Documentos revelam comportamento dos evangélicos durante a ditadura militar

Sugerido por Tamára Baranov

Da Istoé

Os evangélicos e a ditadura militar

Documentos inéditos do projeto Brasil: Nunca Mais – até agora guardados no Exterior – chegam ao País e podem jogar luz sobre o comportamento dos evangélicos nos anos de chumbo

Rodrigo Cardoso

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No primeiro dia foram oito horas de torturas patrocinadas por sete militares. Pau de arara, choque elétrico, cadeira do dragão e insultos, na tentativa de lhe quebrar a resistência física e moral. “Eu tinha muito medo do que ia sentir na pele, mas principalmente de não suportar e falar. Queriam que eu desse o nome de todos os meus amigos, endereços… Eu dizia: ‘Não posso fazer isso.’ Como eu poderia trazê-los para passar pelo que eu estava passando?” Foram mais de 20 dias de torturas a partir de 28 de fevereiro de 1970, nos porões do Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi), em São Paulo. O estudante de ciências sociais da Universidade de São Paulo (USP) Anivaldo Pereira Padilha, da Igreja Metodista do bairro da Luz, tinha 29 anos quando foi preso pelo temido órgão do Exército. Lá chegou a pensar em suicídio, com medo de trair os companheiros de igreja que comungavam de sua sede por justiça social. Mas o mineiro acredita piamente que conseguiu manter o silêncio, apesar das atrocidades que sofreu no corpo franzino, por causa da fé. A mesma crença que o manteve calado e o conduziu, depois de dez meses preso, para um exílio de 13 anos em países como Uruguai, Suíça e Estados Unidos levou vários evangélicos a colaborar com a máquina repressora da ditadura. Delatando irmãos de igreja, promovendo eventos em favor dos militares e até torturando. Os primeiros eram ecumênicos e promoviam ações sociais e os segundos eram herméticos e lutavam contra a ameaça comunista. Padilha foi um entre muitos que tombaram pelas mãos de religiosos protestantes.

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O metodista só descobriu quem foram seus delatores há cinco anos, quando teve acesso a documentos do antigo Sistema Nacional de Informações: os irmãos José Sucasas Jr. e Isaías Fernandes Sucasas, pastor e bispo da Igreja Metodista, já falecidos, aos quais era subordinado em São Paulo. “Eu acreditava ser impossível que alguém que se dedica a ser padre ou pastor, cuja função é proteger suas ovelhas, pudesse dedurar alguém”, diz Padilha, que não chegou a se surpreender com a descoberta. “Seis meses antes de ser preso, achei na mesa do pastor José Sucasas uma carteirinha de informante do Dops”, afirma o altivo senhor de 71 anos, quatro filhos, entre eles Alexandre, atual ministro da Saúde da Presidência de Dilma Rousseff, que ele só conheceu aos 8 anos de idade. Padilha teve de deixar o País quando sua então mulher estava grávida do ministro. Grande parte dessa história será revolvida a partir da terça-feira 14, quando, na Procuradoria Regional da República, em São Paulo, acontecerá a repatriação das cópias do material do projeto Brasil: Nunca Mais. Maior registro histórico sobre a repressão e a tortura na ditadura militar (leia quadro na pág. 79), o material, nos anos 80, foi enviado para o Conselho Mundial de Igrejas (CMI), organização ecumênica com sede em Genebra, na Suíça, e para o Center for Research Libraries, em Chicago (EUA), como precaução, caso os documentos que serviam de base do trabalho realizado no Brasil caíssem nas mãos dos militares. De Chicago, virá um milhão de páginas microfilmadas referentes a depoimentos de presos nas auditorias militares, nomes de torturadores e tipos de tortura. A cereja do bolo, porém, chegará de Genebra – um material inédito composto por dez mil páginas com troca de correspondências entre o reverendo presbiteriano Jaime Wright (1927 – 1999) e o cardeal-arcebispo emérito de São Paulo, dom Paulo Evaristo Arns, que estavam à frente do Brasil: Nunca Mais, e as conversas que eles mantinham com o CMI.

