Fora de Pauta

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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O espaço para os temas livres e variados.

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

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  1. Tinha eu quatorze
    Anos de

    Tinha eu quatorze

    Anos de idade

    Quando o meu pai

    Me chamou

    Perguntou-me

    Se eu queria

    Estudar

    Engenharia

    Medicina

    Filosofia

    Ou

    Engenharia

    Tinha eu

    Que ser doutor.

    Mas

    A minha aspiração

    Era ter um

    Violão

    Para me tornar

    Dentista

    Ops

    Sambista

    O meu pai me

    Aconcelhou

    Sambista

    Não

    Tem valor

    Nesta terra

    De doutor

    O meu pai tinha razão.

  2. http://www.neill-lochery.co.u

    http://www.neill-lochery.co.uk/blog/the-mystery-billionaire-in-lisbon.html

    CALOUSTE GULBENKIAN – O LOBISTA DO PETROLEO DO IRAQUE – O armenio naturalizado britanico que foi o primeiro lobista do petroleo do Iraque. Bateu de porta em porta e juntou numa companhia que ele criou, a Irak Petroleum Company Ltd. a inglesa Anglo Persian (hoje BP), a alemã Deutsche Petroleum, a francesa Compagnie Française des Petroles (hje TOTAL) e a Royal Dutch Shell, cada uma com 23.75%, como comissão Gulbenkian ficou com 5% das ações, isso em 1923.

    Quando eclodiu a Segunda Guerra estava na sua mansão em Paris, conseguiu escapar para Lisboa a caminho de Nova York mas ficou doente e acabou ficando em Portugal, onde morreu em 1952, morava no Hotel Aviz, deixou uma espetacular coleção de arte para uma Fundação que hoje mantem em Lisboa um dos melhores museus da Europa, o Museu Gulbenkian, sua fortuna na época era estimada em um bilhão de dolares. Salazar ficou amigo dele e lhe deu uma excelente desoneração fiscal para que ele ficasse com sua fortuna em Portugal.

    Gulbenkian é citado em todas as historias da industria do petroleo, um visionario e mascate do petroleo

    Não teve sorte com o filho, Nubar,  playboy, estroina e gastador, na foto com ele.

     

  3. http://cdn.history.com/sites/

    http://cdn.history.com/sites/2/2014/01/goering_at_nuremberg-P.jpeg

    JULGAMENTO DE NUREMBERG – Em 20 de Novembro de 1945 se iniciavam os julgamentos do Tribunal Militar Internacional de Nuremberg contra 22 dirigentes nazistas. O Tribunal criou sua propria competencia e os juizes e promotores eram de 4 paises, EUA, URSS, Inglaterra e França, os advogados de defesa poderiam ser alemães ou de um dos paises  organizadores do Tribunal.

    Dos julgamentos resultaram 12 sentenças de morte na forca, 3 prisões perpetuas, 2 prisões por 20 anos, 1 prisão por 15 anos, 1 prisão por dez anos e 3 absolvições (Schahct, Fritsche e von Papen).

    Tribunais Militares para personagens de menor estatura no poder nazista foram instalados , um em cada zona ocupada.

    Um Tribunal similar foi instalado em Tokyo para os criminosos de guerra japoneses.

    Historicamente o Tribunal sempre foi controvertido porque era um justiça de vencedores contra vencidos, a maior alegação contra sua legitimidade era a aplicação retroativa de delitos que só foram definidos depois de cometidos.

    Outra controversia foi a presença da União Sovietica como acusadora e julgadora, considerando ser uma ditadura tão brutal como a que estava no banco dos reus.

    Uma novidade foi a condenação de corporações inteiras, como a SS e o Partido Nazista, todos seus membros estavam automaticamente condenados por pertencerem à oganização, independentemente de culpa individual.

    A Wehrmacht, o Exercito Alemão, não foi condenado como corporação, tampouco a Kriegsmarine (Marinha).

  4. Dossiê com os escândalos do PSDB não interessa ao PIG

    De Lucas, no face do C Af

     

    Fonte da Imagem: Conversa Afiada

    São tantos os escândalos do PSDB que o PIG esconde que o resultado não poderia ser outro: centena de milhares de páginas de denúncias ainda não apuradas.  

        

  5. O mercado anda feliz

    Nassif, o mercado ficou feliz, espectativas. Mas andou próximo dos 60.000 pontos na subida meteórica de Marina Silva. Agora essa onda de golpismo. Dilma deve estar é numa sinuca de bico danada.

    Nós abordamos sinteticamente isso ontem e tem mais coisa em http://refazenda2010.blogspot.com.br/ e lâmpadas compactas e seus segredos continuam em http://rf10consumidorsabido.blogspot.com.br/ .

    Mas o melhor mesmo desse último link citado é Tabela ao pé do blog. Utilíssima, sem modéstia nenhuma!

  6. A louca cavalgada de Merval para se defender de um ataque no FB

     

    A louca cavalgada de Merval para se defender de um ataque no Facebook

    Fonte: Diário do Centro do Mundo – DCM, por Paulo Nogueira

    Merval surtou.

    É a única explicação possível para ele invadir a conta do Facebook de um jornalista que criticara seu artigo de ontem no Facebook.

    O jornalista, Luís Costa Pinto, chamou o texto de Merval de pornográfico e golpista.

    No meio de uma discussão animada, eis que irrompe, do nada, Merval e se defende atacando Luís.

    Chamou-o de “ex-jornalista” e disse que ele estava envolvido no Mensalão.

    Merval cometeu um erro clássico: acusou o golpe. Alguém – um amigo com um secreto prazer em transmitir insultos — deve ter feito chegarem a ele as palavras de Luís.

    Sempre temos um amigo que se compraz com isso. Não surpreende. A surpresa foi Merval reagir. Foi como se ele dissesse: “Essa doeu.”

    A curiosidade me levou a procurar e ler o artigo de Merval. Encontrei-o no site da Veja, no blogue de Augusto Nunes.

