Para novo reitor da USP, grande desafio será descentralização de poder

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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do blog de Bruno de Pierro

Entrevista: Marco Antonio Zago, o novo reitor da USP

por Bruno de Pierro

 

No final de dezembro, Marco Antonio Zago, professor titular da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto e pró-reitor de Pesquisa na gestão de João Grandino Rodas, foi nomeado o novo reitor da Universidade de São Paulo (USP) pelo governador Geraldo Alckmin. Zago liderava a lista tríplice com os nomes dos três candidatos à reitoria por ter recebido mais votos na eleição realizada em 19 de dezembro. A posse do novo cargo será dia 25 de janeiro.

 

Formado pela Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto, Marco Antonio Zago, de 66 anos de idade, trabalhou como médico e foi diretor clínico do Hospital das Clínicas de Ribeirão e diretor científico do Hemocentro naquela mesma cidade. Especializado em hematologia e genética, Zago fez seu doutorado na USP e o pós-doutorado na Universidade de Oxford.

Atualmente, coordena o Centro de Terapia Celular, um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepids) financiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Entre 2007 e 2010, foi presidente do Conselho de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), onde criou os Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCTs). Em 2010, assumiu o cargo de pró-reitor de Pesquisa da USP.
 
Zago recebeu o blog em seu gabinete na Pró-reitoria de Pesquisa, no novo prédio da reitoria da USP. Visivelmente cansado, disse que os últimos dias têm sido “bastante agitados”. Durante a conversa, mostrou-se, no entanto, entusiasmado para iniciar sua gestão que, nos próximos quatro anos, enfrentará desafios importantes. Um deles, descentralizar o poder na USP. “Temos mais de 40% dos servidores administrativos nos órgãos centrais da universidade, embora seja uma universidade que tem 50 unidades além da reitoria. É uma concentração de poder muito grande na reitoria”, diz Zago.
 
Na entrevista a seguir, Zago explica outras propostas e discute o futuro da USP Leste que, segundo ele, continua distante da população da Zona Leste, embora o campus esteja naquela região. Modelo de gestão universitária, pesquisa e inclusão social na USP foram outros assuntos abordados. Confira.
 
* * * 
 

Blog do Bruno de Pierro (BBP) – Gostaria de começar perguntando quais motivações levaram o senhor a concorrer ao cargo de reitor da USP?
Marco Antonio Zago –
 Essa questão de motivação pessoal é muito complexa. É difícil isolar um único fator. Em primeiro lugar, minha própria situação na universidade e minha evolução e minha história na USP. Como já falei algumas vezes para outras pessoas, eu, por muitos anos, atuei na linha de frente, dava aula de graduação todos os dias, fiz atividades de extensão, acompanhava e organizava ambulatórios para atendimento de pacientes. Depois fui diretor clínico do Hospital das Clínicas, em Ribeirão Preto; ao mesmo tempo, fui criando um grupo de pesquisa que foi se expandindo, estabeleci laços de colaboração no exterior. E finalmente cresci nas atividades próprias da carreira universitária; prestei um concurso de professor titular, que foi bastante concorrido, vim a ser chefe do departamento de clínica médica, que é o maior departamento da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, um departamento grande e com uma história muito importante. 

Depois, já mais nos últimos anos, assumi responsabilidades em relação à questão da política científica. Fui presidente do CNPq, e isso vai te colocando numa perspectiva diferente em relação à vida universitária. Uma coisa é ter atuado na frente de batalha, a outra é atuar mais na organização de política científica. Mas tarde, vim a ser pró-reitor de Pesquisa na USP, o que deu uma visão muito ampliada do que é a USP, da sua complexidade, do imenso capital que ela tem tanto físico, de infraestrutura, quanto de pessoas. E o conjunto disso tudo me levou, naturalmente, a ampliar aquela visão que eu tinha da universidade, tratando só do ponto de vista da pesquisa, para as outras áreas. E a posição natural para fazer isso seria a de reitor. Claro que muito mais cedo na vida eu não teria tomado essa decisão, porque naquele momento eu estava muito mais envolvido com as atividades do dia-a-dia da vida universitária. 

