A cultura na raça de Cataguazes

Atualizado

Por Marcos Carneiro

Humberto Mauro foi amigo de infância de meu avô em Cataguazes, já adulto ouvia histórias da vivência mineira nos almoços que meu avô oferecia.

Cataguazes tem uma história perolar a ser descoberta pelo Brasil com respeito a cultura. O adorno se encontra no movimento modernista da revista verde no qual meu tio avô particpou, no painel de portinari que lá ficou por um bom tempo. Numa époco que não havia mídia. Era cultura no peito e na raça!

Se o mundo conhecece Minas Gerais na intimidade o Brasil ia ganhar asas!

Comentário

Provocou, tem que ir até o fim. Façavor de trazer mais dados e histórias sobre esse momento mágico da cultura brasileira.

Por Alessandro Pereira

Fiquei emocionado com a lembrança do Marcos Carneiro. Meus pais são de Cataguazes e eu mesmo passeio por lá todo ano, desde minha infância. Há mesmo um quê de mágico naquela cidade, pois muitas coisas inusitadas surgiram por lá. Tem o Colégio Cataguases, já lembrado aqui, cujo projeto do Niemeyer (pré-Brasília) é mesmo uma beleza. Triste é saber que enquanto o colégio era pivado, o mural Tiradentes do Portinari pôde ficar lá. Bastou virar escola pública que, creio que nos idos dos anos 80, ele foi para o memorial da américa latina, em minúsculo mesmo. Neste colégio estudou o adolescente Chico Buarque, fato que ele lembrou no próprio documentário “A Vida é Um Sopro”, dedicado a Niemeyer. Mas Cataguazes tem também prédios dos irmãos Roberto e do Francisco Bologna. Tem um monumento do Portinari e do Bruno Giorgi em praça pública. Um povo pra lá de especial. Lá, Minas Gerais se revela em seus morros, suas cachoeiras, seus rios. Saudades eu tenho de Sereno, Glória, Aracati, Santa Maria, São Pedro. Assim como meu pai se lembra do Edgar do matadouro, do Picão, do Mané Pirrai, do Chico Dunga, da Jurema. Só quem é de Cataguazes ou gosta muito de lá vai entender isso…

Hoje, dois personagens me chamam atenção: Luiz Ruffato, cujas obrasliterárias são memórias de lá, e Luiz Lopez, u artista plástico que trabalha em cima do mote histórico da cidade e que a fez ter riqueza: a tecelagem. Aliás Nassif, vale a pena conhecer mais o caso econômico dessa cidade, se é que já não conhece.

A organização está em cima das fábricas de tecido de algodão. Veja-se, por exemplo, que a CIA Manufatora, que faz o algodão Apolo, é de lá. Assim como a CIA Industrial, que faz tecidos de altíssima qualidade, a maior parte dele exportada.

Por Cafu

Uns meses atrás, postei na minha página da Comunidade o curta do Humberto Mauro “Meus Oito Anos”, baseado no poema de Casimiro de Abreu. Foi produzido em 1955, para a série “Brasilianas” do MEC.
O estado de conservação está excelente e o filme é belíssimo.

Luis Nassif

15 Comentários

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  1. “Se o mundo conhecece (sic!)
    “Se o mundo conhecece (sic!) Minas Gerais na intimidade o Brasil ia ganhar asas!”
    Qualquer movimento relevante de artes em Minas será fadado ao esquecimento a longo prazo. O compadrio e a mediocridade ocupam espaço demais pra admitir concorrência.

  2. nassif:
    cataguases,antes
    nassif:
    cataguases,antes “meia pataca”,tem um prédio(colégio) projetado pelo niemeyer,painéis do portinari(hoje,em são paulo) e da djanira,bem como outros artistas brasileiros relevantes.do movimento verde,escritores como o rosário fusco,poetas como o ascânio lopes,cineastas como o humberto mauro.encostada em leopoldina,última residência do augusto dos anjos,enterrado lá. há obras de arte importantes em certas casas da cidade.
    história a ser bem estudada e escrita.
    romério

  3. Nos anos setenta, saimos de
    Nos anos setenta, saimos de Fortaleza para una excursão pelas cidades mineiras. Excursão paterocinada inteiramente pela Depois, Federal do Ceará, que à epoca tinha o reitor Martins Filho, que nem a diadura ousou adesafiar, por seu carisma insuperável. Entramos na divisa de Minas com Bahia de madrugada, o ônibus parou em um vilarejo pobre e ainda estava escuro. eninos se aproximaram para vender requeijão. m amigo meu, piauisense cuegou com um queijo eos olhos arregalados. ” É um Requeijâo. Um queijo que no Piauí é amarelo e no Ceará é branco. Aqui é igual ao do Piauí.

