Luciano Hortencio
Música e literatura fazem parte do meu dia a dia.
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Barão do Rio Branco, o gigante da diplomacia brasileira

Ao ouvir as lamantáveis palavras do embaixador de Israel, chamando o Brasil de “anão diplomático”, veio-me à mente o gigante da diplomacia brasileira, José Maria da Silva Paranhos Júnior, o Barão do Rio Branco, que consolidou as fronteiras brasileiras anexando 900 mil quilômetros quadrados a nosso país sem que fosse disparado um tiro sequer.

O Jornal Gazeta de Notícias  trouxe a seguinte manchete no dia da morte do Barão do Rio Branco:

MORREU O BARÃO DO RIO BRANCO, QUE AMPLIOU AS FRONTEIRAS DO BRASIL SEM COMETER NENHUMA INJUSTIÇA E DENTRO DO DIREITO.

Não discorrerei sobre  o grande diplomata, porém anexarei o vídeo documentário da Tv Brasil – Barão do Rio Branco – De Lá pra Cá (26.02.2012) e ainda o dobrado BARÃO DO RIO BRANCO, de Antonio Francisco Braga; ODE A RIO BRANCO, lundu de Eduardo das Neves e, finalmente, A MORTE DO BARÃO DO RIO BRANCO, de autor desconhecido e interpretado por Serrano.

Luciano Hortencio

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26 Comentários

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  1. Machado de Assis

    http://lounge.obviousmag.org/entre_meios/2014/02/06/machado-de-assis.jpg

    “Palavra puxa palavra, uma idéia traz outra, e assim se faz um livro, um governo, ou uma revolução, alguns dizem mesmo que assim é que a natureza compôs as suas espécies.”

    1. Machado ofendido pelo Barão na véspera da morte

      Infelizmente, se foi gigante na carreira diplomática, o Barão do Rio Branco foi verdadeiramente um anão moral justamente com o nosso maior escritor, o nosso gigante da literatura, Machado de Assis. Machado tinha grande amizade pelo Visconde de Rio Branco, o pai do Barão, e nutria especial afeto e admiração pelo filho.

      Uma toalha limpa para o Barão!

      As duas cartas de Machado ao Barão (leia aqui) mostram bem o afeto e a admiração do escritor pelo diplomata. Ocorre que o que ficou na história da relação entre os dois foi o enorme constrangimento causado ao escritor na última visita que lhe fez Rio Branco, véspera da morte de Machado.

      Machado ficou tão feliz ao ver chegar o filho de seu grande amigo de outrora, o Visconde do Rio Branco, que se esforçara para se sentar na cama e esperar um abraço como o que recebera do jovem desconhecido Astrojildo Pereira.

      Assim Francisca de Basto Cordeiro narra a visita:

       Um dia antes de falecer, Machado de Assis recebeu a visita do Barão do Rio Branco. O estado de saúde do escritor era crítico, mesmo assim, ao ouvir ser anunciada a presença de pessoa tão ilustre, ele se esforçou tremendamente para se sentar na cama a fim de melhor receber o companheiro de academia. Segundo Francisca de Basto Cordeiro, que também se encontrava presente, a cena gravou-se para sempre em sua memória. Com a face iluminada por um resto de vida, Joaquim Maria estendeu seus braços para receber um abraço fraternal, mas o barão esquivou-se, limitando-se apenas a lhe apertar levemente a mão. Em seguida, muito constrangido, Rio Branco disse algumas palavras breves:

      “- Então o que é isto, Machado? Está melhor, não é? Amanhã voltarei a vê-lo…”

      José Maria da Silva Paranhos, o Barão do Rio Branco, nem esperou pela resposta e retirou-se o mais rápido que pôde, fingindo não ver a cadeira que trouxeram para ele se sentar ao lado do moribundo. Machado de Assis caíra na cama, mortalmente ferido, humilhado, tendo sua sensibilidade sido ofendida de maneira irreparável. O escritor virou-se para a parede e mais nada falou, pois sua alma morrera naquele instante. Para completar a humilhação, todos que se encontravam no quarto ainda puderam ouvir o barão lavando as mãos num tanque que havia ali ao lado, como se temesse pegar alguma doença contagiosa. Do corredor, alguém gritou solícito, procurando ser gentil:

      “- Uma toalha limpa para o Barão!”