BBP – No programa de gestão apresentado pela sua chapa, o senhor fala da necessidade da USP passar por uma reforma administrativa. Como desconcentrar o poder que hoje é depositado na reitoria, e como descentralizar a gestão?
Zago – Nós temos das coisas que são paralelas. A reforma administrativa com descentralização de atividades-fins e de atividades-meio. Estamos falando de descentralizar atividades relacionadas, por exemplo, com o ensino de graduação, de tal maneira que as decisões possam ser feitas pelas unidades, sem a necessidade de ter que subir até a reitoria. E estamos falando de descentralização de atividades-meio, ou seja, gestão de orçamento, de pessoal, em licitações e coisas dessa ordem que também pode ser feitas pelas unidades. Este tipo de descentralização administrativa casa com um outro aspecto que também é necessário implementar na USP, que é a descentralização do poder. As duas coisas andam sempre juntas e prova disso é que na USP nós temos talvez mais de 40% dos servidores administrativos nos órgãos centrais da universidade, embora seja uma universidade que tem 50 unidades além da reitoria. É uma concentração de poder muito grande na reitoria.

 
Quando falo de unidades, refiro-me a faculdades, institutos, centros e assim por diante. Essa concentração muito grande de servidores acompanha a concentração de poder, acompanha a decisão e a execução centralizada. Esse tipo de modelo exclui grandemente os docentes, mesmo os mais qualificados, exclui grandemente os diretores na maioria das decisões. Com o passar do tempo começou a excluir também, em grande parte, o próprio Conselho Universitário. por isso, a descentralização, se ela ocorre, faz a desconcentração de poder e contribui para a reforma do poder e da governança da universidade – concretizando, em parte, aquilo que é a ambição de muita gente na universidade, que é a democratização da USP. 

BBP – O senhor acredita que a USP é pouco democrática?
Zago –
 Há uma grande ansiedade, uma grande demanda para uma maior democratização. Mas de uma maneira muito simplista as pessoas focam a democratização como se ela se resolvesse com o processo eleitoral de escolha de reitor, apenas. A eleição de reitor é algo que tem uma importância limitada. O mais importante é garantirmos que, qualquer que seja o reitor, o poder na universidade não esteja concentrado na figura do reitor. 

BBP – O senhor foi o único candidato a tocar na questão da lista tríplice para a escolha de diretores das unidades. Gostaria que o senhor explicasse como é feita hoje a escolha de diretores e qual sua proposta para que isso seja alterado.
Zago –
 Hoje a eleição de diretores é feita por um colégio eleitoral, que varia conforme as unidades – se são museus, centros ou se são faculdades ou institutos. As unidades de ensino e pesquisa, que são maioria (42 no total), tem um colégio eleitoral que é constituído pela sua própria congregação mais os conselhos de departamento. É um colégio bastante qualificado e não muito pequeno. De um modo geral, é uma população de votantes heterogênea e que representa bem a unidade. Se a universidade e o Conselho Universitário vão querer mudar esse colégio ou não é uma coisa a vermos, mas no momento é assim. Ele elegem uma lista tríplice, ou seja, três nomes, que são feitos num processo de votação de três rodadas. Na primeira, só entra quem tiver maioria absoluta dos votos; na segunda, também só entra quem tiver maioria absoluta, e na terceira rodada completa-se a lista. Essa lista de três nomes é composta por professores titulares ou associados-3. Ela é enviada ao reitor, que escolhe um dos três nomes, com absoluta liberdade: ele pode escolher o primeiro, o segundo ou o terceiro. O que eu estou propondo é que o colégio eleitoral da unidade eleja um nome. O reitor não tem que decidir, pois já estará decidido na eleição. 

BBP – Quais as chances dessa proposta ser aprovada?
Zago –
 Ela vai passar pela discussão e eventual aprovação no Conselho Universitário, pois é ele que promove ou não modificações no estatuto da USP, por maioria absoluta de votos. Agora, enquanto isso não for aprovado, eu posso adotar a prática pessoal de apenas escolher o primeiro da lista, o mais votado. Mas esse é apenas um dos exemplos de modificações que pode ocorrer no estatuto, e minha impressão pessoal é que o Conselho está preparado para aprovar isso. Posso estar enganado. 

BBP – Está prevista alguma proposta para alterar o regime de contratação de professores?
Zago –
 Isto é algo que escapa à universidade, quero dizer, a contratação do servidor público tem que ser feita por concurso e, contratado, ele adquire estabilidade e portanto não são facilmente transponíveis os modelos que vemos no exterior para o Brasil, porque aqui temos uma legislação muito mais fechada, que não é específica da USP. Muito poucos pontos específicos da universidade pode ser mudados em relação ao modelo de contratação e de plano de carreira. O que podemos mudar é a característica da carreira dentro da universidade. A progressão da carreira, aquilo que é considerado mérito, ou seja, temos que ver os docentes como parte de um corpo muito heterogêneo, em que uns são pesquisadores de ponta, outros são educadores de qualidade e assim criarmos um processo de progressão na carreira que valoriza a diversidade entre os membros da universidade. Não podemos ter uma monotonia no processo de julgamento para a progressão. Isso pode ser mudado, não é muito difícil do ponto de vista de legislação.