  4. Fiquei emocionado com a
    Fiquei emocionado com a lembrança do Marcos Carneiro. Meus pais são de Cataguazes e eu mesmo passeio por lá todo ano, desde minha infância. Há mesmo um quê de mágico naquela cidade, pois muitas coisas inusitadas surgiram por lá. Tem o Colégio Cataguases, já lembrado aqui, cujo projeto do Niemeyer (pré-Brasília) é mesmo uma beleza. Triste é saber que enquanto o colégio era pivado, o mural Tiradentes do Portinari pôde ficar lá. Bastou virar escola pública que, creio que nos idos dos anos 80, ele foi para o memorial da américa latina, em minúsculo mesmo. Neste colégio estudou o adolescente Chico Buarque, fato que ele lembrou no próprio documentário “A Vida é Um Sopro”, dedicado a Niemeyer. Mas Cataguazes tem também prédios dos irmãos Roberto e do Francisco Bologna. Tem um monumento do Portinari e do Bruno Giorgi em praça pública. Um povo pra lá de especial. Lá, Minas Gerais se revela em seus morros, suas cachoeiras, seus rios. Saudades eu tenho de Sereno, Glória, Aracati, Santa Maria, São Pedro. Assim como meu pai se lembra do Edgar do matadouro, do Picão, do Mané Pirrai, do Chico Dunga, da Jurema. Só quem é de Cataguazes ou gosta muito de lá vai entender isso…
    Hoje, dois personagens me chamam atenção: Luiz Ruffato, cujas obrasliterárias são memórias de lá, e Luiz Lopez, u artista plástico que trabalha em cima do mote histórico da cidade e que a fez ter riqueza: a tecelagem. Aliás Nassif, vale a pena conhecer mais o caso econômico dessa cidade, se é que já não conhece. A organização está em cima das fábricas de tecido de algodão. Veja-se, por exemplo, que a CIA Manufatora, que faz o algodão Apolo, é de lá. Assim como a CIA Industrial, que faz tecidos de altíssima qualidade, a maior parte dele exportada.

  5. Ah, na matéria economia, não
    Ah, na matéria economia, não se pode esquecer a enorme extração de Bauxita da CBA, que faz um trem de 100 vagões passar por dentro da cidade, todos os dias, todinho carregado ele….

  6. Infelizmente Cataguases está
    Infelizmente Cataguases está em situação lastimável fruto de várias e várias gestões de prefeitos sem compromisso algum com o povo e com a cultura. A cidade está imunda, as obras modernistas mal cuidadas e em franca degradação. O tráfico de drogas campeia entre a população jovem.
    Participei da campanha eleitoral e vi com tristeza que o poder econômico falou mais alto nas eleições municipais do ano passado. Cataguases já teve sua glória, mas está em decadência cultural e econômica. Cabe dizer que o poder econômico avassalador que ganhou as últimas eleições tem nome e sobrenome: PSDB de Danilo de Castro. Um desastre.

  7. Alô Carneiro:
    Alô Carneiro:
    Tive um grande amigo de Cataguases:Plinio Guilherme da Silva Filho.Ele foi quem me mostrou alguma coisa da cultura de Cataguases e me apresentou o trabalho de Rosário Fusco.Por incrível que pareça vendo uma foto do Rosário no Pasquim, notei que ele era a cara do meu avô.Que não conhecí, não sei de onde veio, só sei que casou com minha avó em Santa Rita de Cássia, sul de Minas.Ele era professor e falava várias línguas, inclusive dialetos italianos.Seu nome era Cornelio Alves de Souza.Se souber de algo a seu respeito, agradeceria se mandasse informações.Meu e-mail é [email protected].
    Grato desde já.
    Cornelio de Souza Mafra

  8. Que posso dizer Luis Nacif,
    Que posso dizer Luis Nacif, minas para se descobrir as preciosidades é preciso garimpar.

