Francisco Celso Calmon
Francisco Celso Calmon, analista de TI, administrador, advogado, autor dos livros Sequestro Moral - E o PT com isso?; Combates Pela Democracia; coautor em Resistência ao Golpe de 2016 e em Uma Sentença Anunciada – o Processo Lula.
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Quem és tu, Campos Neto!?, por Francisco Celso Calmon

Sua entrevista, dia 13, no programa Roda Viva, da TV Cultura, deixa a nu que o neto de Bob Fields coloca o Banco Central como um poder paralelo.

Agência Brasil

Quem és tu, Campos Neto!?

por Francisco Celso Calmon

Quem pensas que é? Quantos votos tiveste?   Representas quais entidades? És líder de qual segmento?

Boas maneiras não credenciam ninguém a deitar este tipo de falação: “O investidor é muito apressado, é muito afoito. A gente precisa ter um pouco mais de boa vontade com o governo, 45 dias é pouco tempo. Acho que tem tido uma boa vontade enorme do ministro Haddad  …” (declaração dada no dia 14 fev. na conversa com o CEO do BTG, Roberto Sallouti).

Reparem a hipocrisia e a malícia dele ao colocar o Haddad como o bonzinho e Lula como o carente da boa vontade do mercado.   

Ele se coloca no mesmo patamar do presidente Lula. É de uma soberba e audácia chocantes aos princípios constitucionais e democráticos.

Sua entrevista, dia 13, no programa Roda Viva, da TV Cultura, deixa a nu que o neto de Bob Fields coloca o Banco Central como um poder paralelo.

E dando uma de magistrado professoral, qualifica como justo questionar juros altos e se oferece a ensinar a Lula a razão dos juros exorbitantes.

Ninguém precisa da aprovação dele ou do parecer do que é ou não justo, pois essa liberdade faz parte da vida democrática.

No mundo todo é questionado a razão de juros elevados como única receita para controlar a inflação, o neto, que tem a mesma empáfia e menos inteligência do que o avô, se acha detentor da verdade absoluta, a ponto de dizer que com ele ou sem ele o Banco continuará com as mesmas ideias.

Para ele, o contraditório pode ser estranho, porque estava acostumado a não ter limites, a não se reportar a ninguém e nem haver controle de seus atos, salvo à dupla genocida, Guedes e Bolsonaro, que, com ele, formavam a confraria do capital financeiro no governo.

A sua identificação como investidor foi direta: “a gente precisa ter um pouco mais de boa vontade com o governo …”.

A gente quem, cara pálido, o mercado?

Mesmo diante de uma roda de jornalistas simpáticos a ele, não conseguiu explicar as razões de juros tão altos e na contramão do resto do mundo, repetia uma cantilena como se juros altos fossem um axioma, sem necessidade de justificativa racional.

E não o fez porque foi político e não técnico. 

O princípio constitucional assegura que “Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”; e o mercado não tem cidadania, é anônimo, não é eleito, não tem legitimidade democrática.

E Campos Neto representa Bolsonaro, derrotado nas urnas, como é politicamente racional e legítima a sua permanência?

Tudo indica que a lei que deu autonomia ao BACEN e o mandato do seu presidente defasado do mandato do Presidente da República, eleito pela vontade soberana do povo, foi pensado já na premissa da eventual derrota do Bolsonaro, como um infiltrado para sabotar o governo posterior.

Essa lei fere os princípios democráticos de alternância do poder, visto que o presidente eleito recebe um poder aleijado, faltando o braço da política monetária.  

Os juros vão baixar, mais devagar do que o necessário, contudo, essa lei de autonomia do Banco, com mandato defasado do mandato do Presidente da República, precisa ser revista.

É uma questão de lógica e não de ideologia.

O Brasil está entre as maiores taxas de juros reais do mundo, o que afeta as empresas para realizar investimentos, o governo no financiamento para gastos e o consumidor na hora de financiar a sua casa, carro, eletrodomésticos, ou seja, retrai o consumo e o investimento.

É inaceitável que o capital financeiro tenha assento permanente de sócio proprietário do Estado, acima da soberania popular, supra Constituição.

Não devemos nos conformar com uma democracia raquítica. Devemos lutar por uma democracia hipertrofiada.

Se não for agora, na quadra da reconstrução do Estado democrático de direito, só restará o caminho da revolução.

Campos Neto, tenha dignidade e entregue o cargo, em respeito à soberania popular.

ABAIXO O PODER PARALELO DO BANCO CENTRAL!

Francisco Celso Calmon, coordenador do canal pororoca e ex-coordenador nacional da Rede Brasil – Memória, Verdade e Justiça

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Francisco Celso Calmon

Francisco Celso Calmon, analista de TI, administrador, advogado, autor dos livros Sequestro Moral - E o PT com isso?; Combates Pela Democracia; coautor em Resistência ao Golpe de 2016 e em Uma Sentença Anunciada – o Processo Lula.

3 Comentários

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  1. Haddad tem que ficar esperto e ver que tentam jogar ele contra Lula, como o intelectual bonzinho contra o homem mal sertanejo. Daqui a pouco seremos nós a chama-lo de quá-quá do mercado.

    BC que fazer política monat o PBC – Partido do Banco Central, que já existe de fato.

  2. Disse tudo! Está muito mal acostumado com a mídia liberal “amiga” e com os rentistas sanguessugas que respondem pelo nome de “mercado”, esse tal Bobinho Neto, cidadão pretensioso que conseguiu a “façanha” de estabelecer os juros mais altos do Globo Terrestre!

  3. Onde estão as notas legais do ouro que ele comprou?
    Não é um motivo forte para ele ser investigado pela PF, perder o comando do BC e ir descansar na colônia de férias que o governo está proporcionando a ele e seus iguais?
    Perda do cargo, e cadeia nano.

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