O sucesso da capitalização da B2W e o otimismo com a economia, por LC Mendonça de Barros

Da Folha

Resposta a uma pergunta do ‘Valor’
 
O sucesso da capitalização da B2W dá a resposta: está certo quem vê o futuro do Brasil com grande otimismo
 
Recentemente o jornal “Valor”, em uma de suas seções dedicadas ao mercado de ações no Brasil, colocou aos leitores uma pergunta muito interessante e à qual procuro responder na minha coluna de hoje.
 
Noticiando a decisão tomada pelo grupo controlador da empresa de comércio eletrônico B2W –registrada na Bovespa como BTOW3– de promover capitalização de R$ 2,38 bilhões com a emissão de ações, o jornal deixou uma pergunta no ar para ser respondida por seus leitores.
 
Segundo o “Valor”, o anúncio da operação de emissão de novas ações da companhia surpreendeu o mercado por duas razões: o volume e o preço de subscrição das novas ações.
 
Depois da derrocada das ações brasileiras neste tumultuado início de ano, o valor de mercado da B2W havia chegado a R$ 2,45 bilhões. Isto é, multiplicando o valor de cada ação da empresa negociada no pregão da Bolsa pelo número de ações em circulação, chega-se a um valor igual ao da nova emissão proposta pelos controladores. Em outras palavras, o capital da empresa seria multiplicado por dois, evento pouco comum no mercado brasileiro.
 
Mas a grande surpresa mesmo foi o valor de subscrição das novas ações. Fixado em R$ 25,00, representa ágio de 61% sobre o preço das ações negociadas na Bovespa pouco antes do anúncio da operação.

 
Nesse ponto, o leitor da Folha mais acostumado às coisas do mercado de ações deve se perguntar: qual grupo controlador estaria disposto a pagar tão mais por ações da companhia que controla? Os mais afobados podem até colocar a questão em outros termos: qual seria o grupo de acionistas que estaria rasgando dinheiro ao pagar tanto para pôr mais capital na empresa?
 
Pois esse grupo de acionistas é formado por três dos mais exitosos empreendedores brasileiros e que controlam empresas como Inbev –antiga Brahma na sua origem–, Lojas Americanas, Burger King e, mais recentemente, em parceria com o mito do mercado de ações mundial Warren Buffett, a Heinz. E esse pessoal não é dado a rasgar dinheiro!
 
Mas a surpresa do mercado com essa operação não ficou apenas na qualificação dos acionistas controladores e inspiradores do aumento de capital da B2W. Entra agora no capital de empresa, como parceiro, um dos fundos de investimentos mais respeitados pelo mercado financeiro internacional: o Tiger Global.
 
Como resultado do anúncio da capitalização da empresa, as ações deram um pulo no pregão da Bovespa e está sendo negociadas, quando escrevo esta coluna, por R$ 23.
 
Meu objetivo ao trazer esses fatos ao conhecimento do leitor da Folha não é explicar a lógica por trás dessa operação, mas usá-la como âncora para discutir uma questão mais geral e que tem sido objeto de minhas reflexões nos últimos tempos: afinal, quem está certo no momento atual da economia brasileira? Os que preveem uma crise gravíssima nos próximos anos e estão liquidando a preço de banana os ativos brasileiros nos últimos meses ou os que olham para o futuro com otimismo como os controladores da B2W?
 
Em outras palavras, os que se assustam com eventos negativos como o resultado fiscal dos últimos anos e outros erros cometidos pelo governo Dilma e dele fazem a principal componente de suas previsões?
 
Ou os que olham para uma sociedade que nos próximos anos terá –segundo análise recente do Itaú– 75% de sua população incorporada ao mercado de consumo e na economia formal? Os primeiros são os que operam o curto prazo e pressionam os preços das ações e de outros ativos criando um clima de fim de festa. O outro grupo é formado principalmente por empresas internacionais de grande e médio porte e que colocaram o Brasil, nos últimos anos, em terceiro no ranking dos países que recebem investimentos diretos.
 
A pergunta do “Valor” no fim do texto sobre a B2W é tremendamente provocativa e precisa ser respondida: quem está com a razão no caso da precificação das ações da B2W: o mercado ou os controladores e seu sócio na operação, o fundo Tiger Global? Eu fico do lado dos controladores e das empresas que olham para o Brasil dos próximos anos como um dos mercados mais importantes no mundo emergente. E você?
 
Mas o governo brasileiro precisa mudar e ajustar rapidamente sua política econômica e a atuação do Estado na gestão da economia para não jogar fora os ganhos dos últimos 17 anos e construir um futuro exitoso para todos nós.
 
