Para vice de Marina, defesa de gays foi “invasão de competência do Congresso”

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Jornal GGN – Depois de deixar o Brasil boquiaberto com os avanços na pauta LGBT, que contrariava a certeza de que o apoio religioso da candidata do PSB, Marina Silva, não deixaria aflorar, eis que vem o recuo. A assessoria da candidata, menos de 24 horas depois, soltou uma errata sobre a pauta LGBT e também a pauta Energia Nuclear.

O Pastor Malafaia, em quatro mensagens pelo Twitter, conseguiu o rápido recuo da candidata quanto ao tema. E em novo post na rede social, ele comemorou o recuo no programa.

O vice de Marina, Beto Albuquerque, disse que o que houve foi um equívoco, pois abordaram no programa o que seria de competência do Congresso. “Invasão de competência” foi a sua declaração, afirmando que “não há recuo “ nos compromissos com o movimento LGBT que, como todos os brasileiros “têm direitos assegurados”. Para ele, a coordenação cometeu “exagero e desafino” ao assumir compromissos que só o Parlamento pode fazer. No entanto, o programa dizia “apoiar” as propostas legislativas, não em criar propostas.

Leia a matéria do jornal O Globo.

De O Globo

Vice de Marina reconhece ‘equívocos da coordenação’ na montagem do plano de governo

Segundo Beto Albuquerque, não é atribuição do Executivo defender projetos de leis

POR FLÁVIO ILHA

PORTO ALEGRE – O candidato a vice na chapa de Marina, deputado federal Beto Albuquerque, admitiu em Porto Alegre neste domingo, durante corpo a corpo com eleitores no Parque da Redenção, que a coordenação da campanha de Maria se equivocou ao incluir na proposta de programa de governo a defesa de projetos de lei que estão em tramitação no Congresso.

Segundo Beto, houve uma “invasão de competência” do programa em relação à defesa de propostas e emendas constitucionais que garantam o casamento civil gay e à articulação, no Congresso, para a votação do projeto que criminaliza a homofobia.

— O equívoco foi uma campanha presidencial assumir compromissos com projetos de lei no Congresso, o que é uma invasão de competência. Então, não há recuo nos nossos compromissos com o movimento LGBT, com a defesa dos direitos civis desses companheiros que, como todos os brasileiros, têm direitos assegurados. O exagero e o desafino da nossa coordenação foi estabelecer compromisso com aquilo que só o parlamento pode fazer, seja por projeto de lei ou emenda constitucional. Isso não é atribuição do Executivo — disse o candidato.

O texto original do programa do PSB, divulgado na sexta-feira, defendia o apoio a propostas legislativas em defesa do casamento civil igualitário e a aprovação de projetos de lei e emendas que garantissem o direito a esse tipo de casamento na Constituição Federal e no Código Civil. Também fazia menção à aprovação da PLC 122/06, que criminaliza a homofobia. No sábado, uma nota da coordenação alterou vários desses itens.

Beto garantiu que as propostas do PSB em relação à comunidade LGTB não foram alteradas e que continuam sendo “mais avançadas do que a Dilma ou o Aécio”.

— É só ler os programas de ambos para ver que temos compromissos muito mais claros e inequívocos em relação a isso — declarou.

Mas, quando perguntado, o candidato não quis bater de frente com o pastor evangélico Silas Malafaia. No sábado, horas antes do PSB anunciar as mudanças, Malafaia classificou o programa do PSB em relação às comunidades gays de “lixo moral” e cobrou um posicionamento de Marina, que também é evangélica, sobre o tema.

— Ninguém tem que obrigar religião nenhuma a pensar de forma uniforme, tampouco seguir os passos da política. Não vou entrar no mérito (das ameaças). O pastor Malafaia é uma liderança religiosa muito grande no país, nós respeitamos as atitudes dele, mas não podemos fazer um governo desta ou daquela religião. Temos que fazer um governo para os brasileiros — contemporizou Beto.