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Somente em 1968, quatro anos após a ascensão dos militares ao poder, o catolicismo começou a se distanciar daquele papel que tradicionalmente lhe cabia na legitimação da ordem político-econômica estabelecida. Foi aí, quando no Brasil religiosos dominicanos como Frei Betto passaram a ser perseguidos, que a Igreja assumiu posturas contrárias às ditaduras na maioria dos países latino-americanos. Os protestantes, por sua vez, antes mesmo de 1964, viveram uma espécie de golpe endógeno em suas denominações, perseguindo a juventude que caminhava na contramão da ortodoxia teológica. Em novembro de 1963, quatro meses antes de o marechal Humberto Castelo Branco assumir a Presidência, o líder batista carismático Enéas Tognini convocou milhares de evangélicos para um dia nacional de oração e jejum, para que Deus salvasse o País do perigo comunista. Aos 97 anos, o pastor Tognini segue acreditando que Deus, além de brasileiro, se tornou um anticomunista simpático ao movimento militar golpista. “Não me arrependo (de ter se alinhado ao discurso dos militares). Eles fizeram um bom trabalho, salvaram a Pátria do comunismo”, diz.

 

 

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Assim, foi no exercício de sua fé que os evangélicos – que colaboraram ou foram perseguidos pelo regime – entraram na alça de mira dos militares (leia a movimentação histórica dos protestantes à pág. 80). Enquanto líderes conservadores propagavam o discurso da Guerra Fria em torno do medo do comunismo nos templos e recrutavam formadores de opinião, jovens batistas, metodistas e presbiterianos, principalmente, com ideias liberais eram interrogados, presos, torturados e mortos. “Fui expulso, com mais oito colegas, do Seminário Presbiteriano de Campinas, em 1962, porque o nosso discurso teológico de salvação das almas passava pela ética e a preocupação social”, diz o mineiro Zwinglio Mota Dias, 70 anos, pastor emérito da Igreja Presbiteriana Unida do Brasil, da Penha, no Rio de Janeiro. Antigo membro do Centro Ecumênico de Documentação e Informação (Cedi), que promovia reuniões para, entre outras ações, trocar informações sobre os companheiros que estavam sendo perseguidos, ele passou quase um mês preso no Doi-Codi carioca, em 1971. “Levei um pescoção, me ameaçavam mostrando gente torturada e davam choques em pessoas na minha frente”, conta o irmão do também presbiteriano Ivan Mota, preso e desaparecido desde 1971. Hoje professor da Universidade Federal de Juiz de Fora, Dias lembra que, enquanto estava no Doi-Codi, militares enviaram observadores para a sua igreja, para analisar o comportamento dos fiéis.

 

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Segundo Rubem Cesar Fernandes, 68 anos, antropólogo de origem presbiteriana, preso em 1962, antes do golpe, por participar de movimentos estudantis, os evangélicos carregam uma mancha em sua história por convidar a repressão a entrar na Igreja e perseguir os fiéis. “Os católicos não fizeram isso. Não é justificável usar o poder militar para prender irmãos”, diz ele, considerado “elemento perigoso” no templo que frequentava em Niterói (RJ). “Pastores fizeram uma lista com 40 nomes e entregaram aos militares. Um almirante que vivia na igreja achava que tinha o dever de me prender. Não me encontrou porque eu estava escondido e, depois, fui para o exílio”, conta o hoje diretor da ONG Viva Rio.

