Fernando Castilho
Fernando Castilho é arquiteto, professor e escritor. Autor de Depois que Descemos das Árvores, Um Humano Num Pálido Ponto Azul e Dilma, a Sangria Estancada.
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A pobreza é invisível aos olhos dos partidos de direita, por Fernando Castilho

Sim, o responsável direto por todo esse sofrimento dos desvalidos, a autoridade máxima da nação, gasta seu tempo viajando pelo país, fazendo campanha eleitoral antecipada, paga com dinheiro público.

Agência Brasil

A pobreza é invisível aos olhos dos partidos de direita, por Fernando Castilho

As propagandas eleitorais na TV, embora disfarçadas, já começaram.

Excetuando-se a centro-esquerda de Lula, e a extrema-direita de Bolsonaro, todos os outros partidos componentes desse espectro político são da direita. E nenhum, excetuando Lula, demonstra o menor sentimento de empatia com o sofrido povo brasileiro.

O que se vê são platitudes e mentiras.

Um diz que a esquerda vê a pedofilia com simpatia.

Outro se intitula o verdadeiro partido conservador.

Para todos o que importa é a defesa da tradicional família brasileira. Mesmo que ela esteja se despedaçando por causa da fome, do desemprego e da Covid..

O Brasil perdeu em pouco mais de dois anos pelo menos 620 mil pessoas para a Covid-19, numero divulgado pelo Consórcio de Veículos de Imprensa que, com certeza, está subestimado. Multiplique-se isso por 5 e teremos a dor de mais de 3 milhões de familiares, muitos dos quais, perderam seus arrimos.

Mas esses partidos, o presidente e o centrão não viram isso, ou não sentiram isso, ou não ligam para isso, ou não agiram para evitar isso.

Outros milhares de pessoas, entre mortos, feridos e desabrigados foram vítimas das terríveis chuvas dos últimos meses, enquanto o presidente do Brasil se exibia em esquis aquáticos por Santa Catarina, alheio ao sofrimento humano.

Novamente, nenhum deles viu isso, sentiu isso. E nem se lembra mais disso.

Caminho pelas ruas da cidade e observo o enorme contingente de famélicos, sujos e  maltrapilhos a andar como zumbis a esmo ou deitar nas calçadas e marquises. Gente que chegou ao fundo do poço por causa do desemprego que lhe custou o despejo e a desagregação da família. Gente que talvez nunca mais consiga se reerguer.

Passo por um semáforo e observo a menina descalça de 7 ou 8 anos tentando vender balas para os motoristas que permanecem com as janelas de seus carros fechadas por medo de assalto. É inevitável um sentimento de tristeza e raiva.

Esse fenômeno também acontecia até 20 anos atrás, pouco antes da eleição de Lula a seu primeiro mandato.

Essas pessoas abandonadas pelo Estado são invisíveis aos olhos dos políticos dos  partidos de direita e de extrema-direita que fazem propaganda na TV. Nós já os vimos antes através de denúncias de corrupção, de votos favoráveis a medidas contrárias ao povo, como as reformas trabalhista e da previdência e envolvimentos em orçamentos secretos.

São os mesmos que em 2016 votaram a favor do impeachment de Dilma Rousseff, pela família, pelos filhos, pelo papagaio, mas sobretudo, pelo dinheiro que receberam de Eduardo Cunha. São predadores do Estado brasileiro que se aproveitam do fantoche que está no Planalto.

Sim, o responsável direto por todo esse sofrimento dos desvalidos, a autoridade máxima da nação, gasta seu tempo viajando pelo país, fazendo campanha eleitoral antecipada, paga com dinheiro público.

As instituições que deveriam fiscalizar essas ações ilegais do capitão, o TSE e a PGR, fazem vista grossa, ou por pusilanimidade, caso da primeira, ou cumplicidade, caso da segunda.

O sofrimento e a dor de não conseguir emprego, de não ter o mínimo necessário para comprar alimentos para os filhos famintos, de não poder comprar um botijão de gás, de perder o pouco dos bens que se conseguiu comprar com sacrifício em muitas prestações não é nem reverberado pelos veículos de comunicação que sempre procuram selecionar as pessoas mais conformadas com a própria sorte para as rápidas entrevistas no horário nobre dos telejornais. Chegamos a questionar se não existe mesmo ninguém revoltado no país.

É por isso que, em meio a essa profusão de insensibilidades das propagandas eleitorais dos partidos de direita e extrema-direita, a chama de esperança transmitida pelo velhinho de cabelos brancos que fala ao povo com voz rouca, ilumina aqueles momentos tão hipócritas e obscuros.

Para Lula, o enorme contingente de miseráveis não é invisível. Mas só pra ele.

É pra essa gente, mas também para a classe média que também começa a ser duramente atingida pela crise econômica descontrolada que Lula fala.

É essa gente que Lula quer colocar no orçamento do país.

Para Lula, o pobre não é um problema a ser desconsiderado ou colocado na invisibilidade, mas sim, a solução para a economia.

Ao dizer que é mais fácil vencer as eleições do que consertar todos os estragos cometidos nesses últimos anos, o velhinho barbudo dá a real dimensão da destruição que encontrará em todas as esferas federais ao assumir em janeiro de 2023.

Lula é o único candidato que não está em campanha por pura vaidade, para manter privilégios, para aumentar e dividir o butim ou para evitar ser preso.

Lula é o único candidato que ama seu país de verdade, com sinceridade.

Ele sempre demonstrou isso e a gente vê isso em seus olhos.

Fernando Castilho é arquiteto, professor e escritor

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Fernando Castilho é arquiteto, professor e escritor. Autor de Depois que Descemos das Árvores, Um Humano Num Pálido Ponto Azul e Dilma, a Sangria Estancada.

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