 
 
Zago: “O mais importante é garantirmos que, qualquer que seja o reitor, o poder na universidade não esteja concentrado na figura do reitor”
 

BBP – O senhor vem da gestão anterior, do professor Rodas. O senhor consegue identificar pontos que ficaram em aberto e que precisam se tornar prioridade na sua agenda?
Zago –
 Não tanto. O que nós identificamos é uma coisa mais global. Das diferentes atuações, aquela que precisa neste momento de maior atenção, e porque está exigindo maior mudança, é a questão do ensino de graduação. Essa é uma missão que precisa ser tratada com muita relevância agora. Neste momento, eu diria que estamos vindo de um longo período em que o ensino de graduação não recebeu o destaque, a força, a importância que ele exige nesse momento. 

BBP – Por que a atenção ficou concentrada em outros assuntos?
Zago – 
Sim, outros aspectos. Mas isso é histórico. Nós presumimos que nosso ensino de graduação é muito bom, e ele é bom de fato em algumas áreas. Mas não temos processos de avaliação do nosso desempenho de graduação, objetivos. Então, não quero julgar as causas. O fato é que é evidente, nesse momento, que o ensino de graduação precisa de uma atenção especial. 

BBP – Muitos cursos estão com vagas em desequilíbrio. Muitos cursos são bastante procurados, e faltam vagas. Outros precisam de reformulação. O senhor pretende fazer um pente-fino e levantar quais os cursos que precisam de mais atenção? Pretende gerar indicadores internos de avaliação dos cursos?
Zago –
 Precisamos criar na USP a cultura de que é necessário ter dados de informação. Não há, por exemplo, critérios de avaliação da graduação. Não temos dados objetivos a respeito do que acontece com nossos alunos. O que acontece com o estudante formado em engenharia ou em medicina veterinária depois de cinco anos de formado? Onde ele está? Está trabalhando na área? Foi bem sucedido ou não? E se foi bem sucedido, isso se deve à qualidade da USP? Nós não temos esses dados.

BBP – Esses dados ajudariam na reformulação de cursos, certo?
Zago –
 Certamente. Você apontou um dado, o da demanda, ou seja, cursos que têm muita demanda, muitos candidatos por vaga no vestibular, e outros que têm menor demanda. Mas temos cursos que têm maior evasão de alunos e outros que têm menor evasão. Temos como medir isso, mas não temos dados para saber do desempenho dos alunos depois de formados. Muitas vezes me perguntam: e o Enade [Exame Nacional de Desempenho de Estudantes], ele poderia servir para isso? Acho que poderia servir como um elemento de informação. Temos informações sobre nossa pós-graduação que vem pela avaliação da Capes, poderíamos, então, ter informações vindas do Enade, mesmo com seus defeitos e contribuindo para que ele melhorasse. Em resumo, há a necessidade de estabelecer na USP a cultura de que precisamos ter dados, informações, parâmetros e medidas para que possamos fazer uma gestão eficiente. Não há maneira de fazer gestão sem ter dados, sem saber para aonde estamos indo. 

BBP – Quais são hoje as referências de modelos de gestão universitária que o senhor tem observado? O senhor pretende adotar algum modelo bem sucedido usado em outra universidade?
Zago –
 Eu não destacaria nenhum, porque nós não estamos aplicando nenhum modelo específico. De fato, eu conheço muitas universidades no mundo, algumas conheço melhor, como funciona o sistema de tomada de decisão e gestão. Mas essas coisas não são facilmente transponíveis, particularmente porque temos uma entidade que tem características muito próprias. Muitas vezes as pessoas fazem comparações esquecendo dessas características. A primeira delas é que a USP é uma entidade pública, que tem que ser administrada segundo as regras de uma entidade pública, tanto no que diz respeito ao pessoal, quanto ao que diz respeito ao uso de recursos públicos. Temos limitações que temos que obedecer, como licitações, pessoal estável, que não pode ser demitido. Não é possível comparar isso com, por exemplo, a Universidade de Harvard, onde o indivíduo é contratado por dois anos e, encerrado o contrato, ele é avaliado e pode ser contratado por mais dos anos. 