    Nesse sentido vale garimpar o significado da palavra Cataguases e seu apelido na boca do povo. Meia pataca. E se formos a fundo vai dar nisso, fica-se devendo ao Brasil descobrir Cataguases…De terra indigina passa ao ciclo do ouro, depois o do café seguindo-se a industrialização trazida pela estrada de ferro Leopoldina. O investimento estrageiro na antiga força e luz Cataguases-Leopoldina… Tudo cheio de histórias e “causos” para contar.
    O climax vem no modernismo e na quantidade de artitas dessa época que por lá deixaram suas obras assinadas é mesmo impressionante… tudo indo para o esquecimento quanto podia render boas histórias, bons livros e principalmente bons filmes.
    Por exemplo, pertinho de lá é Ubá, terra de Ary Barroso as fontes não se esgotam ai… é como já foi dito… um manancial ficando esquecido e sendo enterrado sem se dar o devido valor.
    Da convivência de meu avô me lembro dele contar que era comparnheiro de traquinagens… de pular da ponte no rio Pomba para mostrar masculidade (alias com varios causos de óbitos).
    E da família fica a saudade de histórias contadas e recontadas de personagens ímpares e causos espetaculares como: Bilord (tão snob que tinha o apelido de duas vezes lord e porque bebia pra caramba), Leitoinha sem rabo por cusa de seu andar, Mane Broinha, Mane Pecoço, Farrista (estes dois ultimos animais afamados um galo e um cachorro), os mendigos Chinelinho e João Gostoso, uma senhora que conseguia bater palmas com a bunda (é sério), os escandalos sexuais que todo mundo acabava por saber pois o desfecho era tão hilário que corria a cidade toda. Tinha ainda Cabedal, Chico Barbante o Caminhão da família: Trincheira (por causa da Guerra).
    Só para vc ter uma idéa a frase de Stanislau Ponte Preta: Se seio fosse buzina a cidade não dormia. Tem sua origem em Cataguases… mas as circuntancia não permitem que seja esmiuçada. Para preservar o anonimato.
    Bem o assunto é longo e o espaço é curto… mas é pena viu tudo sendo devidamente conhecido.

  9. Prezados: colo abaixo um
    Prezados: colo abaixo um pequeno conto que fiz sobre Aracati, distrito de Cataguases, há uns dois anos…. é uma mistura de fantasia e realidade.
    Grande abraço.

    Surgimento e estabelecimento do Império de Aracati

    Introdução:

    O eixo Cataguases-Leopoldina caracterizou-se, durante séculos, como forte pólo de trânsito de mercadorias têxteis, laticínios e de passageiros. Com a decadência das rotas mediterrânicas, a partir da tomada de Constantinopla pelo Império Turco-otomano e conseqüente decadência do Império Romano do oriente, a rota Cataguases – Leopoldina adquiriu, quase naturalmente, importância econômica substitutiva, dada a sua geografia privilegiada e a facilidade no tráfego entre as duas cidades. A chamada ‘Rota do Macro-Pomba’ foi assim designada como fundamental pólo mercador, sendo o auge conquistado com extensa via ligando as cidades de Cataguases e Leopoldina . Via esta dominada por mercadores desconfiados, comerciantes os mais astutos e negociantes de especiarias – desde frutos regionais, como mangas ubá e frutapões, até equipamentos eletrônicos sofisticados, subprodutos do leite e principalmente a maior marca daquela região: o famoso ‘Abacatinho’. Este último produto motivou extensas revoltas pelo domínio do comércio local, notadamente entre as macrorregiões de Sereno, Santana de Cataguases, São Diniz, Aracati e Vista Alegre..
    Na primeira revolta, comandada pelo General Chico Dunga, representante da macrorregião de Sereno, verificou-se nova distribuição político geográfica, sendo Sereno e São Diniz sumariamente rebaixadas em categorias de sub-distritos, perdendo sua importância no comércio local. O general Chico Dunga viu assim escorrer entre os dedos a possibilidade de ascensão territorial e domínio estratégico/comercial na região.
    Com a decadência de Sereno e São Diniz, graças a erro primário de estratégia militar, o que valeu as patentes do Gal. Chico Dunga, imediatamente a região de Santana, prejudicada pela proximidade com estas duas primeiras, logo viu-se em forte crise de abastecimento. A ausência de insumos para confecção dos ‘Abacatinhos’ logo gerou desconfiança no mercado. O temor por um desabastecimento elevou o preço dos produtos. A sua extrema valorização, no entanto, beneficiou parcialmente a macrorregião de Aracati.

