A farsa dos hipócritas na busca pelo voto do eleitor crédulo, por Laura Fontenelle

O julgamento do STF em nada mudava a situação do traficante! Não passava a mão na cabeça de aviãozinho do tráfico

Agência Brasil

A farsa dos hipócritas na busca pelo voto do eleitor crédulo

por Laura Julia Andrade Fontenelle

Por que a “PEC da maconha” (resolvi chamar assim e não é por ignorância, então, que ninguém venha me corrigir, ou terei que desenhar para o “douto”) é uma farsa para pegar otário, por quê? Eis a explicação:

O julgamento do STF em nada mudava a situação do traficante! Não passava a mão na cabeça de aviãozinho do tráfico que, se flagrado TRAFICANDO 10g ou mesmo 1g de cocaína, continuaria respondendo por tráfico! Do mesmo jeito!

Os votos já lançados do STF, no julgamento supostamente derrubado pela PEC, inclusive, ressalvavam que a “nova regra” seria aplicada, observadas as circunstâncias da prisão. Ou seja, tráfico, grosso modo a venda, toma droga lá, me dá dinheiro cá, continuaria sendo tráfico!

O STF em verdade só estava desestigmatizando o usuário, reduzindo as barreiras que os constrangiam e afastavam de tratamentos – afinal, quem quer procurar tratamento, não quer terminar preso por se tratar, né? – para esses casos de saúde, que é no que se resume o “vício” em drogas! Sequer o julgamento distinguia o uso recreativo! Isto é falso! Não eram tão “progressistas” assim!

Fico indignada ouvindo tanta ignorância e, o pior: discursos carregados de má fé dessa classe política, extrema direita falsa moralista, hipócrita, de uma elite que “molha a mão do policial corrupto”, quando se trata de seu próprio filho flagrado com drogas! – não digo aqui que todos são corruptos, mas essa elite – a que vende de forma irresponsável esse discurso que aqui critico -, no mínimo tenta comprar os outros, e acredita piamente que não importa o que ocorra, poderão comprar autoridades, do mesmo modo que ela mesma fixa seu próprio preço.

A mesma elite, inclusive, que paga clínicas caras pra fazer os abortos nas suas donzelas! Insisto, me refiro a essa elite falsa moralista que engana você.

Em resumo: a PEC não muda nada, tanto quanto o julgamento do Supremo não mudava… exceto pelo uso político que agora a classe política quer fazer disto, se aproveitando de um momento de polarização, distorcendo fatos e a respectiva discussão jurídica…

O julgamento do STF não descriminalizava coisa alguma e, embora seu discurso progressista dissesse que pretendia reduzir injustiças, o usuário preto, pobre, da periferia, continuaria sendo preso e “levado” como traficante, independentemente da quantidade de entorpecente, exatamente como ocorre hoje! Isto porque o sistema criminaliza a pobreza. O sistema não admite pobre fazer uso recreativo de coisa nenhuma. Recreação não é para o bico do pobre, como ir para a Disney não é para empregada doméstica… Logo aparece um para desenhar uma “circunstância” que comprove o tráfico de 1g de cocaína…

Enquanto o filho do rico continuará respondendo por porte para uso próprio, se acharem 1kg de cocaína com ele, afinal, ele tem dinheiro para comprar essa quantidade e carregar consigo, para ter em estoque, só para se divertir.

Tudo como dantes no quartel de Abrantes, seja com julgamento do STF, seja com a “trapalhada constitucional” do Congresso Nacional.

Você, que é usado ou mesmo que entendeu, mas tá brincando de polarização, ponha a mão na consciência e veja o quanto se permite ser usado, em detrimento da saúde das pessoas e de injustiças que se perpetuam!

Laura Julia Andrade Fontenelle – Defensora Pública de Classe Especial no Estado do Rio de Janeiro

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Redação

2 Comentários

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  1. Defensora, ó defensora.

    Há muitos anos, desde sempre, crime é questão de classe.

    Então nem com, nem sem STF a situação se alteraria.

    Aproveitaram para enganar otários, à direita, e sim, otários à esquerda.

    Há muitos, creia.

    Já não havia pena para o artigo 28 da lei 11343.

    Melhor dizendo, havia as alternativas, admoestação verbal (o popular esporro) do juiz, prestação de serviços e comparecimento a programs educativo.

    O que a senhora, nem ninguém, muito menos os otários dizem é que sendo crime grave, crime de menor potencial ou não sendo crime, a polícia e o judiciário continuariam a usar a lógica de classes para separar traficantes (pobres e pretos) dos usuários, os brancos e ricos.

    A única saída para o problema é tornar legal o comércio de entorpecentes.

    Sem isso, como já disse, proibimos a venda de gasolina e liberamos a fabricação e venda de carros.

    Deixamos o dono da refinaria, (traficante), o dono do carro (usuário rico)e o dono do posto todos livres, e prendemos só o frentista.

    É disso que se trata, dôtora.

    Vamos endurecer, dôtora, pelo menos fazemos os ricos perderem algo, nem que seja na base do dinheiro para cá, liberdade para lá.

    Esses sistema pelo menos faz o branco rico sangrar um pouco, nem que seja pelo bolso.

    Porque na política proibicionista punitivista, o pretinho pobre, seja avião, vapor, atividade ou apenas usuário, vai se estrepar de todo modo.

    O que o afrouxamento pretendido quer, na verdade, é um liberou geral para quem já tem tudo liberado.

    Ninguém está pensando no pretinho pobre.

    Não dá para ser esquizofrênico:

    Ou libera uso e venda, ou pune todo mundo, de acordo com a gravidade da conduta e as circunstâncias de sua consumação.

    “O mal do malandro é pensar que todo mundo é otário”

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