Pesquisa científica nacional está distante dos problemas do país, por Victor Suarez

Por Victor Suarez

Comentário ao post “A economia solidária, como o novo Bolsa Familia

Excelente artigo, de fato a pesquisa nacional é de natureza imitadora, é cara, burocrática, corporativista, mantém uma distância segura das empresas e é completamente ineficiente.

A ciência nacional vive distante dos problemas nacionais, enquanto mendiga atenção na periferia dos grandes centros mundiais.

No Brasil, as universidades querem fazer tudo (abocanhar todo o recurso financeiro) : formação, criação, desenvolvimento, inovação, start-ups etc etc etc.  Ao final, quando consegue algo, esse algo vai para o exterior sem agregar nenhum valor no Brasil.

Esse filão das compras públicas o empresariado nacional conhece muito bem.

O modelo atual de universidade no Brasil faliu.  O modelo de pesquisa brasileira faliu.  Temos um sistema viciado.  O bom pesquisador é aquele que compra muito material caro do exterior para produzir artigos para as revistas internacionais, que geram 0 impacto na nossa economia.  

Uma observação. As ciência duras não são as determinantes no mundo atual capitalista, mas as moles, a engenharia social, a psicosociologia, a ciência do comportamento.  Foi por ai que o núcleo (New York-Londres-Amsterdam) do ocidente se apropriou do trabalho, no início, e da alma do cidadão comum que compra tudo que o mercado mandar comprar.

As empresas públicas de pesquisa seguem na mesma tocada, apenas imitando e comprando equipamentos caríssimos para gerar papers e currículos Lattes enormes.  Hoje em dia mais vale o Fulano exibir os seus 200 artigos que qualquer coisa que se assemelhe a inovação, isso em empresa pública de pesquisa – na Universidade é muito pior. 

Eu não chamaria a solução de economia solidária, nem eco-economia, acho esses termos desgastados e que ao final vão se remeter a teorias e estratégias velhas.  

A culpa não é do governo, mas da própria academia que teme se colocar à prova da realidade.  A academia se fechou num mundo próprio onde o sistema ciência existe para continuar existindo, se publica para se continuar publicando, onde o mestrando e doutorando são admitidos para replicar e não para inovar, num ciclo vicioso sem fim.

Acho que o meio científico já percebeu o quanto de dinheiro se joga no mato hoje em dia, mas ninguém tem coragem de mudar as engrenagens dessa máquina de enganar.

Redação

39 Comentários

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  1. Inovação e difusão

    O artigo faz sentido. Muitas dos problemas elencados, pertinentes sobretudo à ciência dura que se pratica nas universidades, ocorrem de fato. De qualquer modo é preciso não perder de vista que ciência não é só inovação, mas também difusão do que há de mais avançado. Por óbvio, serve pouco ao País difundir no exterior o que se aprende no exterior.

  2. Artigo forte, porém verdadeiro

    Pouco há para agregar ao post. Quase tudo é a mais estrita verdade. Falta então apontar causas e soluções. Arrisco-me aqui:

    Causas: Pessoal pesquisador, de perfil universitário, vive na sua particular zona de conforto. Nessa condição, qualquer inventor tupiniquim de quintal, sem IBOPE, sem apoio,sem charme, e que tem contas a pagar no final do mês, fica mais criativo que centenas daqueles PhD.

    Solução: Apoio direto a aplicações práticas no cotidiano da vida nacional. Privilegiar a solução e não a publicação. Neste último ponto há que ter cuidado com o ”esquema” de patentes, cheia de espiões e de brasileiros “nem tão assim”. 

    1. bobagem

       

      Na Academia tem uma minoria que consegue ‘produzir`… e uma grande maioria de ‘idealizadores’ (provavemente o autor desse texto) que não geram conhecimento algum…

      Ainda vem bater naqueles que produzem alguma coisa… Mostre alguma estatistica que suprote esse texto vago…

      1. provavelmente…

        Provavelmente você deva ler o restante dos comentários, onde verá que a sua implicância pessoal comigo já está devidamente respondida.

        Ligeiro é você. procure as suas próprias estatísticas ou estude mais sobre o assunto.

        1. Caro Alex, nem vou dizer que ficarei de implicância contigo, …

          Caro Alex, nem vou dizer que ficarei de implicância contigo, direi sim que escreveste merd@ tipo Rede Globo de televisão.

          A pesquisa brasileira é bem diversificada e para a pesquisa tecnológica, principalmente paga pelos fundos setoriais não há esta besteira de ter que publicar em revistas internacionais.

          Vou falar do meu trabalho que fazia antes de me aposentar. Pesquisava na área de Petróleo primeiro somente para a Petrobrás, depois entrou a Shell e quando estava saindo a Exxon-Mobil que não tinha dinheiro de fundos setoriais trouxe dinheiro e equipamento da Matriz e também começou a pesquisar, e o mais interessante que nesta área devido a velocidade dos resultados, as publicações em revistas que demoram de dois a quatro anos para ser publicadas, não tem muito interesse dos financiadores, eles preferem apresentações orais ou mesmo em paineis em congressos para troca de informações.

          É uma pesquiesa que é parte que se denominaria aplicada e parte básica. Há espaço para as duas no mesmo local com o mesmo equipamento. O mais interessante é que os resultados para a Petrobras eram mais diíceis de conseguir a aprovação de divulgação do que da Shell e Exxon, mas o mais interssante é que nesta área se tem muito mais liberdade de traçar os rumos da pesquisa do que em outras.

          Atualmente ainda oriento uma pesquisa não mais no setor de petróleo que é altamente aplicada as condições nacionais pois se trata de saneamento público, e nesta área é possível fazer trabalhos que vão desde a aplicação para engenheiros de obras públicas como pesquisas básicas que procuram estudar fenômenos que aparecem nos ensaios e que ainda nem foram estudados analiticamente.

          Ou seja, estas críticas a pesquisa nacional é uma baita de uma balela, merd@ pura, a concepção que a academia anda afastada da sociedade e fica pesquisando o sexo dos anos já está vencida há mais de uma década.

          O problema real é que antes do governo Lula e já no governo FHC começou aparecer dinheiro para comprar equipamentos e montar experimentos, os equipamentos são caros, pois alguns são fabricados por no máximo três empresas no mundo e os custos de engenharia de projeto são altos e tem que ser diluídos em uma centena de produção do mesmo produto.

          1. Grato pela explicação

            Sem dúvida há aspectos bons e outros nem tanto. Concordo em que a crítica não pode ser tão abrangente e geral, mas, é um fato que o Brasil está muito distante de outros países, em tecnologia e na aplicação desta no seu dia-a-dia. Eu luto, desde a minha tricheira e área de atuação (mineração) por uma evolução real.

          2. Vc nao pode extrapolar isso p/ a pesquisa universitária em geral

            A maior culpa por essa situaçao vem dos parâmetros de “qualidade” de CAPES e CNPq que privilegiam a publicaçao sobre tudo o mais, e a publicaçao em revistas estrangeiras sobre a em revistas nacionais. Resultado, os pesquisadores pesquisam sobre temas de interesse dos mercados dessas revistas, nao sobre os que seria importante pesquisar aqui.

  3. Como foi um comentário,

    Como foi um comentário, acredito que o autor chutou, muito mais pela sua percepção do que ele entende por pesquisa no Brasil, do que pela vivência real dentro dela.

    Falta, isto sim, respostas claras do impacto das pesquisas na vida do brasileiro.  Ocorre  que existe um grande problema nestes resultados. Por exemplo, poder-se fica anos e anos em cima de uma pesquisa sem se ter algum resultado positivo e que mereça destaque.  Por exemplo, não por acaso, o desenvolvimento de fármacos, onde o Brasil ainda engatinha, gasta fortunas para cumprir todas as estapas de pesquisa. O que falar dele durante o percurso até se chegar ao resultado?

