FGV: desigualdade no Brasil atinge menor nível histórico

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O Brasil atingiu em 2010 o menor nível de desigualdade desde os anos 1960, quando dos primeiros dados sobre o tema, segundo a pesquisa Desigualdade de Renda da Década, divulgada na manhã desta terça-feira pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). O estudo compara dados de pesquisas realizadas anualmente (PNAD) e mensalmente (PME) pelo IBGE, além de dados históricos. 

De acordo com o professor da FGV, Marcelo Neri, a queda na desigualdade na década, que vai de 2000 até o final de 2010, foi extraordinariamente acentuada. 

“Não é uma década espetacular em termos de crescimento da renda, mas se a gente olha para o elemento distributivo, há realmente uma grande surpresa”, afirmou. 

Os dados analisados pela FGV englobam resultados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), realizada anualmente, e da Pesquisa Mensal de Emprego (PME), mensal, ambas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 

Os estudos mostram que na década de 1990, o Brasil atingiu o maior nível de desigualdade, chegando a 0,609 pontos no índice Gini – que varia de zero a 1. Segundo a FGV, quanto mais próxima de 1, maior a desigualdade. O índice, no entanto, começou a cair mais acentuadamente na década de 2000, passando de 0,595 para 0,530 pontos, abaixo dos 0,536 registrados na década de 60. 

Neri ressalta que a queda na desigualdade se deu principalmente pelo crescimento da renda dos mais pobres e não de um decréscimo na renda dos mais ricos. O estudo revela que a taxa acumulada de crescimento entre os 10% mais ricos do País foi de 10,03% na última década, positiva, mas não vertiginosa como a dos pobres. 

No mesmo período, os 50% mais pobres tiveram um crescimento de 67,93% em sua renda. “É como se os mais ricos tivessem um crescimento normal, enquanto os a renda dos mais pobres cresceu na proporção da economia da China”, analisa. 

Segundo o pesquisador, a educação foi o fator que mais contribuiu para o aumento da renda entre os pobres (55%). Os programas sociais, como Bolsa Família, também contribuíram (15%). A pesquisa revela também que os setores considerados mais excluídos da população foram o que mais apresentaram aumento na renda. 

“A população que se considera de cor negra teve maior crescimento na renda do que os brancos, as mulheres apresentaram maior crescimento que os homens e até mesmo os analfabetos apresentaram um crescimento acelerado”, explica Marcelo. 

A pesquisa mostra que os negros tiveram aumentos de 43%, enquanto o aumento dos brancos foi de 21%. O ganho das mulheres foi de 38%, enquanto os homens ganham 16% mais. Já os analfabetos obtiveram ganhos de 43%, ante 17% de aumento na renda dos universitários. Marcelo ressalta que apesar do crescimento mais acentuado, as estatísticas não se reverteram. Os que estudam mais continuam ganhando mais, assim como homens tem maior renda do que as mulheres e os brancos continuam apresentando ganhos maiores do que os negros. 

Regiões 

A tendência de aumento de renda para os excluídos se repete quando comparadas as regiões do País. A renda média no Maranhão, que era o Estado mais pobre da nação, aumentou em 46% de 2001 a 2009. Já o crescimento da renda em São Paulo, o Estado mais rico, foi de 7,2%. Da mesma forma, a região Nordeste inteira apresentou um crescimento de 42%, em comparação a 16% na região Sudeste. 

Os moradores de favelas também passaram a ganhar mais, 42% de aumento na renda na última década, de acordo com a pesquisa. Os habitantes das zonas rurais a receber 49% a mais, enquanto os moradores das metrópoles tiveram 16% de aumento.

Redação

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