Francisco Celso Calmon
Francisco Celso Calmon, analista de TI, administrador, advogado, autor dos livros Sequestro Moral - E o PT com isso?; Combates Pela Democracia; coautor em Resistência ao Golpe de 2016 e em Uma Sentença Anunciada – o Processo Lula.
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Lula: Eu só tenho um compromisso com esse país: ser honesto com o povo, por Francisco Celso Calmon

A cassação da primeira mulher presidenta é uma nódoa em nossa história, somente será superada, mas não apagada, quando elegermos outra.

Lula: Eu só tenho um compromisso com esse país: ser honesto com o povo

por Francisco Celso Calmon

Durante um tempo se perguntou cadê o Queiróz, aquele operador das rachadinhas da família bolsonaro. Um dia ele apareceu, passeou pela prisão, e voltou fagueiro à sociedade, como exemplo de que o crime compensa, pelo menos até o presente para ele.

E os 89 mil reais em cheques para a Michele, a delituosa, como estão as investigações?

O novo operador da corrupção bolsonarista, inclusive da rachadinha federal, não está escondido, está abrigado no Exército, certamente será julgado pelo STF; a questão é a necessária celeridade, que a nobre Corte seja rápida, pois constituirá um exemplo marcante de efeitos históricos o julgamento do tenente-coronel Mauro Cid.  

Reproduzo trechos do Manifesto Pela Justiça de Transição da Rede Brasil – Memória, Verdade e Justiça, subscrito por 22 entidades engajadas nessa luta.

Não haverá democracia plena e sólida sem a aplicação da Justiça de Transição (JT).
A JT é um processo no qual as violações aos Direitos Humanos sofrem reparações judiciais, reformas no sistema político e social e medidas para prevenir a repetição do arbítrio e da impunidade.

Se a justiça de transição não tivesse malogrado no Brasil, provavelmente não teríamos tido 2013, 2016 e 2018, não teríamos ainda hoje os que desconhecem o que foi a ditadura militar e pugnam por sua volta.  

Bolsonaro e o Estado policial não foram consequências da Comissão Nacional da Verdade, mas, exatamente do contrário, por não ter havido a criminalização dos agentes da ditadura que cometeram as graves violações dos direitos humanos.

Para o futuro será necessário a constituição de uma Comissão Estatal Permanente de Memória, Reparação e Reforma, que abranja todos os períodos traumáticos do Brasil – escravidão, ditaduras e o genocídio bolsonarista, a fim de ser realizada a justiça de transição necessária à construção de uma democracia sólida.  

Sem anistia a golpistas, pela justiça de transição.

Merval, Temer, uma ala do PSDB, são os radicais ideológicos da direita. Se guiam resolutamente pelos valores e nortes estratégicos da oligarquia secular, dominante e responsável pelo atraso brasileiro. 

Que ao fim e ao cabo temem um povo educado e com saúde porque julgam como risco potencial aos seus domínios, preferem o atraso à modernidade, são conservadoras e reacionárias.

Levaram décadas para reconhecer o golpe de 64, agora reagem ao óbvio, já conceituado pelos cientistas políticos do Brasil e do exterior: o impeachment da Dilma foi golpe.

O golpe ao mandato da Dilma atingiu a nossa geração 68, particularmente a nós que militamos juntos no Colina e na VAR, sobretudo às mulheres e a todos que a elegeram pela segunda vez, golpearam o sufrágio universal que a escolheu legitimamente.

A cassação da primeira mulher presidenta é uma nódoa em nossa história, somente será superada, mas não apagada, quando elegermos outra.

Sua cassação foi um componente no plano golpista, iniciado em 2013 com as manifestações de ruas fomentadas e cooptadas pela CIA e o PIG, prosseguiu com a lava jato, e, por derradeiro, a prisão de Lula  

Quem anda sem olhar o retrovisor, dirige na contramão da democracia, anda na via do golpismo.

A indecência de Lira e a corrupção deslavada na Câmara contrasta com um Brasil ético, democrático, moderno, realmente representante do povo.

Enquanto o Executivo e também TSE e o STF caminham no sentido do saneamento das imoralidades, o Legislativo pratica o fisiologismo descaradamente, mostrando que, em regra, a maioria dos parlamentares é suscetível a agrados pecuniários.