    Nunes, célebre pela preguiça agitada, costuma reproduzir textos alheios em seu blogue, uma forma de se livrar do trabalho de escrever ele mesmo.

    Para resumir: Luís estava certo.

    Ali estava Merval numa louca cavalgada, fazendo panfletagem política e não jornalismo.

    Parece ainda em campanha.

    Ele disse coisas como a seguinte: o PT levou a corrupção a tal grau, e com tamanhas consequências na economia, que os investidores estrangeiros estão fugindo do Brasil.

    Aécio disse a mesma coisa algumas vezes em sua fracassada campanha, e lembro que Dilma jamais rebateu com propriedade – números, estatísticas, essencialmente.

    Os dados objetivos sobre o assunto existem. Basta querer, ou saber, encontrá-los.

    Exatamente no mesmo dia das palavras apocalípticas de Merval, a BBC Brasil fez umareportagem sobre os investimentos estrangeiros no país.

    O objetivo era checar se a desaceleração da economia tivera efeito sobre os investimentos estrangeiros.

    A BBC jogou luzes nas sombras, ao contrário de Merval, que jogou mais sombras onde já havia sombras.

    Abaixo, um trecho:

    “ … o fluxo de Investimentos Diretos Estrangeiros (IDE) para o Brasil continua em patamares elevados.

    Nos últimos 12 meses, tal fluxo atingiu US$ 66,5 bilhões, segundo dados do BC – mesmo nível de 2011, quando o Brasil ainda era o queridinho entre economias emergentes. Em 2010, quando o PIB se expandiu 7,5%, o IED ficou na casa dos US$ 48 bilhões.

    Dados da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) parecem confirmar o fenômeno. De acordo com a Cepal, o IDE para o Brasil aumentou 8% de janeiro a agosto na comparação com 2013. Já na região como um todo, os investimentos estrangeiros caíram 23%.”

    Quer dizer: o leitor brasileiro, para se informar sobre o estado de espírito dos investidores brasileiros, tem que ler a BBC.

    A BBC ouviu a executiva Irene Mia, diretora para América Latina e Caribe da Economist Intelligence Unit, a EIU. É uma divisão do grupo Economist, que edita a revista tão usada pelos conservadores brasileiros nas eleições por suas críticas a Dilma.

    A EIU, ficamos sabendo, tem planos de abrir um escritório em São Paulo até o final do ano, para “melhor servir seus clientes brasileiros e estrangeiros focados no Brasil”.

    “A atratividade do Brasil para o IDE permanece enorme”, disse a executiva à BBC.

    A atratividade do Brasil, conforme explicam os investidores, está ligada ao tamanho do mercado brasileiro.

    A BBC ouviu Olavo Cunha, do Boston Consulting Group. “O mercado de cosméticos brasileiro é o terceiro maior do mundo, o automobilístico é o quarto maior e o de laptops, o terceiro”, disse ele.

    “Muitas multinacionais sentem que precisam ter um plano para o Brasil para os próximos dez, vinte anos. E mesmo aquelas que já têm uma forte presença no país, como a Nestlé ou a Unilever, por exemplo, precisam fazer investimentos para manter sua fatia do mercado no longo prazo.”

    Em quem acreditar: nos números, nos fatos, na executiva Irene, no consultor Olavo ou em Merval?

    Merval acusou Luís Costa Pinto de ser “ex-jornalista”, por não estar militando nestes dias na imprensa.

    A definição cabe muito melhor para ele próprio, no entanto.

    Ao fazer propaganda política e partidária disfarçada de jornalismo, desinformando e manipulando leitores inocentes, é Merval que faz jus ao título de ex-jornalista.

    Leia também 

    Merval bate boca no Facebook depois de ser acusado de ‘pornográfico’

  7. Por onde andará Joaquim Barbosa?

    Será que ele está em Miami?

    Ele já devolveu o apartamento funcional onde ele morava em Brasília?

    Por que Aécio Neves não o colocou nos palanques nos últimos dias de campanha?

    Estive lendo os principais jornais de Miami na expectativa de encontrar alguma notinha de pé de página que permitisse saciar a minha curiosidade, e nada. Nem mesmo no Miami Herald eu encontrei qualquer informação a respeito do paradeiro do nosso Batman.

    Mas curiosidade mesmo eu tenho em saber o porquê de Barbosa não ter participado da campanha do Aécio, pelo menos na reta final do segundo turno. Eu acho que a presença do carrasco de Zé Dirceu teria desequilibrado a disputa em favor do mineiro. E pouparia a Veja de se expor ao ridículo na tentativa de fraudar o processo.

    A presença de Joaquim Barbosa é garantia de sucesso em qualquer empreitada. E a palavra mágica é “mensalão!”

    O que terá ocorrido para ele ter ficado de fora?

    1.  
      Dizem que viram ele num

       

      Dizem que viram ele num boteco na praça Tiratentes aqui no RJ, bebum, esbofeteando uma menina de programa .

      Eu não acredito, deve ser boato .

  8. Mariano, são cinco volumes ao todo

    Mariano Costa, o volume 1 do dossiê que você nos apresenta contém apenas as falcatruas do PSDB que deixaram de ser denunciadas no Telejornal da Band pelo Boechart. Os volumes de 2 a 5 contém o que o Bonner escondeu durante o tempo em que ele apresentava o JN ao lado de sua mulher, a Fátima Bernardes.

     

     

  9. Para ver(e rever) um dos melhores filmes da história :

    [video:http://youtu.be/PB-xK_ViPck%5D A Batalha de Argel

    (Emoção do início ao fim)

    A luta do povo argelino por sua libertação do jugo do colonialismo francês, apresentada no filme de Gillo Pontecorvo, tem como fio condutor a história de integrantes da Frente de Libertação Nacional (FLN), Ali-la-Pointe e seus companheiros que resistem na Casbah, o maior bairro popular da capital Argel. O filme apresenta um período desta luta, marco histórico no processo de libertação de colônias européias na África. A ação se passa entre 1954 e 1957 e o diretor, que mistura ficção e fatos reais, trata com veracidade a resistência argelina e a violência do exército francês, obtendo como resultado um “quase” documentário, intenso, emocionante, que mantém o espectador em suspense do início ao final do filme.

