Tarcísio critica câmeras nas fardas de policiais e especialista rebate: “estimula a violência policial”

Johnny Negreiros
Estudante de Jornalismo na ESPM. Estagiário desde abril de 2022.
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Em entrevista ao GGN, presidente do Grupo Tortura Nunca Mais defende que monitoramento da ação policial seja ampliado para todo o País

Foto: Agência Brasil

Em sabatina ao jornal O Globo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) criticou o uso de câmeras de seguranças nos peitos dos policiais em São Paulo. Ele é candidato ao Governo de São Paulo, apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro.

A medida, nomeada Olho Vivo, foi adotada em 19 batalhões em junho do ano passado. Desde então, essas unidades registraram queda de 80% no número de mortes provocadas por agentes. Segundo levantamento do UOL, o primeiro ano do programa registrou 41 óbitos. Nos 12 meses anteriores, foram 207.

Câmera é voto de desconfiança para o policial. Eles correm risco de vida por nós. O mínimo que podemos dar é apreço. Temos que proteger o policial.

declarou Tarcísio

O ex-ministro da Infraestrutura disse que está avaliando se o uso das câmeras nas fardas dos policiais é positivo ou não, se baseando em casos internacionais e pessoais. Ele não sabe se o Olho Vivo inibe abusos das autoridades. Tarcísio é formado pela Academia Militar das Agulhas Negras.

Eu sou o único (dos candidatos a governador de SP) que já esteve com fuzil na mão numa situação de combate. Eu sei como é importante ter velocidade na tomada de decisão. A pessoa tem, numa fração de segundos, decidir se vai se engajar ou não, e isso pode custar a vida.

disse ele

Por outro lado, o candidato se mostrou favorável às câmeras nas viaturas.

Ariel de Castro Alves, advogado, especialista em direitos humanos e segurança pública, presidente do Grupo Tortura Nunca Mais e membro do Movimento Nacional de Direitos Humanos

Especialista critica fala

Ariel Castro, presidente do Grupo Tortura Nunca Mais, criticou a fala de Tarcísio em entrevista ao Jornal GGN.

As declarações do candidato Tarcísio, contrariando os resultados positivos já atestados pelo governo de São Paulo, não surpreendem, já que ele fez parte e representa um governo negacionista, que não liga para as estatísticas e para a ciência, e que estimula a violência policial contra jovens, pobres e negros.

opiniou ele

Na avaliação de Castro, os números indicam a efetividade do Olho Vivo, e que ele deveria ser adotado em “todos os estados”.

As estatísticas da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo já demonstraram que o monitoramento dos policiais por meio das câmeras tem diminuído os chamados “confrontos”, os assassinatos cometidos por PMs e as situações de abusos de autoridade por parte dos agentes. E tem gerado mais produtividade nas ações policiais, com mais flagrantes, abordagens e apreensões de armas de fogo, de porte e posse ilegal. Isso demonstra que o controle, fiscalização e monitoramento dos policiais é fundamental e precisa ser adotado de forma definitiva como política de segurança pública em São Paulo e no País todo. Essa iniciativa das câmeras no fardamento precisa chegar a todos os policiais paulistas. A medida deveria ser adotada por todos os estados, já que os resultados estão sendo exitosos em São Paulo. A segurança pública deveria garantir os direitos humanos e não violá-los.

analisou Ariel Castro.

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Johnny Negreiros

Estudante de Jornalismo na ESPM. Estagiário desde abril de 2022.

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