Southampton erra, e pede desculpas aos alunos do Ciência sem Fronteiras

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Sugestão de MiriamL

da Agência Brasil

Universidade de Southampton pede desculpas aos alunos do Ciência sem Fronteiras

por Mariana Tokarnia
 

A Universidade de Southampton, no Reino Unido, enviou na manhã de hoje (19) e-mail pedindo desculpas aos estudantes do Ciência sem Fronteiras (CsF) pela mensagem enviada no último final de semana pela Science Without Bordes UK (SWB UK). Parceira internacional do programa no Reino Unido, a SWB UK reclamou da falta de dedicação dos alunos. A direção da universidade ressalta que a mensagem não deveria ter sido enviada a todos os estudantes.

“Quero pedir desculpas sinceras pelo e-mail enviado inapropriadamente pelo SWB UK”, diz a nova mensagem. “Peço desculpas por isso e pelo fato de ter sido enviada a todos vocês”. O e-mail  foi enviado aos 38 bolsistas que ingressaram na universidade em 2013.  “Entendo a frustração e a confusão que isso pode ter causado, especialmente pela dedicação que todos vocês tiveram”.

e-mail é assinado por Sara Higgins, do Departamento Internacional Latinoamericano da universidade. Sara disse que já havia solicitado ao parceiro do CsF o envio de mensagem com as desculpas, mas que o recado só havia chegado a oito dos intercambistas. 

Sara salientou que, em nenhum momento do ano passado, a universidade contactou o SWB UK pedindo que enviasse reclamação a todos os estudantes. Acrescentou que eles já foram informados de que se tratou de um erro administrativo.

 

Na primeira mensagem, a SWB UK dizia ter sido “contactada pela Universidade de Southampton, devido ao número considerável de reclamações em relação ao comparecimento e à aplicação nos estudos”  e que a universidade cogitou “deixar de oferecer estágios para estudantes no futuro”. O estágio é um componente central da bolsa e também um elemento obrigatório.

Em resposta à Agência Brasil, Sara informou que a universidade “está orgulhosa por fazer parte do Ciência sem Fronteiras e que espera receber número cada vez maior de estudantes de alta qualidade”. Ela ressaltou que a universidade recebeu 18 estudantes em 2012,  38 no ano passado e receberá outros 33 no fim deste mês. Localizada na cidade de Southampton, na Costa Sul do Reino Unido, a universidade ocupa posição de destaque no ranking de instituições voltadas para a pesquisa.

Conforme os bolsistas, tanto em Southampton quanto em programas de outros países há casos de estudantes que utilizam o dinheiro público para fins não acadêmicos. Muitos atribuem isso à falta de controle das atividades desempenhadas e ao fato de que, em muitos casos, não têm de prestar contas do que fazem.

O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, informou que esse controle é de responsabilidade dos “parceiros internacionais capacitados”, aos quais cabem “fazer o acompanhamento dos estudantes quanto a problemas de relacionamento com a universidade, de adaptação à cultura, problemas de saúde e de desempenho acadêmico”. Conforme o CNPq, isso ocorre em todos os países conveniados ao CsF.

Em coletiva de imprensa, ontem, a presidenta Dilma Rousseff disse que os estudantes que não se dedicam “estão desmerecendo o país, lamentavelmente”.

O CsF foi lançado em 2011, com o objetivo de promover a mobilidade internacional de estudantes e pesquisadores, além de incentivar a visita de jovens pesquisadores qualificados e professores seniores ao Brasil. Oferece, prioritariamente, bolsas nas áreas de ciências exatas, matemática, química e biologia, engenharias, áreas tecnológicas e de saúde. A meta é oferecer 101 mil bolsas até o fim deste ano. Antes de cumprir a meta, Dilma anunciou uma segundaetapa, com mais 100 mil bolsas, a serem implementadas até 2018.

