Como a prefeitura de Nova York tratou a neve

Por C. Brayton

Houve um momento lindo em Nova York após a nevasca infernal da semana passada. 

Todos os homens do prefeito chamaram uma coletiva, pediram desculpas pelo estrago e demora, e disseram, “podiamos ter dado conta ao problema, mas pisamos na bola.Tinhamos os recursos, mais foram utilizados mal. A próxima vez, vamos fazer o trabalho direto.”

Sem direito de citação alguma ao «force majeure» que costumamos ouvir de autoridades sambojanas cada santo ano. «Já choveu 98% do esperado, o que podiamos fazer?»

Se não me engano, em janeiro do ano passado, choveu «muito mais do que esperado» também. Está na hora de adaptar as expectativas, né? Preparar permanentemente pelo pior de cenários, hein? A chuva nesse país é o fim do mundo, nunca vi igual.

Então, admiro nosso prefeito pelo lance. É duro, mais o constrangimento de tomar responsibilidade só dura um dia. Dando uma expectativa mais concreta à população também mosta sabedoria. “A proxima vez, pretendemos tirar a neve dentro de 36 horas.”   Ou eles fazem ou não fazem. É um alvo medível e uma promessa concreta. 

A pior estratégia de comunicação possível deve ser esse tal de “a culpa é de mamãe natureza, mas a gente resolve — no glorioso futuro a vir!”  É parecido demais com o velho ditado, “hoje só amanhã.”  Quando contratem publicitários com dinheiro do contribuinte, deve ser uma condição do contrato uma compravada capacidade de comunicar “a prova de ironia fácil.”

Luis Nassif

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