ENERGIA NUCLEAR ‘NÃO ERA PARA ESTAR LÁ’

O candidato também confirmou que a questão envolvendo a posição do PSB sobre energia nuclear “não era para estar lá” (no programa de governo). Segundo Beto, essa matriz energética “está fora do consenso” das lideranças da campanha de Marina. O tópico igualmente foi alterado horas após a divulgação do documento, na sexta-feira em Brasília.

No ato, promovido pela coordenação feminina do PSB no Rio Grande do Sul, Beto voltou a defender a aproximação de Marina com o agronegócio e disse que o setor, junto com a agricultura familiar, é responsável por um quarto do PIB brasileiro.

Na próxima quinta-feira, Marina e Beto vão visitar a Expointer, a maior feira do agronegócio da América Latina que ocorre em Esteio, na região metropolitana de Porto Alegre. Lá, se reúnem com lideranças do setor e também da agricultura familiar, que são mais próximos à candidatura da presidente Dilma Rousseff.

Beto também minimizou a possibilidade de, numa eventual eleição, Marina governar sem maioria parlamentar ao dizer que, se eleita, a candidata vai governar “com a força das urnas”.

— As urnas, quando te dão essa força, permitem que você estabeleça uma relação política na largada. Ou seja, não vamos propor reforma tributária, reforma política, no terceiro ano. Vamos propor nos primeiros meses do primeiro ano de governo, para que esse lastro da sociedade, que está vindo conosco, permita uma negociação diferente na Câmara e no Senado. Nós vamos construir essa maioria, mas sem cacifar as velhas raposas — assegurou.

Beto criticou a aliança parlamentar em torno da presidente Dilma, “que não aprova nada”, dizendo que ela “custa muito caro ao país”:

— Os espaços do governo foram fatiados em troca de alguns segundos na televisão. O programa da presidente é um filme de Hollywood, é um Brasil em que todo mundo gostaria de morar, sentar na praça, tomar um chimarrão, não tem violência, a saúde funciona, o transporte é uma maravilha, não tem inflação. Quer dizer, esse espetáculo cinematográfico custa muito ao Brasil porque é fruto do fatiamento do Estado entre os partidos.

O candidato ao Senado ao Rio Grande do Sul pela coligação, Pedro Simon (PMDB), bateu na mesma tecla.

— Depois de eleger Marina, temos de ir para as ruas dar a ela a cobertura para que possa exigir do Congresso as mudanças necessárias ao país — discursou.

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

32 Comentários

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  1. Candidatura frágil é

    Candidatura frágil é assim…

    Diz, desdiz…

    afirma e volta atrás….

    com isso jogam uns contra os outros……

    não agradam gregos, nem troianos….

    só aos sonhadores de castelos encantados…

    no mundo da fantasia.

    Política é sonho que se possa alcançar…

    fantasia é ilusão.

    Transformaram a fantasia de Marina em sonhos.

    Um grande risco.

  2. Acho que vários pontos de

    Acho que vários pontos de qualquer programa de governo dependem do congresso, como a independência do banco central e a mudança da duração dos mandatos de 4 para 5 anos. Eles vão retirar esses outros pontos também?

  3.  
    “Quem quer abracar o mundo

     

    “Quem quer abracar o mundo acaba nao abracando ninguem” como disse um conhecido colega. Ele estava certissimo.

  4. Beto bom de gogó

    Nassif,

    A candidata está muito bem acompanhada, este seu vice é formidável, um perfeito número de circo. 

    O ponto de vista do cidadão a respeito do avião fantasma justifica a dúvida, ele é realmente um advogado?

    O doidinho, apoiado pelo mais que conhecido  helicóptero desgovernado, PSimon, agora resolveu encampar a idéia de governar com a força das ruas, ou seja, fazendo pouco do local em que ele próprio trabalha, o Congresso Nacional.

    Em minha opinião, a acreana vai e volta representa o NÃO, no plebiscito SIM ou NÃO para o atual governo, o resto é conversa fiada.. Se um marreco ou um jerico estivesse no lugar dela, ou deles,não faria a menor diferença. 

    1. O BeTYo vice, que pode (Deus

      O BeTYo vice, que pode (Deus nos livre) ser um futuro Itamar. e  tem tudo para ser, pois Osmarina sem base parlamentar tem tudo para repeti Collor ou Janio, declarou que agirá como Black Bloc num futuro governo Marina (Deus nos livre dessa desgraça) no Congresso Nacional. É a “nova” politica.