      E o escritor morreria na madrugada seguinte, desiludido com a vida e com os homens.

       

      Fontes:

      1) Daniel Piza em  “Machado de Assis, um gênio brasileiro”

       2) Site Memorial do Bruxo

      1. Não da para dizer que Machado morreu de desgosto por causa disso

        Pois é, Juca Paranhos podia ser um hipocondriaco, além de um dândi, bon vivant, pessoa pouco convencional em seu tempo. Mas o Barão do Rio Branco foi um dos nossos grande diplomatas. 

        ” Em 1895, em Nova York, Rio branco convencera o presidente norte-americano, Grover Cleverland a admitir como brasileira uma fatia de terras contestadas pela Argentina – cerca de 30 mil quilômetros quadrados na fronteira entre os dois paises sul-americanos, à altura dos atuais estados de Santa Catarina e Parana. Escolhido por brasileiros e argentinos como arbitro da questão, Cleverland dobrou-se aos argumentos de Rio Branco, que desencavou dos arquivos do Itamaraty mapas antiquissimos para demonstrar sua tese. Cinco anos depois, em 1900, conquistara para o Brasil o territorio do Amapa apos persuadir a arbitragem Suiça, em Berna, a reconhecer o direito brasileiro na região, pleiteada pela França como parte integrante da Guiana. Contudo, no cado do Acres, a demanda era mais intrincada”. 

        Lira Neto, Getulio. 

        1. Realmente não é possível

          Realmente não é possível afirmar, nem isso foi feito, que Machado morreu de desgosto pelo constrangimento a ele imposto pelo Barão. Machado, como é fartamente documentado, estava doente, já em seus últimos momentos, com retinite, inflamação crônica na retina, tinha asma e sofria de epilepsia. Depois da morte da esposa amada, as crises de epilepsia ressurgiram sem dó numa época em que esse mal era sinal de insanidade. As crises  – em que a língua do doente fica rígida, se recolhe em espasmo e corre o risco de fechar a glote, – lhe deixavam aftas na boca. Uma úlcera cancerosa na boca viria então fazer companhia à epilepsia.

          O último ano de vida do escritor foi de martírio que se acentuou a partir de junho, quando pediu licença médica do Ministério da Viação (equivalente hoje ao Ministério dos Transportes), onde foi diretor geral de Contabilidade. Portanto, Machado trabalhou, mesmo doente, até três meses antes da morte.

          Resumi estes dados para concluir que o escritor, que a vida inteira foi muito ativo e participante da vida social da capital do país, sofreu muito em seu recolhimento forçado antes de morrer, sofrimento agravado pela falta que sentia da esposa, morta 4 anos antes, em 1904. Portanto, às vésperas da morte, qualquer visita que lhe faziam servia como alento e alívio para todo o sofrimento físico. Daí pode-se imaginar o tamanho do constrangimento e decepção sofrido da parte justamente de um dos homens a quem ele mais admirava e de cujo pai fora amigo por longos anos. As decepções causadas por quem admiramos são as mais doloridas. Não se trata desta maneira quem está às portas da morte.

          1. Amigo Cruvinel

            Minha idéia, ao publicar o Post, foi enaltecer a diplomacia brasileira, minimizada e grosseiramente referenciada pelo representante diplomático de Israel. Fi-lo na pessoa do Barão do Rio Branco pelas vitórias por ele conseguidas e até hoje reconhecidas.

            Não tenho elementos e nem procuração para defender o ser humano em referência, porém, convenhamos que em 1908 os preconceitos em relação a várias doenças, sobretudo o câncer, deviam ser terríveis. Imagine você que, até bem pouco tempo, as pessoas recusavam-se até a pronuciar a palavra câncer, usando substitutivos ao se referir à doença.