O protestantismo histórico no Brasil também registra um alto grau de envolvimento de suas lideranças com a repressão. Em sua tese de pós-graduação, defendida na Universidade Metodista de São Paulo (Umesp), Daniel Augusto Schmidt teve acesso ao diário do irmão de José, um dos delatores de Anivaldo Padilha, o bispo Isaías. Na folha relativa a 25 de março de 1969, o líder metodista escreveu: “Eu e o reverendo Sucasas fomos até o quartel do Dops. Conseguimos o que queríamos, de maneira que recebemos o documento que nos habilita aos serviços secretos dessa organização nacional da alta polícia do Brasil.” Dono de uma empresa de consultoria em Porto Alegre, Isaías Sucasas Jr., 69 anos, desconhecia a história da prisão de Padilha e não acredita que seu pai fora informante do Dops. “Como o papai iria mentir se o cara fosse comunista? Isso não é delatar, mas uma resposta correta a uma pergunta feita a ele por autoridades”, diz. “Nunca o papai iria dedar um membro da igreja, se soubesse que havia essas coisas (torturas).” Em 28 de agosto de 1969, um exemplar da primeira edição do jornal “Unidade III”, editado pelo pai do ministro da Saúde, foi encaminhado ao Dops. Na primeira página, há uma anotação: “É preciso ‘apertar’ os jovens que respondem por este jornal e exigir a documentação de seu registro porque é de âmbito nacional e subversivo.” Sobrinho do pastor José, o advogado José Sucasas Hubaix, que mora em Além Paraíba (MG), conta que defendeu muitos perseguidos políticos durante a ditadura e não sabia que o tio havia delatado um metodista. “Estou decepcionado. Sabia que alguns evangélicos não faziam oposição aos militares, mas daí a entregar um irmão de fé é uma grande diferença.”

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Nenhum religioso, porém, parece superar a obediência canina ao regime militar do pastor batista Roberto Pontuschka, capelão do Exército que à noite torturava os presos e de dia visitava celas distribuindo o “Novo Testamento”. O teólogo Leonildo Silveira Campos, que era seminarista na Igreja Presbiteriana Independente e ficou dez dias encarcerado nas dependências da Operação Bandeirante (Oban), em São Paulo, em 1969, não esquece o modus operandi de Pontuschka. “Um dia bateram na cela: ‘Quem é o seminarista que está aqui?’”, conta ele, 21 anos à época. “De terno e gravata, ele se apresentou como capelão e disse que trazia uma “Bíblia” para eu ler para os comunistas f.d.p. e tentar converter alguém.” O capelão chegou a ser questionado por um encarcerado se não tinha vergonha de torturar e tentar evangelizar. Como resposta, o pastor batista afirmou, apontando para uma pistola debaixo do paletó: “Para os que desejam se converter, eu tenho a palavra de Deus. Para quem não quiser, há outras alternativas.” Segundo o professor Maurício Nacib Pontuschka, da Pontifícia Universidade Católica (PUC), de São Paulo, seu tio, o pastor-torturador, está vivo, mas os dois não têm contato. O sobrinho também não tinha conhecimento das histórias escabrosas do parente. “É assustador. Abomino tortura, vai contra tudo o que ensino no dia a dia”, afirma. “É triste ficar sabendo que um familiar fez coisas horríveis como essa.” 

Professor de sociologia da religião na Umesp, Campos, 64 anos, tem uma marca de queimadura no polegar e no indicador da mão esquerda produzida por descargas elétricas. “Enrolavam fios na nossa mão e descarregavam eletricidade”, conta. Uma carta escrita por ele a um amigo, na qual relata a sua participação em movimentos estudantis, o levou à prisão. “Fui acordado à 1h por uma metralhadora encostada na barriga.” Solto por falta de provas, foi tachado de subversivo e perdeu o emprego em um banco. A assistente social e professora aposentada Tomiko Born, 79 anos, ligada a movimentos estudantis cristãos, também acredita que pode ter sido demitida por conta de sua ideologia. Em meados dos anos 60, Tomiko, que pertencia à Igreja Evangélica Holiness do Brasil, fundada pelo pai dela e outros imigrantes japoneses, participou de algumas reuniões ecumênicas no Exterior. Em 1970, de volta ao Brasil, foi acusada de pertencer a movimentos subversivos internacionais pelo presidente da Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor, onde trabalhava. Não foi presa, mas conviveu com o fantasma do aparelho repressor. “Meu pesadelo era que o meu nome estivesse no caderninho de endereço de alguma pessoa presa”, conta. 