    O coronel Mathieu (inspirado no coronel Jacques Massu – o carrasco de Argel) utiliza e defende abertamente a tortura para desbaratar a resistência argelina e manter o país sob domínio dos franceses. A tese – o uso da tortura e da humilhação como principal forma de combate – foi defendida publicamente em 1961, pelo coronel francês Roger Trinquier em seu livro “La guerre moderne”, que serviu de “referência” para a “assessoria” de militares americanos em golpes de estado em países da América Latina. Há dois anos, segundo noticiou o jornal The New York Times, o filme foi exibido no Pentágono a militares norte-americanos inconformados com a tenaz resistência do povo iraquiano.

    Em 1954, humilhados pela derrota da batalha de Diên Biên Phu imposta pelos vietnamitas, militares franceses radicalizam a violência contra os argelinos com o intento de manter seu domínio de mais de cem anos sobre o país, iniciado em 1830. A França ganharia uma batalha, mas perderia a guerra.

    O filme, um clássico (agora em cópia restaurada), traz ao final uma das mais belas e emocionantes cenas do cinema.

    A Batalha de Argel ganhou o Leão de Ouro e o prêmio Fipresci (da Federação Internacional dos Críticos), no Festival de Veneza em 1966. O filme foi banido na França até 1971 e o primeiro cinema que o exibiu sofreu um atentado. Ficou proibido no Brasil no período de ditadura militar.

    A Batalha de Argel (La Battaglia di Algeri, Argélia/Itália, 1965)
    Direção: Gillo Pontecorvo
    Roteiro: Gillo Pontecorvo, Franco Solinas
    Música: Ennio Moricone e Gillo Pontecorvo
    Fotografia: Marcello Gatti
    Elenco: Brahim Haggiag, Jean Martin, Yacef Saadi, Samia Kerbash, Ugo Paletti, Fusia El Kader, Mohamed Ben Kassen.
    Produção: Casbah Films, Argel, em colaboração com Igor Film, Roma
    Longa-metragem, P&B, legendas em português
    Duração: 117 min

    A Batalha de Argel conquistou e conquista público em todo o mundo. Após assistir o filme, Marlon Brando afirmou em entrevista que só filmaria na Europa se fosse com Pontecorvo. Dessa “parceria” nasceu outro clássico, dirigido por Pontecorvo, Queimada (1969), estrelado por Brando e Evaristo Márquez, sobre a dominação colonial nas Caraíbas.

    1. Caro Antonio

      Caro Antonio Carlos

      Fantástico esse filme. Faz parte de trilogia, Batalha de Argel, Queimada e Operação Ogro, tenho este último, mas ainda não o assisti.

      Batalha de Argel e Queimada foram filmes, quase obrigatórios nas aulas de Geografia e História, hoje, acredito que em SP, deve dar processo e cadeia ao professor.

      Saudações

      1. A exibição em sala de aula :

        A exibição em sala de aula : “..hoje, acredito que em SP, deve dar processo e cadeia ao professor….”

        A direita brasileira é deprimente !!

        Já que os reaças não suportam a sublevação de povos humilhados, que a TV Brasil comece a exibir em sua grade de programação filmes iguais .

         

               Saudações !!

  10. BOA IDEIA

    Estudantes de MG vencem prêmio de 100 mil euros em concurso na França

    Alexandre e Ana Carla criaram sistema automotivo mais eficiente e ‘verde’.
    Projeto concorreu com mais de 960 equipes, e levou o prêmio máximo.

     

    Ana Carolina MorenoDo G1, em São Paulo

    FACEBOOKOs estudantes brasileiros Alexandre Bemquerer e Ana Carla Campos, da equipe Sadec, receberam 100 mil euros em prêmio de inovação na França (Foto: Divulgação/Grupo Valeo)Os estudantes brasileiros Alexandre Bemquerer e Ana Carla Campos, da equipe Sadec, receberam 100 mil euros em prêmio de inovação na França (Foto: Divulgação/Valeo)

    Dois estudantes de Minas Gerais venceram o prêmio principal de um concurso de inovação na indústria automobilística na França no mês passado. Alexandre Marques Bemquerer, de 25 anos, e Ana Carla de Sá Campos, de 26, superaram mais de 960 equipes e receberam um prêmio de 100 mil euros (cerca de R$ 320 mil) na primeira edição do Desafio de Inovação da Valeo (VIC, na sigla em inglês), promovido pela fornecedora de peças de automóveis francesa.

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    O concurso pediu aos candidatos que criassem protótipos “que façam os carros mais inteligentes e intuitivos até 2030”. O projeto da dupla brasileira focou na melhoria do que Alexandre classificou como “o coração” do carro: a transmissão de marchas e o motor. “É um modelo de câmbio automático para carros, baseado em um novo modelo transmissão continuamente variavel [CVT, na sigla em inglês], que proporciona uma melhora significativa na performance do veículo, além de otimizar o consumo de combustivel e reduzir as emissões de CO²”, explicou ele aoG1.

    Estudante de graduação em engenharia mecânica da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Alexandre já havia tido a ideia de criar um projeto relacionado ao câmbio CVT (que, em comparação com outros tipos de câmbio, pode ser mais econômico e eficiente, e já é bastante difundido em scooters).

    Ele diz que descobriu o concurso em outubro de 2013, quando já desenvolvia o projeto, e enquanto buscava ajuda para conseguir tirar a patente de sua ideia. “Fazer uma patente, como pessoa física, é muito complicado, e no concurso tinha essa oportunidade de ajudar no processo da patente”, lembrou.

    Foi assim que ele decidiu montar a equipe com Ana Carla, que é formada em gestão de processos e atualmente faz pós-graduação em perícia, auditoria e análise ambiental pelo Centro Universitário UNA. “Eu fiquei mais na parte administrativa e burocrática, a parte técnica toda foi ele que desenvolveu”, contou a jovem.

