Por Assis Ribeiro
Fiz um resumo de alguns capítulos do trabalho “Sociedade e Economia: estratégias de crescimento e desenvolvimento”, de vários estudiosos de correntes diversas, realizado pela Secretaria de Assuntos Estratégicos, estudos do IPEA – 2009, quando era Ministro de Estado Extraordinário de Assuntos Estratégicos o filósofo Roberto Mangabeira Unger e Presidente do Ipea o economista Marcio Pochmann .
Os resumos estou colocando hoje aqui no “Clipping do Dia” para que o blog encaminhe para o lugar mais indicado. O belo trabalho pode ser lido na íntegra no link:
Sociedade e Economia: estratégias de crescimento e … – Ipea
SUMÁRIO
PREFÁCIO
Marcio Pochmann 7
CAPÍTULO 1
O BRASIL PRECISA DE UMA ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO? 9
Armando Castelar
CAPÍTULO 2
A CONSTRUÇÃO DE UMA ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO 19
João Sicsú
CAPÍTULO 3
ESTRATÉGIA DE “ECONOMIA CRIATIVA” – SOB O SIGNO DA INCERTEZA 29
João Paulo dos Reis Velloso
CAPÍTULO 4
ESTRATÉGIAS DE DESENVOLVIMENTO 33
Antonio Delfim Netto Akihiro Ikeda
CAPÍTULO 5
PARA UMA ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO BRASILEIRO 45
Josué Gomes da Silva
CAPÍTULO 6
UMA ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO NA TRADIÇÃO KEYNESIANA-ESTRUTURALISTA 51
Julio LopezFernando Cardim
CAPÍTULO 7
CAMINHOS PARA O DESENVOLVIMENTO – UMA VISÃO ESTRATÉGICA 59
Amir Khair
CAPÍTULO 8
DUAS VISÕES A RESPEITO DAS ESTRATÉGIAS DE DESENVOLVIMENTO 71
Samuel Pessoa
CAPÍTULO 9
DESENVOLVIMENTO É O AUMENTO PERSISTENTE DA PRODUTIVIDADE DO TRABALHO 83
Roberto Fendt
CAPÍTULO 10
GLOBALIZAÇÃO, ESTADO E TRAJETÓRIAS NACIONAIS:DILEMAS DO DESENVOLVIMENTO E O FUTURO DO BRASIL 91
Eli Diniz
CAPÍTULO 11
OS CAMINHOS DO DESENVOLVIMENTO: ANTIGAS QUESTÕES E NOVAS PERSPECTIVAS 99
Cláudio R. Frischtak
CAPÍTULO 12
UMA AÇÃO VITAL PARA O DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO 111
Luiz Guilherme Schymura
CAPÍTULO 13
POLÍTICA MACROECONÔMICA E ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO: UMA VISÃO CRÍTICA 121
Franklin Serrano
CAPÍTULO 14
ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO E INTERVENÇÃO FISCAL DO ESTADO 131
Denise Lobato GentilRenaut Michel
CAPÍTULO 15
CONCENTRAR NO FUNDAMENTAL 143
Claudio L. S. Haddad
CAPÍTULO 16
NOTAS PARA A RETOMADA DO DEBATE SOBRE O DESENVOLVIMENTO BRASILEIRO 153
Cândido GrzybowskiCarlos TautzCiro TorresJoão Roberto Lopes PintoLuciana BadinManoela Roland
CAPÍTULO 17
A SAÍDA É CONSOLIDAR O SISTEMA CAPITALISTA 169
Mailson da Nóbrega
CAPÍTULO 18
UMA PEQUENA AGENDA “NEOLIBERAL” PARA A POLÍTICA COMERCIAL 183
Mauricio Mesquita Moreira
CAPÍTULO 19
UMA ESTRATÉGIA PARA EXPANDIR OS INVESTIMENTOS EM INFRA-ESTRUTURA NO BRASIL 191
Paulo Corrêa
CAPÍTULO 20
QUALIDADE DA EDUCAÇÃO 201
Naercio Aquino Menezes Filho
CAPÍTULO 21
EM BUSCA DO SETOR AUSENTE 211
David Kupfer
CAPÍTULO 22
COMUNICAÇÕES E DESENVOLVIMENTO: UMA OUTRA AGENDA É (IM)POSSÍVEL? 223
Marcos Dantas
CAPÍTULO 23
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO: ESCOLHA POLÍTICA E NÃO TÉCNICA 239
Raphael de Almeida Magalhães
PREFÁCIO
Depois de pouco mais de 17 anos de inflação controlada e quase 25 anos de semi-estagnação da renda por brasileiro, o gigante, finalmente, parece acordar convalescente de uma longa temporada febril. Atualmente, assiste-se a reconquista do maior dinamismo da economia associado à redução da pobreza e da desigualdade da renda do trabalho. Ainda que imediatamente não implique mudar a face assustadora das mazelas sociais brasileira, indica, contudo, como os passos de hoje permitem incluir novo contingente social na esfera do consumo, bem como na esperança de dias melhores.
