta semana. Cerca de 80 representantes de 40 diferentes etnias foram ao Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), no dia de hoje, para pressionar o agendamento de uma audiência com Bolsonaro e membros de sua equipe de governo.
 
A manifestação ocorre após o futuro chefe da Casa Civil e atual coordenador da transição, Onyx Lorenzoni, afirmar que o presidente eleito estava cogitando transferir a Funai ao Ministério da Agricutura, que atua a favor dos interesses do agronegócio.
 
Como forma de protesto, o grupo realizou danças indígenas em frente a uma das portarias ao gabinete do local. A pressão foi realizada no início da tarde, até que um membro do governo de transição resolveu descer para conversar com os líderes. 
 
“Que pare essa especulação sobre a questão da Funai”, pediu um dos integrantes da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), Kretã Kaingang. “A gente quer que pare. Nenhum ministério é preparado para lutar com conflitos fundiários, nenhum desses ministérios e nenhum ministro está preparado”, acrescentou.
 
A partir daí, dois indígenas entraram no gabinete para escrever uma carta protocolada ao futuro mandatário Jair Bolsonaro
 
No documento dirigido a Bolsonaro, a Apib reivindica o respeito aos direitos originários dos povos indígenas, garantidos pela Constituição Federal, e a continuidade da demarcação de terras indígenas, obrigação do poder Executivo. 
 
“Não queremos retrocesso dos nossos direitos constitucionais como povos indígenas. Durante a campanha, sabemos que foi muito grande o ataque às demarcações, mas precisamos retomar, o mais rápido possível”, disse Kretã.
 
Sobre o preconceito com os indígenas, tanto por parte de governos, quanto da população o líder disse que 90% dos brasileiros não sabem o que é ser indígena: “Somos mais de 305 povos indígenas no Brasil, não somos iguais, somo povos com culturas e conhecimentos diferentes, depende de cada um e dos seus interesses a maneira que quer viver. A única política comum para todos se trata de resolver a questão fundiária para acabar com o genocídio desses povos”, disse.
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

1 Comentário

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  1. Caciques e caciques

    Enquanto Caciques indígenas protestam corajosamente no bunker de Bolsonaro, os caciques petistas protestam na confortável tribuna da câmara e do senado de preferência na hora que tem meia dúzia de parlamentares presentes. Temos que aprender muito ainda com os nossos irmãos indígenas.

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