    Foto divulgada pela Valeo mostra as sete equipes finalistas: 22 homens e duas mulheres (Foto: Divulgação/Grupo Valeo)Foto divulgada pela Valeo mostra as sete equipes
    finalistas: 22 homens e duas mulheres
    (Foto: Divulgação/Valeo)

    969 concorrentes
    Os dois batizaram o time de Sadec e, em fevereiro deste ano, quando se encerrou o período de inscrições do VIC, descobriram que estavam entre as 969 equipes concorrentes. Além da dupla mineira, apenas um segundo time brasileiro participou da competição, segundo a assessoria de imprensa da Valeo no Brasil.

    A primeira fase do concursou incluiu o envio dos documentos dos projetos e, em abril, só 20 equipes de 13 países diferentes foram selecionadas para a segunda fase, entre elas a dos dois estudantes de Belo Horizonte. “As 20 equipes que foram para a segunda fase receberam cinco mil euros pra financiar o protótipo”, explicou Alexandre.

    Dali, sete times chegaram à semi-final, que foi disputada em outubro em Paris. Até então, os mineiros ainda competiam com estudantes do Canadá, Estados Unidos, Austrália, Alemanha e Índia. Entre as sete equipes finalistas, só havia uma outra estudante mulher, além de Ana Carla. Nesta fase, os grupos tiveram que apresentar seu projeto para o júri e diretores da Valeo. Apenas três passaram para a final: a equipe brasileira e duas equipes canadenses, que acabaram empatadas em segundo lugar e receberam um prêmio de 10 mil euros (cerca de R$ 32 mil).

    ‘Contra o senso comum’
    Em comunicado divulgado pela Valeo, Guillaume Devauchelle, vice-presidente do Grupo de Inovação e Desenvolvimento Científico da montadora, afirma que a dupla de estudantes de Minas teve “coragem” e apresentou uma tecnologia convincente. “O que mais admiramos nessa ideia é o fato de ser tão inovadora, que força ‘experts’ a reconsiderar o que eles já sabem. Apreciamos a coragem do time de ir contra o senso comum e questionar nossas suposições básicas e nos desafiar a pensar se devemos mudá-las”, disse Devauchelle na nota.

    O que mais admiramos nessa ideia é o fato de ser tão inovadora, que força ‘experts’ a reconsiderar o que eles já sabem”Guillaume Devauchelle,
    executivo do Grupo Valeo

    Para Alexandre, o diferencial do seu projeto está na área do carro que ele escolheu melhorar. “É muito difícil as pessoas se disporem trabalhar com a mecânica do carro. Ela é muito consolidada, a transmissão e o motor são o coração no veículo. Ninguém mexe muito mais com isso, todos os outros projetos que chegaram lá eram mais na parte de elétrico e eletrônico. Eram mais cosméticos, sobre o conforto do motorista, não é automotivo em si.”

    Ana Carla afirma que desde o início a dupla estava confiante de chegar longe no concurso. “Até então ninguém tinha tido a ideia de mudar um pouco a forma de criar e reelaborar uma CVT de forma que ela tenha um custo viável e que consiga atender a parte de eficiência e um máximo de aproveitamento”, disse.

    Alémpós a entrega do prêmio de cem mil euros, que ainda não tem destino certo, mas deve ir parcialmente para alguma aplicação financeira, a equipe ainda não se desfez desde o fim do concurso. Além de seguir com o trabalho para tirar a patente, Alexandre diz que a ideia é continuar desenvolvendo o projeto para, mais para frente, transformá-lo em um produto. “Não adianta ter algo bom e não botar no mercado”, disse.

    segunda edição do Valeo Innovation Challenge foi lançada no dia 17 de outubro e as inscrições das equipes para a disputa da primeira fase está aberta até 2 de fevereiro de 2015.

    tópicos:UFMG

     

  11. QUEM NÃO TEM PAI E PADRINHO PODEROSO SOFRE

    Morador de rua preso por protestos é punido após foto com crítica ao estado

    Rafael Braga posa ao lado de muro com a frase: “Você só olha da esquerda p/ a direita, Estado te esmaga de cima para baixo”

    CONSTANÇA REZENDE

    Rio – O morador de rua Rafael Braga Vieira, de 26 anos, preso nas manifestações de junho do ano passado, em meio à polêmica de que estaria com material explosivo ou de limpeza, sofreu punição no Instituto Penal Francisco Spargoli Rocha, em Niterói, e está em cela isolada desde quarta-feira. A infração cometida por Rafael, segundo ofício do subdiretor da unidade, Humberto Silva, foi ter posado para uma foto ao lado de um muro com a frase crítica ao estado: “Você só olha da esquerda p/ a direita, o Estado te esmaga de cima para baixo”.

    Para o subdiretor, ‘foi configurado desvio de conduta do interno já que o referido deveria estar mais preocupado em retornar à unidade do que estimular outros a fazerem críticas ao Estado.’ Com a decisão, Rafael, que está preso em regime semiaberto, ficará por dez dias na solitária, considerada um dos piores castigos da prisão, e não poderá trabalhar externamente durante o dia.

    Foto em que Rafael posa ao lado de pichação feita ano passado no presídio foi publicada no dia 30 de outubro, na página do Facebook do DDHFoto:  Reprodução

    A ‘denúncia’ da foto, publicada no dia 30 de outubro, na página do Facebook do Instituto de Defensores de Direitos Humanos (DDH), onde Rafael trabalha, foi feita por funcionários da Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) à direção da unidade. A pichação já existe há mais de um ano no muro da penitenciária. A assessoria de imprensa da Seap limitou-se a responder que ‘foi aberta uma Comissão Técnica de Classificação (CTC), responsável em aplicar a sanção, devido a uma falta disciplinar’. 

    O advogado do DDH, Thiago Mello, que defende Rafael, disse que a punição do confinamento em um cubículo, onde cabem apenas um colchão e uma pia, foi totalmente arbitrária.

