O fim da mina de ouro do “Rei da Balsa”, por Augusto Diniz

Obras da ponte no rio Madeira finalmente começaram

O deputado federal Roberto Dorner (PSD-MT), que não disputou a reeleição, perderá a exploração da travessia do rio Madeira, na BR-364/RO.

Usar o serviço de balsa, de propriedade do parlamentar, é o único meio de chegar por terra ao Estado do Acre. Mas a construção de uma ponte, prevista de ficar pronta até o final de 2016, depois de anos de promessa de sua execução, acabará com o problema.

A falta dessa ponte já foi apontada como um dos motivos pelo não desenvolvimento da Estrada do Pacífico, que escoaria a produção brasileira pelo lado noroeste do País até os portos do Peru no Oceano Pacífico, criando uma alternativa de exportação aos mercados do oriente.

A travessia acontece na altura do distrito de Abunã, no Estado de Rondônia, próxima à fronteira do Brasil com a Bolívia e a cerca de 150 km da divisa com o Acre. Um caminhoneiro chega a pagar mais de R$ 100 para se dirigir ao outro lado do rio.

É comum caminhões aguardarem cerca de uma hora para a travessia. Passam por dia mais de 1 mil veículos no local.

A balsa é vital para que caminhões de combustível e gás cheguem ao Acre – na enchente recente do rio Madeira, em que a BR-364 foi interrompida ao tráfego naquele trecho, o Estado teve que comprar gasolina e outros produtos do vizinho Peru para evitar o desabastecimento; a estrada, inclusive, por conta das chuvas, segue em obras de recuperação.

A obra

A ponte começou a ser construída em agosto, pelo Regime Diferenciado de Contratação (RDC), sob a responsabilidade do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). Serão 30 meses de trabalhos.

A construção está a cargo do consórcio composto pelas empresas Arteleste Construções e Enescil Engenharia de Projetos, envolvendo projetos básico e executivo e execução das obras. O custo é de R$ 128 milhões. A construção deverá gerar 300 empregos diretos.

Atualmente, se processam na ponte os trabalhos de fundação e já surgem os primeiros pilares às margens do rio. As execuções acontecem a 600 m a jusante do trecho do rio onde se realiza o serviço de travessia por balsa. Há desapropriações a serem feitas em um dos lados do acesso à ponte. A estrutura terá 1,1 km.

O deputado

O nobre deputado Roberto Dorner explora o serviço da balsa há décadas no rio Madeira e em outros rios da região Amazônica. Nascido em Bom Retiro (SC), a sua biografia (conheça aqui) relata que ele trabalhava na função de balseiro em embarcações que faziam a travessia no rio Iguaçu, no Sul do País, negócio que depois veio a adquirir.

Na década de 1970, Dorner andou pelo Paraguai, onde investiu em madeira e navegação. Depois, como muito sulistas, foi se aventurar no norte do Mato Grosso, se estabelecendo em Sinop desde então. Seus primeiros investimentos na região foram novamente no segmento de navegação – hoje, são 15 filiais do serviço nos Estados do Amazonas, Rondônia e Pará. Ele ainda é pecuarista e proprietário do Grupo Roberto Dorner de Comunicação, dona da afiliada do SBT em Cuiabá (MT).

É desconhecido quanto exatamente Dorner fatura com a travessia de balsa no rio Madeira, mas o controle do serviço, concedido pelo governo federal há pelo menos duas décadas, o fez ser apelidado na região de o “Rei da Balsa”. O seu negócio também é tratado na localidade como uma mina de ouro. (Augusto Diniz – Rio Branco/AC)

Redação

5 Comentários

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  1. Conta de padaria

    Mais de 1.000 veículos por dia, um pelo outro a R$ 50,00 = R$ 50.000,0/dia, R$ 1,5 milhão/mês. Apostaria em faturamento acima de R$ 2 milhões/mês. 

  2. estrada

    Durante a cheia do rio Madeira no início de 2014 a estrada ficou mais de um metro abaixo da água.

    Só a ponte não vai resolver, se houver outra cheia igual.

    Precisa levantar a estrada também.

  3. conta de padaria

    Há 51 anos quando fui pela primeira vez ao Espirito Santo,fiquei conhcecendo o dono da “torneira” numa praça de Vila velha.O cidadão era funcionario da prefeitura e cuidava da praça alugando a torneira para lavarem o carros,tambem fornecia/vendia “‘mudas” de flores/grama. Ate bem pouco tempo em Belo Horizonte os lavadores de carros no bairro floresta alugavam uma torneira e parte da avenida para estacionar os carros. Somos assim,damos palpites para consertar a fachada dos outros mas não limpamos a porta da nosssa casa porque é coisa do gary da prefeitura.Um dia a civilizaçao aproxima e vamos participar mudando tudo e cada um se transformando.

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