[email protected]
 
LUIZ CARLOS MENDONÇA DE BARROS, 70, engenheiro e economista, é economista-chefe da Quest Investimentos. Foi presidente do BNDES e ministro das Comunicações (governo Fernando Henrique Cardoso). Escreve às sextas-feiras, a cada 14 dias, nesta coluna.
Redação

5 Comentários

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  1. o L.C.Mendonça de Barros foi socio fundador…

    do Banco Matrix.

    No livro “Operação banqueiro” há um e-mail do Daniel Dantas sobre uma revelação que ele poderia fazer sobre alguns bancos “e especialmente o (Banco) Matrix” que poderiam desestabilizar o poder tucano.

    Afinal, qual é o segredo que ninguém no PGR se interessou em descobrir?

    Eu quero saber!

  2. Em uma capitalização, quem

    Em uma capitalização, quem compra não são os controladores, que compram no máximo uma parte. Eles, em geral, venderm. Quem compra são novos investidores, do caso parece ser esse fundo Tiger Global. Esses novos investidores é que estão pagando esse ágio de 61% citado no texto.

  3. Ou seja:

    A armadilha esta feita e aísca pode sair a qualquer hora.

     

    B2W

    Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

     

    Problemas[editar | editar código-fonte]

     

     

    B2W Digital – B2W Companhia Global do VarejoTipoEmpresa de Capital Aberto(Bovespa:BTOW3)IndústriaVarejoFundação23 de novembro de 2006 (7 anos)SedeSão PauloBrasilProdutosDiversosPágina oficialSite Oficial

    Na época de sua criação, a empresa era responsável por mais da metade do comércio eletrônico brasileiro recém surgido.1 Porém, enquanto este crescia, a participação da B2W reduzia-se, chegando a 30% de participação em 2010 e 25% estimado em 2011, aproximadamente.1 O grupo acumulou um prejuízo, nos nove primeiros meses de 2011, de R$ 60,4 milhões, ao passo que havia lucrado R$ 47,8 milhões no mesmo período do ano anterior.1 2

    Entregas[editar | editar código-fonte]

    Em maio de 2011, a B2W foi proibida de vender pelo site Americanas.com no estado do Rio de Janeiro devido à quantidade de produtos não entregues.1 Em 10 de novembro de 2011, após multa no valor de R$ 1,7 milhão,3 as vendas nos sites do grupo foram suspensas por três dias pelo Procon de São Paulo pelo mesmo motivo e por um aumento no total de reclamações de 145%.1

    Cquote1.svgTomamos essa decisão por causa da reincidência em não entregar muitos produtos. A companhia já foi multada várias vezes, mas recorre, protela o pagamento e continua lesando o consumidor.Cquote2.svg
    — Paulo Arthur Góes, diretor-executivo do Procon de São Paulo.1

    Referências

    ↑ Ir para:a b c d e f g A B2W está fazendo água?Isto É Dinheiro (11 de novembro de 2011). Página visitada em 19 de novembro de 2011. “Quando a B2W Companhia Global de Varejo nasceu no final de 2006, da fusão entre Submarino, Shoptime e Americanas.com, ela respondia por mais da metade do nascente comércio eletrônico brasileiro. E a expectativa do mercado era de que as coisas só podiam melhorar a partir daquele momento. Não foi o que aconteceu. De lá para cá, o e-commerce nacional cresceu […]. O problema: a B2W não acompanhou o passo. E, ano após ano, viu sua participação encolher. Em 2010, ela ficou na casa dos 30% e neste ano deve cair para cerca de 25%. Para piorar, na quinta-feira 10, o Procon-SP decidiu suspender as vendas nos sites do grupo por 72 horas em virtude de produtos não entregues e um aumento de 145% no número de reclamações. […] “Tomamos essa decisão por causa da reincidência em não entregar muitos produtos”, disse à DINHEIRO Paulo Arthur Góes, diretor-executivo do Procon-SP. “A companhia já foi multada várias vezes, mas recorre, protela o pagamento e continua lesando o consumidor”. […] Em maio, a B2W já havia sido proibida de vender pelo site Americanas.com, no Estado do Rio de Janeiro, pelo mesmo problema. […] O grupo acumula prejuízo de R$ 60,4 milhões nos nove primeiros meses do ano, contra lucro líquido de R$ 47,8 milhões, em igual período de 2010.”

       

  4. Quanto vale o controle da espectativa

    Lógica de fundo internacional que opera em mercados com nível ético superior ao brasileiro.

    Esta operação, no exterior seria o suficiente para “comprar” a expectativa do mercado e manipular o sentimento no desempenho econômico das ações. Com certeza está ligada a trasações com outros papeis e ativos que ficaram ocultos e que garantirão o lucro dos que tentam manipular o mercado.

    Agora é ver para crer.

    Os movimentos no mercado de capitais estão cada vez mais imediatistas e “nervosos”,  a finalidade precípua foi totalmente desvituada, que era financiar com dinheiro barato as empresas brasileiras. 

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