O exército pode recolher as urnas, por Ricardo Mezavila

O poder executivo questiona a legislação eleitoral e rivaliza com a justiça eleitoral. Esse tipo de interferência não é próprio de uma democracia. 

O exército pode recolher as urnas

por Ricardo Mezavila

O ministro da defesa, Paulo Sérgio, general do exército brasileiro, ameaçou a democracia dizendo que as forças armadas irão “auditar as urnas, com ou sem aval do Tribunal Superior Eleitoral”, o que significaria a tutela do TSE pelos militares. 

Em três anos, Bolsonaro conseguiu a proeza de fazer com que o exército fosse corrompido e desmoralizado diante da opinião pública. O mesmo exército que em 2018 não permitiu a manobra de um juiz federal, que havia concedido liminar em ação popular questionando a segurança e a credibilidade das urnas. 

Embora muitos pensem o contrário, as instituições estão fragilizadas, o funcionamento constitucional dos poderes está abalado. O poder executivo questiona a legislação eleitoral e rivaliza com a justiça eleitoral. Esse tipo de interferência não é próprio de uma democracia. 

Vários sinais estão sendo dados, como o ‘apagão’ no sistema de votação da PEC do ‘desespero’ na Câmara, que pode ser usado para tumultuar e acirrar a discussão sobre a invulnerabilidade das urnas, trazendo dúvidas à população. 

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Os ministros do STF e TSE falam abertamente sobre a possibilidade de Bolsonaro ter plano para impedir as eleições de outubro, admitem que pode haver tentativa de contagem de votos paralela. 

Se Bolsonaro e militares continuarem atacando e se as instituições e a sociedade organizada não se mobilizarem, corremos o risco real dos tanques de guerra recolherem as urnas ao final do primeiro turno. 

Ricardo Mezavila, cientista político

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Redação

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