  4. A métrica para determinar a

    A métrica para determinar a produtividade dos pesquisadores, infelizmente, é resultado do número de publicações e o fator de impacto das revistas onde foram publicados os trabalhos. Porém, essa discussão é mundial e ainda não existe uma outra maneira de fazer essa medição de  maneira mais eficiente. Então devemos entender que para o pesquisador publicar bem é necessário com as métricas atuais e a discussão para a elaboração de nova métrica é muito saudável e deve surgir muitas ideias nos próximos anos.

    As universidades brasileiras mantém-se distante da iniciativa privada devido às suas caracteristicas de formação, pois há grande receio de uma produção científica influenciada economicamente pelos interesses dos financiadores. Nos últimos anos, porém,  tivemos avanços significativos como o marco regulatório da ciência e tecnologia, o que acena para um futuro onde haverá maior interação público-privada na pesquisa.

    Deve-se levar em conta também que existe também a ciência báscia, onde não há grande interesse econômico, pois o seu retorno ocorre em longo prazo, e essa não deve ser deixada de lado em detrimento das pesquisas de rápido retorno econômico.

    Acredito, portanto, que essa discussão sobre as métricas de produtividade cientifica deva ser muito proveitosa para pensarmos em alternativas, aumentar a interação entre universidade e iniciativa privada, porém sem menosprezar a importância da ciência básica de retorno financeiro de longo prazo.

  5. Nao totalmente

    Nao totalmente verdadeiro.

    Essa eh a mania desse pessoal de considerar a Ciencia como homogenio. Como assim a ciencia esta longe dos problemas nacionais?

    De que ciencia o autor estah falando?

    Assim como aqueles que acreditam que tecnologico eh tudo aquilo produzido por maos asiaticas, ha aqueles que acreditam que ciencia eh sempre o exercicio diario da alquimia, com uma ideia de manha e um produto de tarde. Sinceramente, muito generalista a visao de que a ciencia esta a quem dos problemas nacionais. 

    Vamos falar de agricultura? Ou o autor acha que a ciencia nacional nessa area tambem esta “distante”?

    Diversos problemos nacionais envolvendo o agronegocio ja foram mitigados gracas a ciencia nacional. O Brasil, cabeca na produtividade de diversas commodities agradece de coracao a ciencia nacional a qual o autor julgar estar distante.

    Pelo amor….

    1. Claro que há exceções

      Mas, para ser breve há que ser certeiro e direto.

      Sobre o assunto do agronegócio, temos aí a EMBRAPA, que liga conhecimento e prática, numa forma correta. Nesse caso, houve ação e soluções práticas em relação à pesquisa. Talvez não há muito “paper” em congresso nem acrescentou muito currículo, mas, em compensação, mais do que duplicou a produtividade agrícola do Brasil.

      Brasil, em muitas outras áreas é um desastre. Não apenas em coisas de alta tecnologia, onde ainda não saberíamos fabricar sequer uma luva para um astronauta, mas, nem sequer conseguiu construir uma réplica de caravela para os 500 anos do Brasil. Portugal (alvo das nossas injustas piadas) enviou uma desde lá, apenas com vela. Aqui, a caravela brasileira no conseguiu sair de Porto Seguro nem com motor.

      Até a Coreia do Norte brinca com energia nuclear..Nos anos 30, Alemanha fabricava mais de 10 submarinos por semana!  Apenas citando dois exemplos do que ocorre ao tirar o “pesquisador” bem longe da sua zona de conforto. A tecnologia brasileira está há muitos anos de distancia dos países mais desenvolvidos.

      1. Entao, para ser certeiro e

        Entao, para ser certeiro e DIRETO, o autpor deveria especificar que pesquisa ou do contrario ajuda na viralatisse que soh precisa de chuva fraca para aflorar na mente de muitos patricios.

        1. Corrigindo, que tipo de

          Corrigindo, que tipo de ciencia o autor esta se referindo. Nao estou dizendo que estah tudo mil maravilhas. E nem no mundo as coisas estao assim essas coisas. A onde de demissoes em centros de pesquisas mostra a realidade que chega ao chamado mundo desenvolvido e que sempre morou no Brasil: a falta de dinheiro. Falta grana mesmo, ficar esperneando que o Brasil nao faz isso , nao faz aquilo e ignorar que a maior parte das facetas da ciencia requer muita grana tambem nao faz sentido. Temos muitos pesquisadores excelentes.

          Ai vem alguem aqui e diz: mas, Francy, tem dinheiro. Ai eu tenho que chorar….

          1. Pesquisa e Tecnologia no mudo real

            Acredito Francy na sua sinceridade e o seu desejo de melhorar as coisas. Tenho feito esforço em responder e explicar o meu ponto de vista e apenas posso agradecer o seu interesse em perguntar. Obviamente há muitas e boas exceções onde Brasil, quando entra para valer, o faz bonito. E só querer, mas isso vem da vontade política e do desejo efetivo de construir uma nação.

            Apenas para caracterizar que não sou apenas um “opinador” de fora, explico que, embora eu seja apenas um engenheiro sem pós-graduação, já editei dois livros de engenharia no Brasil (registrados e com ISBN); tenho uma empresa pequena de desenvolvimento de tecnologia na área mineral, também registrada e atuante no Chile, onde, dentre muitas outras coisas, desenvolvo sistemas avançados (online e automáticos) para a otimização e controle de processos minerais.

            Observo na mineração um ambiente artesanal e medieval, onde se convive com operações extremamente rústicas. Vivemos num país que consome menos de 130 kg/ano de aço por habitante (contra 170 no Chile e 1500 na Coréia do Sul).  Péssimos exemplos foram dados anos atrás, com a encomenda ao exterior de plataformas marítimas para Noruega. Mais recentemente, na VALE, com a encomenda de navios gigantes, de vagões de trem e até de trilhos de ferrovia para fora do Brasil. Em tempos de crise é que temos que ser criativos.

            Não quero fazer apenas uma crítica ao esforço atual, mas, por minha experiência, quero ser objetivo ao indicar que quem precisa mesmo de apoio é quem trabalha e produz. As poucas vezes que tentei apoio para os desenvolvimentos da minha empresa, me foram pedidas garantia, imóvel e etc. Ou seja, a mesma velha política de emprestar apenas a quem consegue demonstrar que não precisa. 

      2. Também aqui escreveste bobagem.

        O teu exemplo é típico de quem não conhece o assunto, por exemplo porque saber fabricar luvas de astronautas se nem foguetes não tripulados temos? 

        O caso dos submarinos também é outro exemplo atrós, a Alemanha só produzia submarinos para a sua marinha, pois não tinham nenhuma outra alternativa, porém a Alemanha produziu em toda a guerra 1150 UBoats o que dá uma média de 0,5 submarinos por semana e não 10! E nos anos 30 antes da guerra o valor era ainda muito mais baixo. Ou seja, mais uma vez o achismo da lugar ao conhecimento. 

        Quanto a construção da famosa caravela foi uma maracutaia do FHC e nãouma falta de tecnologia.

        Nem vou escrever mas nada, porque tem tanta besteira que nem dá vontade de contrariar.

        1. Não apela não!

          Brasil está muito atrás, em termos de pesquisa e tecnologia aplicada ao seu dia-a-dia, em relação a países menores e mais pobres, inclusive. Acima são citados exemplos apenas, que ilustram a diferencia de uma nação quando se encontra em zona muito distante do seu conforto (guerra ou embargo). Brasil nunca teve esses problemas e, talvez por isso, não tenha a necessidade de criar soluções reais, convivendo ingenuamente com papers e congressos, sobre aspectos pouco práticos.

        2. Apenas para constar

          Facilmente se encontra esta informação na internet

          Em 1938 Alemanha tinha 40 submarinos operando. Em 1939 tinha 57

          Ao todo, na 2a guerra (1939 a 1944), Alemanha foi para 1097 submarinos, gerando mais de 200 por ano. Aqui no Brasil, ficamos com a caravela ainda em Porto Seguro, tentando navegar.