  5. Diagramação então não era o problema?

    Essa declaração é prova inequívoca da mentira que foi a desculpa do erro de diagramação apresentado neste final de semana.

  6. Se isso for uma tentativa de

    Se isso for uma tentativa de tirar votos da Candidata, mais uma vez a comunicação Petista caminha em sentido contrário à lógica.

    Neste rítimo na próxima pesquisa ela vai aos 40%.

    Não acho que seja saudável, mais começo ver perspectiva de Marina levar no 1.º turno.

     

  7. foi por isso que perguntei…

    com que autoridade pretendem fazer tudo o que estão prometendo?

    em comentário anterior coloquei que só pode ser fechando o Congresso, o STF e o Banco Central,

    mas recuso-me a acreditar que o “grupo de aventureiros” acredita que é possível

  8. A “Nova Política” é feita

    A “Nova Política” é feita através do Twitter. Tenho que admitir que isso é mesmo novidade.

    Pena que nunca entrarei na lista dos “melhores”: não tenho Twitter.

  9. atenção STF, não se descuide…

    quando vocês passaram a reconhecer os direitos constitucionais dos mensaleiros, aliviar um pouco a pressão, o ódio dos que acreditam que é preciso uma nova política ou mudar tudo isto que está aí, como dizem, aquele ódio de junho passou a ser direcionado para vocês também

  10. Gente, cadê o Gunter? Toni

    Gente, cadê o Gunter? Toni Reis  já se manifestou e disse  que errou. Jean Willis tambem. Para que Presidente então pois numa DEMOCRACIA tudo tem que  passar pelo CN, mesmo. Onde estão os representante do povo.

    Assim ela não deveria nem divulgar programa.  Aliás, sem maioria, base parlamentar, o BETO já disse que atuará como black bloc da Marina no CN. Queimando e depredando o CN? Nova politica? Retorno da ditadur. Não dura  no cargo. Collor de Mello ou Jânio. Farsa ou tragédia.

  11. “O candidato ao Senado ao Rio

    “O candidato ao Senado ao Rio Grande do Sul pela coligação, Pedro Simon (PMDB), bateu na mesma tecla.

    — Depois de eleger Marina, temos de ir para as ruas dar a ela a cobertura para que possa exigir do Congresso as mudanças necessárias ao país — discursou.”

    Caramba! Há quantos anos Simon  não vai para as ruas. Pelo que tenho acompanhado,  o senador, que só faz discursos, tinha decidio se aposentar de direito esse ano, na verdade já  estava aposentado de fato. Com o acidente de Campos embarcou na “necropolítica” da coligação que apoia a candidata furta cor( já foi verde, hoje é multicolorida) e resolveu ressucitar sua candidatura. Resta saber se os gaúchos dessa vez apostarão no seu ex-governador. Atualmente, o Rio Grande do Sul só tem um senador atuando, Paulo Pain.

    1. Ele sempre foi assim. Lembra

      Ele sempre foi assim. Lembra da CPI dos Correios (do mensalão)?  Ele só aparecia no final da tarde pra fazer longos discursos, qdo já era a conhecida a repercussão dos eventos do dia. As falas, lógico, sempre coincidiam com o “clamor popular” da ocasião. Agora não é diferente. Hoje, tá na moda o “temos de ir para as ruas” (democracia de “alta intensidade”?). Se daqui uns dias isso mudar, ele muda tb.
       

  12. Mas já esta pra lah de

    Mas já esta pra lah de requentado este papo dos gays. Pra não dizer que já encheu o saco. Vírgulas, diagramação, etc etc. 

  13. Bem, já que tudo que passa

    Bem, já que tudo que passa pelo Congresso é invasão de privacidade então como é que fica a tal da Reforma Política, a Reforma Tributária e tantas outras coisas que a Osmarina vem prometendo e que necessariamente passam por lá? Se entendi, o seu vice o que a ajuda a confundir a cabeça das pessoas, disse que a cada projeto junta os marineiros e saem quebrando tudo, é isso? Só Jesus na causa!

