Dança com dragões, por Jandira Feghali

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Dança com dragões, por Jandira Feghali

“Nem todos os homens foram feitos para dançar com dragões…”

A política nacional parece retratar quase perfeitamente a saga dos livros da ‘Crônica do Gelo e Fogo’, compilado literário do escritor George R. R. Martin e um sucesso na televisão mundial através da série Game of Thrones. Tanto na ficção, quanto na nossa realidade, personagens extremamente sorrateiros tentam de forma desonesta chegar ao poder.

O vice-presidente Michel Temer se apequena cada vez mais, uma versão pobre e apagada de “Lord Baelish”. Já algum tempo vem gesticulando teatralmente com devaneios sobre um eventual governo seu. Na ânsia de tomar o lugar da presidenta Dilma Rousseff, eleita democraticamente com 54 milhões de votos, o peemedebista já divulgou uma carta melodramática, um áudio de whatsapp com discurso de uma posse ilusória e já imagina ministeriáveis numa gestão que não existe.

Articulado com o réu no STF e presidente da Câmara, Eduardo Cunha, Temer agride a democracia em cada atrapalhado, mas premeditado, passo. Dois chefes do golpe branco que tentam impor ao país uma ruptura democrática, investindo contra o Estado Democrático de Direito com um único objetivo: usurpar a faixa presidencial. Fazem isso orquestrados com uma oposição cínica, num jogo de cartas marcadas por Cunha e sua trupe.

É justo retirar uma presidenta sem crime algum só porque se diverge de sua política econômica? Uma mandatária eleita democraticamente e que não acumulou patrimônio ou enriqueceu ilicitamente? Que manifestem sua insatisfação nas urnas em 2018!

As ruas têm reagido a este cenário de forma muito enfática, com as expressões múltiplas de cores, idades, credos que representam nossa diversidade. São manifestações e atos que têm se avolumado no país inteiro com o passar das semanas.

Segmentos sociais os mais variados, artistas, juristas, acadêmicos, professores, estudantes, intelectuais, movimento LGBT e lideranças sindicais têm dado o tom contra o rito golpista do impeachment. Mesmo que a Comissão do Impeachment tenha aprovado na Casa o relatório do deputado Jovair Arantes, que não merece qualquer outra observação senão a de tecnicamente absurdo e incompetente, a oposição não chegou a 2/3 de votos no colegiado.

A batalha no Plenário será duríssima, mas são eles que precisam de muitos apoios no domingo. Para nós, ainda é hora de buscar os parlamentares e mobilizar, esclarecer e enfatizar a importância do voto contra o impeachment golpista. Ocupar as ruas e as redes, mantendo o tom pacífico e libertário da democracia.

Essa semana será decisiva para um projeto que superou desigualdades históricas nos últimos 13 anos e vem tentando avançar mais ainda. Os que pretendem alcançar o poder de forma ilegítima ficarão marcados como traidores de nossa História. A dança dos dragões está em curso e estamos preparados para ela. Contamos com vocês nesta reta final. Fora, usurpadores! Fora, traidores! Fora os que desonram a política e o processo democrático.

Jandira Feghali – Médica, deputada federal (PCdoB/RJ) e vice-líder do Governo

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

2 Comentários

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  1. O artigo está em duplicidade, corrigi aí GGN

    Atenção: pode ser spoiler, pelo que sei meu e do Presidente Obama.

     

    Achei o “mote” bom e pedi licença para o seu criador GRRM, no seu livro Cinco, em que ele descreve a Dança dos Dragões.

    Transcrevo: Illyrio trocando confidências com Tyrion

    “… Illyrio gargalhando bateu na barriga. – Como quiser. O Rei Pedinte jurou que eu seria seu mestre da moeda, e seria um senhor nobre também. Uma vez que ele tivesse sua coroa de ouro, eu poderia escolher os meus castelos… até mesmo Rochedo Casterly, se eu desejasse.

               Tyrion espirrou vinho pelo coto que havia sido seu nariz.

    – Meu pai teria adorado ouvir isso.

    – O senhor  seu pai não teria motivo para preocupação. Por que eu iria querer uma rocha? Minha mansão é grande o suficiente para qualquer homem, e mais confortável do que seus frios castelos westerosis. Já mestre da moeda… – O homem gordo descascou outro ovo. – Gosto muito de moedas. Existe som mais doce do que o tilintar de ouro com ouro?

    O grito de uma irmã. (pensou Tyrion)

    – E você tem certeza de que Daenerys vai cumprir as promessas do irmão?

    – Pode ser que sim, pode ser que não – Illyrio mordeu metade do ovo. – Eu lhe disse, meu pequeno amigo, nem tudo o que um homem faz é por lucro. Acredite se quiser, mas mesmo velhos gordos tolos como eu têm amigos e dívidas de afeto para pagar.

    Mentiroso, pensou Tyrion. Algo nesse empreendimento vale mais para você do que moedas ou castelos.

    – É difícil encontrar quem valorize a amizade nos dias de hoje.

    – Sem dúvidas – disse o homem gordo, surdo à ironia.

    – Como o aranha tornou-se tão querido para você?

    – Éramos jovens juntos, dois garotos inexperientes em Pentos.

    – Varys veio de Myr.

    – Foi de lá que ele veio. Conheci-o um pouco depois de ele chegar, um passo à frente dos escravos. Durante o dia, dormia nos esgotos. À noite vagava pelos telhados como um gato. Eu era quase tão pobre quanto ele, um espadachim em sedas sujas, vivendo pela minha lâmina. Talvez você tenha tido a chance de ver a estatua na minha piscina? Pytho Malanon a esculpiu quando eu tinha dez-e-seis. Uma coisa linda. Até hoje choro ao vê-la.

    – A idade arruína todos nós. Ainda lamento por meu nariz. Mas Varys…

    – Em Myr, ele era o príncipe dos ladrões, até que um ladrão rival o entregou. Em Pentos, seu sotaque o marcava e, como era conhecido por ser eunuco, era desprezado e espancado. Por que ele me escolheu para protegê-lo eu nunca saberei, mas chegamos a um acordo. Varys espionava ladrões menores e pegava informações. Eu oferecia minha ajuda para as vitimas, prometendo recuperar seus objetos de valor por uma taxa. Logo, todo homem que havia sofrido uma perda vinha até mim, enquanto os salteadores e gatunos procuravam Varys… Metade para cortar sua garganta, a outra metade para vender-lhe o que haviam roubado. Nos dois enriquecemos, e ficamos ainda mais ricos quando Varys treinou seus camundongos.

    – Em Porto Real, ele mantinha seus passarinhos.

    – Camundongos, nós os chamávamos então. Os ladrões mais velhos eram tolos que só pensavam em transformar a pilhagem da noite em vinho. Varys preferia garotos órfãos e jovens meninas. Escolhia os menores, os que eram mais rápidos e silenciosos, e os ensinava a escalar paredes e a escorregar pelas chaminés. Também os ensinava a ler. Deixávamos o ouro e as pedras preciosas para os ladrões comuns. Em vez disso, nossos camundongos roubavam cartas, livros-caixa, listas… Mais tarde, eles passaram a ler os papeis e os deixavam onde estavam. Segredos valem mais do que prata ou safiras, Varys afirmava. E foi isso. Eu me tornei tão respeitável que um primo do Príncipe de Pentos me permitiu casar com sua filha donzela, enquanto sussurros sobre o talento de certo eunuco atravessaram o Mar Estreito e chegaram aos ouvidos de certo rei. Um rei muito aflito, que não confiava em seu filho, nem na sua esposa, nem na sua Mão, um amigo da juventudew que havia se tornado arrogante e orgulhoso demais. Acredito que você conheça o resto desta história, não é verdade?

    – Muito dela. – Tyrion admitiu. – Vejo que você é muito mais do que um queijeiro, afinal.

    “Illyrio inclinou a cabeça.”

    Livro cinco, paginas 70 e 71.

  2. Povo, o que é isso, povo?!

     

    Jandira, caríssima Jandira!

    Sabia que eles não sabem o que é povo, mais ainda se manifestando aqui, alí e acolá?!

    Isso passou onde? Se não foi na Globo, como de fato não foi, não aconteceu, entende?

    Pois é, eles não estão vendo povo nenhum, aliás, quando muito mostram Lula ao microfone voltando-se para uma bancada de dez ou vinte pessoas, sem as multidões, sem o povo.

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