          Não estou querendo entrar em guerra com ninguém, mas tudo isso prova que, ao sairmos da zona de conforto (pesquisadores ou não), ficamos mais produtivos, ainda mais alguns que tem contas a pagar no final de mês e vivem da sua ingeniosidade.

          1. Alexis, meu querido

            Você parece querer bater o pezinho apenas para querer ter razão. Aí você se refugia em alguns contos de fadas e espantalhos cômodos, de comparações pontuais e superficiais.

            Acorda, meu querido! O mundo é bem mais complexo que isso, sobretudo quando o que está em jogo são as fronteiras do conhecimento.

            (E não queira usar uma “caravela” como espantalho-síntese! porque aquilo lá nunca teve nada a ver com ciência nem com tecnologia. Aquilo foi só uma palhaçada, encomendada em cima da hora, para ontem, e que a Marinha acabou apresentando como uma grande presepada. Se alguém quisesse realmente construir uma caravela no Brasil para comemorar os 500 anos da chegada dos portugueses, teria, em lugar de pedir uma cenografia de lata para a Marinha, aberto, quinze anos antes (como se faz em lugares como a Alemanha), uma linha de pesquisa histórica sobre tradições de construção naval, teria acolhido projetos de levantamento documental, teria se dedicado a mapear a herança da construção naval em madeira no Brasil, em especial na Região Norte, onde  ainda se mantêm técnicas tradicionais de calafetagem que escassamente se utilizam em outros lugares, teria fomentado uma arqueologia da reconstituição de técnicas, para produzir conexões para muito além de um simples objeto… enfim, ter-se-ia produzido muito mais coisa que apenas um bibelô de lata, que não navega nem movido a peido de todo o almirantado. Isso sim é que é domínio do conhecimento. Não confunda improviso festeiro da corte do FHC com ciência ou com tecnologia, porque não é por aí.)

          2. Nau Capitanea

                Aquela palhaçada da “caravela dos 500 anos ” NÃO teve qualquer participação da Marinha, apenas foi cedida, por interferencia do governo de ocasião, as instalações da Base Naval de Aratu em Salvador, a contratação já começa com uma comédia, de R$ 180 mil foi para R$ 4 Milhões, o “responsavel técnico” era um francês Henry S. Moncey, que foi contratado pelo já desaparecido “Instituto Morabilia” e Clube Naval do Rio de Janeiro, o qual, de acordo com o CREA, não tinha qualquer especialidade em arquitetura naval, sequer estudo em arqueologia naval, e deu no que deu : Merda.

                 O engraçado, para dizer o minimo, pois é triste, na mesma época, 3 holandeses + 1 canadense, sem apoio oficial, construiram em Santarem ( PA ), uma réplica bem próxima a uma caravela ( velas latinas ), com “arquitetura naval” de época, que navega até hoje ( http://www.tocorime.net )., enquanto a ” Nau Capitanea” fundou no Espirito Santo, abandonada.

          3. A Marinha tem TUDO A VER com aquela presepada

            Tanto que a tal “Nau Capitânia” (a caravela de lata) não afundou no Espírito Santo. Ela foi parar no Espaço Cultural da Marinha, mantido pelo Serviço de Documentação Geral da Marinha (SDGM), no antigo cais do Lloyd Brasileiro, entre a Praça Barão de Ladário e a Praça XV, no centro do Rio.

          4. Ordem judicial

              Como o Clube Naval não teve condições de transporta-la, alguns “jenios” juridicos, resolveram que ela teria que ser desatolada e rebocada para o Rio de Janeiro e ficar aos cuidados da Marinha, e aquele lixo encontra-se lá, pergunte para um dos jenios, o Sr. Francisco Weffort, ele que teve esta idéia brilhante.

        3. NV IV s. e ARA 43 ” Santa Fé “

                De submarinos entendo um pouquinho, dos alemães tambem, e como eles conseguiram evoluir sua expertise neste tema durante o periodo pós-1a Guerra, quando foram proibidos ( Versailles ) de possuir submarinos.

                 A Alemanha, antes de Hitler, abriu uma empresa na Holanda ( NV Ingenieurskantoor von Scheepsbouwn ten Haag ), que continuou com a evolução de submarinos, culminando no VII A, esta empresa funcionou entre 1922 a 1933, inclusive exportou submarinos para : Espanha, Turquia, Finlandia e até para a URSS ( Classe S ).

                  E já que vcs. gostam, o que poderá ocorrer com nosso SNBR, pode ser analisado com o que aconteceu com o  ARA S-43 “Santa Fé” argentino.

                 

           

  6. Bobagens

    Sinto muito, mas ser de esquerda nao significa ser superficial. A ciencia no Brasil  nao e uniforme, mas dizer que ela nao contribui para a sociedade brasileira eh uma das maiores bobagens que eu ja ouvi.

    Sem pesquisa nas empresas publicas a agricultura brasileira nao seria o sucesso espetacular que eh. E antes que se diga que so produz ciencia para os grandes produtores, nao e verdade. Existem inumeros centros da Embrapa que se dedicam a anmbos os tipos de pesquisa, mas tem varios – principalmente no Nordeste – que se dedicam inteiramentea pesquisa para pequenos produtores, como construcao de cisternas,  sistemas de producao organicos, caprinos e etc.

    Sem pesquisa nas universidades, nao haveria exploracao de petroleo e nem pre-sal

    Sem pesquisa nos institutos de pesquisa nao haveria Embraer e nem acordos de desenvolvimento tecnologico de avioes

    Sem pesquisa nas Universidades e Insituto de Pesquisas, nao haveria vacinas e um grande numero de medicamentos

    Estes sao apenas alguns dos milhares de exemplos, sao os de maior visibilidade.

    Por outro lado, em qualquer lugar do mundo para a pesquisa ter sucesso na inovacao, ela tem que ter uma base de grande qualidade que seja validada pelos seus pares. E isto so se consegue com artigos cientificos publicadas em revistas importantes.

    O problema da ciencia brasileira e o cliente da pesquisa, a empresa. As empresas brasileiras simplesmente nao investem em tecnologia, nunca tiram dinheiro do proprio bolso, preferem investir na compra de pacotes tecnologicos. E quase todos os programas publicos de incentivo a inovacao sao proximos do fracasso total.

    Por isso, ao inves de escrever bobagens e superficialidades, se debruce sobre os programas de inovacao da FINEP e BNDES e olhe os numeros.

     

     

     

     

  7. Pesquisa Científica

    Sei lá, parece que o esporte nacional de falar mal do que se faz no Brasil a moda por aqui. Apesar de toda a escassez de recursos para pesquisa em diversas áreas, o nosso país tem produzido sim ciência de qualidade. Em Matemática por exemplo, pesquisadores do Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (IMPA) conquistaram recentemente importantes prêmios internacionais. Além disso, o IMPA está a frente de projetos como as olimpíadas de matemática OBM e OBMEP, o PROFMAT. Em 2018 o Rio de Janeiro sediará o congresso internacional de matemáticos, que é o mais importante evento da área e que ocorre a cada 4 anos, onde também ocorre a premiação da medalha Fields, considerada o prêmio Nobel da matemática. Em 2017 a olimpíada internacional de matemática também será sediada no Rio de Janeiro. Esses são exemplos de que a Matemática no Brasil, além de não andar tão distante assim dos problemas da nação, também tem tido um papel descado no cenário internacional.

    Outra coisa é que esse tipo de análise sempre peca na falta de métodos. Cadê os dados estísticos? Cadê a comparação precisa com outros países? Se é para falar de ciência, precisa dividir por áreas e analisar caso a caso. Falar em mediocridade, entre outras coisas com base apenas em senso comum como o “eu conheço muita gente que…” não é científico e não prova absolutamente nada.