    “Não tem nada na legislação dizendo que o preso não pode tirar uma foto, que não foi nem ele quem tirou. A condenação dele também foi feita com base em provas forjadas”, alegou.

    A advogada criminal e secretária-adjunta da OAB-RJ, Fernanda Tórtima, disse que não tem nada na lei que diga, a princípio, que o preso possa ser punido por fazer manifestação de pensamento. “O mais adequado nesse caso seria que a questão fosse submetida ao Poder Judiciário”, disse. O representante da OAB no Conselho de Administração Penitenciária, Mario Miranda Neto, disse que as únicas possibilidades de interpretações da lei de execuções penais para que Rafael fosse punido são ‘absurdas’. “A lógica do sistema prisional é de que qualquer pessoa que reclama do Estado é mau. Mas a atitude não é representativa dos funcionários da Seap”, disse.

    Justiça é quem deve analisar punição

    O projeto de lei de reforma da Lei de Execução Penal (513/13), em análise no Senado Federal, pede que todas as punições dadas pela Secretaria de Administração Penitenciária sejam antes analisadas antes pela Justiça. Pela norma, a suspensão ou restrição dos direitos dos presos deve ser feita somente por decisão motivada do juiz. 

    Entre as sanções que seriam avaliadas previamente pelo Judiciário estão a distribuição do tempo para o trabalho, o descanso e a recreação, a visita de cônjuge, parentes e amigos e o contato com o mundo exterior. Hoje, elas são decididas pelos próprios membros da Seap. A medida busca, em sua justificativa, evitar arbitrariedades por parte dos diretores de unidades prisionais.

    O projeto de lei também determina que o advogado ou o defensor público do preso esteja presente no julgamento das punições da Comissão Técnica de Classificação prisional, composta pelos membros da unidade. Segundo a justificativa dos autores da medida, os procedimentos disciplinares atualmente são uma grande farsa, pois o preso presta depoimento completamente desassistido.

     

     

     

     

     

  12. Militares ganham partido

    Militares ganham partido político

    Nova legenda será criada até o fim deste ano e identificada ideologicamente com a ‘direita’

    LEANDRO RESENDE

    Rio – Espalhados pelas dezenas de partidos existentes no Brasil, os militares decidiram se agrupar para criar uma legenda: o Partido Militar Brasileiro (PMB). Integrantes do novíssimo PMB acreditam que, até o fim deste ano, terão coletado as 500 mil assinaturas exigidas para registrar a nova legenda, e planejam lançar candidatos nas eleições municipais de 2016. 

    Jair BolsonaroFoto:  Divulgação

    “No Brasil, todos os partidos são de esquerda. O PMB será o único partido de direita do país”, afirma o capitão Augusto Rosa, futuro presidente nacional e um dos fundadores do partido. Este ano, ele foi eleito para o cargo de deputado federal pelo PR de São Paulo, e afirma que não terá problema em migrar para a nova legenda. “Vamos ter uma bancada de 15 deputados federais”, calcula.

    Sobre os tempos do regime militar, capitão Augusto argumenta que os militares “salvaram o Brasil do comunismo”, e prefere não falar sobre a repressão feita pelo Estado contra a oposição. Mas faz questão de se desvincular dos radicais que defendem uma nova intervenção militar autoritária no Brasil. “Não tem o menor cabimento o que essas pessoas estão pedindo. Nunca mais vai acontecer isso. Vamos invadir a política, mas não será pela força”, garante. 

    Sob o argumento de defesa da segurança, o partido irá assumir posições polêmicas: será favorável à redução da maioridade penal e defenderá a “família tradicional composta por pai e mãe”, como forma de atrair deputados e eleitores conservadores. O Bolsa-Família, por exemplo, programa de transferência de renda que foi assunto durante toda a campanha presidencial neste ano, sofre severas críticas e é apontado como “criador de uma geração de vagabundos”. 

    Segundo Rosa, não acontecerá com o PMB o que aconteceu com a Rede Sustentabilidade, partido que a ex-presidenciável Marina Silva tentou criar e que teve o registro negado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). “A Rede nasceu como uma colcha de retalhos. Somos coesos”, argumenta o capitão, que abriu a legenda para entrada de civis como candidatos. “Não existe distinção. Mas nós investigaremos a vida de qualquer candidato. Precisa ser e parecer honesto”.

    No Rio, o nome mais reconhecido do partido é José Alberto da Costa Abreu, general da reserva que concorreu nas eleições deste ano como vice na chapa de Marcelo Crivella (PRB) ao governo do Rio. “Com o PMB, o objetivo é lançar candidaturas, sobretudo de militares, às câmaras de vereadores e prefeituras em todo o país já em 2016”, afirma o general, que será vice-presidente nacional do partido. Rosa vê nele um bom nome para disputar a prefeitura da cidade em 2016. “Se assim ele decidir, terá o meu apoio.”

    Bolsonaro já foi procurado

    Deputado federal mais votado do Rio neste ano, e um dos políticos mais polêmicos do Brasil, Jair Bolsonaro (PP) afirmou ao DIA que já conversou com integrantes do PMB para migrar para nova legenda. Conhecido por assumir posições conservadoras e por usar a tribuna do Congresso para exaltar a ditadura, o parlamentar teceu elogios ao programa do PMB e deixou as portas abertas para uma possível troca de legenda.

    “Primeiro, precisa ver o que vai acontecer com meu partido quando abrirem essa caixa preta da Petrobras. Quando abrir essa tampa, vamos ver quantos do meu partido estarão lá dentro”, disparou. O PP é um dos partidos apontados como beneficiário no esquema de desvio de dinheiro da Petrobras, investigado pela Operação Lava Jato, da Polícia Federal.

