Hamas pode dar uma “surpresa mortal” a Israel na Faixa de Gaza

Renato Santana
Renato Santana é jornalista e escreve para o Jornal GGN desde maio de 2023. Tem passagem pelos portais Infoamazônia, Observatório da Mineração, Le Monde Diplomatique, Brasil de Fato, A Tribuna, além do jornal Porantim, sobre a questão indígena, entre outros. Em 2010, ganhou prêmio Vladimir Herzog por série de reportagens que investigou a atuação de grupos de extermínio em 2006, após ataques do PCC a postos policiais em São Paulo.
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“É muito provável que o Hamas tenha capacidades que ainda não vimos”, afirmou ao The Washington Post o especialista Fabian Hinz

Norte da Faixa de Gaza está sendo reduzida a escombros antes de possível entrada por terra das tropas israelenses. Foto: Flickr/ONU
Norte da Faixa de Gaza reduzida a escombros. Foto: Flickr/ONU

Esta semana dois fatos marcaram a ofensiva de Israel contra os palestinos: o bombardeio a um hospital em Gaza que matou ao menos 500 pessoas, cuja autoria não é assumida por Tel Aviv, e o veto dos Estados Unidos a uma resolução de cessar-fogo apresentada pelo Brasil no Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU), mesmo depois de receber o apoio de 12 países. 

Associado às duas trágicas notícias, a ajuda humanitária com comida, água e medicamentos ao povo palestino fustigado pelas bombas israelenses segue estacionada com 100 caminhões na Passagem de Rafah, fronteira do Egito com a Faixa de Gaza, aguardando autorização para seguir até Gaza, o que deve ocorre entre este sábado (21) ou domingo (22), conforme a ONU. 

Mas o que parece estar cada vez mais próxima de acontecer é a segunda fase do plano traçado pelas forças militares israelenses, cuja ordem será a de iniciar uma incursão com tropas por terra na Faixa de Gaza, sobretudo na região Norte, com o objetivo estratégico de aniquilar bases de operação do Hamas e destituir o controle político de seus integrantes nesta porção do território palestino. 

Há uma expectativa de que a segunda fase tenha início nos próximos dias. Especula-se que dificilmente os Estados Unidos permitam qualquer resolução de cessar-fogo no Conselho de Segurança da ONU antes da operação ser colocada adiante.

Nesta sexta-feira (20) veículos blindados enviados por Washington chegaram a Tel Aviv, e em breve mais armamentos e equipamentos bélicos aportarão em Israel, e o presidente Joe Biden foi pedir ao Congresso mais dinheiro para financiar a guerra na Faixa de Gaza.  

Governo tenta despistar  

“Agora vemos Gaza de longe, e agora você verá de dentro, a ordem será dada”, disse nesta quinta-feira (19) o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, às tropas israelenses estacionadas na fronteira com a Faixa de Gaza. O governo israelense, logo após a fala de Gallant, tentou despistar qual seria a ação. 

“Estamos nos preparando para as próximas fases da guerra. Não vamos dizer quais serão. Todo o mundo fala de invasão terrestre. Poderia ser algo diferente”, declarou, por sua parte, Richard Hecht, o porta-voz internacional das Forças de Defesa de Israel (FDI).

No entanto, à medida que o conflito palestino-israelense se intensifica, especialistas opinam que o Hamas poderia “dar um golpe mortal” no exército de Israel a partir da operação terrestre no território de Gaza. Mas o que exatamente um grupo sem armamentos sofisticados e pesados poderia fazer contra um dos mais equipados exércitos do Planeta? 

Arsenal reserva 

De acordo com o The Washington Post, mesmo após o início das hostilidades, o Hamas usou armas conhecidas pela inteligência israelense, e existem preocupações de que o grupo possa ter uma reserva de arsenal tecnologicamente mais avançada, desenvolvida durante anos, longe dos olhares espião de Israel e dos EUA.

Na matéria do The Washington Post, analistas que estudam as capacidades militares do movimento consideraram que este arsenal poderia incluir drones, submarinos, minas potentes e bombas colocadas na borda das estradas, bem como mísseis de grande alcance equipados com sistemas de precisão guiados, que permitiriam atacar infraestruturas ou bases militares israelenses situados a muitos quilômetros de distância.

O Hamas pode ainda não ter utilizado essas armas porque queria fazê-lo como resposta à explosão terrestre das FDI. “É muito provável que Hamas tenha capacidades que ainda não vimos, que poderíamos ver mais adiante”, afirma ao The Washington Post Fabian Hinz, especialista em mísseis e analista de defesa do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos.

Ele sugeriu que o grupo poderia tentar atrair os israelenses para o território do enclave e depois atacá-los por surpresa, ou atacar objetivos afastados da linha da frente.

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Renato Santana

Renato Santana é jornalista e escreve para o Jornal GGN desde maio de 2023. Tem passagem pelos portais Infoamazônia, Observatório da Mineração, Le Monde Diplomatique, Brasil de Fato, A Tribuna, além do jornal Porantim, sobre a questão indígena, entre outros. Em 2010, ganhou prêmio Vladimir Herzog por série de reportagens que investigou a atuação de grupos de extermínio em 2006, após ataques do PCC a postos policiais em São Paulo.

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