Parte da história desses cristãos aterrissará no Brasil na terça-feira 14, emaranhada no mais de um milhão de páginas do Projeto Brasil: Nunca Mais repatriadas pelo Conselho Mundial de Igrejas. Não que algum deles tenha conseguido esquecer, durante um dia sequer, aqueles anos tão intensos, de picos de utopia e desespero, sustentados pela fé que muitos ainda nutrem. Para seguir em frente, Anivaldo Padilha trilhou o caminho do perdão – tanto dos delatores quanto dos torturadores. Em 1983, ele encontrou um de seus torturadores em um baile de Carnaval. “Você quis me matar, seu f.d.p., mas eu estou vivo aqui”, pensou, antes de virar as costas. Enquanto o mineiro, que colabora com uma entidade ecumênica focada na defesa de direitos, cutuca suas memórias, uma lágrima desce do lado direito de seu rosto e, depois de enxuta, dá vez para outra, no esquerdo. Um choro tão contido e vívido quanto suas lembranças e sua dor.

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Redação

19 Comentários

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  1. Traíra

    Esse tal de enéas tognini não tem escrúpulos.Deveria ter sido expulso da congregação do qual faz parte por ter sido o judas de vários inocentes.

     

     

     

  2. Em Belém a ditadura perseguiu

    Em Belém a ditadura perseguiu tanto quanto pôde vários evangélicos, e até conseguiu que um curso de Teologia implantado na Universidade Federal do Pará por iniciativa da Igreja Católica fosse fechado. E em 1980 aconteceu o estranho caso do aluno  baleado em sala de aula.

      http://comiter.wordpress.com/artigos/

     

    Um trecho do artigo desse link do Comitê Interreligioso do Estado do Pará:

     

    OS CICLOS DO ECUMENISMO NO PARÁ: UMA TRAJETÓRIA DE BELEZA E INCERTEZA

    Por Fernando Ponçadilha

    Filósofo e Reverendo da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil

    Foto de http://daa.ieab.org.br/

    A primeira quadra do movimento ecumênico remonta os anos setenta e oitenta. No rastro dos acontecimentos desenvolveu-se uma atitude comum entre alguns cristãos cheios de sonhos e esperanças.

    Tudo começou por meio de iniciativas bem singelas. Entre elas, a instituição do bacharelado em TEOLOGIA, oferecido na UFPA pelo reconhecido empenho também do pró-reitor e depois vice-reitor Ápio Campos, com o endosso da arquidiocese de Belém que não possuía na época um centro de formação adequado na capital.

    Tal fato é inédito porque pela primeira vez é oferecido vestibular público para um curso eminentemente confessional, inclusive para egressos da vida religiosa no contato cotidiano direto com os sujeitos da academia secular.

    Não levou tanto tempo para que esse espaço público e laico, portanto, fora do controle como deveria da religião e processador de saberes, debates e da opinião refletida, despertasse a desconfiança e a suspeita dos poderes da época, sendo interditado pela governança e desautorizado pela religião, e/ou desabilitado por ambas.

    Acontece que a experiência do curso de TEOLOGIA na Universidade Federal do Pará produzira uma geração de formados no perfil pastoral que aquele tempo precisava: PREPARADA, SOLIDÁRIA e INOVADORA. É claro que não era a maioria. Mas esses irmãos procediam em sua maioria da Igreja Católica – embora já se percebesse elementos egressos de outras procedências, como no caso singular da jovem pastora de antanho, Marga Rothe, da Igreja Luterana.

    Faz parte desse sinal embrionário do ecumenismo nascente o ocorrido na passagem da década de setenta para a década de oitenta, quando um acontecimento inusitado marcou a história do campus universitário definitivamente. Ou seja, no primeiro semestre de 1980, o acadêmico César Moraes Leite é assassinado dentro de sala de aula no pavilhão B do setorial básico.

