No dia em que fui mais feliz, por Ricardo Mezavila

A vitória do amor fez crescer o ódio e, como na canção do Peninha, 'tudo era apenas uma brincadeira e foi crescendo'.

No dia em que fui mais feliz

por Ricardo Mezavila

Qualquer retrospectiva do ano de 2022, no Brasil,  não pode levar em conta somente  trezentos e sessenta e cinco dias. O ciclo deve considerar os últimos quatro anos de desgoverno que impôs retrocesso no desenvolvimento e progresso no atraso. 

O fim de 2022 , além de trazer alívio, traz tristeza pelas consequências deixadas pela pandemia, que desafiou a ciência ameaçando a vida humana no planeta, mas que serviu para desmascarar a perversidade de sádicos governantes. 

Na política não houve avanço em nenhuma área, ao contrário, os trabalhadores perderam direitos, o desemprego aumentou, a educação e saúde perderam investimentos, a fome e a miséria voltaram. Só foi bom  para rentistas, acionistas e exportadores que lucram com a alta do dólar, em detrimento de quase a totalidade da população. 

Os três primeiros anos de desgoverno foram de demolição, de destruição, de ruptura constitucional para dar lugar a uma dinastia fascista. O último ano, reconhecendo que os militares não se curvariam aos seus delírios autoritários, Bolsonaro tratou de esconder os escombros dentro da bíblia, e descobriu que o Brasil não cabia no cercadinho. 

Mesmo enfraquecido e desmoralizado, o futuro presidiário despertou a desumanidade de seus apoiadores que se organizaram em manifestações bizarras, tristes e cômicas, que representam a medula de suas personalidades. 

A verdade sempre vence, então vieram as eleições e o autêntico povo brasileiro, que é alegre por natureza, que trabalha e não foge da raia, que samba e faz gol todos os dias, porque matar leão é coisa dos CACs, que acredita e tem esperança em dias melhores, ativou o modo democracia trazendo de volta um dos seus. 

A vitória do amor fez crescer o ódio e, como na canção do Peninha, ‘tudo era apenas uma brincadeira e foi crescendo’. O que parecia agrupamento de órfãos da ditadura, se transformou em acampamento de terroristas. Tentaram explodir um caminhão com sessenta mil litros de combustível de avião, nas proximidades do aeroporto de Brasília, mas o acionador falhou. 

Nunca um criminoso foi preso no Brasil por terrorismo, até a chegada de outro terrorista ao poder. Bolsonaro planejou explodir a adutora do Guandu no Rio e alojamentos de quartéis na década de 1980, quando era um medíocre militar. 

Além das centenas de milhares de mortes por Covid nos últimos três anos, perdemos artistas, só esse ano, da grandeza de Erasmo, Elza Soares, Gal Costa e o rei Pelé, o maior astro dos esportes e o melhor embaixador que o Brasil conheceu. 

No último dia desse ano, com o coração impregnado de esperança e fé, com a coroa da razão sobre a cabeça, temos todo o direito de acreditar que seremos felizes daqui em diante, que todo o mal ficou para trás como aprendizado e que ergueremos nossas taças e brindaremos novos tempos de harmonia e prosperidade. 

Fechando com ironia o legado do desgoverno, cito a canção de Adriana Calcanhoto, ‘no dia em que fui mais feliz eu vi um avião…’ 

Ricardo Mezavila 

O texto não representa necessariamente a opinião do Jornal GGN. Concorda ou tem ponto de vista diferente? Mande seu artigo para [email protected].

Redação

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