O comunicado da chanceler alemã Ângela Merkel, embora indiretamente, deixa claro o que faltou para se delinear um acordo de ajuda à Europa na reunião do G-20.
“”Nós vamos trabalhar nas orientações para a EFSF ( o Fundo de Estabilização Europeu)e todos os membros do FMI estão convidados a participar voluntariamente (na EFSF) de uma forma que seja apropriada para eles”, disse Merkel, segundo o Estadão.
O impasse para a entrada dos emergentes na solução não é econômico, é político.
Os europeus não querem se submeter ao que submeteram, durante décadas, de forma muito mais draconiana, os países do Terceiro Mundo: a sujeição a regras do FMI.
Não, é claro, porque elas podem ser severas, até porque a própria Europa não hesitou em pendurar a Grécia na ponta de um gancho.
Mas porque isso implicaria duas coisas.
A primeira, a redistribuição de poder dentro do FMI, rejeitada por eles e pelos americanos.
A segunda, a entrada – institucional, porque informal já aconteceu – de outro pólo de poder além do franco-alemão, cuja hegemonia, nesta crise, se tornou flagrante, com peso maior para os germânicos.
O G-20, ou melhor, a Europa, optou por um “vamos ver o que acontece”, em lugar de fazer acontecer.
O que vai acontecer é a queda prolongada da atividade econômica e, se não houver mudanças, a substituição da Grécia por Portugal, Espanha, Itália e quem sabe mais que país.
Muito ruim para o Brasil, a quem interessa uma rápida e improvável recuperação da economia europeia e mundial.
Mas não podemos – e isso o Governo brasileiro deixou claro desde o início – ajudar no varejo, porque, além de não termos, isoladamente, um peso econômico capaz de nos tornar ator principal neste enredo, não teríamos o peso político necessário a fazer mudar a direção suicida que o “cada vez mais austeridade e cortes” está levando a Europa a seguir.
Por: Fernando Brito
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