Copom reduz juros para 11,75% ao ano

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
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Corte de 0,50 ponto ficou dentro do esperado pelo mercado, apesar das críticas da indústria; colegiado sinalizou manutenção de ajustes

Foto: Raphael Ribeiro/BCB

O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central manteve o ritmo de ajustes para a taxa básica de juros e cortou a Selic em 0,50 ponto percentual, para 11,75% ao ano, em decisão unânime e que ficou dentro do esperado por analistas do mercado financeiro.

“Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego”, disse o colegiado em comunicado divulgado após a reunião, entendendo que a decisão “é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano de 2024 e o de 2025”.

A conjuntura atual, caracterizada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento, expectativas de inflação com reancoragem apenas parcial e um cenário global desafiador, demanda serenidade e moderação na condução da política monetária.

O Comitê reforça a necessidade de perseverar com uma política monetária contracionista até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas.

Em se confirmando o cenário esperado, os membros do colegiado anteveem de forma unanime uma redução de mesma magnitude nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário.

“O Comitê enfatiza que a magnitude total do ciclo de flexibilização ao longo do tempo dependerá da evolução da dinâmica inflacionária, em especial dos componentes mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica, das expectativas de inflação, em particular daquelas de maior prazo, de suas projeções de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos”, sinalizou o colegiado.

Repercussão

A decisão do Copom ficou dentro do que o mercado financeiro projetava, embora representantes do setor produtivo tenham criticado o “conservadorismo” do colegiado.

Para Vinicius Moura, economista e sócio da Matriz Capital, o tom do comunicado foi bem positivo com uma expectativa de mais reduções futuras, no plural e não no singular, o que anima o mercado.

“(Os economistas) Afirmam que a ancoragem das metas fiscais para as expectativas são necessárias para que a gente mantenha esse ritmo. E, no meu ponto de vista, veio uma ata bem prudente para o momento atual”, disse Moura.

“Na minha opinião, deu bastante destaque também ao mercado internacional e à necessidade de desinflação também no exterior para que a gente tenha esse movimento desinflacionário aqui no Brasil. E, no meu ponto de vista, veio um comunicado bem brando, bem tranquilo. Não veio nenhum ponto para chamar atenção que traria preocupações quanto às expectativas da taxa de juros para as próximas reuniões”, afirmou.

“A grande expectativa do mercado era se o COPOM sinalizaria uma aceleração do corte para as próximas reuniões, o que não foi feito pelo comitê, que manteve a sinalização de corte de -0,5% para as próximas reuniões”, diz André Meirelles, diretor de alocação e distribuição da InvestSmart XP.

“De modo geral, o comunicado não trouxe grandes mudanças em relação ao anterior e também reforçou a importância do cumprimento da meta fiscal para a ancoragem nas expectativas de inflação e, consequentemente para a política monetária”, ressaltou.

Por outro lado, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) considerou a decisão do Copom em manter o ritmo de ajustes em 0,50 ponto percentual “excesso de conservadorismo”.

“O cenário de controle da inflação justifica plenamente a redução da Selic em ritmo mais acelerado, e é isso que a CNI espera que seja feito nas próximas reuniões do Copom. É preciso – e possível – mais agressividade para que ocorra uma redução mais significativa do custo financeiro suportado por empresas e consumidores”, afirma o presidente da CNI, Ricardo Alban.

Mesmo com as reduções na Selic em agosto, setembro e novembro, a taxa de juros real – que desconsidera os efeitos da inflação – está em 8% ao ano, 3,5 pontos percentuais acima da taxa de juros neutra, que não estimula nem desestimula a atividade econômica.

“Isso deixa claro o quão contracionista tem sido a política monetária brasileira e que o patamar da Selic ainda é excessivo para o quadro de inflação corrente, assim como para a perspectiva de inflação futura, prejudicando o mercado de crédito e a atividade econômica”, completa Alban.

Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

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