A oposição francesa ao acordo UE-Mercosul

O acordo UE-Mercosul, e a oposição da França:

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Comissário europeu espera acordo UE-Mercosul, criticado por França

(AFP) – Há 4 horas

BRASÍLIA — O comissário europeu de Comércio, Karel de Gucht, disse nesta terça-feira esperar que a União Europeia (UE) e o Mercosul possam alcançar um acordo comercial antes de meados de 2011, enquanto o ministro francês da Agricultura reiterava a “firme” rejeição da França ao pacto.

“Espero que possamos chegar a um acordo em tempo razoável, preferencialmente antes das férias do próximo verão” do Hemisfério Norte, em julho, disse o comissário a jornalistas, depois de se reunir em Brasília com o chanceler brasileiro, Celso Amorim, e o ministro da Indústria e Comércio, Miguel Jorge.

De Gucht disse também esperar que antes do fim do ano ambas as partes apresentem suas ofertas, e insistiu que o acordo bilateral deverá ser “amplo, ambicioso e equilibrado”.

EuroEuropa e Mercosul (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, com Venezuela em processo de adesão plena) retomaram as negociações para um acordo de livre comércio em maio passado, depois de uma paralisação de seis anos.

Mas a França opõe-se frontalmente, junto a outros países europeus, e na mesma terça-feira insistiu na férrea defesa de sua agricultura.

“A Europa não é o lixão dos produtos agrícolas da América do Sul”, afirmou o ministro da agricultura francês, Bruno Le Maire, na abertura do Salão Internacional de Pecuária de Rennes (oeste da França), depois de reiterar a oposição “firme” da França à retomada das negociações entre União Europeia (UE) e Mercosul.

“O agricultor não é uma moeda de troca. Não iremos adiante nas negociações com a OMC” (Organização Mundial do Comércio), enfatizou Le Maire.

“Sabemos que alguns países (europeus) são críticos das negociações”, mas também que “é a Comissão Europeia a que negocia” e “tem um mandato para isso”, respondeu Karel de Gucht ao ser questionado sobre a oposição ao acordo na Europa.

De Gucht reconheceu que a agricultura é um tema sensível para vários países europeus e também que para que esse acordo funcione e seja ambicioso, a Europa terá que apresentar uma oferta sobre o tema. Também disse que os europeus esperam uma ampla oferta sul-americana em direitos de propriedade intelectual.

“É muito difícil pensar a União Europeia como lixão da produção do Mercosul”, dada a baixa porcentagem de participação do bloco do sul no mercado europeu, de 2% a 4%, dependendo dos produtos, disse à AFP o chanceler uruguaio Luis Almagro, ao responder às declarações de Le Maire.

As negociações entre os dois blocos estancaram-se em 2004, com o pedido europeu de mais espaço para seus produtos industriais e serviços na América do Sul e, por parte dos sul-americanos, de mais acesso para sua agricultura aos mercados europeus.

De Gucht disse ter encontrado uma posição aberta do Brasil para essas discussões.

A viagem do comissário europeu ocorre um mês antes da segunda rodada de negociações entre UE e Mercosul, que ocorrerá em outubro em Bruxelas. Uma terceira rodada deverá ocorrer antes do fim do ano, provavelmente no Brasil, que exerce a presidência do Mercosul.

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Luis Nassif

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