A coleta de lixo é um serviço fundamental para o bem-estar do cidadão, mas o Congresso e o governo federal tem usado a compra de veículos para desvio de recursos.
Levantamento elaborado pelo jornal O Estado de S.Paulo aponta que, entre 2019 e 2021, o total de caminhões de lixo comprados para cidades pequenas saltou de 85 para 488 veículos, muitos deles mais potentes do que o necessário.
A análise apontou o envolvimento de empresas fantasmas, pagamentos inflados em R$ 109 milhões e fornecimento de veículos para cidades com menos lixo do que caminhão para recolhimento.
Segundo o Instituto Brasileiro de Auditoria de Obras Públicas, o principal parâmetro para o cálculo da necessidade do município é o dimensionamento correto da quantidade de lixo produzido. Desta forma, se evita superfaturamento ou sobrepreço e não se cometem fraudes.
Entretanto, a aquisição dos veículos para agraciar redutos eleitorais não acompanha critérios técnicos ou de saneamento básico, e também não garante todas as fases da coleta do lixo.
Entre os exemplos citados pela reportagem, está a compra de veículos para o Piauí, onde 89% das cidades joga o lixo produzido em terrenos a céu aberto.
Em Alagoas, o senador Fernando Collor de Mello (PTB) usou recursos de emenda parlamentar para adquirir um caminhão de lixo para uma cidade que leva dois dias para produzir 15 metros cúbicos de lixo, a capacidade máxima do veículo.
Já a cidade governada pelo pai do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), recebeu três caminhões compactadores que ficam parados na maior parte do tempo, enquanto uma cidade vizinha governada pelo PSD não sabe mais a quem recorrer para conseguir um caminhão maior.
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