            O Barão deve ter se sentido infeliz por não ter correspondido ao abraço de Machado, tanto assim que o texto afirma que ele ficou visivelmente constrangido e logo retirou-se. Muitas vezes passamos por situações com as quais não sabemos lidar. Não acredito que uma pessoa da inteligência e sensibilidade diplomática do nível dele tomasse uma atitude dessas com o intuito de ferir e molestar, sobretudo pelas relações de amizade de ambos e de Machado de Assis com o Visconde do Rio Branco.

            Note-se ainda que a visita a um enfermo é espontânea e denota amor ao próximo e espírito de solidariedade. Se não tivesse ido de bom grado e com esses sentimentos, por que teria ido?

            Abraço do amigo

            luciano

          2. A diplomacia brasileira

            A diplomacia brasileira merece todas as homenagens e o lugar de destaque que conquistou desde que o Barão inciou seus trabalhos à frente do Itamaraty,  justamente chamado de Casa de Rio  Branco. Apreciei muito o post e os vídeos que me permitiram conhecer mais sobre a carreira do homem público.

      2. Malvado

        Você foi Cruvinel e mandou bem.

        E, cruelmente, denunciou a má ação do Barão.

        Você alimentou o contraditório e isso é informação, meu chapa.

        Ao lado do Barão do Rio Branco o então o senador boliviano Fernando E. Guachalla, Enviado Extraordinario e Ministro Plenipotenciario em missão especial no Brasil, e Claudio Pinilla, Enviado Extraordinario e Ministro Plenipotenciario
        no Brasil, nomeado Ministro das Relações Exteriores da Bolivia. A foto oficial das Comitivas do Brasil e Bolívia que participaram das negociações de 17 de novembro de 1903, foi feita em Petrópolis (no jardim da casa do Barão), logo após a assinatura do Tratado de Petrópolis, e hoje pertencente ao arquivo do Museu Historico Nacional no Rio de Janeiro.

  2. taí a prova histórica da

    taí a prova histórica da diferernça da diplomacia brasileira – sempre pela paz – e a de israel-estados unidos, baseada pelo jeito no destino manifesto de meados do século dezenove que  iniciou esse papo furado de invadir países para exportar “liberdade e democracia” – para quem cara-pálida?

    como disse mauro santayana, a moral de lagarto que insinuou ser desproporcionl o brasil perder de sete  a um acabouu sendo derrotada pelo suposto anão diplomático brasileiro.

    sabiamente, santayana sugeriu aos palestinos comprassem aqueles panos listrados que vestiam os judeus no holocausto – que marca a a nossa memória sobre a  maior infâmia hitlerista contra a humanidade – para que o mundo sentisse no coração a repetição do absurdo da segunda guerra mundial…

     

     

      1. à flor da pele

        [video:http://youtu.be/ug7A9saqse0%5D

        Em 1830, a noite lisboeta era animada pelos ritmos da modinha e do lundu, antecessores do fado. Movido pela curiosidade, Manuel aproveitou a oportunidade para ‘se perder’ nos braços de uma bailarina brasileira que o lundu trouxe prá terrinha.

        zamacueca

  3. “Aquí não, neném!”

    Aquí só tem anão diplomático

    [video:http://youtu.be/Yzk20XMKjv4%5D

    Os Gigantes do Norte combatem o preconceito em relação à altura do indivíduo em todo o país.

    O ‘Wagner Love’ do Gigantes do Norte irrompe com categoria, atitude e força ao encarar três atrapalhados marcadores. 

    Casemiro Ribeiro, o craque do Gigantes do Norte, pode ter pequena estatura, mas está causando um grande frenesi no Brasil.

    A equipe de anões está percorrendo um longo caminho para combater o preconceito baseado no tamanho das pessoas no Brasil.

    Musíte vidět! V Brazílii válí fotbalový tým liliputů

    Gostei muito dessa galerinha bacana – que chama a ‘redonda’ de ‘você’ que só recebe ‘tapas’ com uma técnica super bem elaborada – e deixo os meus cumprimentos, externando o profundo respeito a todos os Ronaltinhos que integram o timaço de Gigantes do Norte!