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

17 Comentários

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  1.  
    Correta a atitude da

     

    Correta a atitude da Universidade de Southhampton. Mas não podemos achar que não exista numero considerável de casos de estundantes sem qualquer compromisso. Há o deslumbramento inicial na chegada ao exterior, o que é perfeitamente natural, mas ele tão logo deve ser suplantado pelos afazeres acadêmicos. Infelizmente, muitos que chegam atuam como machados cortando a própria materia prima, ao descascar o Brasil perante os “gringU”.

    Eu devo confessor que sou chato demais em relação a isso. Estava eu e mais um colega brasileiro em Edinburgh há umas semanas atrás e encontramos estudantes brasileiros de graduação, todos pelo CsF. Conversa vai, conversa vem. O deslumbramento era visivel nos olhos deles, como se tivessem chegado no mundo encantado europeu. Uma coisa chamaste minha atenção. Eles relataram que estavam há mais de um mês fazendo um “tour” pela Europa. Eu não pude resistir e como quem não quer nada perguntei: “e os estudos, como vão indo?”. As feições mudaram e com sorrisinhos marotos respostas do tipo, as aulas de agora não são as mais importantes. Não falei mais nada, sai P* da vida, ainda mais depois de um deles reclamar que no Brasil se paga muitos impostos e não se tem retorno. Na minha cabeça a única frase que mei veio a cabeça foi a de um conhecido pesquisador brasileiro, Segundo Urquiaga, quando este ouvia uma resposta errada: PQP essse Brasil tá F*.

  2. O programa Ciências Sem

    O programa Ciências Sem Fronteiras é excelente enquanto ideia, mas, na prática, deixa muito a desejar. É muito dinheiro sendo investido, com pouca contrapartida, sem metas claras, e, por tais razões, de resultados duvidosos.  Vi na prática, em duas universidades estrangeiras, que falta maturidade aos jovens universitários brasileiros beneficiados pelo programa, e a verdade é que, ao invés de estudarem, se deslumbram com o novo, gastando tempo e o nosso dinheiro em festas e viagens. Quanto aos estudos em si, levam com a barriga, como se fosse uma obrigação, e não uma oportunidade única. Penso, então, que o programa precisa ser urgentemente revisto, e ao invés de focar números, enviando dezenas de milhares ao exterior, deveriam primar pela qualidade, com envio de estudantes realmente comprometidos, o que ocorreria com uma seleção mais aprimorada, inclusive do ponto de vista psicológico.  Além disso, penso que o programa deveria abranger somente os alunos da pós graduação, por entender que estes já possuem determinada maturidade e visão profissional mais estabelecida. 

    1. Costume de casa

      É preciso reconhecer que essa atitude de “levar com a barriga” é muito comum por aqui. É duro ver que alguns jovens que entram nas universidades públicas parecem ter a ideia de que, com a aprovação no vestibular ou no ENEM, “compraram” a vaga. A cultura do estudo para cumprir créditos, a falta de compromisso com uma possível e justa retribuição à sociedade faz que muitos concluam um curso de graduação de forma medíocre. Se isso ocorre aqui,  imagino que  também deve acontecer entre os selecionados para esses programas no exterior. O nível de deslumbramento deve ficar nas alturas. 

  3. O programa Ciências Sem

    O programa Ciências Sem Fronteira precisa urgentemente refinar a seleção dos alunos, buscar mais elementos sobre os alunos para identificar aqueles que realmente querem fazer um bom uso do dinheiro público, e que possam  trazer retorno para o País. A iniciattiva da Presidenta Dilma é muito boa, mas os mecanismos de seleção estão frouxos, o aluno precisa antes demonstrar aqui na sua Instituição que está bem acima da média, que merece essa extraordinária oportunidade.

    1. Eu diria que o programa

      Eu diria que o programa precisa ser restrito a doutorandos e níveis superiores. Um estudante de graduação não aprendeerá nada no exterior que não poderia aprender aqui. Na pós, a coisa muda de figura. Saber que tanto dinheiro tá sendo investido nisso e que as bolsas de PQ de pesquisa continuam sendo insuficientes é triste.