    Uma bala de revólver ou pistola veio da arma de um policial federal que assistia aula na mesma sala da vítima. Tudo levou a crer tratar-se de fatalidade, até por conta da perícia da época ter constatado que a arma caíra e detonara. Entretanto, fazia-se a pergunta nos quatro cantos do campus: Por que armado em sala de aula????

    O episódio foi o bastante para desencadear um protesto nos maiores decibéis possíveis contra o regime militar e a reitoria da UFPA. Passeatas, concentrações, atos públicos, reuniões no vadião, assembléias, caravanas de estudantes de sala em sala, tentativa de invasão da reitoria e a culminância de tudo isso num CULTO ECUMÊNICO no ginásio de esportes da universidade.

    Talvez tenha sido essa a primeira iniciativa propriamente ecumênica que se tem registrado no memorial do movimento, porque lá se reuniram dirigentes da Igreja católica (Pe. Savino Mombelli, assessor da Pastoral Universitária e professor do curso de teologia), Marga Rothe da Igreja Luterana, Rui Guilherme da ABU (ligado à Igreja Batista) e outros.O certo é que pessoas sensíveis com o que aconteceu ligadas à ABU – Aliança Bíblica Universitária – por conta da participação no evento – foram expulsas posteriormente das denominações que faziam parte.

    Leia mais, no link

     

  3. Ditadura Militar e Movimento Estudantil na UFPA (1964-1980)

    No link, o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) que  Antonio da Cruz Brito apresentou em 2005 na Universidade Federal do Pará: ” o Episódio do Pavilhão Fb-2: Ditadura Militar e Movimento Estudantil na UFPA (1964 – 1980) é um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), apresentado ao Departamento de História da UFPA para obtenção do título de graduação em Licenciatura e Bacharelado em História, que tenta trazer a tona o episódio que levou a morte de César Moraes Leite analisando o contexto de repressão ao movimento estudantil universitário durante a Ditadura Militar.”

    http://sejarealistapecaoimpossivel.blogspot.com.br/2008/01/trabalho-de-final-de-curso-o-episdio-do.html

  4. generalizar é demais

    Não resta dúvida que em todos os segmentos da sociedade haviam aqueles que eram simpatizantes da ditadura, aconteçe que pelo preconceito deliberado contra os evangelicos no Brasil e no mundo, alguns opositores do evangelho fazem questão de generalizar, porque será que não perguntam a confissão religiosa da maioria dos cabeças do golpe e teremos uma visão mais clara das coisas. Agora dizer que os evangelicos se posicionaram a favor do golpe é forçar a barra e generalizar porque realmente esta não era a posição da maioria dos evangelicos do Brasil.

  5. COMISSÃO DA VERDADE, NA UFPA

    Universidade Federal do Pará  TERÁ COMISSÃO PARA APURAR VIOLAÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

    Ericka Pinto

    http://www.portal.ufpa.br/imprensa/noticia.php?cod=8125

     

    A proposta de criação da Comissão César Leite de Memória e Verdade, da Universidade Federal do Pará, foi aprovada nesta sexta-feira, 20, durante reunião do Conselho Universitário (Consun/UFPA). O novo órgão terá como missão o levantamento de informações sobre fatos e circunstâncias das violações de direitos humanos; perseguições políticas; funcionamento dos mecanismos repressivos e das formas de resistência que ocorreram na UFPA, entre o período de 1º de abril de 1964 a 5 de outubro de 1988.

    A Comissão terá, também, o papel de propor a adoção de medidas e políticas destinadas a prevenir violações de direitos humanos e perseguições políticas, além de promover debates e divulgação de suas atividades. A atuação será provisória, com duração de dois anos. 

    Para compor a Comissão, o Consun decidiu que a escolha dos membros será feita de forma paritária, por representantes dos docentes, dos técnico-administrativos e dos estudantes da Instituição, sendo três titulares e dois suplentes de cada categoria. Os nomes dos representantes serão publicados em Portaria específica.