  14. beto  desvia da principal,

    beto  desvia da principal, que é a política economica de inclusão social.

    e do fato de marina repetir gestos inconcebívies numa líder da sexta nação do mundo.

    que líder é essa que diz uma coisa num dia e depois desmente no outro?

    e o vice tem de remediar?

    parece-me, aliás, que esa é a difernça fundamental entre dilma e marina.

    criticam a dilma por ser durona, mas nunca ouvi o vice-presidente michel temer ter de remediar erros de pronununciamentos da líder inconteste desse modelo de inclusão social – um sucesso admitido até pela oposição.

    assim, é a escolha entre a segurança de uma líder que manteve as conquistas ou

    a possibilidade da insegurança de marina como deduz-se desssas dessepost e dos vacilos de marina, das  idas e vindas de quem foii mas não o é mais e por aí  vamos com medo de ter medo e deixando esse exército brancaleone livre para espalhar ondas de obscurantismo e de  retrocesso.

  15. Oras vejam só…rs
    Só não

    Oras vejam só…rs

    Só não temos um caso classico da dita ” nova mídia ” de algo tão usado na denominada ” velha mídia ” que seria repetir um assunto de modo a espalhar histeria…

  16. O festival de incoerências não para…

    Esse vice da Marina que disse que as propostas retiradas por pressão (4 tuitadas) do Malafaia seria “invasão de competência do Congresso”, é o mesmo que declarou que a ex-senadora Marina Silva não deve se preocupar com a ausência de base parlamentar no Congresso porque irá governar “com a força das ruas”, conforme indica a notícia abaixo citada (com link).

    É impressionante o oportunismo e a enchurrada de mentiras que essa candidatura está protagonizando. As propostas não tem coerência e parecem tiradas às pressas do bolodo colete, sem nenhuma reflexão. Os questionmentos válidos apresentados não são respondidos ou são respondidos com evasivas e mentiras. O questionamento sobre as evasivas e a falta de verosimilhança das alegações ou não são respondidos ou são respondidos com mais evasivas e mentiras… E por aí vai.

    Beto anuncia tática black bloc no governo Marina

    O deputado Beto Albuquerque (PSB-RS) fez, neste domingo, a declaração mais grave de toda a campanha eleitoral; afirmou que a ex-senadora Marina Silva não deve se preocupar com a ausência de base parlamentar no Congresso porque irá governar “com a força das ruas”; em seguida, anunciou o cerco ao Poder Legislativo: “Depois de eleger Marina, temos de ir para as ruas dar a ela a cobertura para que possa exigir do Congresso as mudanças necessárias ao país”; […]

    http://www.brasil247.com/pt/247/poder/151925/Beto-anuncia-t%C3%A1tica-black-bloc-no-governo-Marina.htm

     

     

    1. Muito preocupante…

      As posições desse senhor Beto e também do sr Pedro Simon, que após sua despediada vota ao cenário, e  ameaçando com a volta das instabilidades causadas por criminosos que, em tais manifestações, destruiam tudo que encontravam pela frente. Querem fazer do meu país um Egito. Muito preocupante… Prefiro a estabilidade e paz que nos traz nossa Presidenta. VOTO DILMA, pela paz, pela seriedade, PELA PALAVRA, pelo trabalho e pela sinceridade e honradez que ela nos passa! 

  17. Incompetência

    É impressionante a qualidade das pessoas ao redor da Marina. São de uma incompetência, burrice e irresponsabilidade fora do comum. O Brasil sofrerá um nocaute em 6 meses caso essa mulher se eleja. Tudo que conquistamos será desfeito. É a minha opinião.

  18. Tudo que for polêmico, ela

    Tudo que for polêmico, ela vai jogar na fuça do congresso… expertinha a fadinha.

    Agora o desmonte da Petrobrás e o consequente desarme do Pré-Sal… ai não, a candidata não tem que se preocupar com o congresso.

    Não queria usar esses adjetivos contigo Marina, mas té chegando num ponto de encheção de saco mesmo:

    Mentirosa!

    Covarde!

    Traidora!

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