    Essa história de falar mal de quem publica muito é uma bobagem. Publicar é muito difícil caso você queira que seu artigo tenha alguma visibilidade. Claro que existem as panelas, mas isto não é criação nacional. No mundo “desenvolvido” essa tecnologia é bem mais difundida do que se pensa e a produção de artigos em escala industrial, 5 autores, um colocando o nome do outro sem dar grande contribuição e etc.Também existem os sabotadores que bloqueiam ou atrasam ao máximo o processo de publicação.  A questão da possível falta de inovação e relevância em artigos é um problema mundial e ainda mais drástico em países ditos desenvolvidos, onde a formação de novos profissionais é mais intensa que em nosso país. Se no Brasil, onde se pode progredir na carreira sem publicação a valorização excessiva da quantidade já se tornou um problema, imagina no mundo “desenvolvido”, onde não se consegue nenhum centavo e nenhum trabalho sem apresentar bons indicadores de produção. 

    Gostaria que estivéssemos numa posição melhor quanto a produção científica devido a importância de nosso país do ponto de vista de recursos e de população, mas, olhando em volta, a coisa parece não estar assim tão feia, até porque, temos seríssimos problemas educacionais e sociais ainda por resolver. Não se esqueçam que a NASA vira e mexe tem que pedir carona a Rússia para mandar astronautas à ISS…

  8. Torpe

    Torpe é o mínimo que se pode dizer de um artigo desses.

    Arrota opinião superficial, toma um universo institucional complexo da forma mais obtusa possível, omite quaisquer indicadores que sejam, apenas imputa sem fazer diagóstico objetivo algum… enfim, um amontoadob de achismos não muito mais que difamatórios.

    É verdade que há muitos problemas em termos de avaliação e de mensuração da qualidade da produção científica no Brasil, mas isso implica em reconhecer que o mundo da produção de conhecimento é diferente do mundo das agências de financiamento e avaliação. E o que essas últimas impõem, ainda que fortemente indutor, pode apenas representar um mundo à parte cujos problemas valem por si só e não são extrapoláveis aos organismos de pesquisa.

    Eu realmente naõ entendo como um artigo tão superficial, idiota e sem fundamentação como esse chega a ser reverberado pelo GGN.

  9. Em 1978 quando entrei no Instituto de Pesquisas Hidráulicas…

    Em 1978 quando entrei no Instituto de Pesquisas Hidráulicas e pensei em fazer pesquisa de qualquer coisa tanto sobre hidráulica como em Mecânica dos Fluídos, eu tinha para fazer ensaios os mesmos equipamentos que pesquisadores do século XIX já possuíam, nem estou falando do início do século XX.

    Não escolhia assunto, qualquer coisa que aparecesse eu pegava, tive sucesso em alguns estudos analíticos, que também não tinham financiamento, fui começar a ter alguma coisa lá pela década de 90, e não sei como queriam que eu tivesse produtividade em pesquisa na área de engenharia hídrica sem ter nenhum equipamento (nem oficinas e técnicos para construir os equipamentos).

    A importação de equipamentos antes da era Collor era simplesmente impossível, não tinha fonte de financiamento e quando tiravas a cotação de um equipamento de qualquer forma não sabias nem que moeda pagarias, cruzeiro, cruzeiro novo, cruzado, cruzado novo e daí por diante. Imaginar quanto custaria o dólar quando conseguisse a licença de importação (provando antes que nariz de porco não é tomada, ou que não existia similar nacional), ou seja, as condições de financiamento eram mínimas e meia dúzia de pesquisadores na minha universidade os possuíam.

    Uma vez ou outra aparecia um famoso edital para compra de equipamentos, e quem não possuía publicações no assunto (que logicamente não eram feitas porque não tinhas equipamentos para fazer as pesquisas!) não ganhava o mesmo. era o verdadeiro círculo vicioso!

    Lembro-me que durante o governo Geisel, na ânsia das vinte usinas nucleares que seriam construídas, lançamos uma pesquisa que era apoiada em parte pela UNESCO, um dos “fantásticos” consultores franceses como não tínhamos dinheiro para comprar uma anemometria a filme quente, nos induziu a comprar micromolinetes de laboratório. Ao chegar estes aparelhos vimos que eles não tinham condicionadores de sinal, e como era na época da reserva de mercado para equipamentos eletrônicos, tentamos contratando um engenheiro eletrônico fazer os condicionadores, depois de mais de um ano veio uma caixinha mágica que serviria para medir os impulsos emitidos pelo micromolinetes, colocamos em funcionamento e no fim de menos de 5 minutos a caixinha pegou fogo. Resumo da ópera, somente dois ou três anos depois conseguimos ler o sinal dos micromolinetes, e se chegou a brilhante conclusão que as bostinhas não funcionavam em água com micro-algas (que era a água que “a casa oferecia”).

    Foi tudo isto um parto, e somente em 1999 que conseguimos começar a montar um laboratório, em 2008 estávamos prontos (já produzimos bastante coisa antes disto) e em 2014 me aposentei! Como é fácil ser pesquisador no Brasil.

  10. É a pesquisa que está distante do país?

    Ou é o país que está distante da pesquisa?

    Um depoimento de quem, à diferença do diletante autor desse artigo, realmente produz ciência:

    Bye-bye, Brasil
    Neurocientista explica por que está de malas prontas para os Estados Unidos

    por Suzana Herculano-Houzel, na Revista Piauí, Edição 116 | Maio de 2016

    Inteligência, segundo minha definição favorita, do físico norte-americano Alex Wissner-Gross, é a capacidade de tomar decisões que maximizam possibilidades futuras. Decidir voltar para o Brasil depois da pós-graduação e ficar aqui, apesar de uma chance de ir para os Estados Unidos, foram decisões inteligentes no meu passado. Mas, agora, a única escolha inteligente que me resta é ir embora. Explico.

    Quinze anos atrás, em 2001, resolvi recusar o convite para a entrevista final em Nova York para o cargo de editora-assistente da revista Nature Neuroscience, uma das mais importantes do meu campo. Eu havia passado duas horas ao telefone (em ligação internacional mesmo, pois não havia Skype na época) com o então editor, Charles Jennings, ao final das quais ele me disse estar convencido de que eu me encaixava no perfil procurado. Era o trabalho dos meus sonhos. Eu era, na época, neurocientista recém-formada e recém-retornada ao Brasil após sete anos de pós-graduação no estrangeiro, mas não trabalhava em pesquisa, e sim em divulgação científica, no Museu da Vida da Fundação Oswaldo Cruz. Meu site, O Cérebro Nosso de Cada Dia, recebia um número crescente de visitas; o livro homônimo, meu primeiro, sairia em breve. Escrever sobre neurociência era o que eu fazia rotineiramente.

    Mas, se fosse escolhida para o cargo e me mudasse para Nova York, as portas se fechariam para que eu e meu então marido conseguíssemos empregos como professores universitários no Brasil. A razão? Contratações universitárias em nosso sistema público acontecem por concurso, e as vagas são decididas em disputas entre departamentos nos quais cada chefe precisa, oficialmente, brigar por suas prioridades de ensino e pesquisa – na prática, em geral defende-se um candidato pré-escolhido. Para termos uma chance de sermos candidatos pré-escolhidos, era preciso estar por perto. Se fôssemos embora, outras pessoas tomariam os lugares com que sonhávamos.

    Foi uma boa decisão. Em 2002, graças ao lobby de alguns professores influentes e à minha presença continuada no país, o Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da Universidade Federal do Rio de Janeiro abriu uma vaga para professor adjunto (quer dizer, com doutorado). O perfil da vaga – inédito até então no Instituto – descrevia não um cientista, mas um divulgador de ciências, que trabalharia ensinando jovens cientistas a se comunicar com o público e com seus pares. Ou seja: era meu perfil, e eu era de fato a única candidata inscrita. Fui aprovada. A banca, ciente da minha especialização, observou que, caso eu desejasse voltar a fazer pesquisa além das minhas atividades, isso seria muito bem-vindo.

    De fato, foi. Em 2004, com o apoio financeiro do então recém-criado programa Primeiros Projetos da Faperj, a fundação fluminense de amparo à ciência, iniciei meu programa de pesquisa sobre a quantidade de células que compõe cérebros de diferentes espécies. Naquele ano, o ICB autorizou a criação do Laboratório de Neuroanatomia Comparada, sob minha chefia, na mesma sala de um módulo que abrigava a unidade de divulgação científica. O acrônimo “Naco” que batizou o laboratório era uma piada interna que meus futuros colaboradores internacionais não teriam como entender. Ao contrário dos métodos tradicionais de contagem de células, que trabalhavam com cérebros cortados em fatias finas tal qual carpaccios submilimétricos, eu dividia cérebros em pedaços maiores e os transformava em sopa para contar células. No meu laboratório, os neurônios eram contados de naco em naco.

    Ao longo dos oito anos seguintes, convenci-me de que permanecer no Brasil e até mesmo tentar fazer pesquisa aqui tinham sido decisões inteligentes. Nesse período, vi a situação financeira do laboratório florescer. Nunca fomos ricos ou tivemos verba sobrando; tenho certeza de que não teríamos conseguido produzir e publicar os 45 artigos que se seguiram caso trabalhássemos com insumos caros, como meus colegas que fazem genética ou biologia molecular. Pudemos avançar porque nossa pesquisa era barata: requeria apenas cérebros, alguns anticorpos, um tanto de vidraria e tempo cedido para usarmos um microscópio alheio. Trabalhamos ao longo de dez anos com um orçamento mensal médio de 6 mil reais, o que mal compra dois tubos de anticorpos, nosso feijão com arroz para identificar os neurônios que contamos. Mas tivemos apoio praticamente contínuo e crescente da Faperj e do CNPq, agência de fomento do governo federal. Acabamos nos tornando parte de um consórcio financiado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, via CNPq, que nos permitiu comprar nosso primeiro microscópio, ao custo de 30 mil dólares (106 mil reais em dinheiro de hoje), que na época me pareciam uma fortuna.

    Não que tudo fossem flores. Até 2012, apesar do reconhecimento internacional crescente, e mesmo após ter sido, em 2010, a primeira e ainda única pessoa no país a receber da fundação americana James S. McDonnell o prêmio de 600 mil dólares (2,1 milhões de reais) para pesquisa sobre cognição humana, eu continuei no mesmo laboratório de 3 por 8 metros. Meu escritório, que inicialmente ocupava um terço do laboratório, foi encolhendo para acomodar a pesquisa crescente. Primeiro, para um décimo da sala, o que mal abrigava minha escrivaninha. Depois que chegou um microscópio confocal recém-adquirido com o dinheiro do prêmio (financiamentos brasileiros jamais teriam sido suficientes; no máximo, eu conseguiria dividir o equipamento com outros dez pesquisadores), o jeito foi ceder para ele minha mesa – e mudar-me para uma microescrivaninha que cabia atrás de um fichário vertical, ocupando 1 metro quadrado. Reivindiquei ao instituto espaço para um laboratório maior, sem sucesso. Ora a prioridade era acomodar professores recém-concursados (que ainda trabalhavam com seus ex-orientadores, nos laboratórios destes, no mesmo prédio, e tinham produção menor que a minha); ora, para minha revolta, o argumento ouvido nas reuniões do Instituto era que, se eu já produzia tanto em um espaço exíguo, “para que um laboratório maior?”. Pensar em trabalhar naquelas condições de superlotação me deixava fisicamente doente. Receber meus colaboradores estrangeiros para uma temporada na UFRJ? Nunca. Seria constrangedor demais para mim e para eles: como convidar um colega para passar algumas semanas interagindo com nossos estudantes sem poder ao menos lhe oferecer uma mesa, quanto mais uma sala, como eles me disponibilizavam quando a convidada era eu? A vontade era ceder meu último metro quadrado aos alunos e trabalhar sentada no corredor, em frente ao laboratório, laptop no colo, em protesto.

    Por outro lado, a despeito do aperto (que veio a ser amenizado, mas não resolvido, com a mudança no final de 2012 para um laboratório de 42 metros quadrados), eu ainda enxergava vantagens em trabalhar no Brasil diante da situação de meus colegas estrangeiros do pequeno mundo de neurobiólogos interessados em evolução e estudos comparados entre espécies. Em seus países, a única maneira de bancar esse tipo de estudo era encontrar alguma aplicação clínica, pois as agências de financiamento aprovavam cada vez mais exclusivamente projetos aplicados à saúde. Ou, então, meus colegas tinham outras linhas de pesquisa aplicada e faziam o trabalho em neuroanatomia comparada “por fora”, como hobby, sem financiamento específico. No Brasil, eu ainda dispunha do luxo de submeter projetos de pesquisa puramente básica, cujo objetivo era tão somente prover informações sobre de que são feitos os cérebros de diferentes espécies – o que muda e o que não muda, e por que isso é importante. Não era preciso arranjar argumentos para explicar como esse novo conhecimento poderia ser útil em um futuro impreciso para entender autismo, envelhecimento, epilepsia ou Alzheimer. O valor era mirrado: não mais que 100 mil reais em três anos. Como comparação, nos Estados Unidos, o auxílio típico da Fundação Nacional da Ciência para um projeto de pesquisa é de 200 mil dólares por ano – mais de 2 milhões de reais em três anos. A diferença é significativa, ainda que cerca de metade do valor de auxílios nos Estados Unidos seja destinada para pagar salários, o que não ocorre aqui. Mas eu conseguia financiamento para fazer pesquisa básica; meus colegas estrangeiros penavam.

    Além disso, o jeito brasileiro de viver era mais favorável para pesquisadores que não desejavam abrir mão de ter filhos. Minhas poucas colegas estrangeiras que eram mães moravam longe de suas famílias, e com frequência precisavam reduzir suas horas de trabalho ou fazer malabarismo com o orçamento para pagar creches caríssimas. No Brasil, ao contrário, minha mãe morava a meia hora de casa e vinha com o maior prazer duas ou três vezes por semana ficar com a netinha enquanto eu ia trabalhar.

    Sem falar na garantia de salário. Nos Estados Unidos, é comum que os vencimentos de pesquisadores da área médica venham do financiamento para pesquisa, mesmo em universidades. Sem recursos para o projeto, nada de contracheque. Eu, ao contrário, recebia 13,3 meses de salário por ano, contando as férias, independentemente de ter financiamento para pesquisa. Parecia uma situação muito mais confortável. Além disso, o ICB sempre estimulou viagens internacionais para trabalhos em colaboração, limitando a burocracia a um mínimo. Por anos, eu encontrava meus colegas em reuniões científicas internacionais – e não tinha inveja deles. Um dólar valia em média 2 reais, se tanto; com um pouco de mágica para evitar os preços e impostos de importação abusivos praticados no país, meus auxílios para pesquisa davam conta do recado. Eu tocava os projetos que queria, dentro das possibilidades, viajava quando precisava, tinha minha vida pessoal e vivia perto da minha família. Era feliz o suficiente.

    Não que o sistema de salário garantido fizesse sentido. Comecei a me dar conta seriamente das distorções do sistema brasileiro quando fui convidada para dar uma palestra sobre motivação, do ponto de vista da neurociência, para o sindicato de auditores federais do trabalho. Expliquei, no palco, como a expectativa positiva de ter o esforço recompensado é fundamental para manter a motivação – e tão importante quanto a expectativa é a obtenção efetiva de recompensas, de preferência proporcionais ao esforço. No Brasil, contudo, como pesquisadores são tipicamente contratados como professores universitários, valem as leis do funcionalismo público e seu esquema rígido de remuneração. Não importa o quanto um cientista produza, o quanto se esforce, quanto financiamento ou reconhecimento público traga para a universidade – o salário será sempre o mesmo dos colegas que fazem o mínimo necessário para não chamar a atenção. Ou seja, o sistema na academia brasileira de salários prefixados, garantidos por toda a carreira, com promoções por tempo de serviço, e não por mérito, é o pior possível quando se reconhece a importância da recompensa proporcional ao esforço para manter trabalhadores motivados. A associação de docentes da minha universidade luta ferrenhamente para manter tal isonomia; “meritocracia”, nesses círculos, é palavrão.

    Tive prova de que fazer bonito é prejudicial ao cientista brasileiro em uma reunião de departamento para discutir o que fazer com os resultados de uma avaliação de nossos pesquisadores que fora encomendada a colegas externos, alguns deles de outros países. A intenção da avaliação era a melhor possível: identificar maneiras de fazer nosso Instituto crescer em qualidade e se tornar uma referência nacional. Para minha surpresa, os avaliadores haviam sido brutalmente sinceros, e classificavam a maioria de nós como pesquisadores “fracos” ou “medíocres” – mas identificavam alguns “excelentes”. Levantei a mão e pedi a palavra. Como entendia que o intuito era melhorarmos a qualidade da produção científica do Instituto, comentei que seria ótimo que se investisse naqueles pesquisadores considerados excelentes, por exemplo perguntando a eles o que poderia ser feito para lhes garantir condições melhores de trabalho. A colega ao lado prontamente levantou a mão e discordou: “Pelo contrário, devemos investir nos fracos e medíocres.”

    O problema adicional é que, também por causa das regras do funcionalismo público, todo professor recém-concursado em uma universidade pública no Brasil ganha estabilidade garantida ao fim de apenas três anos de estágio probatório. Como se entende que é um período curto demais para que um recém-doutor mostre a que veio, na prática nunca soube de alguém que não tenha sido efetivado em três anos: seria preciso cometer um crime hediondo – e olhe lá. Somada aos salários prefixados, a estabilidade garantida não oferece qualquer incentivo para que um professor jovem procure se manter produtivo. Lá fora, é comum pesquisadores serem contratados por períodos de cinco anos renováveis, contingentes a boas avaliações por colegas e desconhecidos. Nos Estados Unidos, a estabilidade – ou tenure – é algo a que se concorre com cautela, pois não há segunda chance. Quando um professor pede tenure numa universidade e não recebe, deve buscar emprego em outro lugar.

    O mesmo sistema de estabilidade e isonomia trabalhista na academia brasileira também garante que não haja mobilidade ou incentivo à criação de grandes centros de excelência. Nos Estados Unidos e na Alemanha, por exemplo, cientistas que se destacam são disputados por instituições como Harvard e o Instituto Max Planck, que têm cacife para atraí-los com promessas de excelentes salários e condições de trabalho. Mas, no Brasil, para que passar pela burocracia laboriosa de pedir transferência de uma universidade federal para outra, se o salário será exatamente o mesmo? Aqui, ainda estamos na fase de forçar a distribuição de recursos para as regiões subdesenvolvidas; propostas de criação de centros de excelência são taxadas de “elitistas” – como se almejar ter pesquisa de primeiro nível fosse deplorável. Mas, ao mesmo tempo, nosso governo cobiça uma colocação respeitável nos rankings de produção científica mundial. Como, se não podemos premiar cientistas de ponta por sua produção? Como, se não podemos oferecer melhores salários para atrair expoentes que impulsionem centros de excelência, e aliás nem mesmo criar tais centros? No Brasil, a norma é um pesquisador começar e terminar a carreira no mesmíssimo emprego. Promoção é ganhar cargos administrativos e políticos – minha menor aspiração profissional.

    Meu descontentamento já era crescente em 2014, quando a realidade do país mudou – só nos daríamos conta disso no ano seguinte. No final daquele ano, um projeto nosso teve financiamento aprovado pelo CNPq no valor de 50 mil reais (menos da metade dos 120 mil reais solicitados); na mesma época, a Faperj se comprometeu a bancar outro projeto, parte de um consórcio milionário com o Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino. Contudo, em meados de 2015, nenhum dos dois havia sido pago. Um consórcio da Faperj com a Universidade Paris-Sorbonne, na França, teve os recursos franceses liberados em janeiro de 2015; a contrapartida carioca só foi aprovada no fim de julho – e até hoje o dinheiro não veio. Outro pedido de fundos para uma colaboração com colegas alemães deveria ter seus resultados anunciados em março, o que só aconteceu de fato em agosto – e, de novo, nossos recursos ainda não foram pagos, enquanto os colaboradores europeus já estão terminando de usar sua parte do dinheiro, aliás onze vezes maior que o nosso lado do financiamento. Comecei a recusar pedidos de pesquisadores estrangeiros para vir trabalhar conosco; mesmo com as bolsas ainda sendo pagas, seria irresponsabilidade trazê-los sem recursos para o trabalho de bancada. Recusei também pedidos de alunos brasileiros desejosos de se juntar a nós para a pós-graduação.

    Durante a maior parte de 2015, o único jeito de continuar nossos projetos e não mandar mestrandos e doutorandos para casa foi tirar dinheiro do meu próprio bolso – cerca de 25 mil reais, apenas uma parte mínima dos quais eu me reembolsava lentamente com a verba mensal de 2 800 reais que ainda recebia do programa Cientista do Nosso Estado, da Faperj. Peças do microscópio quebraram em sequência, cada uma com um custo lá fora de 500 a mil dólares – e pelo menos o dobro se as encomendasse do Brasil (com um prazo de importação de pelo menos três meses). Publicar nossos artigos nas revistas especializadas com a opção de acesso gratuito, para que leigos e especialistas não precisassem pagar para lê-los, custava 2 mil dólares cada. Era exasperante. Se já era difícil fazer ciência de excelência com recursos escassos, com recursos inexistentes tornou-se impossível. Em setembro, fiquei tão cansada de ter que fazer eu mesma o papel dos governos federal e estadual que resolvi chutar o balde e apelar para o crowdfunding – vaquinha, em bom português. Se não conseguisse o dinheiro necessário para manter o laboratório pelos próximos meses e garantir ao menos que meus alunos terminassem suas teses, eu fecharia as portas – mas, ironicamente, continuaria a receber meu salário. Em uma campanha de sessenta dias pela internet, levantei mais de 100 mil reais para manter o Naco pelos próximos cinco meses – o dobro do que o CNPq se comprometera a pagar para manter o laboratório pelos próximos três anos. Cinco meses depois, o dinheiro, como esperado, acabou.

    Ironia maior foi que, no meio de tanta miséria, meu colaborador Bruno Mota e eu emplacamos um artigo 100% brasileiro na prestigiosa revista Science: uma análise de dados coletados ao longo dos dez anos anteriores que resolvia, pela primeira vez, uma questão antiga da neurociência – o que faz o córtex cerebral, a parte mais externa e valiosa do cérebro, se dobrar. Poucos meses depois, tive a honra duvidosa de ter as dificuldades enfrentadas por meu grupo de pesquisa contadas no primeiro parágrafo de uma reportagem na Science sobre a penúria da ciência brasileira.

    E então algo inesperado aconteceu. Em setembro de 2015, soube que Jon Kaas, meu colaborador de longa data na Universidade Vanderbilt, e alguns de seus colegas estavam mobilizando seus departamentos e a reitora da Faculdade de Artes e Ciências para me oferecer um emprego. Não seria pelas vias normais, embora àquela altura, desejando sair do país, eu já tivesse me candidatado a uma vaga que acabara de abrir no Departamento de Psicologia daquela universidade de Nashville, no Tennessee. Seria um opportunity hire, uma vaga aberta especificamente para mim. O melhor equivalente no Brasil seria um concurso com cartas marcadas para outra universidade – mas vencimentos intocados, como preestabelecido pelas tabelas do governo, e financiamento para pesquisa ainda dependente de governos federal e estadual falidos. Nos Estados Unidos, ao contrário, eu receberia um salário várias vezes maior do que o prescrito pelas tabelas do funcionalismo brasileiro, verba generosa garantida para os projetos, laboratório e escritório espaçosos, além do suporte de toda uma máquina administrativa eficiente que permite ao pesquisador apenas fazer seu trabalho. No Brasil, “apenas fazer seu trabalho” era um luxo com o qual eu nem sonhava mais; ao longo dos últimos anos, além de me multiplicar como contadora, secretária, agente de viagens, técnica de informática e tantas outras ocupações não previstas no meu contrato de trabalho, eu me desdobrava em consultorias e palestras para reforçar minha renda de professora universitária e manter as crianças em uma boa escola particular.

