Clima: Não temos tempo a perder, por Nadejda Marques

Perdemos muito tempo com negacionistas. Nesta altura do campeonato, são poucos os que ainda se dão ao trabalho de negar a crise climática

ClimaInfo

Não temos tempo a perder

por Nadejda Marques

O verão nos Estados Unidos, que corresponde ao período entre o final do mês de junho a meados de setembro, é marcado por férias escolares, recesso parlamentar (o Congresso Americano em recesso desde o dia 28 de julho tem previsão de voltar ao trabalho apenas no dia 12 de setembro!) e uma pequena queda nas bolsas de valores pois grandes acionistas tendem a vender suas ações de maior risco antes de saírem de férias.

Quando a fumaça dos incêndios florestais no Canadá cobriu o céu de Nova Iorque, ficou claro que este seria um verão diferente. Os estadunidenses, já acostumados a checar a previsão do tempo pela manhã, passaram também a acompanhar a qualidade do ar. Alguns dias, quando a qualidade do ar estava bem ruim usavam máscaras em ambientes abertos e tirando-as em ambientes fechados, invertendo assim a prática preventiva contra o coronavírus aprendida durante a pandemia. A qualidade do ar foi um alerta para eles de que os efeitos ligados à mudança climática, que muitos acham que se passa em um terra longínqua, pesam sobre todos nós, agora, todos os dias, em toda e qualquer parte do mundo. 

Estou convencida de que o mundo seria melhor se tivéssemos escutado o que Al Gore e vários cientistas tinham a dizer há cerca de três décadas e ainda era possível reverter a catástrofe que criamos. Perdemos muito tempo com negacionistas. Nesta altura do campeonato, são poucos os que ainda se dão ao trabalho de negar a crise climática. Ninguém tem mais tempo para eles. Tampouco temos tempo para ficar discutindo com fatalistas de plantão ou otimistas convictos. Um gera desesperança e depressão e o outro desmobiliza um ativismo ambiental radical.  

Se vamos gastar tempo (que não temos) discutindo, que seja sobre as políticas públicas prometidas e ainda não cumpridas. Quase 37 por cento da área total devastada por incêndios florestais no sudoeste do Canadá e no oeste norteamericano desde 1986 pode ser atribuída às emissões dos maiores produtores de combustíveis fósseis e fabricantes de cimento no mundo. Sabendo disso, e colocando de lado algumas de suas promessas durante a campanha eleitoral, a administração do Presidente Biden autorizou um grande projeto de extração de petróleo no Alasca, em março deste ano. Supostamente, o projeto teria sido herdado de administrações anteriores e havia pouco espaço para uma decisão em contrário. Como assim pouco espaço para decisão em contrário? Pessoas estão morrendo. Países estão afundando. Espécies estão sendo extintas e nós estamos nessa lista. O que adianta se políticos que se dizem convencidos da emergência e importância da crise climática sofrem “recaídas” por políticas antiquadas que favorecem a indústria automobilística e produtores de combustíveis fósseis, principais responsáveis por emissões que causam a retenção de calor e o aquecimento global?

É certo que Biden assumiu a presidência após o presidente com as piores políticas ambientais desde 1970, ano da criação da Agência de Proteção ao Meio Ambiente (EPA), e que governa com a oposição controlando uma das casas do Congresso e a Suprema Corte. Mas, será que isso vai ser sua desculpa e justificativa para tudo? Sua administração se satisfaz apenas com o trabalho de reconstrução do que foi destruído por seu antecessor? Sua proposta para o meio ambiente fica só no simbolismo e na ideia de que incentivos à indústria de energia renovável, carros elétricos e painéis solares são a solução do mercado? Alô!?! Seria ingenuidade nossa??? Qual presidente vai assumir a posição de que precisamos de menos carros e de menos espaços feitos para carros (asfalto e concreto absorvem mais calor). Qual presidente vai falar de políticas de redução do crescimento econômico nos Estados Unidos, de redução do consumo irresponsável e de maior distribuição da riqueza? E, se Biden não assumir essas políticas, quem ou alguém o fará? 2024 vem aí…  

Nadejda Marques é escritora e autora de vários livros dentre eles Nevertheless, They Persist: how women survive, resist and engage to succeed in Silicon Valley sobre a história do sexismo e a dinâmica de gênero atual no Vale do Silício e a autobiografia Nasci Subversiva.

