Grupos estaduais irão ajudar Comissão da Verdade

Da Folha

Comissão Nacional da Verdade terá ajuda de grupos estaduais

Investigações sobre crimes de agentes do Estado na ditadura militar serão em parceria com a sociedade civil

São ao menos 40 comitês locais que ajudarão na análise documental de torturas, mortes e desaparecimentos

DE BRASÍLIA

A Comissão Nacional da Verdade terá ajuda de grupos estaduais análogos para investigar as violações aos direitos humanos durante a ditadura militar (1964-1985).

Os parâmetros dessas parcerias foram oficializados em norma publicada ontem, no “Diário Oficial da União”.

Segundo a resolução, a Comissão “promoverá contínua cooperação e intercâmbio de informações com as comissões estaduais ou quaisquer outras comissões de natureza semelhante, visando a eficácia dos procedimentos investigatórios”.

A norma deixa claro que a Comissão Nacional, “em princípio”, não irá investigar aquilo que grupos locais com os quais tenha celebrado acordos de cooperação já estiverem apurando.

São ao menos 40 comissões e comitês locais, dentre os organizados pelo poder público e por movimentos de defesa dos direitos humanos.

Parte desses grupos já coletava informações antes mesmo da aprovação no Congresso, no ano passado, da lei que criou a Comissão Nacional da Verdade.

Ao delegar parte do trabalho aos grupos estaduais, a Comissão da Verdade responde a críticas de que sua estrutura -são sete conselheiros, cada um deles com dois assessores- não seria suficiente para analisar em detalhe a massa de documentos necessários para narrar mortes, torturas e desaparecimentos ocorridos na ditadura.

A possibilidade de parceria foi tomada, segundo registra o texto da resolução, “considerando a necessidade de aprimorar seus trabalhos e de evitar a superposição desnecessária de investigações sobre fatos e as circunstâncias dos casos de graves violações de direitos humanos”.

TRABALHOS

A norma publicada ontem faz parte de uma série de medidas que o grupo, instalado em maio deste ano pela presidente Dilma Rousseff, vem tomando nos últimos meses para estruturar o seu funcionamento.

Recentemente, por exemplo, a comissão pôs fim a uma de suas principais polêmicas: definiu que sua função será apenas a de investigar e narrar os crimes cometidos por agentes estatais, ignorando eventuais crimes cometidos pela resistência ao regime autoritário. Essa decisão gerou críticas de militares.

Além disso, a comissão criou um grupo de trabalho para estudar a participação do Brasil na Operação Condor, violenta ação coordenada por regimes ditatoriais da América do Sul contra os militantes de esquerda.

Luis Nassif

0 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador