Das facas, amantes e ironia.
fev.12
Ah, as facas e a ironia!
Musas traiçoeiras,
há que tratá-las com o cuidado
com que trataríamos a uma amante.
Outra das musas intrigantes.
Qualquer desatenção
e uma atitude mal calculada,
atrevida ou impensada
ser-lhe-ão o tinto da vingança.
Néctar sanguinolento.
As facas, as ironias,
e, creio, as amantes,
exigem-nos o prudente e reverente
respeito do acrobata
pela corda esticada
entre o desvão do abismo.
Tal qual a luxúria e a vida ávida.
Declarações de amor? Tolices.
Elas já nos sabem prisioneiros.
Ao que nos oferecem de gozo
nada nos cobram de cotidiano.
Comuns, seriam vulgares,
tornar-se-iam cegas e grosseiras.
Módicas e fáceis seriam as amantes.
Não, essas putas pérfidas e caras
nos cobram a continência
gulosa e insaciada.
E a subserviência
dos insatisfeitos,
mal resignados e relutantes.
Finas, cuidam-se, resguardam-se.
Deusas vadias,
arrogantes e impertinentes
nos querem reverentes e submissos.
Para o nosso bem,
Sobrevivência e servidão.
Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.
Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.