As articulações para 2012

Do Estadão

Briga de 2014 ‘nacionaliza’ pleito de 2012

Partidos ensaiam projetos comuns para enfrentar PT, que tratará de maneira nacionalizada capitais estratégicas para aliança nacional

26 de março de 2011 | 16h 00

Christiane Samarco, de O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA – As eleições municipais de 2012 devem romper a tradição segundo a qual a sucessão nas prefeituras é uma briga entre lideranças locais. Depois de três derrotas presidenciais, a oposição ensaia projetos comuns, num jogo eleitoral que pode ser de vida ou morte. O PT, por sua vez, que não quer ser apeado do poder central, vai “nacionalizar” a disputa em algumas capitais.

“O PT definiu que tratará de maneira nacionalizada capitais estratégicas para nossa aliança nacional”, adianta o ex-deputado Virgílio Guimarães (MG), agora dirigente nacional petista. Ele avalia que 2012 pode ser “definidor para o projeto 2014”, a partir de Belo Horizonte, onde a aliança nacional com o PSB será posta à prova, em disputas com o PMDB e o PC do B, todos da base do governo Dilma Rousseff.

VistVisto pela oposição como pré-candidato ao Planalto, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) já mostra preocupação, certo de que o resultado da briga mineira estará vinculado ao desempenho de lideranças nacionais – como ele. “Há sempre a leitura do quem ganhou e quem perdeu”, diz Aécio, ao admitir que as eleições municipais ajudam a montar o tabuleiro da disputa presidencial de 2014.

Na ponta oposicionista do espectro político brasileiro, líderes do DEM, do PSDB e do PPS pregam a unidade das siglas já partir deste ano. “Fraturar agora, para juntar os cacos lá na frente, não adianta”, afirma o líder do DEM na Câmara, ACM Neto (BA). Deputado federal mais votado em seu Estado, Neto pode ser preservado para uma disputa pelo governo baiano, o que facilita o entendimento em torno do deputado e ex-prefeito da capital Antônio Imbassahy. (PSDB). Ele defende a tese de que a união é fundamental: “O descolamento das oposições em 2010 não contribuiu” 

São Paulo. Tucanos começam a se movimentar nos bastidores em favor da candidatura de José Serra a prefeito de São Paulo. Enquanto o PT sai com pelo menos oito pré-candidatos – a lista inclui Marta Suplicy, Aloizio Mercadante, Fernando Hadad e Ricardo Berzoini – o governador Geraldo Alckmin (PSDB) já está pedindo apoio a Serra. “Seria muito bom se ele fosse candidato”, avaliou o governador numa recente conversa com o deputado William Dib (PSDB-SP). Interlocutores dizem, porém, que a chance de Serra aceitar é zero. Ainda assim, aliados que querem vê-lo de novo candidato a presidente, incluindo o novo PSD de Gilberto Kassab, avaliam que a prefeitura lhe dá visibilidade nacional. Para boa parte do PSDB paulista, o nome natural para a Prefeitura seria o do vice-governador Guilherme Afif, mas sua ida para o PSD criou dificuldades. Haveria espaço porque o senador Aloysio Nunes também não admite falar em Prefeitura. Kassab já afirmou a Serra e a Alckmin que busca “um pouco mais de independência”, mas defende um candidato único com o PSDB em 2012.

‘Não é fundamental’. Para o deputado Berzoini, a fartura de pré-candidatos do PT na capital paulista não é problema para a sucessão estadual nem para a nacional. Embora se trate da maior cidade do País, ele jura que São Paulo é apenas uma peça no tabuleiro petista para 2012. O foco será o conjunto das 120 maiores cidades do País. “Em 2000, nós ganhamos a Prefeitura paulistana e não elegemos Lula presidente. Mas em 2008 perdemos a Prefeitura e elegemos Dilma no ano passado”, recorda Berzoini.

Mas a preocupação do PT com a aliança nacional tem fundamento porque o governo sabe que não poderá contar com o PMDB nas municipais. O líder desse partido na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), vai propor que a executiva nacional se reúna para recomendar o lançamento de candidaturas próprias em todas as capitais e cidades polos, deixando as alianças para o segundo turno. Ele argumenta que a força do partido “sempre foi sua capilaridade”, a partir de suas 1.200 prefeituras. 

Luis Nassif

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