      1. Na ponta o Brasil  é

        Na ponta o Brasil  é simplemente maravilhoso, é um dos que produzem  mais doutores no mundo, e o nobel em matemática mostra isso com toda perfeição. O nosso problema é da graduação para baixo. Vamos esperar o caso do IBGE para vermos que foi isso. Portanto, deveria ter CsF dessa, para ensino médio, fundamental e até séries inicais. .

         

        ===============

        NASSAR, N., ESTATÍSTICAS CIENTÍFICAS ALARMANTES, JC e-mail, 4614, 3011 2012,

        http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=84791

  4. Esse Programa é um verdadeiro fracasso

    É eleitoreiro sim. Uma farra. Alunos pessimamente selecionados. Alguns sequer entendem a língua do país para onde vão. Muitos são meros adolescentes, imaturos. De ciência não tem nada. É só viagem ao exterior gratuita. É um CNPqTur, um CAPESTur. Ridículo. Merece uma investigação por parte dos órgão de controle.

    1. Jáme dei ao trabalho uma vez

      Jáme dei ao trabalho uma vez – vou me dispensar de postar. Dê uma viajada pelos Diários Oficiais (municípios e Estados) e veja a farra que rola em termos de viagens com diárias.  Aí sim é turismo com dulce far niente. Em tempo, tenho um filho que está encarando o CsF.

  5. Para a minha neta que está no

    Para a minha neta que está no programa e estuda em uma excelente universidade no norte da Inglaterra está sendo muitíssimo proveitoso.  Ela é excelente aluna da Escola de Arquitetura da UFRJ e foi um premio para ela ter sido escolhida para o programa.  Aqui ela estuda muito.  Lá mais ainda.  Dispõe de todos os recursos necessários para desenvolver os trabalhos solicitados e aproveita para se aprimorar.  Ela frequenta a universidade mas o grosso do trabalho é feito em casa e na biblioteca.  Ela diz que a biblioteca é um mundo e fica à disposição dos alunos noite e dia.  Fez estágio remunerado em um escritorio de arquitetura de junho a gosto (férias) e viaja sempre que pode.  O limite para as viagens é a grana e o tempo.  As viagens fazem parte, enriquecem.  

    Os que vão e desperdiçam a oportunidade é uma pena.  

     

    1. Os escolhidos são os melhores

      Os escolhidos são os melhores e a imensa maoira já sabe de tudo que há nos cursos de lá, pois tais aulas estão até no youtube. Os que falta é mesmo  viajar para conhecer mais do mundo civilizado.

  6. Ou seja, a universidade gringa quer manter o financiamento…

    A Universidade voltou atrás porque quer mamar no “Bolsa Deslumbre”.

    Qual foi o critério para enviar esses estudantes para lá? Tiraram excelente notas durante sua vida acadêmica (se é que tiveram alguma)?

    Isso ainda vai queimar uma excelente ideia.

  7. É pura falta de respeito

    É pura falta de respeito quando quem paga não reclama de nada, quem ganha ficar achando ruim. Além disso, o CsF tem uma equipe técnica do mais alto nível que acompnah todo o rendimento acadêmoco de todos e se houve algum caso que merece reclamação, já teria feito.  O qie essa oposição não é capaz de fazer para destruir Dilma?

     

     

    =======

    http://oglobo.globo.com/sociedade/educacao/grupo-samba-rousseff-formado-por-bolsistas-do-ciencia-sem-fronteiras-fez-turne-na-europa-13988423%5D 

  8. Esses já foram escolhidos

    Esses já foram escolhidos dentre os melhores dos melhoores, pois o processo de seleção exige coenficiente acadêmico e resultado no ENEM dos mais altos possíveis. Aqui o ritmo desses é bem conhecido: três horinhas de estudos antes das prova e  .. .. exceclente. Além disso, quase nada do que cursar por lá tem como pagar disciplina dos cursos daqui, pois as grandes curricuares tinha que ter, pelo menos, 75% de coincidência e nem nos nomes dos tópicos das ementas satisfaz isso, sem fala que são de código completamete diferentes. Tem mais um pouco: a imensa maioria conseguiu  toda grade curricular de lá e estudou tudo antes de ir.

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