    Cacifado pela expressiva votação recebida no pleito deste ano, Bolsonaro já declarou diversas vezes que quer ser candidato à Presidência da República em 2018. Em seu estatuto, o PMB prevê obrigatoriamente o lançamento de uma candidatura todos os anos. Cenário perfeito para união? O deputado desconversa e diz que a decisão sobre a troca de legendas, entretanto, não será tomada até 2015. “Com certeza não sairei antes do fim do ano que vem”, disse.

     

     

     

     

     

  13. Baruch Spinoza (1632-1677):

    Baruch Spinoza (1632-1677): Inserção do Logos Moderno em Ordem Mítica

    Posted on22/11/2014by

    Spinoza

    Baruch de Espinoza (24 de novembro de 1632, Amsterdã — 21 de fevereiro de 1677, Haia) foi um dos grandes racionalistas do século XVII dentro da chamada Filosofia Moderna, juntamente com René Descartes e Gottfried Leibniz. Nasceu em Amsterdã, nos Países Baixos, no seio de uma família judaica portuguesa e é considerado o fundador do criticismo bíblico moderno.

    Na mesma época em que excomungaram Juan del Prado (leia post anterior) pela primeira vez, Karen Armstrong conta, em seu livro Em nome de Deus: o fundamentalismo no judaísmo, no cristianismo e no islamismo (Tradução: Hildegard Feist. São Paulo; Companhia das Letras; 2001), que os rabinos se voltaram contra Baruch Spinoza, que tinha então 23 anos de idade. Ao contrário de Prado, Spinoza nasceu em Amsterdam. Seus pais eram marranos judaizantes em Portugal e, quando se instalaram em Amsterdam, conseguiram fazer a transição para o judaísmo ortodoxo. Portanto, Spinoza não sofreu perseguição enquanto não se tornou um incômodo.

    Sempre morou na liberal Amsterdam, onde tinha acesso à vida intelectual dos gentios e podia praticar sua religião livremente. Recebeu uma educação tradicional na esplêndida escola Keter Torah, mas também estudou Matemática, Astronomia e Física.

    Destinado ao comércio, parecia devoto, mas, em 1655, pouco antes da chegada de Prado a Amsterdam, parou de frequentar a sinagoga e começou a expressar dúvidas. Assinalou contradições nas Escrituras que, a seu ver, provavam que o texto bíblico tinha origem humana, e não divina. Negou a possibilidade da revelação e afirmou que “Deus” era simplesmente a totalidade da natureza.

    Em 27 de julho de 1656 foi excomungado pelos rabinos e, ao contrário de Prado, não pediu para permanecer na comunidade. Afastou-se sem pesar e tornou-se o primeiro europeu que conseguiu viver bem à margem da religião estabelecida.

    Spinoza teve mais facilidade que Juan del Prado ou Uriel da Costa para sobreviver no mundo dos gentios. Era um gênio, capaz de definir claramente sua posição e de sustentar-se no inevitável isolamento decorrente de sua independência. Sentia-se à vontade na Holanda e, graças à mesada razoável que recebia de protetores poderosos, estava livre da pobreza. Se polia lentes, não era para ganhar o pão, como acreditam alguns, mas para ampliar seus conhecimentos de óptica. Embora conquistasse a amizade de ilustres cientistas, filósofos e políticos gentios da época, continuava solitário. Sua irreligião chocava ou desconcertava judeus e cristãos.

    No entanto, havia espiritualidade em seu ateísmo, pois para ele o mundo era divino, era uma visão do Deus imanente na realidade terrena que o enchia de medo e admiração. Spinoza via o estudo e o pensamento filosóficos como uma forma de oração.

    Conforme explicou em seu Breve Tratado sobre Deus (1661), a divindade não é um objeto a ser conhecido, mas o princípio de nosso pensamento. Por conseguinte a alegria que sentimos ao alcançar o conhecimento constitui o amor intelectual de Deus.

    O verdadeiro filósofo cultiva o que Spinoza chamou de conhecimento intuitivo, um lampejo de percepção que reúne toda a informação adquirida discursivamente e que corresponde a uma experiência do que ele acreditava ser Deus. A tal experiência deu o nome de “beatitude“: nesse estado o filósofo compreende que é inseparável de Deus e que Deus existe através dos seres humanos.

    Trata-se de uma Filosofia mística, que Karen Armstrong considera como uma versão racional do tipo de espiritualidade cultivado por João da Cruz e Teresa de Ávila, mas Spinoza não tinha paciência com essa espécie de percepção religiosa. Segundo ele, o anseio por um Deus transcendente afasta a humanidade de sua natureza.

    Posteriormente alguns filósofos achariam embaraçosa sua busca do êxtase da beatitude e descartariam seu Deus. Todavia, por se concentrar neste mundo e negar o sobrenatural, Spinoza se tornou um dos primeiros secularistas europeus.

    Como muitos modernos, ele tinha aversão a toda religião formal. O que não surpreende, dada sua experiência de excomunhão. Spinoza recusou toda religião revelada como um “misto de credulidade e preconceitos”, um “amontoado de mistérios sem sentido”.

    Encontrara o êxtase no uso livre da razão, não no texto bíblico, e, assim, tinha uma visão das Escrituras inteiramente objetiva. Dizia que se devia ler a Bíblia como se lê qualquer texto e não corno uma revelação do divino. Foi um dos primeiros a estudar a Bíblia cientificamente, examinando os antecedentes históricos, os gêneros literários e a questão da autoria.

    Também a utilizou para esmiuçar suas ideias políticas. Foi um dos primeiros europeus a promover o ideal de um Estado secular e democrático que seria uma das características da modernidade ocidental. Argumentou que, quando os sacerdotes adquiriram mais poder que os reis de Israel, as leis do Estado se tornaram punitivas e restritivas.

    Em sua origem, o reino de Israel era teocrático, mas a voz do povo prevalecia, pois Deus e o povo eram exatamente a mesma coisa. Quando os sacerdotes assumiram o comando, não se pôde mais ouvir a voz de Deus.

