Em 10 anos, Braskem cedeu mais de R$ 2 milhões para campanhas de políticos alagoanos

Ana Gabriela Sales
Repórter do GGN há 8 anos. Graduada em Jornalismo pela Universidade de Santo Amaro. Especializada em produção de conteúdo para as redes sociais.
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Só em 2014, a mineradora doou R$ 8,4 milhões para dezenas de políticos que concorreram a diversos cargos em todo o país

Imagem: Divulgação

A mineradora Braskem, responsável pelo risco de colapso iminente da cidade de Maceió, capital de Alagoas, financiou campanhas de pelo menos 41 políticos alagoanos, com montantes que somam o total de R$ 2.994.693,26, entre 2004 e 2014. As doações foram feitas  de forma oficial, segundo levantamento exclusivo da Agência Tatu, com base em dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

No topo da lista dos agraciados está o atual vice-governador do estado, Ronaldo Lessa (PDT), o ministro dos Transportes e ex-governador de Alagoas, Renan Filho (MDB), além de Benedito de Lira (PP), ex-deputado federal por Alagoas e pai do atual presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL).

Só na campanha geral de 2014, a última com doações diretas de empresas permitidas, a Braskem doou no total R$ 8,4 milhões para dezenas de políticos que concorreram a diversos cargos em todo o país.

Ronaldo Lessa

O ex-governador do estado, ex-vice-prefeito de Maceió e atual vice-governador de Alagoas, Ronaldo Lessa, foi o político com as maiores doações de campanha da Braskem em 10 anos. Ao todo, ele recebeu R$ 350 mil da mineradora. 

A primeira doação ocorreu em 2006, quando Lessa renunciou ao governo para se candidatar ao Senado, recebendo R$ 50,5 mil. 

Em 2010, ao tentar novamente ser eleito ao governo do Estado, o valor doado para sua campanha foi de R$ 200 mil. 

Já em 2014, quando concorreu ao cargo de deputado federal, recebeu outros R$ 100 mil.

Renan Filho 

O atual ministro dos Transportes do Governo Federal e senador eleito por Alagoas, Renan Filho, é o segundo político mais favorecido pela mineradora. 

O ex-governador de Alagoas recebeu o total de R$ 320 mil da empresa para despesas de campanha em 2014, quando foi eleito para o primeiro mandato como governador do Estado. 

Benedito de Lira

Logo abaixo de Renan Filho, está Benedito de Lira, senador por Alagoas entre 2011 e 2019, que recebeu quase R$300 mil da Braskem para financiar sua campanha nas eleições de 2014. 

Naquele ano, o pai de Arthur Lira, disputou o cargo de governador do estado e perdeu para Renan Filho no primeiro turno.

Cooptação do poder público

A influência escabrosa da Braskem em Alagoas não se limita aos políticos. Conforme noticiado pelo GGN, na última semana, a atuação mineradora é denunciada há anos, com omissão de Ministério Público, Defensoria, Agência de Mineração e BNDES.

Apesar da tragédia anunciada, para as autoridades, Braskem e Justiça, nada parece ter acontecido, segundo Alexandre Sampaio, integrante do Movimento Unificado das Vítimas da Braskem, que concedeu entrevista ao programa TVGGN 20H, desta segunda-feira (5). Confira.

Entenda o caso

A exploração irresponsável do solo de Maceió é coordenada pela Braskem há mais de 40 anos, por meio da extração de sal-gema no subsolo da região.  

O problema, no entanto, só ganhou notoriedade em 2018, após um terremoto de 2,7 na escala Richter, quando bairros inteiros foram afundados. 

Na semana passada, a Defesa Civil alertou para o risco iminente de colapso na mina 18, no bairro Mutange, às margens da lagoa Mundaú e a aproximadamente 5 quilômetros do centro de Maceió.

Segundo a prefeitura, a causa do problema é a “instabilidade do solo provocada pela atividade de mineração da Braskem em 35 minas na região”. 

No início da tarde de sexta-feira (1), o solo no local afundava a uma velocidade aproximada de 2,6 centímetros por hora. O governo afirmou ainda que cinco abalos sísmicos foram registrados na região somente em novembro. 

Ainda não se sabe ao certo as consequências do colapso, mas o desabamento da mina pode ocasionar a formação de grandes crateras na região, além de provocar um efeito cascata em outras minas.

Até o momento, mais de 15 mil imóveis tiveram de ser desocupados, deixando 60 mil pessoas em situação de vulnerabilidade.

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Ana Gabriela Sales

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