Mesmo sob ameaça de cassação, Eduardo Cunha insiste no Parlashopping

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Por Mário Coelho

Do Fato Online

Uma das promessas de campanha de Eduardo Cunha (PMDB/RJ) para a presidência da Câmara, a construção do novo prédio de gabinetes, junto com centro comercial, prédio de estacionamentos e novos plenários, não vai sair com dinheiro privado. De acordo com o próprio peemedebista, a crise econômica afastou as grandes construtoras do projeto que ganhou o apelido de Parlashopping e tornou complicada a tarefa de as empresas médias conseguirem capitalizar R$ 1 bilhão para a obra. Dessa forma, um novo projeto está sendo elaborado, mais simples, e que será bancado todo com dinheiro público.

O projeto desejado pela Mesa Diretora para o Parlashopping envolvia a construção de três prédios e mais uma área de serviço, além da reforma dos atuais anexos III e IV da Câmara. Para a iniciativa privada, restará um espaço de 18 mil metros quadrados a ser explorado. A intenção era aumentar o espaço dos gabinetes do Anexo IV, hoje com 40 metros quadrados, para 60 metros quadrados. Dessa forma, o número de escritórios cairá dos atuais 432 para 264. No Anexo 4-B, haveria um auditório para 700 pessoas, que poderia também ser usado como plenário alternativo.

No entanto, com o agravamento da crise econômica, o comando da Câmara passou a cogitar o uso de dinheiro público para construir uma parte do projeto. Mas, com os sucessivos adiamentos concedidos à Via Engenharia e à Ceres Inteligência Financeira para entregarem seus planos, os deputados desistiram de construir o novo complexo por meio de uma PPP (Parceria Público-Privada).

Agora, será usado o dinheiro aplicado desde 2008, quando a folha salarial foi vendida pelo deputado Arlindo Chinaglia (PT/SP), então presidente da Casa, por R$ 220 milhões ao Banco do Brasil e à Caixa Econômica Federal. Durante café da manhã com jornalistas em Brasília, Cunha disse que a crise atual fez com que a Câmara desistisse da PPP.

“As empresas grandes não se interessaram. E as empresas médias estão tendo dificuldades”, afirmou. Assim, os técnicos da Casa começaram a elaborar um novo projeto envolvendo a reforma e construção de prédios para que o processo licitatório seja aberto no próximo ano e esteja concluído até maio. A intenção é que as obras comecem de fato no segundo semestre de 2016.

Novo Projeto

O novo projeto deve consistir na mudança do Anexo III, que hoje possui gabinetes para deputados, e na construção de dois prédios: um com garagens, que futuramente será concedido para exploração da iniciativa privada, e outro com gabinetes de 40 metros quadrados, o mesmo tamanho dos existentes no Anexo IV. O plenário alternativo, que receberia as sessões do Congresso, assim como o centro comercial e as áreas de convivência, não estão dentro desta proposta ainda em formatação pela Casa.

De acordo com Cunha, existe uma demanda por mais plenários para o funcionamento das comissões. Somente permanentes, são 23, fora as CPIs e as temporárias para discussão de projetos específicos. Todas elas disputam espaço entre as tardes de terça-feira e as manhãs de quintas-feira, dias em que os deputados estão em Brasília. No fim do semestre, por exemplo, o Conselho de Ética teve problemas para agendar suas reuniões por conta do excesso de colegiados que existe na Casa.

Atualmente, por conta de aplicações financeiras, a Câmara tem em caixa R$ 391 milhões resultantes da venda da folha. Durante o ano, chegou a ser cogitado o uso do valor que será arrecadado com a renovação dos contratos com os dois bancos estatais. Em 5 de agosto, o TCU (Tribunal de Contas da União) liberou a negociação direta com Caixa e o Banco do Brasil, sem necessidade de abrir uma nova licitação. A negociação está em andamento, com a expectativa de arrecadar ao menos R$ 400 milhões. Mas o dinheiro não será usado, segundo o presidente da Câmara, no Parlashopping.  “Não usaremos este dinheiro por conta da crise”, disse Cunha.

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

11 Comentários

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  1. Parlashopping

    Parla$hopping deve ter rendido muito ou ainda renderá!

    Dizem que no final o bem sempre vence, mas… o mal faz um estrago imenso em pouquissimo tempo.

  2. Em um momento de falta de

    Em um momento de falta de verbas para hospitais publicos é o maximo da alucinação predatoria pensar em um projeto maluco desses e o pior é que tem votos de deputados para aprovar essa gastança sem pé nem cabeça e contraa dignidade de um Congresso.

    O Conresso americano tem shohpping? A Camara dos Comuns tem? A Assembleia Nacional francesa tem?

    Qual Parlamento do mundo tem shopping?

