Governo Lula tem desconfiança geral e enxerga necessidade de maior varredura

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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O novo governo não foi renovado completamente e a desconfiança dentro do gabinete de Lula e do próprio presidente é geral.

Móveis e janelas danificadas no Palácio do Planalto – Foto: ABr

A desconfiança dentro do gabinete de Lula e do próprio presidente é geral. O novo governo não foi renovado completamente: há servidores em diversos gabinetes e órgãos federais que permanecem da gestão Bolsonaro, incluindo no GSI (Gabinete de Segurança Institucional), na ABIN (Agência Brasileira de Inteligência), Polícia Federal, Exército e outros.

Se ainda no vandalismo em Brasília após a diplomação de Lula, em 12 de dezembro passado, já havia investigações sobre a centralidade do GSI, então no comando de Augusto Heleno, naqueles atos de destrução, a tentativa frustrada de golpe do último domingo (08) aumentou essa desconfiança.

À época, um servidor da PF (Polícia Federal) lotado na Presidência denunciou que o GSI foi “a cabeça” dos atos de vandalismo.

Também está em andamento apurações sobre o nível de envolvimento do próprio ex-presidente Jair Bolsonaro, por meio dos mesmos servidores do GSI, nos atos recentes. E não somente o GSI, como também outras secretarias e gabinetes de Ministérios.

No andamento da desmilitarização da inteligência do governo, o governo Lula ainda precisará estender a varredura por todas as pastas. E os próprios novos ministros admitem que levará tempo, uma vez que há servidores de carreira lotados em todas as alas da administração pública.

Uma das demonstrações desses resquícios de aliados bolsonaristas é o ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, que se tornou secretário de Segurança do Distrito Federal, responsável por nada menos que a segurança das sedes dos Três Poderes.

Antes de ir aos Estados Unidos, Torres chegou a exonerar diversos servidores da Segurança do Distrito Federal, em um ato de sabotagem do gabinete, que ficou “acéfalo”, descreveu o interventor Ricardo Cappelli. Além disso, as férias do ex-secretário teriam início somente no dia 9 de janeiro, mas ele já estava nos EUA no dia dos ataques.

Mas para além da Secretaria do Distrito Federal, que foi suspendida pelo presidente Lula com a intervenção federal, outras pastas da segurança, inteligência e comunicação do governo precisarão ser revistas.

Reportagem da Folha de S.Paulo indica que a preocupação chegou ao presidente, que “não confia nem em quem trabalha dentro do Palácio”, teria dito um auxiliar de Lula.

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

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