    Aracati:

    A macrorregião de Aracati, graças a abundancia de matérias-prima para confecção de Abacatinhos, à extensa mão de obra que se deslocava à cidade, à possibilidade de navegação pelo Rio Pomba e de acessos pela via Cataguases-Leopoldina e ao espírito negociador de seus mascates, tornou-se terreno fértil à produção e escoamento. Uma vez que os meios de comunicação desenvolviam-se à medida que crescia a produção, aumentava no mundo a cobiça pelos produtos da região. Tal cobiça, que poderia reverter-se em benefício a Aracati, foi, ao mesmo tempo, atrator de revoltas e insurreições, que não tardaram a ocorrer na Rota do Macro-Pomba.
    Conforme dito anteriormente, havia entre Cataguases e Leopoldina enorme facilidade de acesso, graças à via construída para escoamento da produção entre as duas cidades. A macrorregião de Aracati ficava exatamente entre as duas cidades. Aracati, no entanto, não era cortada pela via de acesso, o que gerava constrangimentos constantes à afluência da produção de Abacatinhos: acessos limitados pelo alto tráfego, baixa prioridade dos produtos de Aracati pelos mercantes oficiais que administravam a via, altos impostos para liberação alfandegária e cobrança duplicada de tarifas – tanto para Cataguases como para Leopoldina). Com o aumento expressivo de demanda para a região de Aracati, a impossibilidade de acesso fácil pela via e o esgotamento da capacidade de carga do porto do Pomba, criou-se oceano piscoso para inimizades entre Aracati e Cataguases-Leopoldina.
    Aracati, que possuía poupança e capacidade de investimento mas, por desgraça geográfica, constrangimentos físicos à sua expansão, lançou mão de suas armas, principalmente catapultas de última geração, caminhões pesados e fortes jatos de água. Em noite de domingo, cujo tráfego era baixo, iniciou-se a conhecida “batalha das duas horas”, ocasião em que as tropas de Aracati efetuaram o trajeto de 22 km entre Cataguases e Leopoldina em duas horas, varrendo toda a via durante o trajeto, infestando-a com vigorosos buracos, tornando-a completamente inútil. Pêgas de surpresa e, para infelicidade de ambas, não tendo verificado que a invasão de Aracati tivera sucesso com certa ajuda do poder oficial – graças a subornos e promessas de poder imediato -, as cidades não conseguiram armar-se imediatamente. Não significa, no entanto, que o ataque tenha ficado sem resposta. Dois dias após a ‘Batalha das duas horas”, Cataguases e Leopoldina empreenderam a Aracati ataque que custou a integridade física da produção e escoamento de Abacatinhos, dilacerando seu comércio extra-regional e fomentando revoltas internas por desabastecimento.
    Aproveitando-se, no entanto, de sua alta capacidade de investimento, de sua posição estratégica, graças ao declínio do eixo Cataguases-Leopoldina e de certo conhecimento adquirido entre os muitos mercadores que passavam pela região, criou-se em Aracati novo
    ramo econômico, mais organizado, rentável e empregador: as colchas de retalho.

    Aracati: referência geográfica e econômica.
    Ascensão de Dona Pitita:

    Valendo-se da decadência do eixo Cataguases-Leopoldina e da exclusividade tarifária pelo transporte na região, Aracati pôde reconstruir-se rapidamente. Os proventos econômicos obtidos foram investidos na montagem da estrutura necessária para a fabricação das colchas de retalho. Houve um fator estratégico e primordial para que a macrorregião optasse pelo ramo econômico das colchas de retalho. É verdade que o conhecimento dos negociantes foi importante mas, principalmente, foi a decadência das empresas têxteis, endividadas por terem financiado a guerra, que propiciou tal postura de Aracati. Possuindo abundância de produtos mas, ao mesmo tempo, estando em quase total ausência de liquidez, tais empresas têxteis, que precisavam transitar entre Cataguases e Leopoldina, não conseguiam desembolsar os altos valores tarifários e alfandegários, impostos estrategicamente como retaliações por injúrias e, é claro, despesas com a reconstrução de Aracati.
    Dona Pitita, chefe maior e símbolo da reconstrução de Aracati pelo viés das colchas de retalho, ordenou, na famosa “Carta ao Povo de Aracati”, fossem liberadas as alfândegas às empresas têxteis, mediante o pagamento por estas de extensas somas em retalhos, além de emitir títulos a serem pagos em prazo de 50 anos, tempo suficiente para que estas adquirissem dinheiro circulante.
    Rapidamente, assim, a macrorregião – que lutava pela condição de cidade, talvez metrópole – viu seu nome associado à produção de primorosos trabalhos em retalho, sendo definitivamente esquecida a pecha que Aracati possuía de pólo de escoamento de Abacatinhos.

