EUA x China: a tragédia planetária está apenas começando?


A pandemia do COVID-19 deixou bem claro duas coisas. O neoliberalismo ocidental não pode ser colocado no mesmo patamar humanitário que o comunismo chinês. O país mais rico do mundo é aquele que está sofrendo mais em virtude da pandemia em razão de não ter um sistema público de saúde universal.

O regime comunista chinês foi capaz de imediatamente mobilizar recursos humanos e financeiros para combater a doença. Hospitais foram construídos e equipados em tempo recorde. Médicos e enfermeiros receberam todos os equipamentos indispensáveis para tratar dos doentes sem se expor ao risco de contaminação. Nas ruas um exército de servidores públicos e voluntários organizaram a maior e mais bem-sucedida quarentena numa metrópole com 11 milhões de habitantes.

Apesar do COVID-19 ter lavado mais de dois meses para se alastrar nos EUA, o governo norte-americano demorou muito para organizar o combate à pandemia. As primeiras medidas tomadas por Donald Trump levaram em conta apenas os interesses dos empresários que seriam afetados pela quarentena. Os recursos mobilizados para cuidar da população não foram capazes nem mesmo de garantir o fornecimento de equipamentos adequados aos médicos e enfermeiros. Em diversas cidades eles tiveram que se proteger usando máscaras inadequadas e sacos plásticos.

Os sem teto foram transferidos de abrigos para estacionamentos e obrigados a ficar ao relento. Antes da pandemia chegar ao pico alguns fanáticos começaram a exigir o fim da quarentena. O governador do Texas pretende retomar as atividades normais porque as vidas das pessoas são menos importantes do que os lucros dos empresários.

A resposta dada pelo governo norte-americano foi ineficaz. Um verdadeiro fracasso humanitário. Apesar de ter uma população 4 vezes menor do que a da China, os EUA já contabiliza o maior número per capita de mortos. Até a data de hoje morreram 46.643 norte-americanos. Esse número é 10 vezes maior do que o de vítimas chinesas (4.642).

Impossível não perguntar quais são os fatores que determinaram o sucesso da China e o fracasso dos EUA. A economia norte-americana é maior que a chinesa, mas os EUA gastam muito mais dinheiro nas suas Forças Armadas do que a China (US$ 685 bilhões – US$ 181 bilhões). O desprezo governamental pelos pobres (negros, latinos e os brancos depreciativamente chamados de losers e white trash) certamente ajuda a explicar tanto a lentidão quanto a ineficiência da resposta norte-americana à pandemia.

Nos EUA o Estado não foi dimensionado para cuidar das pessoas, mas para reforçar sucesso dos negócios bem-sucedidos e policiar o mundo. De maneira geral os norte-americanos preferem gastar dinheiro em sua USSF (United States Space Force) do que com o tratamento de cidadãos pobres considerados imprestáveis, dispensáveis ou descartáveis.

O coronavírus conseguiu expor a natureza parasitária do Estado norte-americano. Ele não existe para garantir a vitalidade da sociedade nos EUA. Sua natureza parasitária faz com que ele prefira ser um aliado e não um inimigo do parasita que em alguns meses vai matar mais norte-americanos do que a Guerra do Vietnã. Portanto, não posso registrar uma ironia. Mesmo sem querer Trump conseguiu confirmar as palavras de Marx acerca do estado burguês:

“…El régimen de la Comuna habría devuelto al organismo social todas las fuerzas que hasta ‘entonces venía absorbiendo el Estado parásito, que se nutre a expensas de la sociedad y entorpece su libre movimiento. Con este solo hecho habría iniciado la regeneración de Francia.” (Obras Escogidas, C. Marx – F. Engels, Tomo II, Editorial Progreso Moscú, URSS, 1986, La guerra civil em Francia, p. 235)

Monumentos foram erguidos para preservar a memória dos soldados norte-americanos que morreram no Vietnã. As dezenas de milhares de pessoas que estão sendo enterradas em valas comuns provavelmente serão esquecidas pela história oficial dos EUA. Aquele parasita estatal imperial não vai morrer por causa da doença que o governo neoliberal se recusou a combater.

Se pudessem, os milionários norte-americanos ergueriam um monumento em homenagem ao coronavírus. Como não podem fazer isso, eles desviarão a atenção da população transformando a pandemia num casus belli para canalizar em favor da xenofobia imperialista a raiva e o ódio dos parantes das vítimas.

A guerra que a pandemia conseguiu abortar https://jornalggn.com.br/artigos/eua-x-china-a-pandemia-abortou-uma-guerra/ pode começar em breve por causa dela. De fato, já é possível escutar os tambores de guerra começando a rufar na grande imprensa norte-americana contra a China e o vírus chinês.

Fábio de Oliveira Ribeiro

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