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Redação

2 Comentários

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  1. São “poucos” os que ainda se dão ao trabalho de negar a crise climática porque os “muitos” desconhecem a Geo-engenharia, programa de modificação ambiental praticado por militares há mais de 60 anos! (através de reagentes químicos, campo de onda com uso do calor ou de força eletromagnética, e até explosões nucleares na atmosfera, com a finalidade de induzir modificação climática na troposfera e obter determinados objetivos). Por causa do segredo militar os “muitos” são induzidos a acreditar na abobrinha do “freak weather”. As exigências militares penetram na sociedade civil como metástase de um câncer. A mídia e a universidade, sob pressão, trabalham para enganar e impedir qualquer tentativa de separar os interesses da classe dominante dos interesse civis na consciência coletiva. Exemplos práticos: durante o festival de Woodstock em agosto de 1969, os militares adotaram técnicas de controle meteorológico de escala local com chuvas torrenciais. Objetivo: acabar com a festa. Em 1993 descobriu-se grandes fluxos de vapor aqueo na atmosfera: cinco sobre o hemisfério norte e cinco sobre o hemisfério sul, que transportam água dos Trópicos para as latitudes médias. Foi observado um desses “rios” de vapor sobre o Atlântico, exatamente sobre a costa oriental dos Estados Unidos. Fizeram um teste e o desviaram para o continente. Resultado previsto: inundação do Mississipi—>desastre humanitário em New Orleans—>limpeza da área—>reconstrução—>business. Deu certo: redução da população pobre, muitos morreram, muitos perderam tudo e foram acompanhados para bem longe dalí. A tecnologia usada chama-se HAARP (High Active Auroral Research Project). Esse sistema tem três funções: 1- gerar frequência de energia pulsante que podem ser direcionadas à Terra gerando turbulência no seu núcleo; 2-pode servir para o transporte de energia de um ponto a outro; 3- pode modificar campos magnéticos numa determinada região ao redor do mundo. Podem provocar incêndio numa região pre-determinada (primeiro provoca uma seca, depois envia grande quantidade de radiação ultravioleta e assim gerar um incêndio vasto e indomável). Evento suspeito: Agosto de 2023, Havaí, ilha Maui —>incêndio de grandes proporções—>desastre humanitário—>redução da população—>limpeza da área—>reconstrução—>business. Repararam o grande ressentimento dos sobreviventes contra as autoridades governamentais?

  2. O “8 de janeiro” não vingou. Eu acho plausível que uma quadrilha das Forças Armadas tenha planificado como alternativa sabotar o Brasil de Lula com desastres atmosféricos e apagões (mais de vinte milhões de pessoas no escuro no mesmo instante não é brincadeira!). Muita gente não sabe que militares brasileiros desenvolveram um programa de armas de Geo-engenharia no campo da alta energia. Quem bateu a sujeira foi um tal de Thomas Bearden no livro “Fer de Lance: a briefing on Soviet Scalar Electromagnetic Weapons”, Cheniere Press, California, 1986. Outra coisa que vale a pena notar é que Nadejda Marques além das abobrinhas sobre o Clima, cita a Freedom House (FH) no seu artigo “Ampliação da repressão transnacional e o papel das democracias”, como atenta observadora da repressão e da perseguição de cidadãos dissidentes! A Marques desconhece que FH junto com outros grupos pertence à Fundação Nacional para a Democracia (NED), famigerada ONG financiada pelo Congresso estadunidense para operações de desestabilização, principalmente na América Latina, com sede em Washington e metástase em Budapest, Bucarest, Belgrado, Kiev e Varsóvia? A Marques não leu o artigo do Nassif “Xadrez das insurreições bolsonaristas”, publicado em 19 de novembro de 2022? —- Alguns barracos financiados com participação da FH: Revolução Bulldozer na Serbia (2000), Revolução Rosa na Geórgia (2003), Revolução Laranja na Ucrânia (2005), Revolução das Tulipas no Kirghizistan (2005), Revolução Verde no Irã (2005). Voltando ao clima, nessa altura do campionato são muitos os que se dão ao trabalho de negar a crise climática. 1500 cientistas de renome firmaram a petição: “Não existe uma emergência climática coisa nenhuma” http://clintel.org/world-climate-declaration/

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