    Passei os meses de outubro de 2015 a fevereiro de 2016 em visitas, entrevistas e negociações. A cada conversa surpreendiam-me a deferência de tratamento, as lisonjas, a admiração pelo meu trabalho, o desejo genuíno dos futuros colegas de me receber lá. Para quem se acostumara ao tratamento de isonomia, eu me sentia um Harry Potter que subitamente descobria que talvez pudesse sair do quartinho debaixo da escada e explorar uma Hogwarts de possibilidades, onde as regras são outras, feitas para desenvolver potenciais e capacidades individuais, e onde conquistas são celebradas e estimuladas, não trancadas em um módulo diminuto de 24 metros quadrados.

    Orgulho-me do que eu e meu grupo temos produzido. Entendo que nosso trabalho tem dado contribuições importantes para a área da neurociência em que atuamos por recolocar uma série de questões antigas sob novas perspectivas. Ainda assim, estou tão acostumada a sermos colocados no armário embaixo da escada que fico surpresa quando, no estrangeiro, recebemos honrarias dignas de cientistas de primeira grandeza. Recentemente fui levada a Harvard (voando business, imagine!) para fazer a primeira rodada de entrevistas e concorrer a uma vaga para trabalhar lá, porque, nas palavras do chefe do departamento, “Harvard só se interessa por pessoas que estão mudando o mundo – como você”. Fiquei pasma. Meu marido, cientista acostumado ao sistema norte-americano, protesta contra meu espanto: “Claro que você está mudando o mundo, só você não vê.” Como poderia? Meu colaborador na África do Sul recebe da universidade cerca de mil dólares de prêmio a cada artigo que publica e já pôde usar o bônus acumulado na carreira para comprar uma casa (o CNPq paga uma “bolsa de produtividade”, é verdade – mas de valor fixo, condizente com a isonomia reinante, e que, se décadas atrás correspondia à metade do salário de um professor, hoje não chega a 10%). Meus colegas que trabalham nos Estados Unidos podem pleitear salários melhores, mais espaço, promoções e outras regalias conforme publicam estudos de impacto, trazem mais financiamentos para a universidade e são cortejados por outros centros de pesquisa. No sistema brasileiro, porém, meu trabalho não rende nenhum benefício ou melhoria nas minhas condições, não importa quão transformador seja, quantas vezes tenha sido citado ou quantas outras pesquisas tenha influenciado. Sou apenas mais uma professora com o mesmo salário e status que meus vizinhos de corredor. Como meu trabalho poderia estar mudando o mundo, se não muda minha vida?

    A cada avanço nas conversas com a Universidade Vanderbilt, eu ficava mais esperançosa – mas usava todas as minhas forças para me conter e não festejar antes da hora. Eu tentava não acreditar que conseguiria o emprego para não desmoronar de decepção caso a negociação desandasse por qualquer razão. Hogwarts ainda poderia me negar matrícula.

    Mas a oferta finalmente chegou. Serei em breve professora associada dos departamentos de Psicologia e de Ciências Biológicas, que abrigarão meu laboratório na Vanderbilt. Terei escritórios amplos em ambos os prédios. Minha carga de aulas não precisa ser mais do que trinta horas por semestre. Com estabilidade e salário mais que confortável, poderei dedicar todo o resto do tempo à minha pesquisa.

    Tomar a decisão inteligente foi facílimo.

    Tentei enquanto pude. Fui idealista enquanto ainda foi possível me agarrar aos fiapos que sustentavam a crença de que era viável ser cientista no Brasil. Mas já não acredito nisso – ao menos, não na área de biomédicas. Ao contrário da matemática, em que temos grandes expoentes como Artur Avila e instituições de renome internacional como o Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (Impa), precisamos de muito mais do que mesa e computador: na área biomédica, fazer ciência excelente requer recursos excelentes, o que não temos. No Brasil, o financiamento é apenas o suficiente para dar ao governo números para encher a boca: já são mais de 10 mil novos doutores ao ano, dizem (sem completar a frase como deveriam – “com chances mínimas de conseguirem emprego como pesquisadores de fato”). Infelizmente, muitos apenas brincam de cientista fazendo “trabalhinhos” (palavra desses colegas, não minha) que replicam o que foi feito lá fora – o que permite aos alunos a experiência da iniciação científica, mas não a geração de conhecimento. Salvo raras exceções, financiadas pela riqueza do estado de São Paulo ou por instituições privadas como o hospital paulista Albert Einstein ou o Instituto D’Or, no Rio, a ciência no Brasil é apenas suficiente para criarmos jovens minimamente preparados para manter vivo o espírito científico e transferir conhecimento para as próximas gerações, na esperança de que um dia elas possam ter recursos para desabrochar e finalmente competir de igual para igual com os estrangeiros – porque competência, vontade e capacidade de inovação não nos faltam; só faltam condições.

    Mas as perspectivas, no momento, são sombrias. A ciência brasileira está agonizante, sufocando na mão de um governo que a considera supérflua enquanto ainda houver miséria. Infelizmente, aqui não se enxerga que o caminho para a soberania nacional e uma melhor qualidade de vida em qualquer país é a geração de conhecimento e o consequente desenvolvimento e independência tecnológica e cultural. Nossos 16 bilhões de neurônios no córtex cerebral não serviriam de grande coisa se não fosse o corpo de conhecimento que com eles geramos, cultivamos e passamos adiante.

    Mas aqui sinto que já não tenho mais como gerar nem cultivar coisa alguma. A escolha inteligente que me resta a fazer é ir embora para abrir novas portas e possibilidades futuras. Na Vanderbilt poderei fazer ciência abordando as questões que importam, e não apenas as que cabem no orçamento; dedicar meu tempo à pesquisa, e não trabalhando como minha própria contadora ou eletricista; receber colaboradores e alunos brasileiros ou de outras nacionalidades, sem me preocupar se sua bolsa de estudos será paga ou desviada para cobrir rombos fiscais do governo. Quem sabe de lá eu consiga fazer mais pela ciência brasileira do que insistindo em ficar no meu próprio país.
     

    1. Meu comentário iria

      Meu comentário iria exatamente neste sentido que a sua postagem aponta… Antes de falar da distância da academia para a realidade nacional é preciso falar da distância da realidade nacional para a academia. Num país com uma elite econômica parasitária, que sobrevive de negociatas, da expropriação da coisa pública e da superexploração do trabalho via mais-valia absoluta mais do que de inovações tecnológicas e méritos empreendedores próprios, falar com toda esta certeza contra a ciência nacional é atestado de formação superior baseada em senso comum, pois revela que o autor desconhece o quanto é difícil o empresariado nacional e a próprio poder público se interessar por produção de conhecimento, investimento e incorporação de tecnologia no Brasil. Não é preciso ir longe: basta uma passagem pelos clássicos da Sociologia, da Ciência Política e da Antropologia nacional para o autor entender o atraso mental desta elite colonial que se pensa como europeia ou norte-americana mais do que brasileira.

    2. Texto interessante

      A tentativa de reorganizar as universidades brasileiras em OSs  era para seguir nessa direção, onde a contratação de docentes e staff passaria a ser pela CLT, sem estabilidade, e a seleção deixaria de ser por concurso público, passando a ser por análise de currículo e entrevistas, como é na maior parte do mundo.

      O Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (IMPA) no Rio de Janeiro foi uma das únicas instituições do extinto MCTI a passar para esse regime. Nesse caso, pode-se oferecer salários bem mais competitivos para atrair pesquisadores de renome. Segue o link de uma reportagem do G1 sobre a instituição: http://g1.globo.com/educacao/noticia/2014/08/instituto-que-formou-brasileiro-nobel-prepara-novos-genios-da-matematica.html

      Infelizmente, grande parte dos docentes e funcionários de nossas universidades é radicalmente contra esse tipo de regime pois levaria a uma “privatização” das Universidades. É claro que o tema precisa ser melhor debatido, precisamos ouvir ambos os lados para encontrarmos uma melhor saída para evitar a fuga de nossos cientistas.

  11. Sinto muito, mas como pesquisadora

    cansada de ter que carregar o mundo nas costas pra fazer pesquisa no Brasil, o texto é um lixo. Nós somos cobrados por tudo, vamos de pesquisadores a contadores no mesmo dia, temos que lidar com uma buracracia burra sem fim e tudo isso pra nada. O Brasil é que não quer saber de ciência, eu trabalho com identificação de alvos terapêuticos, é uma pesquisa extremamente útil em qualquer biriboca, menos no Brasil. Você acha que o Brasil quer desenvolver alguém medicamento? Claro que não, aqui é o país do imediatismo barato. Eu tenho 3 pós-docs e ganho menos que qualquer juizéco de merda formado na universidade da esquina e publico bem pagando do meu bolso, não me enche cobrando mais.

  12. Nem no universo coxinha…

    Eu vi tantas bobagens quanto nesse artigo. Aliás, pseudo-artigo… um artigo que se preze não pode ser embasado num número tão grande de premissas falsas ou equivocadas.

    Primeiro, eu gostaria de perguntar ao autor se ele é capaz de distinguir entre Ciência e Tecnologia. 

    Passada esta pergunta, então tenho que admitir que temos SIM problemas na Ciência Brasileira, mas problemas que não têm NADA HAVER com as ideias do autor do texto. 

    Sou físico, por exemplo. Sou professor de uma universidade federal, e tento, modestamente, formar meus alunos de maneira decente, e desenvolver minha pesquisa de maneira honesta, ainda que humilde. 

    Gostaria de perguntar ao autor do texto se ele tem noção do que a nossa iniciativa privada busca em nossas universidades, e no fim, o que ela traz para as nossas universidades. Trazer, eu posso garantir, que ela não traz nada. Não traz recursos, não investe em laboratórios, não contribui com bolsas de pós-graduação… mas quer soluções baratas, se possível de graça, para seus problemas. 

    Temos muito a crescer enquanto potência científica, mas é impossível não destacar que nossa Física, nossa Matemática, nossa Biologia, nossa Química… são reconhecidas em todo o mundo como Ciência de boa qualidade. 

    Temos sim problemas com inovação tecnológica, mas não com Ciência. Eu insisto: Ciência e Tecnologia não são a mesma coisa. 

    Que texto medíocre de ruim, viu? 

     

     

     

     

  13. Fica a dica…

    … para nosso articulista: 

     

    pesquise sobre o que a iniciativa privada norte-americana investe em pesquisa de ponta, ainda que de resultado incerto ou de longo prazo, e o que a nossa iniciativa privada investe. Aqui todo mundo quer ganhar de graça. Mas ninguém quer reconhecer o preço necessário para se conquistar algo, para se desenvolver algo novo, para se criar nova técnica. 

    Outra dica para o articulista: 30% do Produto Interno Bruto norte-americano é advindo de produtos desenvolvidos a partir de conhecimentos da Mecânica Quântica. Ramo do conhecimento que, no Brasil, está restrito ao mundo acadêmico, uma vez que isso não traz resultado financeiro imediato para nossas empresas, e elas não têm interesse algum em investir em pesquisa básica. 

    Muito interessante acusar que nossa universidade é distante da realidade e dos problemas do país, mas ao mesmo tempo não reconhecer que nossa iniciativa privada é uma lástima quando o assunto é inovação tecnológica. E é uma lástima por puro comodismo, preguiça, e busca pelo lucro rápido e fácil. 

     

     

  14. Meus caros…
     
    Vocês querem

    Meus caros…

     

    Vocês querem que tenhamos Ciência de grande porte, inovação tecnológica de ponta, se estamos formando uma geração de profissionais que sequer sabe somar duas frações com o mesmo denominador? 

    Temos uma população, que, via de regra, abomina o conhecimento. Que acha que tudo que vem do conhecimento chato. Que acha que Física é coisa de maluco, Química coisa de cientista louco, que Filosofia é coisa de nego à toa. Que não acha graça ou sentido algum que um pool de pesquisadores norte-americanos tenham detectado ondas gravitacionais, ou que acham que o desenvolvimento de um acelerador de partículas como o LHC na Europa é uma completa estupidez, afinal, que aplicação isso tem no meu dia a dia? 

    Enquanto isso, os caras seguem desenvolvendo eletrônica de última geração, sensores cada vez mais precisos, tecnologias de comunicação e transmissão de dados absurdamente rápidas, softwares de análise estatística poderosíssimos, técnicas de criptografia e segurança de dados cada vez mais seguras… 

    Aí, quando isso se tornar tecnologia obsoleta – PARA ELES, isso talvez tenha alguma serventia pra nós, que vamos continuar vivendo de exportação de comoddities, e olhe lá. 

    Fico pensando se o pensamento de “aplicação imediata” do conhecimento imperasse na época da Revolução Industrial… a Lei da Indução de Faraday não passaria de curiosidade de cientista bobo e estaríamos no escuro até hoje. 

     

    1. Pois é, Edson.

      Sabe o que esse “artigo” troglodita desse tal Suárez parece?

      Aquelas imbecilidades de cucaracha subdesenvolvido que acha o máximo dizer que a ciência deve responder às “necessidades sociais”.

      Isso pra mim tem um nome: é o obscurantismo da imbecilidade.

    2. LHC chines

          Será o maior do mundo, e a China sabe o porque esta construindo, pois altamente dedicados a fisica de particulas, perceberam que ela pode gerar armas de alta energia, que inclusive podem desabilitar, nos próximos 10/20 anos, arsenais de misseis, que tornariam-se inuteis frente a armas deste tipo.

           E claro, como no CERN europeu, o caminho para chegar a este ou outros produtos finais, no decorrer da “escalada”, muitos dos processos envolvidos trarão efeitos imediatos, inclusive os “erros” cometidos durante o desenvolvimento são importantes, alguns inclusive geram outras pesquisas e produtos finais, as vezes até completamente fora do escopo original da pesquisa – mãe.

            Aliás, quando seu “GPS/Glonass” comete um “erro”, existe a possibilidade de ter sido uma interferencia de “ondas gravitacionais”, tanto que já é utilizado em algumas aplicações – aeronautica e satélites p. ex. – o sistema “DGPS”, que com um software especifico, calcula a derivação dos sinais GPS.

            O problema é explicar a importancia destas ações, para pessoas, inclusive “pesquisadores”, que não conseguem somar frações, equação de 2o grau é aramaico ,  então imagine os politicos, financiadores e/ou a população em geral.

  15. TCU

          Depois que o TCU enviou para “auditar” um projeto relativo a uma “camara de vacuo “, referente ao contrato CBERS ( Brasil e China satélites de sensoriamento remoto ), sendo com dois auditores, um contador e outro um engenheiro civil, que nunca tinha visto, sequer trabalhado com este tipo de produto, acredito em qualquer coisa, inclusive ambos, estavam municiados, aliás apenas estudaram prospectos de uma empresa francesa, que é uma das lideres deste ramo, e óbvio, o preço deles era bem mais barato, claro, qualquer idiota entede o porque :

           1. Eles vendem de monte, seus custos já estão pagos, principalmente os de desenvolvimento; 2. Paises Centrais, fazem dumping, na “cara dura”, pois não querem concorrentes novos; 3. Tecnologias de ponta, ou vc. desenvolve, assumindo seus custos, ou vc. fica para trás, mesmo um produto que não o resultado esperado, deve-se avaliar, como eles fazem, o que se ganhou nos processos apreendidos; 4. Financiamento tem que ser constante, não dá para ser aprovado para 5 anos, e no 1o ano a verba ser contingenciada.

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