No Brasil isso não existe, por isso não podemos alimentar ilusões de que isso vai ser mudado. Em segundo lugar, a USP é muito grande, não é a mesma coisa de administrar e termos um modelo de gestão de uma pequena universidade ou de tamanho médio. As excelentes universidades do mundo em média tem 17 mil alunos; a USP tem 90 mil. As excelentes universidades do mundo estão concentradas em um campus, algumas têm um segundo e um terceiro. A USP tem oito campi, que estão, de um extremo a outro, a mais de 500 quilômetros de distância. Temos uma história de razoável independência entre as diferentes unidades; temos seis unidades que existiam antes da USP ser fundada. Nas universidades estrangeiras essa independência entre unidades geralmente não acontece, pois as universidades lá fora têm um sistema de gestão mais unificado. Em resumo, não há um modelo pronto. Temos que construir nosso próprio modelo, específico para essas características, e usarmos nossa experiência passada e recente para corrigirmos os defeitos mais evidentes. 

BBP – Diante dessas e de outras propostas, como o senhor pretende mobilizar e conquistar o corpo de alunos, funcionários e docentes?
Zago –
 Eu entendo que essa é a principal função do reitor, organizar uma equipe de pessoas competentes. Minha principal atividade tem que ser essa mesmo, de contato com diferentes setores da universidade e mobilizá-los numa direção de reforma, mudança, racionalização, e aproveitando essa boa vontade vista durante o processo eleitoral. O apoio que tive no processo eleitoral é, para mim, um indício de que vamos conseguir mobilizar a universidade para isso.

BBP – Em relação à crise orçamentária pela qual passa a USP, qual sua avaliação sobre os erros cometidos por gestões anteriores e como o senhor pretende superá-los?
Zago –
 Eu não vou falar de erros. A gente não avalia situações passadas. Cada gestão tem suas características, tem seus aspectos de excelência e tem outros aspectos que não são muito bons. Mas avaliar a posteriori é sempre mais fácil do que o momento pelo qual você passa. Portanto, não nos cabe falar de erros. O que posso dizer é que a USP tem sim um comprometimento do seu orçamento, que é muito maior do que aquilo que historicamente ocorreu, muito maior do que as outras universidades estaduais paulistas, e esse comprometimento é principalmente com a folha de pagamento. E um comprometimento com a folha de pagamento precisa de muita cautela para administrar numa universidade pública, onde você não pode dispensar servidores e docentes. Você tem que reequilibrar os gastos, sabendo que a folha de pagamento é algo que se modifica muito lentamente. 

BBP – Eu gostaria de saber sua avaliação do que acontece hoje com o campus da USP na zona leste da cidade de São Paulo. A USP Leste está numa situação caótica…
Zago – 
Eu tenho propostas para aquele campus. Eu diria que, primeiro, precisamos resolver um problema agudo que existe, que resulta de uma interdição feita pela Justiça, resultante de uma demonstração de que há produção de metano no subsolo dos prédios que estão construídos onde a USP está instalada e que, por sua vez, tem soluções técnicas que vão ser, e estão sendo, implantadas. Portanto, num determinado momento, a interdição será suspensa, espero. O problema é que agora, nesses dias, temos um prazo curto para que isso ocorra, caso contrário teremos que deslocar os alunos da USP Leste para outros locais. Resolvida essa questão, temos outros aspectos a serem tratados. Isso nos levará, com os professores e outros membros da unidade, a reprogramar ou estudar outras maneiras de dar mais relevância às atividades de ensino e pesquisa feitas na USP Leste. Eu entendo que um objetivo importante é fazer com que a USP Leste preencha ou alcance os objetivos pelos quais ela foi criada. A missão principal é de permitir a integração da população da Zona Leste, que é bastante grande, de 3,5 a 4 milhões de habitantes, com a USP.

BBP – Mas essa população tem conseguido, efetivamente acessar a USP Leste?
Zago –
 Eles continuam não conseguindo acessar, embora a USP esteja naquela região. 

BBP – O senhor sabe se alunos vindos de escolas públicas estão conseguindo ingressar mais na USP?
Zago –
 Temos esses dados, que são monitorados de tal maneira que quando terminarmos o vestibular agora teremos os dados deste ano. Poderemos, assim, ver se a decisão que o Conselho Universitário tomou de aumentar os bônus vão levar a um aumento significativo da inclusão de alunos originados da escola pública. 