    1. ¨Qual parlamento do mundo tem

      ¨Qual parlamento do mundo tem Shopping?¨

      O Brasileiro é claro.

      Mas não te preocupa,pois tenho certeza que em breve teremos uma mega bateção de panelas na paulista.Ou não.

    2. Ora, André, claro que esses

      Ora, André, claro que esses países não têm shopping. E tampouco algum dia haverão de ter.

      Mas o parlamento nacional haverá se ter o seu, para cobrir de vergonha essas nações atrasadas.

      Afinal, não é qualquer nação que pode ter no comando de sua Cãmara dos Deputados um amigo pessoal de Jesus Gente Boa,

      como o bem-aventurado Eduardo Cunha.

       

       

  3. ” quando a folha salarial foi

    ” quando a folha salarial foi vendida pelo deputado Arlindo Chinaglia (PT/SP), então presidente da Casa, por R$ 220 milhões ao Banco do Brasil e à Caixa Econômica Federal.”

    Que informação mais sem pe nem cabeça. O cara fala como se o deputado tivesse vendido a folha de pessoal. Não é isso, é que de um jeito ou de outro, alguem deve receber por um banco ou outro, e esse dois banco são os mais usados em folha de pessoal. No governo federal, 70% ou mais tb recebem pelo BB ou CEF.

    1. Vendeu mesmo e é

      Vendeu mesmo e é absolutamente legal, quando uma instituição passa a folha para um banco este PAGA um bonus pela vantagem de ter a folha dentro do banco, o que lhe permite vender varios produtos, em alguns casios o bonus passa de R$1 bilhão, o Estado de São Paulo recebu R$2 bilhões ao passar a folha para o Banco do Brasil.

  4. Não seria mais interessante

    Não seria mais interessante para a população que construissem um grande teatro ou um estúdio de cinema e nos fizessem acreditar que estão trabalhando para o Brasil. Pelo menos ficaria mais interessante este espetáculo que estão construindo com o dinheiro dos impostos da população.

  5. Brasília

    Seria interessante ouvir o que o Iphan pensa desse projeto. Se não fosse a crise estaríamos assistindo um prédio na Marinha da Glória e uma passarela sobre o aterro, que acho eu, mataria de desgosto o arquiteto Paulo Rheingantz, um dos que defendem a preservação da vista do que resta da linha orgânica do entorno da Baía da Guanabara. Felizmente o Eike Baptista quebrou. O Maracanã não teve a mesma sorte. A goleada de 7 x 1 que a Alemanha aplicou no Brasil é a exata dimensão da diferença entre kultur e cultura, quero dizer, metrópole  e colônia, no que tange ao cuidado urbanístico e preservacional. Por lá, eles não têm como desenvolver essa praga do mimetismo. Por aqui, desde que importou as técnicas e os esquemas cartesianos da Europa, durante a ditadura, a EsEFEx, leia-se Claudio Coutinho, Carlos Alberto Parreira, Carlos Camerino e seu glossário ridículo (overlaping, full-time, ponto futuro, etc.), aonde os candidatos a craque tinham que decorar esse inglês instrumental, como nas universidades e aprender rudimentos de geometria, macaquear enfim, foram os primeiros coveiros da técnica brasileira, então A MELHOR DO MUNDO, que desaguou nesse futebol raquítico e previsível, exato como uma fórmula matemática, que o José Paulo Kupfer traduziu brilhante e geometricamente (quadradinhos, losangos, triângulos…), substituindo os improvisados campinhos gratuitos de pelada (salve Oldemário!) pelas dispendiosas escolinhas (valei-me Noel! Perdemos o “Feitio” pelo fascínio do Feitiço). Foi isso que abriu caminho para a canetada indecente do então Superintendente do Iphan – RJ, mesmo a contragosto de alguns notáveis do Conselho Consultivo do órgão, como o professor Nestor Goulart, que permitiu a destruição do maior ícone do futebol mundial, que (já) era nosso. Tanto que dizem que o zagueiro Pugnol, perguntado por um repórter, durante a Copa que não ia acontecer, sobre a experiência de pisar no sacrossanto gramado do Maracanã, respondeu que não sentia coisa alguma, pois aquilo era uma arena igualzinha a qualquer outra européia. De volta ao Centro-Oesta, a portaria 127/2009 – Iphan, chancela paisagens culturais significativas. Ora, o Eixo-Monumental é uma intersecção que simboliza a posse do Brasil pelo cidadão. Nele está o Marco Zero. Bem, as imagens falam por si. E o céu de Brasília é protegido. Fora Cunha!

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  6. a turma em recesso e o cunha

    a turma em recesso e o cunha manipulando os midiotas.

    le podia começar esses gastos com o nosso dinheiro dele na suiça

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