O uso do etanol na Alemanha

Do Valor

Alemanha pode usar etanol na transição para carro elétrico

Marli Olmos, de São Paulo
13/07/2010

O governo da Alemanha começou a aproximar-se do Brasil para saber mais sobre o uso do etanol. O objetivo é encontrar na experiência brasileira alternativas para reduzir o índice de emissões e a dependência dos combustíveis fósseis até o carro elétrico passar a ser a alternativa de transporte individual. “Teremos que usar os motores a combustão durante um bom tempo até a chegada do carro elétrico”, destaca o secretário do Ministério de Transportes, Construção e Desenvolvimento Urbano da Alemanha, Rainer Bomba.

A Alemanha é um dos países que melhor está se preparando para a chegada do carro elétrico. Até lá, porém, os europeus precisam buscar meios de reduzir as emissões para atender à legislação, que estabelece a redução das emissões de gases com efeito de estufa. Existe um acordo entre os países industrializados para reduzir em 50% as emissões de CO2 na atmosfera até 2050.

O país já tem grupos de trabalho engajados não só no preparo da infraestrutura necessária como também na transição para essa mudança na mobilidade. A colaboração do conhecimento brasileiro numa energia alternativa, como o etanol, entra nesse período de transição. Mas não se fala, ainda, por enquanto, em interesse de importar o etanol brasileiro.

As As autoridades alemãs estimam que o país terá um milhão de veículos elétricos rodando em suas ruas em 2020. Isso equivale a pouco menos de um terço das vendas anuais de veículos novos hoje. Estima-se, ainda, que somente daqui a 20 anos é que metade das vendas de veículos no país será de modelos elétricos ou híbridos.

Esse longo período de transição é que leva as autoridades alemãs a buscar alternativas para diminuir a dependência do combustível fóssil. Em maio foi lançado o chamado plano nacional de desenvolvimento da eletromobilidade. A partir daí foram criados os grupos de trabalho, que envolvem equipes de governo e as associações dos fabricantes de veículos e da indústria de produtos elétricos.

Rainer Bomba explica que para preparar o trajeto que levará à mudança no funcionamento dos automóveis, um país precisa antecipadamente discutir medidas relacionadas à regulamentação, técnicas e infraestrutura. “Precisamos pensar em definições como a padronização das tomadas em todo o país, porque o motorista vai precisar carregar as baterias do carro elétrico em casa, no trabalho ou mesmo numa estação pública.”

O secretário do Ministério de Transportes, Construção e Desenvolvimento Urbano da Alemanha esteve no Brasil recentemente para abrir o caminho que levará os alemães ao contato com a experiência com o etanol. Bomba diz que a Alemanha pretende começar a testar o etanol no transporte público. “Só depois podemos pensar na possibilidade de importação”, afirma. A experiência alemã no uso de energias alternativas, até agora, segundo explica, se limita à chamada “colza”, uma planta de cujas sementes se extrai um óleo utilizado na produção de biodiesel.

O tema etanol deverá entrar na agenda de uma visita que as autoridades do Ministério dos Transportes da Alemanha deverão fazer ao Brasil em outubro.

Os alemães trabalham, ainda, para diminuir o uso do automóvel. Em 2007, foram destinados € 80 milhões para a construção de ciclovias. Entre 2009 e 2012, o Ministério dos Transportes pretende investir € 10 milhões em sistemas públicos de locação de bicicletas. O país também anunciou recentemente um programa de investimento de € 3,7 bilhões em ferrovias e mais € 2,5 bilhões na manutenção da rede ferroviária. 

Luis Nassif

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