    Aracati: Nova Constantinopla?
    Ascensão de Dorotéia e os dias atuais:

    Imediatamente, Aracati manteve sob seu jugo todo o escoamento da Rota do Macro-Pomba. A decadência econômica de Cataguases e Leopoldina impedia a reconstrução da via de ligação entre as duas cidades. O poder oficial já fora há muito cooptado por Aracati, de forma que não se imaginaria, pelo menos durante os próximos cem anos, que tal via fosse reconstruída. Os viajantes, obrigados assim a trafegar por Aracati para irem até Leopoldina, Teresópilis e Petrópolis, logo adquiriram a necessária malícia para lidar com os comerciantes astuciosos da macrorregião, tendo a ‘Pechincha’ ganho forte desenvolvimento nesta região e período.
    Disputas interinas, provocadas por interesses de grupos e facções que economicamente visavam controlar a região, bem como por questões militares, levaram Dona Pitita a abdicar de sua posição, abrindo caminho para a asecenção de Dorotéia, “a perspicaz”.
    Dorotéia percebeu imediatamente que Aracati roubara de Constantinopla a posição estratégica de pólo de escoamento. Sabia também que as colchas de retalho de Aracati já tinham no mundo posição estratégica, sendo especiaria cobiçada e largamente imitida em confins da Ásia menor. Imediatamente, com apoio de sua marinha mercante, montou em Aracati forte esquema de recepção e atendimento do que chamavam de ‘clientela’. O bom atendimento dispensado era assim, quase que sorrateiramente, a maneira mais eficiente e precisa de manter sob seus domínios o monopólio físico e mental da produção de colchas de retalho.
    Entende-se que um produto adquire valor quando sua escassez ocorre pelo status… Tal parafernália teórica veio a comprovar que Aracati, tornando-se eixo de comércio, percebeu que ampliaria seus domínios ao virar eixo cultural.
    Evidente que, para ampliar tais domínios, Dorotéia, a perspicaz, precisou baratear o preço de produção, organizando cooperativas de produção e distribuição. Desta forma, conseguiu colocar em descrença aqueles pequenos produtores que aspiravam revoltar-se, talvez até aliando-se a uma empresa têxtil, com intuito de desequilibrar as contas Aracatienses.
    Registrou-se assim, por quase imposição do Império de Dorotéia, que os viajantes deveriam fazer o famoso ‘beija-mão’ à Dorotéia, visitando-a durante as compras, bebendo café preparado especialmente (que também vendia na região como especiaria) e ouvindo sons ambientes da ‘Banda Oficial do Zé Pereira’. Com as músicas desta Banda, Dorotéia fazia questão de presentear os viajantes, com intuito claro de expandir os domínios culturais da região.
    Assim, Aracati, superando o poderio de Constantinopla, fixou-se como pólo irradiador de produtos e cultura, inaugurando, na Rota do Macro-Pomba, domínio quase imperial, alterando definitivamente a geografia política da região, perdurando desde épocas remotas até os dias atuais, seja pelo comércio regional, seja pelo virtual, este agora feito via telefone.

  10. Nassif,

    Cataguases é a
    Nassif,

    Cataguases é a cidade natal de Patápio Silva. Como bom conhecedor de choro, sabes de quem estou falando, né?

    Mas que riqueza!

  11. Caros: vale a pena dar uma
    Caros: vale a pena dar uma olhada no fabuloso livro “Humberto Mauro, Cataguases, Cinearte”, de Paulo Emilio Sales Gomes. É um misto de análise histórica com literatura de tirar o chapéu. Estou pensando sériamente em ir a cidade de Cataguases este ano. Por isso, peço a todos que souberem de livros sobre a economia, a história, a geografia, a vida social de Cataguases, por favor me indiquem. Obrigado.

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