    Leia mais, no link

  6. O mundo tem tons e cores

    O mundo não é em preto e branco. Não se pode falar em “evangélicos” e “católicos” como grupos monolíticos. A Igreja que, por muitos de seus sacerdotes e membros, mais apoiou o regime militar, especialmente em seu início, foi a Católica. Mas teve exemplos contrários gloriosos, como D. Hélder Câmara, D. Pedro Casaldáliga, D. Paulo Arns e vários outros (cito apenas os mais evidentes). 

    Porque era a igreja da grande maioria dos brasileiros, seu peso e evidência era muito maior. Padres pregavam nas missas (já antes do golpe) contra os “desmandos” e o “comunismo” no governo.

    Nas chamadas igrejas ou denominações evangélicas, que já eram várias, havia também posições favoráveis (na maioria de seus membros e sacerdotes), mas não conheço (deve ter havido) caso de pregação clara a favor do regime. Menos ainda casos de delação ou conivência com a repressão (também deve ter havido, imagino). Mas entre os que lutavam contra o regime e em defesa dos presos e torturados havia gente como o reverendo Wright.

    Hoje se desvendam alguns casos de colaboradores expressos da repressãoo. Mas não se pode com isso culpar “evangélicos” ou “católicos” in totum. A bruxa esteve solta em toda a sociedade, professores, empresários, e também sacerdotes, acharam que deviam “construir um novo país”, e denunciaram  “comunistas” e “subversivos”, entre os quais se incluíam não só os que pensavam diferentemente deles, mas também seus desafetos ou concorrentes. 

    Esse “fervor revolucionário” dos moralistas de sempre, que querem melhorar o mundo moldando-o aos seus padrões, empre existiu e está presente hoje entre nós, dividindo a sociedade como naqueles anos.

  7. palestra “a importância da Comissão da Verdade”

    Prezados amigos, solicitamos a possibilidade de divulgação da realização da palestra “A importância da Comissão da Verdade”, promovida pelo Diretório Acadêmico do campus de São Bernardo/SP da Universidade Federal do ABC (UFABC), em 18 NOV 13, às 16:30hs, no auditório A003 do campus SBC, cujos debatedores serão o Deputado Estadual (PT-SP) Adriano Diogo e o ex-líder sindical Raphael Martinelli. Maiores informações em: https://www.facebook.com/events/173751436153181/?ref_dashboard_filter=calendar

    Att,

     

    DA/SBC – Gestão USB

  8. Parece Manchete da Folha

    Eram metodistas, presbiterianos e alguns, evangélicos tradicionais.

    Põe essa manchete e parece que o bispo Macedo ou o Malafaia foram torturados.

    1. Infelizmente isto aconteceu

      Infelizmente isto aconteceu mas nas chamadas igrejas históricas, aqueles que seus líderes são formados em Universidades e Faculdades. Não tenho procuração para defende-los, os senhores Macedo e Malafaia, mas os movimentos neo pentecostais, aos quais estão ligados começaram no fim dos anos 70, com seu ápice no inicio dos anos 90, portanto sem vinculação direta ao assunto.

       

  9. São coisas totalmente

    São coisas totalmente distintas. Uma coisa é religião, outra coisa é política.

    Qual a relação que um tem com o outro? nenhuma!

    Pelo contrário, igreja é um partido político que defende o mais rico, o mais forte, logo, o poder.

    Então, andavam de mãos juntas. 

    O que deve ter tido, são algumas exceções, que não tem nada a ver com igrejas, que por algum motivo, eram mal vistos. Mas a massa, as lideranças religiosas, nem estavam aí para a repressão.

  10. O marxismo e suas

    O marxismo e suas denominações, os evengélicos e suas denominações, os neopentecostais e suas denominações, o judaísmo e suas denominações e o islã e suas denominações são todos eles messiânicos para os quais o mundo se passa no ouvido pela voz de seus profetas.

    Hannah Arendt, (é assim que escreve?) : “O socialismo é o regime da verdade”; –  Esta radical definição coloca os delatados e delatores; torturados e torturadores na mesma pessoa; – Vamos a Moisés, a Antonio Conselheiro, etc; – A virtude é uma forma de impiedade; – Jó e a força encerram o Livro.