    No entanto, Spinoza não tinha nada de populista. Elitista, como a maioria dos filósofos pré-modernos, considerava as massas incapazes de pensar racionalmente. As massas precisavam de alguma forma de religião que lhes proporcionasse um mínimo de esclarecimento, mas essa religião devia ser reformada e ter como base não a lei revelada, e sim os princípios naturais de justiça, fraternidade e liberdade.

    Spinoza foi, sem dúvida, um dos precursores do espírito moderno e mais tarde se tornaria uma espécie de herói para os judeus secularistas, conquistando sua admiração por haver deixado honradamente o abrigo da religião. Em vida, porém, não teve seguidores entre os judeus, apesar de muitos deles parecerem prontos para uma mudança fundamental.

    Mais ou menos na mesma época em que desenvolvia seu racionalismo secular, um fervor messiânico se apoderou do mundo judaico. Trata-se de um dos primeiros movimentos milenaristas da modernidade, que proporcionou a homens e mulheres um modo religioso de romper com o passado e buscar algo inteiramente novo. Reencontraremos isso várias vezes em nossa história.

    Pouca gente consegue entender a elite intelectual que propôs as filosofias secularistas da era moderna. A maioria fizera a transição para o mundo novo através da religião, que propicia alguma consoladora continuidade com o passado e insere o logos moderno em uma ordem mítica.

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    Gueto

    Posted on22/11/2014by

    Ettore_Roesler_Franz,_Gueto alagado

    Imagem acima: o gueto de Roma quando o rio subia.

    Em meados do século XVII, muitos judeus pareciam inconformados com sua situação. Em nenhum outro lugar da Europa encontravam a liberdade que os marranos tinham em Amsterdam. O radical afastamento de Spinoza só foi possível por que ele se misturara com os gentios e estudara as novas ciências.

    No resto da cristandade os judeus viviam à margem da sociedade. No século XVI viram-se confinados ao distrito especial conhecido como “gueto“, onde levavam uma vida inevitavelmente introvertida. A segregação intensificou o preconceito antissemita, e os judeus naturalmente reagiram com amargor e desconfiança dos gentios que os perseguiam.

    O gueto se tornou um mundo auto contido, com suas próprias escolas, instituições sociais e beneficentes, casas de banho, cemitérios e matadouros. A kehilla (governo comunal) de rabinos e anciões eleitos presidia seus próprios tribunais, de acordo com a lei judaica.

    O gueto era um mundo autônomo, um Estado dentro de um Estado, e seus habitantes tinham pouco contato – e pouca vontade de tê-lo – com a sociedade dos gentios.

    Em meados do século XVII, porém, muitos se revoltavam com essas limitações. Os guetos geralmente se situavam em locais insalubres e miseráveis. Cercados de muros altos eram superpovoados e não tinham como se expandir. Não havia espaço para jardins, nem mesmo nos guetos maiores de Roma ou Veneza. A única maneira de ampliar as acomodações consistia em acrescentar novos andares aos edifícios existentes, e, como nem sempre os alicerces podiam suportar acréscimos, sucediam-se os desabamentos. O perigo de incêndio e epidemias era constante.

    Os judeus tinham de usar roupas que os distinguiam, sofriam restrições econômicas e suas opções profissionais praticamente se resumiam em mascate e alfaiate. Não podiam ter nenhuma grande empresa comercial, e muitos dependiam da caridade.

    Privados da luz do sol e do contato com a natureza definhavam fisicamente. Apartados das artes e das ciências europeias, estavam também mentalmente confinados. Tinham boas escolas, mas continuavam estudando apenas a Torá e o Talmude, enquanto o currículo escolar da cristandade se tornava mais liberal, a partir do século XV. Imersos em seus próprios textos e tradições culturais, tendiam a atrofiar seus conhecimentos, concentrando-se em minúcias.

    No mundo muçulmano, não sofriam tantas restrições. Como os cristãos, constituíam dhimmis (“minorias protegidas”), contando com proteção civil e militar, desde que respeitassem as leis e a supremacia do Estado islâmico. Não eram perseguidos, pois lá não havia tradição de antissemitismo, e, embora fossem cidadãos de segunda classe, gozavam de plena liberdade religiosa, podiam cuidar de seus assuntos em conformidade com suas próprias leis e tinham maiores possibilidades de participar da cultura e do comércio.

    No entanto, como os acontecimentos demonstrariam, também estavam cada vez mais inquietos e ansiavam por maior emancipação. Desde 1492, recebiam notícias dos desastres que se sucediam na Europa e em 1648 horrorizaram-se com relatos das atrocidades cometidas na Polônia – atrocidades que até o século XX não teriam paralelo em sua história.

    A Polônia havia anexado grande parte do que hoje é a Ucrânia, e os camponeses locais formaram esquadrões de cavalaria para organizar sua defesa. Esses “cossacos” odiavam tanto os poloneses quanto os judeus, que geralmente administravam as propriedades dos nobres poloneses.

    Em 1648, atacaram a ambos, em insurreição liderada por Boris Chmielnicki. Rezam as crônicas que, quando a luta terminou, em 1667, haviam sido mortos 100 mil judeus e destruídas trezentas comunidades judaicas. Esses números provavelmente são exagerados, mas as cartas e histórias dos refugiados aterrorizaram os judeus em todo o mundo. Descreviam massacres em que judeus foram despedaçados, valas comuns em que foram enterradas mulheres e crianças judias, execuções entre judeus por ordem dos cossacos.

    Muitos acreditavam que esses fatos correspondiam às tão esperadas “dores do parto do Messias” e, numa tentativa de apressar a redenção messiânica, recorreram aos ritos e penitências da Cabala luriânica.

    Em 1683, cerca de duzentas famílias judias da Turquia otomana adotaram o islamismo. Essa seita de donmeh (“conversas”) tinha suas sinagogas clandestinas, mas também rezava nas mesquitas. Em seu apogeu, na segunda metade do século XIX, contava aproximadamente 115 mil adeptos. Começou a desintegrar-se no início do século XX, quando seus membros passaram a receber uma educação moderna, secular, e já não sentiam necessidade de qualquer religião. Alguns jovens donmeh atuaram na rebelião secularista dos Jovens Turcos, em 1908.

