PEC da Transição sustenta políticas sociais e selaria aliança de Lula com o Congresso

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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O que está por trás da PEC da Transição? Não só a sustentabilidade de políticas sociais, mas a aliança selada com o Congresso

Lula e sua equipe de transição encontraram-se com Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara – Foto: Ricardo Stuckert

A decisão de Gilmar Mendes, que comprovou a constitucionalidade do Bolsa Família fora do Teto de Gastos, não mudou os planos do PT, que quer encerrar a Legislatura de 2022 com uma aliança selada no Congresso Nacional.

É com esse pressuposto que o partido do presidente eleito Lula quer aprovar a PEC da Transição, já apoiada pelos senadores e que hoje enfrenta dificuldades e um limite de tempo para o aval dos deputados.

Ainda com tópicos sem consenso e discussões de lideranças parlamentares, e em meio à tentativa de trocas de votos por Ministérios ou espaços no futuro governo Lula, a sessão desta terça (20) promete ser longa.

Há um mal estar generalizado, não somente pela decisão de Gilmar – que somente confirmou o que a Constituição brasileira já escancarava: programas sociais de transferência de renda são direitos fundamentais e não podem ser impedidos por restrições fiscais.

Mas também o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e lideranças do Centrão que defendem outra pauta polêmica e em debate nesta semana – o Orçamento Secreto -, ficaram surpresos com a conclusão do julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF), que minou aquele tipo de emendas de relator.

Votos de ministros como Ricardo Lewandowski, que desempatou a divisão na Corte e deu o veredito contra o Orçamento Secreto, foram vistos como um gesto favorável à Lula, que desde o início da campanha eleitoral mostrou-se contra os repasses sem transparência e sob total controle e centralidade de poder parlamentar.

Assim, quando Gilmar na noite de domingo emitiu seu julgamento de que a PEC da Transição não é necessária para programas sociais como o Bolsa Família, a equipe de Lula tentou se afastar da ideia de o governo sair favorecido com a decisão judicial.

E, para além de a PEC da Transição contemplar não somente o Bolsa Família, mas R$ 168 bilhões que possibilitarão investimentos em mais dezenas de programas sociais e a sustentabilidade e sobrevivência de políticas diversas, como o próprio SUS (Sistema Único de Saúde), o objetivo de Lula é iniciar o governo em harmonia com o Congresso.

Nesta segunda (19), o ministro da Fazenda Fernando Haddad já adiantava que a decisão de Gilmar de domingo não mudaria os planos de aprovar a PEC da Transição.

Mas ainda conta para os votos de boa parte do baixo clero parlamentar outras negociações: cargos políticos e Ministérios ainda não anunciados por Lula e uma saída do futuro presidente para a mina de ouro desbravada durante o governo Bolsonaro – o Orçamento Secreto.

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Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

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