    [video:http://youtu.be/OEzLdR7cr0I%5D

    Anão diplomático com a bola cheia de razão!

  4. Sobre o Barão do Rio Branco

    Luciano, lembrei-me da apresentação que Lira Neto faz de Juca Paranhos, o Barão do Rio Branco, no livro Getulio. Achei a mais engraçada, segue abaixo:

    “Grandalhão, com sua careca rosada e espessos bigodes brancos amarelados pelo cigarro, ele era considerado um bon vivant de habitos refinados, um eximio pé de valsa. Ex-consul brasileiro em Liverpool, morador de Paris por mais de 25 anos, tão logo assumiu o ministério mandou remodelar inteiramente o Palacio do Itamaraty. Derrubou paredes, trocou toda a mobilia, redecorou os salões. O presidente Rodrigo Alves relevava tais idiossincrasias da parte de quem estava habituado ao fausto e ao dolce far niente. Afinal, o emplumado Juca Paranhos – como o barão era mais conhecidos nos salões e teatros do Rio –  era também uma sumidade na arte da diplomacia”. 

    Pois é, essa apresentação pode dar a entender que o Barão do Rio Branco não foi tudo aquilo que aprendemos na escola. Foi sim, e foi nosso maior diplomata, entre tantos da boa tradição do Itamarity que o Brasil sempre teve (Osvaldo Aranha, Graça Aranha, Joaquim Nabuco, João Neves da Fontoura e tantos outros). Desconhecer isso, por parte da diplomacia de algum outro Pais, so demonstra arrogância e ignorância sobre a historia do Brasil e das Américas. 

     

  5. É por estas e outras que a TV

    É por estas e outras que a TV estatal é uma droga. Parece trabalho de graduação de estudantes de comunicação.Os dois jornalistas foram muito preguiçosos.

    1. Ao armandolo!

      Sou daqueles que comungam com o pensamento:

      Quanto mais se chega perto da perfeição, menos se a exige nos outros!

      Obrigado por comentar.

      luciano

      1. Luciano não sei se vc ficou

        Luciano não sei se vc ficou chateado (e se ficou, peço desculpas), mas face ao assunto fascinante por si só, fiquei frustrado com a preguiça do programa. Os caras tinham um baita personagem mas preferiram entrevistar 4 ou cinco pessoas para falar de superficialidades. 

         

  6. És Tu Barão?

    José Maria da Silva Paranhos Júnior, o famoso Barão do Rio Branco, foi ministro das Relações Exteriores do Brasil no período que vai de1902 a 1912. Sua atuação como diplomata rendeu ao Brasil a anexação, por exemplo, do território do Acre, anteriormente pertencente á Bolívia. Durante todo o período que esteve à frente do Ministério das Relações Exteriores, o “Barão do Rio Branco” foi figura de grande destaque na imprensa tupiniquim, como se pode observar nas charges a seguir, publicadas em 1908 na revista “Careta”.

    A CALVA À MOSTRA

    ASSIS BRASIL – E agora?… O que havemos de fazer desta cabeleira?…
    BARÃO – Guarda… na prateleira das Missões.

    O BARÃO EM ATIVIDADE

    – Que é isso, Barão: vai viajar?
    – Não, conselheiro. Vou preparar as malas do Hermes.

    A RENÚNCIA ZABELOS

    BARÃO – Enfim… só!

    – Assim não vale Barão!… Promova-me à embaixada… por piedade!…
    – Ora deixe-se de tolices. Eu sou ministro… dos estrangeiros.

     

    O BARÃO APREENSIVO

    – Estes senhores diplomatas do Largo da Mãe do Bispo…
    São capazes de fazer alguma asneira… e estragam-me o capítulo.

    Fonte:
    Revista “Careta”, edições de 1908, disponível digitalmente no site da Biblioteca Nacional Digital do Brasil

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