Talvez tão importante quanto isso seja a retomada do debate sobre o futuro do Brasil. O longo prazo representa antecipar para o presente a nação que se desejaconstruir. Só agora, passado o tempo do regime fechado, controlada a inflação e superado o anacronismo do pensamento único, o país parece se permitir ir além e começar a sair das amarras, buscando preparar a nação para a existência de uma sociedade mais justa e um lugar digno entre os povos.
O livro que agora se apresenta nasce com esse espírito crítico, inovador e democrático, mérito inegável de seus organizadores e de todos os autores participantes. Ao longo dos seus capítulos, o leitor encontrará o conjunto de idéias principais que guiam o debate recente sobre o desenvolvimento econômico e social do país, suas oportunidades e desafios. É também uma publicação plural posto que, lado a lado, autores das mais diferentes escolas econômicas expõem seu pensamento, sem qualquer ruído ou pejo, em favor de um debate franco, aberto e visando um país melhor.
Contudo, apesar da diversidade das opiniões e teses, uma constante salta aos olhos dos leitores: em todos os textos, a problemática do Estado é muito presente e, até diria, capaz de fazer intuir sobre a linha de interpretação dos autores. Vejamos, por exemplo, que, por grossas linhas, podemos dividir o conjunto dos capítulos em dois grandes blocos: um reticente em relação ao papel a ser exercido pelo Estado no processo de desenvolvimento econômico de uma nação; e, de outro, autores que julgam impossível alcançar algo complexo como o desenvolvimento sem a forte e planejada presença do Estado na economia.
Nesse caso, o primeiro grupo, mais identificado com o pensamento econômico ortodoxo, defende um conjunto de reformas que dêem consistência e valorizem princípios privados de acumulação, empreendedorismo e sucesso de cada agente. Para eles, a ação racional e individualista dos homens, dadas as necessárias garantias e estabilidade de uma ordem verdadeiramente capitalista, ofereceria, inequivocamente, o ambiente ótimo para o progresso e o desenvolvimento. Assim, com um Estado garantindo a ordem, as instituições e a democracia, com preços relativos se posicionando corretamente e a competição livre, seriam emitidos os sinais adequados para que os investidores se sentissem atraídos, ajustando, de acordo com aquilo que a sociedade mais valoriza, a alocação de recursos e a produção.
A partir do outro ponto de vista, em meio aos autores mais próximos da tradição heterodoxa do pensamento econômico, o papel do Estado é visto como historicamente indissociável do processo de desenvolvimento e, por isso mesmo, tido como estratégico. Para estes, dada a especificidade histórica da sociedade brasileira e latino-americana, a atuação das forças primárias do mercado leva, inexoravelmente, à manutenção da ordem elitista e concentradora dos frutos do crescimento e do progresso econômico. De maneira um pouco mais forte e tomando emprestada uma observação de Celso Furtado, para eles o desenvolvimento dentro de uma sociedade periférica e dependente não é possível. Assim, segundo esses pensadores, o Estado seria o único agente social capaz de proporcionar, dentro do capitalismo, um ambiente de mudança social em favor de uma ordem mais produtiva, igual, democrática e progressista. Em outros termos: sem Estado, não há desenvolvimento nem soberania.
Todo esse debate, presente em cada capítulo do livro, só se tornou possível, no entanto, porque o Brasil parece estar ingressando em uma nova fase de sua história econômica e social. Hoje, positivamente, são alcançados simultaneamente os objetivos como crescimento econômico, melhoria na distribuição de renda do trabalho e fortalecimento institucional, em meio a um ambiente crescentemente democrático. As classes populares aprendem aos poucos a reivindicar maior participação no bolo da riqueza nacional e nem por isso se vê qualquer ameaça à legalidade. Por fim, as ações diplomáticas do país no exterior ganham relevo e diversificam em quantidade, tamanho e qualidade o número de parceiros comerciais brasileiros. Tudo isso desenha um cenário externo ainda pouco claro para o futuro, mas diferente do que já vivemos em tempos passados.
É nesse ambiente que este livro torna-se ainda mais imprescindível a todos aqueles que buscam pensar um novo país e pretendem participar dessa construção. A maior parte do trabalho ainda está por fazer e as resistências serão muitas. Todavia, nada mais gratificante e honrado do que ajudar a construir uma nação e imaginar que o futuro sorrirá através das melhores esperanças em nossas crianças.
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), órgão do Governo Federal voltado para o desenho, acompanhamento e avaliação de políticas públicas,tem exatamente essa preocupação: um compromisso com o longo prazo, com o país e com o futuro das atuais e novas gerações.
Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.
Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.