BBP – Mas nos últimos anos essa inclusão tem crescido?
Zago –
 Tem incluído mais, mas o ritmo não tem sido suficientemente rápido. As medidas tem sido parcialmente eficientes. Isso varia muito de curso para curso; nos cursos mais competitivos, a eficiência dos bônus é menor. Se o nosso ritmo de progressão não for suficientemente satisfatório, a universidade terá que retomar a discussão sobre isso.

BBP – Em relação à pesquisa, durante sua atuação na pró-reitoria de Pesquisa foram criados os Núcleos de Apoio à Pesquisa (NAPs). Eu gostaria que o senhor me passasse um balanço desses núcleos. 
Zago –
 Os NAPs, que foram criados nos últimos quatro anos, juntos com um programa de recursos próprios da universidade, para a promoção da pesquisa, tiveram um sucesso que eu considero importante. Participam desses núcleos cerca de 30% dos docentes da universidade; esses núcleos todos exigiam, nas suas propostas, que eles tinham que ser multidisciplinares. Portanto, como resultado disso, nós criamos 123 núcleos que têm uma proposta interdisciplinar, e isso é uma mudança importante da organização da pesquisa na USP. o segundo ponto que também serve de base para ver o sucesso dos núcleos é que vários dos Cepids [Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão, apoiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – Fapesp] aprovados na nova leva de 2013, vários deles, que são da USP, os novos se originaram de NAPs. A organização do NAP levou a criar um projeto altamente competitivo e que permitiu que esses grupos concorressem neste processo muito competitivo criado pela Fapesp. 

BBP – De sua experiência como presidente do CNPq, o que o senhor pretende levar para seu gabinete na USP?
Zago –
 Minha experiência à frente do CNPq já contribuiu. Por exemplo, quando falamos dos NAPs, se você for examinar, há um paralelo com o programa que fiz no CNPq dos Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCTs), que têm a mesma concepção, mas com uma abrangência nacional. Depois, eu tive a experiência de gestão do CNPq, coordenava um orçamento vultoso, tinha que organizar múltiplas atividades. Isso me deu um treino, uma experiência em gestão nesta área acadêmica. Além disso, teve a oportunidade de conhecer todo o sistema de universidades e de ciência e tecnologia do Brasil inteiro, o que também traz um benefício muito grande para você identificar eventualmente modelos que você possa usar e, ao mesmo tempo, promover a interação da USP com outras universidades.

BBP – Principalmente com universidades estrangeiras?
Zago – 
É preciso ampliar a interação da USP com outras instituições brasileiras. Fala-se muito em internacionalização, em cooperação internacional, e esquece-se de promover a interação nacional. 

BBP – Em que sentido?
Zago –
 Em todos os sentidos. Fazendo programas mútuos de pesquisa conjunta, fazendo intercâmbios de professores e eventualmente alunos. Naquelas universidades que têm um desenvolvimento menor, a USP pode contribuir, por exemplo, na melhoria e no apoio a cursos de graduação e de pós-graduação. 

BBP – Como fica, a partir de agora, o Marco Antonio Zago pesquisador?
Zago –
 Ele vai dar um tempo, certamente (risos).

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Crédito das fotos: Marcos Santos / USP Imagens

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

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  1. Comentário

    “BBP – Principalmente com universidades estrangeiras?
    Zago – É preciso ampliar a interação da USP com outras instituições brasileiras. Fala-se muito em internacionalização, em cooperação internacional, e esquece-se de promover a interação nacional.”

    Nota: deu um xeque-mate, ao menos teoricamente, na questão da “internacionalização” da USP, que tinha apenas o intuito de promoção do candidato de Rodas.

    BBP – No programa de gestão apresentado pela sua chapa, o senhor fala da necessidade da USP passar por uma reforma administrativa. Como desconcentrar o poder que hoje é depositado na reitoria, e como descentralizar a gestão?
    Zago – Nós temos das coisas que são paralelas. A reforma administrativa com descentralização de atividades-fins e de atividades-meio.

    Nota: se quem está nos cargos de administração (mesmo os concursados) fizeram a política do titio Rodas, Zago pode confiar nessa gente? O passarinho me controu que tem gente com medo e “trabalhou” no ano passado… inclusive para demitir (ou pedir demissão) quem realmente presta.

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