    Outro movimento radical foi mais sinistro e demonstrou o niilismo que pode resultar de uma tradução literal do mito em ação concreta. O polonês Jacob Frank (1726-91) iniciou-se no shabbetaísmo quando visitou os Bálcãs. Ao retornar para seu país, fundou uma seita clandestina cujos adeptos observavam publicamente a lei judaica, mas secretamente se dedicavam a práticas sexuais proibidas. Excomungado em 1756, Frank se converteu primeiro ao islamismo (durante uma visita à Turquia) e depois ao catolicismo, levando consigo seu rebanho.

    Frank não se limitou a rejeitar as restrições da Tora, mas abraçou claramente a imoralidade. A seu ver a Tora era não só antiquada, como perigosa e inútil. Os mandamentos eram leis da morte, e cumpria descartá-los. Somente através do pecado e do despudor podia-se alcançar a redenção e encontrar Deus.

    Frank não chegara para construir, mas “apenas para destruir e aniquilar”. Seus seguidores estavam empenhados em uma guerra contra todas as normas religiosas: “Eu lhes digo que os guerreiros não podem ter religião, o que significa que devem alcançar a liberdade por suas próprias forças”.

    Como muitos secularistas radicais da atualidade, Frank considerava nociva toda religião. Com o progresso do movimento, os frankistas se voltaram para a política, sonhando com uma grande revolução que apagaria o passado e salvaria o mundo. Para eles a Revolução Francesa constituiu um sinal de que sua visão era verdadeira e que Deus interferira em seu favor.

    Os judeus anteciparam muitas das posturas do período moderno. Seu encontro doloroso com a sociedade europeia, agressivamente modernizadora, levou-os ao secularismo, ao ceticismo, ao ateísmo, ao racionalismo, ao niilismo, ao pluralismo e à privatização da fé.

    Para a maioria, o caminho do mundo novo que se abria no Ocidente passava pela religião, porém essa religião era muito diferente do tipo de fé habitual para nós, no século XX. Tinha uma base mais mítica; não fazia uma leitura literal das Escrituras e estavam plenamente preparadas para apresentar soluções novas, algumas das quais pareciam chocantes em sua busca de novidades.

    Para entender o papel da religião na sociedade pré-moderna, segundo Karen Armstrong, autora de “Em Nome de Deus”, temos de nos debruçar sobre o mundo islâmico, que no inicio da era moderna sofria suas próprias convulsões e desenvolvia diferentes formas de espiritualidade, que continuariam a influenciar os muçulmanos pela modernidade adentro.

    venice-ghetto Imagem acima: Kids playing soccer in the Venetian ghetto. Only a handful of Jews live in Venice and very few live in the old ghetto region.

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  14. Sr. Nassif, o ano está acabando, e cadê o Sarau?

    O Sarau do Nassif é a nossa oportunidade de encontrar os amigos e os não tão amigos assim, confraternizar com os presentes e principalmente falar mal dos ausentes. 

    Pô, cadê? Vamos agitar essa bagaça lá no Bar Reserva, em Pinheiros, como de costume? Minha agenda de eventos e comemorações já está ficando apertada. 

  15. As mulheres abortam

     

    Da Carta Capital, por Karina Buhr

    Uma coisa curiosa nas discussões sobre aborto é o fato de muitos homens maravilhosos e que estão junto, somando forças, querendo a descriminalização e lutando por ela e pelos direitos sexuais e reprodutivos das mulheres usando variantes da frase “para todas as mulheres o aborto é um procedimento traumático, doloroso, difícil…”.
    Não, nem sempre! Não, não mesmo!

    Se feito do jeito seguro, no tempo certo, por vontade própria, pode sim não ser nem traumático, nem doloroso, nem difícil.
    Esse trauma todo é justamente pela maneira como ele é tratado e incutido na cabeça de todo mundo.

    Um aglomerado de células não é um bebê, logo essa dor toda aí só existe se a mulher faz na ilegalidade, em condições terríveis, ou se for obrigada a fazer. O que cria qualquer tipo de terror é a proibição, é a mulher se sentir abandonada pela lei, se sentir uma criminosa, ter risco de vida ou de ir presa, ou pagar grana que não tem pro médico ou como punição pelo “crime”.

    Se ela quer fazer, no tempo certo e dão a ela o direito, as condições e o apoio não tem trauma nenhum não!
    Qualquer desespero é justamente por toda essa aura de terror que é criada em torno desse assunto.

    Conheço muita gente que fez e as que tem trauma são traumas em relação ao namorado (que não apoiou, não estava do lado, ligou o foda-se, ou insistiu muito pra ela fazer e foi fazer meio na dúvida) e as que não tinham grana pra fazer e tiveram que ir num açougue, escondidas, sem falar pra ninguém, comprando remédio com um traficante.

    Sobre “ser a última opção” para as mulheres, isso é meio óbvio, né?
    Que coisa!
    Alguém consegue mesmo imaginar que alguma mulher queira ficar se submetendo a aborto toda hora? Nem no dentista ninguém quer ir toda hora…

    Enfim, o que importa é:
    o corpitcho é nosso, a gente que vai carregar na barriga 9 meses e a vida toda depois, é uma escolha muito séria, que só a gente que deve resolver, cada uma o seu caso.
    Você é contra? Não faça!
    E você sendo contra ou a favor as mulheres fazem! Talvez sua mãe já tenha feito escondido.

    Seu deus não quer? O da sua vizinha também não e ela fez mesmo assim, talvez sua irmã, sua prima, sua filha. E aquela sua amiga que não acredita em deus pode também cuidar do corpo dela por conta própria.

    É um direito de toda mulher.
    E quem tá morrendo é quem não tem dinheiro.
    Pobres, maioria negras, de novo e sempre.
    Ponto.
    Simples e horrendo.
    ‪#‎PrecisamosFalarSobreAborto‬

     

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