Arthur Lira é filhote de Eduardo Cunha, tanto golpista como corrupto, sobretudo é dolosamente responsável por não ter aberto o processo de impeachment do genocida, que poderia ter evitado ou minorada a herança macabra legada ao novo governo.

Lira acalenta um projeto de poder bem delineado, um parlamentarismo mambembe.

Sua quase unanimidade nas eleições para a presidência da Câmara será a chocadeira do ovo da serpente e também o atestado do valor venal dos deputados: 70 milhões.

Estará em suas mãos aceitar ou desconhecer, como fez para o Bolsonaro, eventuais pedidos de impeachment.

É verdade que o novo Congresso é mais reacionário do que o anterior, que já era muito e sob o controle absoluto do Lira, por meio do orçamento secreto, o atual, talvez tenha até golpistas do dia da desonra, 08 de janeiro.

O remendo feito, emendas individuais e de bancadas, não recuperou a autonomia do Executivo, consoante à CF, mas diminuiu o poder do presidente da Câmara.

Continua promíscua a independência e harmonia entre os três poderes.

Se a relação com as Forças Armadas parece estar a caminho de colocá-las em seu devido papel constitucional, engana-se quem olha só as aparências; sua vocação golpista e sua tradição de tutora da nação, não desapareceram. Até porque não basta a troca de comandantes, é mister romper com a sua história antidemocrática, antipovo e de subalternidade aos EUA.

Enquanto o Ministro da Defesa estiver nas manchetes políticas é sinal de que os militares estão desocupados de suas funções institucionais. Assim como aos militares é vedada a participação política, o ministro da defesa não deve estar nos noticiários. Muito menos para dizer que elas estão totalmente pacificadas, só se for por algum milagre divino.

Múcio sugeriu a GLO e com esta assertiva pode estar novamente errando.

As Forças Armadas são pródigas em camuflagens e assaltos ao poder.

“Nós vamos mostrar ao povo brasileiro que o ódio acabou. Que o que aconteceu no dia 8 de janeiro não vai se repetir. Vamos recuperar a democracia nesse país, e a essencialidade da democracia é falar o que quer, desde que não obstrua o direito do outro falar. Por isso, eu falo que o Brasil vai voltar à normalidade

Esta fala do Lula, que procura passar um clima de paz e tranquilidade, pode ter um efeito pedagógico positivo para muitos, pode também ter efeito de relaxamento para a militância.

Não são as palavras e as boas intenções que determinarão as circunstâncias concretas, essas são produtos da luta de classes, queiram ou não os idealistas bons moços. 

O capital financeiro continua parasitário e contrário aos intentos de uma democracia social; as oligarquias continuam com seus complexos de superioridade e preconceitos estruturais aos negros, indígenas, mulheres, aos LGBTQI+; a mídia golpista permanece de onde nunca saiu: defensora da direita ideológica contrária aos interesses do povo. 

Até quando deixar os ovos da serpente chocarem? Até quando conviver na ilusão de uma conciliação sem Justiça de Transição? Até quando repetir o erro da não resistência de Jango e o da Dilma, ou teremos como rota o caminho do sacrifício, Getúlio com o suicídio, Lula com a prisão, se não pregarmos e organizarmos o permanente estado de comunicação e mobilização para a defesa sistemática da construção da democracia?

Na nossa história dois evitaram um golpe, Lott e Brizola, respectivamente, e não foram com palavras, foram com ações.

Um mês de governo já deu e a rede de comunicação não está organizada e está deixando ataques sem respostas, ainda não se antecipa e não mantém um diálogo diário noticioso e formativo com a sociedade, por meios próprios e modernos.

Parte do governo está jogando no contra-ataque. Nesse primeiro tempo, a bola deve estar no ataque, mantendo os adversários presos na defesa.  

Francisco Celso Calmon, coordenador do canal pororoca e ex-coordenador nacional da Rede Brasil – Memória, Verdade e Justiça

O texto não representa necessariamente a opinião do Jornal GGN. Concorda ou tem ponto de vista diferente? Mande seu artigo para [email protected].

Francisco Celso Calmon

Francisco Celso Calmon, analista de TI, administrador, advogado, autor dos livros Sequestro Moral - E o PT com isso?; Combates Pela Democracia; coautor em Resistência ao Golpe de 2016 e em Uma Sentença Anunciada – o Processo Lula.

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