As variações no Vox Populi

Oi Bira, quis ver os dados por região antes de escrever.

“aloprados em ação” De qual partido? rsrs

“Mas, pelo que tenho lido, a queda é bem maior do que captou o traking de hoje.” São apenas duas fontes, Noblat e Reuters. Por tudo o que sabemos do tracking público Vox Populi, Dilma estava crescendo, na média e na ponta até domingo. As quedas então são nos dois últimos dias, não podemos chamar isso de “persistente”. O certo é que não há recuperação forte de Serra nesses dois dias, pois, inclusive, as intenções de voto para ele também caíram. E proporcionalmente mais que para Dilma (21/22 < 54/56.)

“O discurso do Lula… mostra, na verdade, a apreensão da coordenação da campanha petista, bem como… também denotaria essa apreensão.” Nós já aprendemos, por esta campanha, que sem sermos mosquinhas infiltradas nos comitês não dá para saber. Pelo menos um comentarista pode também ter achado que Lula “cansou” de “trololó” e tenta dar um rumo à coisa. Nisso ele até estaria ajudando a oposição a recobrar um pouco a razão.

“Na verdade, acho que se não surgir um fato novo a nosso favor, a coisa vai ficar muito complicada; eles vão conseguir levar essa eleição para o segundo turno e, conseguido esse intento, não creio que haverá chances para a Dilma.” Não vejo por onde. É muita suposição para apenas uma média amostral e duas notas de imprensa.

Falemos primeiro do Sul. Essa queda regional, para Dilma, de 51 para 46 não se reflete em crescimento proporcional de Serra. Aliás, de 31.08 para 07.09 ele caiu de 30 para 25 (nas médias de 4 dias) e Dilma apenas de 48 para 46! Assim, não dá para associar os resultados do Sul, de um dia, aos efeitos das campanhas. É mais provável que Dilma esteja oscilando lá em torno de 49, enquanto Serra mudou seu patamar que era em torno de 30 para em torno de 25. E também que o eleitorado do Sul ande mais indeciso que antes. (E desde o início sempre foi o eleitorado mais oscilante, os institutos pagam “micos” com frequência por isso e pelas amostras insuficientes.)

Como orientado pelo João Meira (diretor de Vox Populi), teríamos que olhar apenas de 3 em 3 dias (ou de 4 em 4 dias) para confirmar tendências. Isso em nível nacional.

O Vox Populi não informa os resultados das amostragens diárias nacionais de 500 em função da margem de erro muito elevada. Para regiões essa margem por dia é ainda maior, mas também é elevada para regiões mesmo considerando as médias de 4 dias, pois algumas regiões, como Sul e Norte/Centro-Oeste, tem uma amostra de 300 a 400 pessoas no total, nem chega a 100 por dia.

Também se relutava em mostrar os resultados por regiões, mas nos últimos 3 dias divulgou-se (imagino que por muita gente perguntar.) Note-se na tabela como há oscilações nisso (no Sul, principalmente.)

Algumas especulações, no entanto, são válidas. Por exemplo, se há uma variação muito forte na média de 4 dias, é bem razoável supor que os dados da “ponta” (data mais recente das 4) tenham sido bem diferentes daquela amostra que foi abandonada (a de 4 dias atrás.) Isso foi debatido em 3 posts ontem.

Então podemos admitir, também, que a “ponta” de ontem, incorporada nas médias divulgadas hoje, foi de forte decréscimo para Dilma, algo como de 57 para 50. (Esta é a razão da preocupação de alguns de hoje.) Mas isso é para a amostra de um dia, não quer dizer que a amostra de hoje seja necessariamente mais parecida com a de ontem que com a de dois dias atrás.

Para confirmar que o patamar de Dilma passou de 56/57 para algo como 50, teríamos que observar mais dois ou três decréscimos seguidos de 2 pp. na média. Isto é, se amanhã a média for 52, há tendência de queda. Se a média voltar para 56, o dado incorporado hoje foi fora da curva. O mesmo é necessário para saber se algo foi para Serra, esperar.

Se tentarmos imaginar os dados base (apelidados de pontas) para os cálculos das médias é muito mais provável que eles se assemelhem a um serrilhado de cordilheira do que a uma ondulação suave. Os resultados em médias, sim, apresentam-se com uma variação pequena, exatamente porque os excessos de um dia são compensados pelos erros a menor em outro.

Vamos a alguns exemplos da fragilidade de uma análise olhando dados por região ou a oscilação de um só dia.

Dilma caiu de 56 para 54, de ontem para hoje, mas em 3 regiões caiu apenas um ponto, o ponto restante foi resultado da queda de 5 pp no Sul (peso 14,9%) Uma queda de 5 pp em um dia numa média representa que a amostra só do dia caiu 20 pontos (em comparação com a retirada do cálculo de 4 dias atrás), o que é não é muito factível. É mais provável que estejamos falando de uma região onde as amostras são pequenas, com margens de erro elevadas e mesmo as médias de 4 dias saem prejudicadas.

Mas Dilma havia subido (no país) de 55 para 56 anteontem, sendo que havia caído em 3 regiões! O crescimento foi resultado apenas do Sudeste, onde cresceu 3 pp e essa região tem peso de 43,5%.

Assim, é melhor olhar só pras médias nacionais mesmo…

O que temos de mais sólido nisso tudo, tendo ver algo também nas regionais:

– uma tendência geral de crescimento de Dilma, que se interrompeu há dois dias. Não dá para afirmar se isso segue ou parou.

– uma tendência geral de decréscimo de Serra, que provavelmente desacelerou.

– grande estabilidade no Nordeste para ambos.

– crescimento em geral para Dilma no Sudeste e Norte/Centro-oeste.

– oscilações no Sul, com queda para Dilma mas sem transferência na mesma medida para Serra. 


Luis Nassif

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