Especialistas em educação aprovam substituto de Mercadante no MEC

Do Valor

Especialistas elogiam substituto de Mercadante
 
Por Luciano Máximo
 
A indicação do economista gaúcho José Henrique Paim Fernandes, de 47 anos, para substituir Aloizio Mercadante no comando do Ministério da Educação (MEC) foi saudada positivamente por especialistas em educação de várias vertentes, gestores e políticos do PT e da oposição. Conduzido à pasta pelo então ministro Tarso Genro há quase dez anos, o atual secretário-executivo modernizou o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), braço financeiro dos programas educacionais do MEC cujo orçamento supera os R$ 30 bilhões, e é considerado o “piloto” das principais políticas educacionais do PT, como o Prouni, Fies, Enem. Foi colega da presidente Dilma Rousseff no primeiro escalão do governo do Rio Grande do Sul no início dos anos 2000 e é constantemente elogiado pela atual chefe. “O Paim é referência de gestor na Esplanada dos Ministérios”, costuma dizer a presidente em reuniões com seus auxiliares.
 
O problema é que, conforme apurou o Valor, o escolhido de Dilma Rousseff para comandar o orçamento de mais de R$ 100 bilhões e as dezenas de programas do MEC trabalhará sob a ameaça de ser substituído, num eventual segundo mandato da presidente, por um nome de mais peso político, como a ministra da Cultura, Marta Suplicy (PT), e o governador do Ceará, Cid Gomes (Pros), “que operam politicamente para estarem à frente do MEC a partir de 2015.”

 
“Paim é um trabalhador incansável, o grande executor dos principais programas do MEC desde 2005, mas a Marta tem um capital forte dentro do PT e não desistiu de ser ministra da Educação nem vai desistir facilmente. Outro nome forte na disputa é o de Cid Gomes. Dilma identifica sua política educacional com a reforma do ensino no Ceará. Como não haverá grandes mudanças na rota da pasta neste ano, ele trabalhará à sombra desses nomes”, avalia, reservadamente, um importante interlocutor do MEC e do Congresso para temas educacionais
 
Já na opinião de um gestor petista de primeiro escalão de uma grande cidade brasileira, “Paim vai virar de tal maneira a pasta que não sairá de lá tão cedo”. “Ele foi o grande piloto do Enem, quem comandava a operação do exame do primeiro ao último dia. A evolução do Enem é atribuição, sobretudo, do Paim. Marta transformaria o MEC num órgão político. O Mercadante tentou isso e ficou imobilizado em boa parte graças aos mecanismos de gestão criados pelo Paim. O Ceará só avançou do jeito que avançou porque seguiu o PDE [Plano de Desenvolvimento da Educação, lançado por Fernando Haddad em 2007 com participação de Paim]”, conta a fonte, que pediu para não ser identificada.
 
Procurado pelo Valor, o Ministério da Cultura não comentou a reportagem. A assessoria de imprensa do governador do Ceará, informou que Cid Gomes não tem interesse no cargo. “Ele tem reiterado em entrevistas que concluirá o mandato e, em 2015, se candidatará a um cargo no Banco Interamericano de Desenvolvimento.”
 
O ministro Aloizio Mercadante, que assumirá a Casa Civil na reforma ministerial em andamento, também negou conceder entrevista para tratar do balanço de seus dois anos à frente do MEC. Em geral, especialistas e políticos aprovam a passagem do ministro pela pasta, destacando o bom relacionamento com entidades do setor e a continuidade de políticas públicas elaboradas nas gestões petistas anteriores (Genro e Haddad), com ênfase em alguns programas.
 
Contam a favor de Mercadante a evolução do Enem, a expansão do Prouni e do Fies, o sucesso do Programa Nacional de acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) e do Ciência sem Fronteiras e o lançamento do Pacto Nacional de Alfabetização na Idade Certa (Pnaic), programa liderado pelo MEC que tem como objetivo garantir que todas as crianças leia e escreva até os oito anos.
 
As críticas recaem sobre a inabilidade do ministro na aprovação do Plano Nacional da Educação (PNE), que tramita há três anos no Congresso, e na adoção de resoluções mais céleres para o problema do ensino médio brasileiro e sobre a indefinição do pagamento do piso nacional do magistério.

 

Redação

10 Comentários

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  1. pior não tem como

    pior não tem como ficar!!!!

     

    uma pergunta do Elio Gaspari que gostaria que o Mercandante explicasse, quantas creches das 3.000 prometidas foram concluidas?   porque o SISU não tem 02 edições por ano?   

     

    1. Gaspari é lobista e não

      Gaspari é lobista e não jornalista. Mais importante saber a quem ele representa (ou serve) ao fazer  tais questionamentos, do que respondê-los. A construção de creches depepende mais das prefeituras que do Ministério. O problema do Sisu teve ser de origem técnica, o que é normal. Especulação de lobista é que não é normal.

  2. Eu ainda acho que precisamos

    Eu ainda acho que precisamos mais de especialistas em ensino que em especialistas em educação. Aliás, o que é especialista em educação?

  3. ‘Contam a favor de Mercadante

    ‘Contam a favor de Mercadante a evolução do Enem, a expansão do Prouni e do Fies, o sucesso do Pronatec e Ciência sem Fronteiras e o lançamento do Pnaic’.

    Em dois anos fazer tudo isso, o Mercadante é um fenômeno.

    1- Eu acreditava no Mercadante (votei nele pra senador e governador) é inteligente, preparado e entende o funcionamento do poder.

    2- Depois dessa compra da Abril…o caldo entornou… Mas pro Valor virou um fenômeno.

  4. Paim foi para Haddad o que

    Paim foi para Haddad o que Dilma foi para Lula. É um gestor brilhante, workaholic, do tipo poka-paciência-com-gente-burra. Sua presença no Mec na transição Lula-Dilma foi o preservou a gestão Mercadante do fiasco generalizado. Seu problema  é o mesmo de Dilma: vai ter que aprender a fazer política.

    Haddad nunca deu moleza para prefeito, senador, deputado, empresário picareta ou gestor de ONG pilantrópica. Mas nunca se recusou a recebê-los em seu gabinete. Viajou pelos 27 Estados da federação para divulgar o PDE, o que assegurou a adesão de TODOS os municípios ao Plano, sendo a SP um dos últimos a aderir (Serra – quem mais? – era o prefeito). Despertou inveja de outros ministros, que acharam que seria candidato a presidente.

    Paim vai ter que desligar a locomotiva, colocar um sorriso no rosto e fazer política. Ou seja, circular, dar entrevista, visitar escolas, conversar com professores. Se conseguir implantar alguma ideia inovadora, espetacular  e midiática, como o Ideb e a Prova Brasil, melhor ainda.

  5. Nao sei se o cara é bom ou ruim, mas é um ECONOMISTA

    E nao um educador ou professor. Triste país em que o Ministério da Educação é entregue a um nao-educador. 

  6. Sai um “bigode grosso” ,

    Sai um “bigode grosso” , entra um “bigode fino” … isso tem alguma importância ? … sinceramente , não sei.

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