    Não se trata do imperativo moral de que fala Kant, é revelação da verdade! Este confronto nos é estranho, acho Flávio Josefo seu melhor tradutor.

     

  11. nos dias de hoje, a igr. Getsêmani

    é unida à NED– National Endowment for Democracy. Odeia e combate a centro-esquerda do PT, Lula, Dilma. Apoia a direita, abertamente. Em nome da “liberdade”, na visão da época da guerra fria.

    Quem quiser saber mais, pesquise.

    @radioitatiaia e @rederecord dão guarida a seus representantes…

     

    em nome de Deus, a Igreja Batista Getsêmani lava e enxagua cerebros desta juventude oca, Malafaia junto.

     

    O porvir dá medo!!!

  12. Luteranos e regime militar

    Em carta de Natal, em 1978, a Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB) se posicionou criticamente ao regime militar, denunciou “múltiplas formas de violência, culminando em seqüestros, torturas e até assassinatos” e conclamou a uma anistia “a todos os atingidos pelas leis de exceção”.

  13. Espero que não se inicie nos

    Espero que não se inicie nos tempos atuais, uma inquisição, por parte de ateístas, ativistas e outros tipos de pessoas, que de forma tendenciosa e explícita, querem generalizar um segmento religioso, pelos erros cometidos no passado. “Aquele que não tem pecado, que atire a primeira pedra”.

  14. Essa reportagem apenas

    Essa reportagem apenas confirma o que já sabíamos:

    1) Nem todos os que se dizem cristãos, são de fato cristãos. No meio evangélico, assim como em qualquer outro meio, existem muitos simpatizantes, interessados, convencidos intelectualmente, convencidos emocionalmente, etc.

    2) No sub-grupo dos genuinamente cristãos, é necessário lembrar que o processo de justificação (salvação) não nos torna, automaticamente, perfeitos. Após a justificação inicia-se um processo de santificação e crescimento espiritual que podem levar muitos anos. Nesse caminho, caímos muitas vezes.

    3) O homem está sujeito à falhas e, sob pressão, pode acontecer de fraquejar na fé. Além desse que caem por descuido, há aqueles que se encaixam na parábola do semeador: Algumas sementes caem à beira da estrada, outras em solo raso, e outras em meio à espinhos. Nem todos que tinham a semente crescendo dentro de si permanecem até o final. Cabe a cada um de nós crescer na graça e no conhecimento de Cristo, enchendo nossa lamparina com azeite, para que nos tempos difíceis possamos permanecer firmes.

    O número de pessoas realmente convertidas, maduras na fé, e capazes de lançar mão no poder de Deus para suportar tamanhas afrontas e dores, é obviamente inferior ao número de pessoas que se declaram cristãs. Isso não deveria gerar surpresa. Erros de teologia também são encontrados na humanidade desde os tempos mais remotos. Confusões políticas e filosóficas também ocorrem em todos os grupos. Então há surpresas nessa reportagem.

    A liberdade de pensamento do meio protestante certamente amplia as margens para a diversidade de posicionamentos equivocados. Se avaliássemos o número de pessoas que se auto denominavam Católicas e que estiveram envolvidas com os crimes da ditadura, também encontraríamos números mirabolantes e infindáveis histórias de incoerências de fé. Mas nesse caso, a culpa não é de Deus ou da Bíblia, mas da falta de ambos, a começar pela carência de conhecimento da Palavra e da intimidade real com o Senhor. Religiosidade legalista e cultural não faz ninguém ser mais parecido com Jesus. Basta olharmos para os demais exemplos da história para percebermos que as crises pelas quais a humanidade já passou sempre se revelaram como provas de fogo que consumia o que não era ouro. Muitos fortes fraquejaram, e apenas uns poucos mostram excelência sobrenatural. Mas mesmo isso não configura atestado de pureza doutrinária, mas sim de força interior e da graça de Deus.

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