Haddad e Campos Neto, o sabido e o esperto, por Luis Nassif

A insistência no discurso do déficit zero tirou a bomba do colo de Campos Neto e colocou no colo do governo

Edilson Rodrigues – Agência Senado

O Ministro Fernando Haddad é sabido, mas não é esperto. Sabido pelo acúmulo de conhecimento que tem e pela extraordinária capacidade de montar políticas públicas bem sucedidas. E não considere o fato de não ser esperto como depreciativo. É notável homem público que acredita profundamente no poder da razão e no espírito público do interlocutor. Não está habituado ao reino da malícia e da má fé.

O presidente do Banco Central Roberto Campos Neto não é sabido, mas é esperto. Tem conhecimento precário de economia, de política monetária. Mas sabe jogar bem com os bordões de mercado para atingir seus objetivos. E seu objetivo maior é inviabilizar o governo Lula e torna-se Ministro da Fazenda de um futuro governo Tarcísio de Freitas.

É nítido, para qualquer observador, que o maior empecilho ao deslanche da economia brasileira são as taxas de juros do Banco Central. Em um momento de pressão maior, Campos Neto cedeu para um ritmo de 0,5 ponto de queda da Selic. Agora, quer voltar atrás. E atribui o possível recuo ao fato da Fazenda dificilmente atingir o déficit zero. O próprio mercado já precificou um déficit de 0,8% do PIB. Ou seja, se o déficit for de 0,8% do PIB, não haverá impacto nenhum no mercado.

No entanto, a insistência no discurso do déficit zero tirou a bomba do colo de Campos Neto e colocou no colo do governo. Se a economia não recuperar, é porque a Fazenda não conseguiu zerar o déficit, impedindo o BC de acelerar a queda da Selic.

Resumo da ópera: é hora de mudar o discurso.

Luis Nassif

7 Comentários

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  1. Os principais inimigos do Brasil nessa quadra, são: Lira, Pacheco, Campos Neto, PIG, Tarcísio e pastores vários.
    Essa gente é a culpada pelo atraso, empobrecimento e fome do povo.
    Pela manutenção de milhares de moradores de rua.

  2. Engraçado…

    O sabido, o esperto e nós, os idiotas…

    Caro Nassif, até Delfim, o Netto, sabe que déficit zero, ou a sua busca é uma idiotice…

    Então, espanta como isso ainda seja debatido, e seja uma referência para qualquer política econômica, ainda que no mais ortodoxo capitalismo (não que eu acredite em outro tipo)…

    Zerar déficit é acreditar no estado neutro, na economia neutra que se auto regula. …

    É um sofisma, uma mentira bem contada….que virou axioma …tanto que foi repetida….

    Quem detém soberania, ou seja, quem tributa (bem, no Brasil sei lá né?), e quem emite e day o valor de referência para troca (moeda, lembra?), nunca pode ser considerado devedor, ou melhor, essa dívida não é relevante. ..

    A história do déficit público só existe para privatizar o poder tributário e de emissor do Estado, que recebe o nome de juros….

    Não existe déficit porque uma parte da equação nunca para, que é a demanda social de desigualdade que o processo de acumulação capitalista gera….

    Só existe déficit zero com desigualdade zero ..ops, mas aí é comunismo…

    Será Campos, o outro neto um comunista?

  3. Acredito que ainda não é o momento de mudar o discurso do déficit zero. As medidas para recomposição da arrecadação tributária ainda estão ameaçadas pela irresponsabilidade da atual legislatura. Lembrando que são medidas para fechar algumas brechas que só favorecem os ricos. A possibilidade de aumentar gastos está atrelada à receita. Nunca saberemos se é a melhor medida, mas o “mercadinho” comprou, seguido pelos jornaleiros.
    Se o congresso não aprovar tais medidas terá que propor ele mesmo a licença para o déficit ao governo, já que a alternativa seria perderem as verbas das emendas parlamentares.
    Passado este momento, acredito que o governo deveria colocar o foco no endividamento. Começando por resgatar a importância do conceito de dívida líquida. Este era o indicador relevante antes o golpe na Dilma. A imposição de foco na dívida bruta foi das primeiras ações combinadas que os “mercadeiros” fizeram, Delfim à frente.
    As taxas reais de juros caindo ao redor do crescimento do PIB leva naturalmente à redução do endividamento. Pouca gente vê que a inflação do PIB (deflator implícito) é algo maior que a inflação corrente.

  4. Este episódio mostra o quanto é necessário e urgente, a mudança do Ministério.
    Passado o entusiasmo, próprio dos ” juvenis”e deslumbrados,é hora dos profissi-
    onais e politicos entrarem em ação.
    Este Ministério na verdade , é um ” esposômetro”, onde a maior preocupação, é
    -onde colocar espõsas- , de preferencia em Tribunais Faz-de-Contas, ou Vice de
    qualquer um, em qualquer lugar.
    Preços nas alturas, combustíveis voltando a subir com fôrça(por favor não cul-
    pem as Guerras) ,pois isso é a cara do bolsonarismo .

  5. Amigo, 90% das mudanças tributárias podem ser feitas por ato administrativo, porque o aumento de alíquotas não depende de Lei, nem da obediência do princípio da anualidade…

    É só na caneta…e na coragem, claro, que não existe neste governo…aliás, para ser justo, em nenhum deles, já que, sabemos todos quem é que manda…

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